Às vezes, ele é alheio ou carinhoso; outras, sereno ou
arisco; ou, ainda, encantador ou irritante. Apesar da natureza
volúvel, o gato doméstico é o animal de estimação mais popular
em todo o mundo. Um terço dos lares americanos tem felinos, e
mais de 600 milhões de gatos vivem entre os homens em todo o
mundo. Mesmo assim, por mais familiares que esses animais
sejam, é difícil comprovar definitivamente suas origens. Enquanto
outros animais selvagens foram domesticados para
obtenção de leite, carne, lã, ou para o trabalho, os gatos não
contribuem praticamente em nada para o sustento dos humanos.
Como, então, se tornaram tão comuns em nossos lares?
Pesquisadores sempre acreditaram que os egípcios
tenham sido os primeiros a manter o gato como animal de estimação,
há 3.600 anos. As descobertas arqueológicas e genéticas
feitas mais recentemente chegaram a conceitos mais atualizados
tanto sobre os antepassados do gato doméstico quanto
sobre a evolução de seu relacionamento com os seres humanos.
Permanece, no entanto, a velha questão: por que os gatos
e os seres humanos desenvolveram uma relação especial?
Em geral, gatos não são candidatos prováveis à domesticação.
Características dessa espécie animal sugerem que, enquanto
outros animais foram resgatados da vida selvagem pelos homens,
que os criaram para tarefas específicas, os gatos mais
provavelmente encontraram oportunidades nos agrupamentos
humanos, optando por viver entre eles.
Arqueólogos encontraram, por exemplo, restos do camundongo
doméstico nos povoamentos iniciais do Crescente
Fértil entre 9 mil e 10 mil anos atrás. É quase certo que, no
caso, os camundongos atraíram os gatos. Mas as montanhas
de lixo nas cidades também devem ter sido um grande atrativo
para os felinos que tivessem a esperteza de explorá-lo. Essas
duas fontes de alimentos teriam incentivado os gatos a se
adaptarem à vida junto aos homens.
(Adaptado de: DRISCOLL, Carlos A., CLUTON-BROCK, Juliet,
KITCHENER, Andrew C. e O’BRIEN, Stephen J. Scientific
American Brasil, Edição Especial Vida Animal, p. 36-40)