Duas das principais constatações da Pnad 2012 (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) são a contínua redução
do desemprego nacional e a elevação da escolaridade
média da população − que se revelou na diminuição do analfabetismo
funcional (pessoas que passaram menos de quatro
anos na escola). São duas tendências que vêm de longo prazo
e têm profundos impactos na estrutura econômica do país.
A escolaridade mais alta é fruto da universalização do
ensino. Ao longo das últimas décadas, proporcionalmente mais
crianças e jovens estão passando mais tempo de suas vidas na
escola. São eles que elevam a média de anos de estudo da
população, de modo geral.
A mão de obra brasileira está mais bem preparada e o
mercado está absorvendo pessoas com escolaridade mais alta.
Um dos efeitos dessa combinação é o aumento da renda total
que, por sua vez, aumenta o consumo e faz girar um círculo virtuoso:
mais consumo estimula maior produção, que requer mais
emprego, que aumenta a renda, que alimenta o consumo − e
assim por diante.
A taxa de desemprego nacional é medida exclusivamente
pela Pnad e, por isso, só é divulgada uma vez por ano − e com 12 meses de atraso. É a única taxa que espelha o conjunto
do mercado de trabalho, ao mostrar o que acontece em todo o
país e destacar as diferenças estaduais. As taxas mensais
refletem um pedaço restrito e pouco representativo do Brasil: as
maiores regiões metropolitanas.
A taxa nacional de desemprego, de 6,1%, é a menor
desde 1995. Está em queda há uma década, com a breve interrupção
da crise financeira mundial, em 2009. A queda ocorreu
ao mesmo tempo em que a maior geração de brasileiros
entrava no mercado de trabalho. A coincidência potencializou o
aumento da renda e o círculo econômico virtuoso.
(Adaptado de: TOLEDO, José Roberto de. O Estado de S.
Paulo, Metrópole A27, 28 de setembro de 2013)