Questões de Concurso Sobre português

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Q3088401 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
Assinale a afirmativa cujo conteúdo identifica o tema abordado no texto de Eliane Brum.
Alternativas
Q3088400 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
Em qual das transcrições textuais está expressa uma opinião da articulista do texto?
Alternativas
Q3088399 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
O 2º§ do texto é caracterizado por questionamentos. Observe: “Mas de que luzes precisamos para viver?”; “E a quem queremos agradar?”; “Quem e o que importam de verdade?”; “Quem disse que tem?”; e “Por que mesmo eu quero isso?”. É possível inferir que tal especificidade tem como propósito:
Alternativas
Q3088398 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
O item a seguir em que o vocábulo destacado tem seu antecedente corretamente indicado é, EXCETO:
Alternativas
Q3088397 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
“Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo.” (1º§). Ao dar início ao texto, a autora apresenta:
Alternativas
Q3088331 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu pai, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.

     Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”

    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.


(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paulo: Martim Cererê, 2017, p. 36)

Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.


A frase acima segue correta e explicita seu sentido coerente nesta outra forma:

Alternativas
Q3088330 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu pai, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.

     Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”

    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.


(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paulo: Martim Cererê, 2017, p. 36)

Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

Transpondo-se adequadamente o tratamento verbal para 2º pessoa do singular e a forma ativa para a passiva da frase acima, ela ficará:
Alternativas
Q3088329 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu pai, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.

     Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”

    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.


(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paulo: Martim Cererê, 2017, p. 36)

Analisando-se a relação entre os parágrafos do texto, é coerente afirmar que
Alternativas
Q3088328 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu pai, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.

     Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”

    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.


(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paulo: Martim Cererê, 2017, p. 36)

De acordo com Voltaire, o direito natural e o direito dos homens
Alternativas
Q3088327 Português
Tira férias


    A noção de férias está ligada a figuras de viagem, esporte, aplicações intensivas do corpo, quase nada a descanso. As pessoas executam durante esse intervalo aquilo que não puderam fazer ao longo do ano; fazem “mais” alguma coisa, de sorte que não há férias, no sentido religioso e romano de suspensão de atividades.

    Matutando nisso, resolvi tirar férias e gozá-las como devem ser gozadas, sem esforço para torná-las amenas. A ideia de viagem foi expulsa do programa: é das iniciativas mais comprometedoras e tresloucadas que poderia tomar o trabalhador vacante. As viagens ou não existem, como é próprio da era do jato, em que somos transportados em velocidade superior à do nosso poder de percepção e de ruminação de impressões, ou existem demais como burocracia de passaporte, filas, falta de vaga em hotel, atrasos, moeda aviltada, alfândega, pneu estourado no ermo, que mais?

    Tudo aboli e fiz a experiência das férias propriamente ditas. Se me pedirem para contar o que fiz afinal nestas férias, direi legalmente: ignoro. Aos convites disse não, alegando estar em férias, alegação tão forte como a de estar ocupadíssimo. Durante esse período, o pensamento errou entre mil paragens, não se deteve em nenhuma; cada dia amadureceu e caiu como um fruto. Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias. E agora, é trabalhar duro onze meses para merecer as inofensivas e deliciosas férias do não.


(ANDRADE, Carlos Drummond. Cadeira de balanço. 22a. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 69- 71)
É plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
Alternativas
Q3088326 Português
Tira férias


    A noção de férias está ligada a figuras de viagem, esporte, aplicações intensivas do corpo, quase nada a descanso. As pessoas executam durante esse intervalo aquilo que não puderam fazer ao longo do ano; fazem “mais” alguma coisa, de sorte que não há férias, no sentido religioso e romano de suspensão de atividades.

    Matutando nisso, resolvi tirar férias e gozá-las como devem ser gozadas, sem esforço para torná-las amenas. A ideia de viagem foi expulsa do programa: é das iniciativas mais comprometedoras e tresloucadas que poderia tomar o trabalhador vacante. As viagens ou não existem, como é próprio da era do jato, em que somos transportados em velocidade superior à do nosso poder de percepção e de ruminação de impressões, ou existem demais como burocracia de passaporte, filas, falta de vaga em hotel, atrasos, moeda aviltada, alfândega, pneu estourado no ermo, que mais?

    Tudo aboli e fiz a experiência das férias propriamente ditas. Se me pedirem para contar o que fiz afinal nestas férias, direi legalmente: ignoro. Aos convites disse não, alegando estar em férias, alegação tão forte como a de estar ocupadíssimo. Durante esse período, o pensamento errou entre mil paragens, não se deteve em nenhuma; cada dia amadureceu e caiu como um fruto. Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias. E agora, é trabalhar duro onze meses para merecer as inofensivas e deliciosas férias do não.


(ANDRADE, Carlos Drummond. Cadeira de balanço. 22a. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 69- 71)
É adequado o emprego do elemento sublinhado na frase: 
Alternativas
Q3088322 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
É importante que haja cronistas aplicados em pesquisas, para que fatos, lugares e personagens de outras tempos se mantenham vivos.
Em nova redação, a frase acima permanecerá correta e coerente caso se substituam os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
Alternativas
Q3088321 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
Toda forma verbal concorda com seu sujeito em:
Alternativas
Q3088320 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
Atente para estas duas afirmações:
I. A rotina e a quimera podem ser complementares.
II. Alguns funcionários alternam a rotina e a quimera.
Essas afirmações integram-se com clareza, correção e coerência neste período único:
Alternativas
Q3088319 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
Alternativas
Q3088318 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
Contextualizado nesse texto, o gênero da crônica e um atributo do cronista constituem possibilidades reais de se
Alternativas
Q3088317 Português
História de uma praça


    Numa crônica antiga, intitulada “A rotina e a quimera”, Carlos Drummond de Andrade considerava o fato de que grandes escritores brasileiros, a começar por Machado de Assis, eram também funcionários públicos. Na lista numerosa, Drummond não incluiu a si mesmo, funcionário que foi de mais de um órgão público. A “rotina” do funcionário, outrora cercado de blocos de papéis, lápis e canetas, multas vezes levava-o à “quimera”, ao universo da ficção e à imaginação criativa.

   Mas há também funcionários cuja quimera é, na verdade, a pesquisa histórica. Valem-se de seu talento e de sua disposição para investigar a origem de nomes, de lugares, de fatos primordiais. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Eliézer Rodrigues, veterano assessor de imprensa da Justiça do Trabalho do Ceará. Dedicou-se a pesquisar dados e a escrever um livro — “Praça José de Alencar — Tempos e viventes” dá de si, 0 titulo indica o âmbito do livro.

    O jornalista escritor resgata os primórdios dessa praça de Fortaleza, quando ainda se chamava Praça do Patrocínio, e aborda os principais acontecimentos que envolveram as edificações e pessoas que já habitaram seu entorno. O prédio da Fênix Caixeiral, à Igreja do Patrocinio, a Escola de Comércio, o Centro Médico, o Instituto de Patrimônio Histórico, o Lord Hotel, o INSS, a Associação Cearense de Imprensa e a 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza são algumas das instituições retratadas na obra.

    É importante haver cronistas desse porte para que a história de um lugar e de seus personagens se mantenha viva. Políticos, militares, empresários, intelectuais, artistas, músicos, juristas, celebridades, médicos, comerciantes e cidadãos comuns são alguns dos personagens reais que envolvem as tramas retratadas. Até mesmo uma cigana é um fantasma protagonizam causos curiosos.

    Vê-se que a “quimera” desse escritor cearense está ancorada em impressões, fatos e pessoas que ele não quis deixar esquecer. É mais que um momento da rotina: é um momento da memória pessoal e social dedicado ao lugar de afeto e de interesse pública, a que dá a força de uma permanência temporal.

(SÁ, Herculano Perez de. Com apoio na página eletrônica: https://www.trt7.jus.br. Adaptado)
Como título “A rotina e a quimera”, Drummond nos deixou uma crônica na qual considera que
Alternativas
Q3087926 Português
Leia o Texto 2 para responder à questão.

Texto 2

Hoje, excepcionalmente, de Antônio Prata

Hoje, excepcionalmente, não escrevo esta coluna. Semana retrasada eu também não escrevi, verdade. Pensando bem, minha falha não soa assim tão excepcional. Gostaria de dizer que a sequência de mancadas visa a normalizar o erro, num ato antissistema, antieficiência, Manifesto Pau-Brasil, "toca Raul!" e viva Domenico De Masi, mas estaria mentindo. A explicação é mais prosaica. Semana retrasada eu estava na praia, caiu um temporal, fiquei sem luz por 30 horas, o computador morreu, o celular morreu, tive medo de morrer também enfrentando a Rio-Santos e "Hoje, excepcionalmente"...
Agora é diferente. Embora eu esteja na praia, de novo, tem luz. É sexta-feira de Carnaval. Não chove, muito pelo contrário. O sol se põe no mar em algum ponto do horizonte entre Senegal e Angola, com requintes de calendário. Tem uma moqueca saindo do fogão à lenha. Seis crianças correm pelo gramado me chamando pra um esconde-esconde e um freezer horizontal cheio de Heinekens abre e fecha a tampa, murmurando "Antooooooonio... Antooooooonio".

Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/hojeexcepcionalmente.shtml>. Acesso em: 11 fev. 2024.
As escolhas linguísticas do autor, como “mancadas”, “pra”, “tem uma moqueca”, indicam que sua escrita tem marcas de
Alternativas
Q3087925 Português
Leia o Texto 2 para responder à questão.

Texto 2

Hoje, excepcionalmente, de Antônio Prata

Hoje, excepcionalmente, não escrevo esta coluna. Semana retrasada eu também não escrevi, verdade. Pensando bem, minha falha não soa assim tão excepcional. Gostaria de dizer que a sequência de mancadas visa a normalizar o erro, num ato antissistema, antieficiência, Manifesto Pau-Brasil, "toca Raul!" e viva Domenico De Masi, mas estaria mentindo. A explicação é mais prosaica. Semana retrasada eu estava na praia, caiu um temporal, fiquei sem luz por 30 horas, o computador morreu, o celular morreu, tive medo de morrer também enfrentando a Rio-Santos e "Hoje, excepcionalmente"...
Agora é diferente. Embora eu esteja na praia, de novo, tem luz. É sexta-feira de Carnaval. Não chove, muito pelo contrário. O sol se põe no mar em algum ponto do horizonte entre Senegal e Angola, com requintes de calendário. Tem uma moqueca saindo do fogão à lenha. Seis crianças correm pelo gramado me chamando pra um esconde-esconde e um freezer horizontal cheio de Heinekens abre e fecha a tampa, murmurando "Antooooooonio... Antooooooonio".

Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/hojeexcepcionalmente.shtml>. Acesso em: 11 fev. 2024.
Na expressão “toca Raul!”, o sinal de exclamação tem a função de
Alternativas
Q3087924 Português
Leia o Texto 2 para responder à questão.

Texto 2

Hoje, excepcionalmente, de Antônio Prata

Hoje, excepcionalmente, não escrevo esta coluna. Semana retrasada eu também não escrevi, verdade. Pensando bem, minha falha não soa assim tão excepcional. Gostaria de dizer que a sequência de mancadas visa a normalizar o erro, num ato antissistema, antieficiência, Manifesto Pau-Brasil, "toca Raul!" e viva Domenico De Masi, mas estaria mentindo. A explicação é mais prosaica. Semana retrasada eu estava na praia, caiu um temporal, fiquei sem luz por 30 horas, o computador morreu, o celular morreu, tive medo de morrer também enfrentando a Rio-Santos e "Hoje, excepcionalmente"...
Agora é diferente. Embora eu esteja na praia, de novo, tem luz. É sexta-feira de Carnaval. Não chove, muito pelo contrário. O sol se põe no mar em algum ponto do horizonte entre Senegal e Angola, com requintes de calendário. Tem uma moqueca saindo do fogão à lenha. Seis crianças correm pelo gramado me chamando pra um esconde-esconde e um freezer horizontal cheio de Heinekens abre e fecha a tampa, murmurando "Antooooooonio... Antooooooonio".

Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/hojeexcepcionalmente.shtml>. Acesso em: 11 fev. 2024.
As grafias das palavras “antissistema” e “antieficiência” seguem a mesma regra das palavras 
Alternativas
Respostas
2741: C
2742: A
2743: C
2744: A
2745: B
2746: A
2747: C
2748: E
2749: D
2750: B
2751: C
2752: B
2753: E
2754: B
2755: A
2756: D
2757: C
2758: C
2759: A
2760: B