Questões de Concurso
Sobre crase em português
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Filho
Não existe isso que chamam de reprodução. Quando duas pessoas decidem ter um bebê, elas se envolvem em um ato de “produção”, e o uso generalizado da palavra “reprodução” para essa atividade, com a implicação de que duas pessoas estão quase se trançando juntas, é na melhor das hipóteses um eufemismo para confortar os futuros pais antes que se metam em algo que não podem controlar. Nas fantasias subconscientes que fazem a concepção parecer tão sedutora, muitas vezes é nós mesmos que gostaríamos de ver viver para sempre, e não alguém com uma personalidade própria. Tendo previsto a marcha para a frente de nossos genes egoístas, muitos de nós não estamos preparados para filhos que apresentam necessidades desconhecidas. A paternidade nos joga abruptamente em uma relação permanente com um estranho, e quanto mais alheio o estranho, mais forte a sensação de negatividade. Contamos com a garantia de ver no rosto de nossos filhos que não vamos morrer. Filhos cuja característica definidora aniquila a fantasia da imortalidade são um insulto em particular: devemos amá-los por si mesmos, e não pelo melhor de nós mesmos neles, e isso é muito mais difícil de fazer. Amar nossos próprios filhos é um exercício para a imaginação.
Mas o sangue, tanto na sociedade moderna como nas antigas, fala mais alto. Pouca coisa é mais gratificante do que filhos bem-sucedidos e dedicados, e poucas situações são piores do que o fracasso ou a rejeição filial. Na medida em que nossos filhos se parecem conosco, eles são nossos admiradores mais preciosos, e, na medida em que são diferentes, podem ser os nossos detratores mais veementes. Desde o início, nós os instigamos a nos imitar e ansiamos pelo que talvez seja o elogio mais profundo da vida: o fato de eles escolherem viver de acordo com nosso sistema de valores. Embora muitos de nós sintam orgulho por ser diferentes dos pais, ficamos infinitamente tristes ao ver como nossos filhos são diferentes de nós.
(Andrew Solomon. Longe da árvore: pais, filhos e a busca da identidade, 2013. Adaptado)
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas nos trechos a seguir.
“Nas fantasias subconscientes ______ tornam a concepção tão sedutora...”
“... um eufemismo para confortar os futuros pais antes que se metam em uma situação ____ não podem escapar.”
Leia o texto para responder à questão.
Planejamento
Ele chegou na hora certa. Aluno da Unicamp, me pedira uma entrevista. Eu não sabia o que ele queria saber de mim. Assentados, ele com prancheta e caneta na mão fez a grande pergunta: “Eu queria saber como foi que o senhor planejou a sua vida para chegar aonde chegou...”. Compreendi imediatamente. Ele gostava de mim. Me admirava. Queria ser como eu. E queria que eu lhe revelasse o segredo, o mapa... Fiquei triste por ter de desapontá-lo. Minha resposta, absolutamente verdadeira, foi: “Eu estou onde estou porque tudo que planejei deu errado...”.
(Rubem Alves. Do universo à jabuticaba. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010)
Drauzio - Por que algumas pessoas estão mais sujeitas a formar divertículos?
Aytan Sipahi - É provável que fatores dietéticos expliquem a frequência maior dessa doença no mundo ocidental. Quando se manifesta no Oriente, ela acomete mais o cólon ascendente que se situa no lado direito do abdômen. Já no Ocidente, o cólon descendente e o sigmoide são os mais afetados.
Dado interessante foi constatado no que se refere à incidência da diverticulose na população japonesa. Apenas 18% dos japoneses que vivem no Japão apresentam a doença, enquanto esse número sobe a 50% entre os japoneses que se mudaram para o Havaí e adotaram hábitos alimentares ocidentalizados.
Drauzio - Você disse que a partir dos 50 anos aumenta muito a incidência de diverticulose e que, aos 85 anos, mais ou menos 85% das pessoas formaram divertículos. Não se poderia dizer, então, que não se trata de uma doença, mas que a diverticulose faz parte do envelhecimento normal como as rugas e os cabelos brancos?
Aytan Sipahi - Pode-se dizer que os divertículos fazem parte da evolução da história natural da saúde do homem, uma vez que somente 20% deles se tornam sintomáticos. No entanto, como existe discussão a respeito da dieta, a pergunta é se não seria possível modificar essa história do cólon humano, ou seja, alterar sua fisiopatologia por meio da mudança dos hábitos alimentares.
É preciso saber com certeza se essa hipótese é verdadeira ou se não tem importância. Se bem que, para tanto, seria necessário comparar a resposta de duas comunidades ao tipo de alimentação. Uma delas receberia, desde a infância, alimentos ricos em fibra e a outra manteria os hábitos dietéticos conservadores de seu grupo social. Talvez, só assim se pudesse concluir que a introdução de fibra na dieta humana é realmente tão benéfica quanto se acredita, porque facilita uma série de processos que ocorrem no intestino e se sua ingestão sistemática iria mudar a história natural da doença diverticular.
(Diverticulite. Dráuzio Varella entrevista Aytan Sipahi (excerto adaptado) In https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/diverticulite-entrevista/)
Considerando a tipologia do texto, as ideias nele expressas e seus aspectos linguísticos , julgue o próximo item relativo .
O emprego do acento indicativo de crase em “à comunidade” (linha 11) justifica‐se pela regência do verbo prestar,
empregado na forma nominal de gerúndio – “prestando” (linha 10), e pela anteposição de artigo definido ao substantivo
“comunidade”.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto a seguir, de acordo com a norma-padrão.
Os entraves __________ aprovação de uma reforma tributária fatiada estão principalmente associados _______ obtenção de soluções imediatistas, ________ efeitos se limitem a situações de momento. Sem saber _________ se vai chegar, de pouco adianta mudar.
Texto
Com a premissa de que todo o poder emana do povo prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito. Suas principais características são soberania popular; da democracia representativa e participativa; um Estado Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos direitos humanos.
Como o nome sugere, a principal ideia da categoria é a democracia. Esse conceito está explícito e explicado no primeiro artigo da Constituição Federal de 1988. Está na Carta Magna: “Todo o poder emana do povo (isso significa que vivemos em uma República), que o exerce por meio de representantes eleitos (esses são os termos de uma democracia indireta, por meio das eleições de vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição (este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a democracia direta, em que o povo é o responsável direto pela tomada de decisões)”.
Conceitos
Para entender o conceito, é necessário compreender o que significa “democrático”, segundo o professor e mestre em direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa palavra por si só concentra todo o significado da expressão. É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente diferente do Estado Democrático de Direito.
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite.
Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940.
“Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do Congresso Nacional.”
Origem do conceito
A ideia de democracia surgiu na Grécia antiga junto ao conceito de cidadão ativo. “Foi quando surgiu a democracia direta. O cidadão ativo ateniense era aquele que poderia exercer poderes políticos. Naquela época, eram apenas homens livres com posses, que se reuniam em praça pública e decidiam os rumos da cidade-estado”, explicou o especialista.
(Disponível em:<http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompanhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o-estado-democratico-de-direito>
Analise a tirinha a seguir.
Sobre o emprego da crase no segundo quadrinho,
é correto afirmar:
COMO COMECEI A ESCREVER
Já contei em uma crônica a primeira vez que vi meu nome em letra de forma: foi no jornalzinho "O ltapemirim", órgão oficial do Grêmio Domingos Martins, dos alunos do colégio Pedro Palácios, de Cachoeiro de Itapemirim. O professor de Português passara uma composição "A Lágrima" — e meu trabalho foi julgado tão bom que mereceu a honra de ser publicado.
Eu ainda estava no curso secundário quando um de meus irmãos mais velhos — Armando — fundou em Cachoeiro um jornal que existe até hoje — o "Correio do Sul". Fui convidado a escrever alguma coisa, o que também aconteceu com meu irmão Newton, que fazia principalmente poemas. Eu escrevia artigos e crônicas sobre assuntos os mais variados; no verão mandava da praia de Marataízes uma crônica regular, chamada "Correio Maratimba".
Quando fui para o Rio (na verdade para Niterói) por volta dos 15 anos, mandava correspondência para o “Correio”. Continuei a fazer o mesmo em 1931, quando mudei para Belo Horizonte. A essa altura meu irmão Newton trabalhava na redação do "Diário da Tarde" de Minas. No começo de 1932 ele deixou o emprego e voltou para Cachoeiro; herdei seu lugar no jornal. Passei então a escrever diária e efetivamente, e fui aprendendo a redigir com os profissionais como Octavio Xavier Ferreira e Newton Prates.
Quando terminei meu curso de Direito, resolvi continuar trabalhando em jornal. Fazia crônicas, reportagens e serviços de redação. Ainda em 1932 tive uma experiência bastante séria: fui fazer reportagem na frente de guerra da Mantiqueira, missão aventurosa porque a direção de meu jornal era favorável à Revolução Constitucionalista dos paulistas, e eu estava na frente getulista. Acabei preso e mandado de volta.
A essa altura eu já era um profissional de imprensa, e nunca mais deixei de ser.
CONY, C. Heitor.Inhttps://cronicasbrasil.blogspot.com/search/label/Cony
Tecnologia a caminho da energia infinita
Rui Salsas
Vivemos uma fase de sensibilização e redução de emissão de gases com efeito de estufa, em prol do Planeta Azul. A energia é um recurso estratégico e um elemento-chave para o desenvolvimento sociodemográfico, assumindo um papel vital nas sociedades modernas. Em pleno século XXI, assistimos a uma verdadeira transformação e reengenharia de processos, promovendo a tecnologia e as suas funcionalidades na procura de melhor rendimento, de maior produtividade e eficiência, de maior sustentabilidade, fazendo mais com menos intervenção humana e minimizando as alterações aos ecossistemas ambientais.
Nesse sentido, o setor das Utilities tem procurado introduzir a Inteligência Artificial (IA) e a Computação de Aprendizagem Automática (machine learning e/ou deep learning) como sendo os aliados de peso para o futuro próximo onde a eficiência energética será, e já mostra ser, uma das áreas com maior potencial e investimento e, consequentemente, geração de emprego.
Do ponto de vista teórico, a utilização da IA traduz-se por "ensinar" máquinas ou software a representar o ser humano na execução de tarefas. Mais, esta tecnologia está acrescentando tarefas complexas e mais elaboradas capazes de modificar o seu comportamento, ou seja, as máquinas ou software poderão deter capacidade de aprender sem que sejam explicitamente programadas para isso.
Então, como é que a Inteligência Artificial afeta as Utilities? A IA cumpre quatro funções principais, transversais a outros setores:
• Compreender as necessidades do consumidor – utilizar software capaz de recolher dados dos clientes e ser capaz de oferecer produtos mais adequados ao seu consumo, além de potenciar novos consumidores (por exemplo, combinar consumo energético com compras em hipermercados e usufruir de descontos associados);
• Melhorar os produtos e serviços oferecidos – recolher e analisar dados com programas inteligentes melhorará a oferta e divulgação de produtos e serviços atuais e novos;
• Identificar e gerir o risco – usar dados analíticos da organização para inferir novos padrões de comportamento e de risco dos consumidores;
• Identificar e evitar fraudes – usar sistemas de análise de aprendizagem automática, para padronizar com um grande grau de certeza cada consumidor, irá certamente ajudar na identificação de fraudes.
[…] Concluindo, os últimos anos introduziram desafios significativos no setor da Energia, relacionados com a revolução energética em curso e na eficácia, quer da sua recolha quer do seu consumo. É, portanto, necessário superar expectativas por um país mais inovador e digital e por um planeta mais sustentável e ecológico, e nesse contexto a IA tem-se revelado uma aposta séria no presente e para o futuro, para beneficiar todas as indústrias.
Adaptado de: <http://exameinformatica.sapo.pt/opiniao/2019-10-09-Tecnologia-a-caminho-da-energia-infinita>
Leia o trecho do conto Uma forma de herança, de Cíntia Moscovich, para responder à questão.
Aos domingos, o último ponto do passeio de carro era ali, na casa da rua Marquês de Abranches, e o pai se referia ao imóvel fazendo um obséquio exagerado: a Casa da Marquês.
O pai costumava repetir que, quando tivesse dinheiro suficiente, iria construir: edifícios, lojas, garagens, armazéns, apartamentos, vagas de estacionamento. Como a demonstrar o valor de ser dono de um pedaço da superfície do globo, e mesmo que a gente já estivesse careca de saber, ele batia repetidas vezes o pé no chão e sentenciava:
– Terra não se vende, terra só se compra.
No solo que era nosso, ele construiria e, no futuro, a gente teria bens para alugar por um bom preço, imóveis que garantissem teto, sustento e tempo – e que a gente nunca dependesse de ninguém para o que fosse ou deixasse de ser.
Embora a Casa da Marquês tivesse um belo telhado de duas águas e janelas com vidros hexagonais, seu valor se devia mesmo ao tamanho do terreno. No meio do terreno, o pai faria erguer um edifício baixo, mas “com bons apartamentos”: quartos amplos e amplas salas, com uma varanda que ele pudesse sentar quando viesse da fábrica e onde, no inverno, batesse o sol da tarde. Haveria várias vagas de garagem, e ele teria um boxe de estacionamento no qual fosse fácil manobrar.
Formaríamos um condomínio em família, cada qual com sua propriedade – e, com isso, o pai queria dizer que morar em imóvel alugado, como ele e a mãe tiveram de fazer por muitos e muitos anos, era uma das piores coisas do universo.
Para ele, não se ocupava tempo, paciência ou imóveis de terceiros.
(Essa coisa brilhante que é a chuva. Editora Record, 2012. Adaptado)
O paradoxo da bondade
Hélio Schwartsman
Podemos dividir os seres humanos em rousseauistas e hobbesianos. Os primeiros acreditam que o homem é bom, mas a sociedade o corrompe; os segundos acham que somos umas pestes e é a civilização que nos mantém na linha. Em “The Goodness Paradox” (o paradoxo da bondade), o primatologista Richard Wrangham (Harvard) aposenta essa dicotomia, dando razão _____ todos.
Para Wrangham, existem dois tipos de violência muito distintos: a reativa e a planejada. Elas diferem não só moral e juridicamente, mas também no plano neurobiológico. No que diz respeito _____ violência reativa, os rousseauistas estão certos. O homem é o mamífero mais tolerante e pró-social de que se tem notícia. É verdade que _____ vezes nos irritamos com o próximo e podemos até matá-lo numa explosão de fúria, mas o fazemos numa escala incomensuravelmente menor do que a de nossos parentes mais próximos, não só os belicosos chimpanzés como também os mais pacíficos bonobos.
Quando mudamos o registro da violência _____ quente para a premeditada, aí é Hobbes quem triunfa. Nossa capacidade de cooperar com aliados para matar aqueles que percebemos como inimigos é quase infinita.
Wrangham, numa prosa muito gostosa de ler, destrincha os mecanismos por trás de cada um dos dois tipos de violência e ainda apresenta uma hipótese bastante plausível para o homem ser ao mesmo tempo o mais pacífico e o mais violento dos primatas: a autodomesticação.
Retomando ideias de Christopher Boehm, que já tive a oportunidade de expor aqui, Wrangham monta um bom caso em favor da tese de que a maior capacidade de cooperação entre humanos levou _____ uma sociedade que abominava machos-alfa, banindo ou mesmo eliminando aqueles que se mostravam excessivamente dominantes. Não apenas seus genes foram excluídos do pool como os próprios indivíduos passaram a pensar duas vezes antes de agir de forma que parecesse muito egoísta. Nascia assim a moral.
(Disponível em:https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2019/03/o-paradoxo-da-bondade.shtml)