Questões de Concurso Sobre pronomes relativos em português
Foram encontradas 1.874 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
A respeito das ideias e das estruturas do texto acima, julgue os
seguintes itens.
conjunção de fatores especialmente desfavoráveis: a recessão
mundial, que reduz os gastos com publicidade, e o avanço da
internet, que suga anúncios, sobretudo os pequenos e rentáveis
classificados, e também serve como fonte - em geral gratuita -
de informações. Na Inglaterra, para sobreviver, os jornais
querem leis menos severas para fusão e aquisição de empresas.
Na França, o governo duplicou a verba de publicidade e dá
isenção tributária a investimentos dos jornais na internet.
Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora
quanto nos Estados Unidos. A recessão atropelou os dois
maiores anunciantes - o mercado imobiliário e a indústria
automobilística - e a evolução da tecnologia, com seu impacto
sísmico na disseminação da informação, se dá numa velocidade
alucinante no país. O binômio recessão-internet está produzindo
uma devastação. Vários jornais, mesmo bastante antigos e
tradicionais, fecharam suas portas.
O fechamento de um jornal é o fim de um negócio como
outro qualquer. Mas, quando o jornal é o símbolo e um dos
últimos redutos do jornalismo, como é o caso do New York
Times, morrem mais coisas com ele. Morrem uma cultura e
uma visão generosa do mundo. Morre um estilo de vida
romântico, aventureiro, despojado e corajoso que, como em
nenhum outro ramo de negócios, une funcionários, consumidores
e acionistas em um objetivo comum e maior do que
interesses particulares de cada um deles.
Desde que os romanos passaram a pregar em locais
públicos sua Acta Diurna, o manuscrito em que informavam
sobre disputas de gladiadores, nascimentos ou execuções, os
jornais começaram a entrar na veia das sociedades civilizadas.
Mas, para chegar ao auge, a humanidade precisou fazer uma
descoberta até hoje insubstituível (o papel), duas invenções
geniais (a escrita e a impressão) e uma vasta mudança social (a
alfabetização). Por isso, um jornal, ainda que seja um negócio,
não é como vender colírio ou fabricar escadas rolantes.
(André Petry. Revista Veja, 29 de abril de 2009, pp. 90-93, com
adaptações)
A expressão pronominal grifada acima preenche corretamente a lacuna da frase:
um tipo de conhecimento indispensável é aquele que
se caracteriza pela aptidão para entender o conjunto das coisas.
Esse tipo de conhecimento, associado à compreensão da relação
entre meios disponíveis e fins desejáveis, é o que confere
ao governante perícia estratégica para perceber o que está
aberto às possibilidades futuras. Tal conhecimento tem a feição
de uma "visão global". É uma espécie de "quadro mental", fruto
da experiência, da sensibilidade e do domínio de assuntos, que
permite a um governante, sem perder o sentido de direção, ir
contextualizando a informação fragmentada que provém do
mundo complexo e interdependente em que vivemos.
Entender o conjunto das coisas que estão ocorrendo no
mundo, com destaque para a crise econômico-financeira, que a
partir dos EUA se espraiou globalmente, é uma dificuldade compartilhada
em todos os lugares por governantes e governados.
Qual é o significado e o alcance dessa crise, que aprofunda
tensões difusas em todos os países, inclusive no Brasil?
Os economistas fazem uma distinção entre risco e
incerteza. O risco comporta cálculo, enseja alguma previsibilidade
e abre horizontes para cenários de possibilidades que o
imprevisto pode trazer. Os vários tipos de seguro, desde a sua
origem, como o seguro marítimo, os hedges, são uma expressão
de um cálculo probabilístico que permite a gestão de riscos.
A incerteza, ao contrário, não comporta cálculo e por isso tende
a propiciar o imobilismo, do qual são exemplos os bancos que
não emprestam, os investimentos empresariais que se suspendem
e o consumo dos particulares que se contém.
O risco é uma característica da sociedade moderna e o
capitalismo nela identifica um caminho de inovação e progresso.
Nesta nossa era de globalização, Anthony Giddens chama a
atenção para o novo risco do risco. Este provém de um maior
desconhecimento do nível de risco, manufaturado pela ação
humana. Disso são exemplos o risco ecológico, o nuclear e o da
direção do conhecimento científico-tecnológico que, com suas
constantes inovações, transpõe continuamente barreiras antes
tidas como naturais. A crise financeira, como crise de confiança,
é uma expressão do risco manufaturado pelo sistema financeiro
global que, por conta de suas falhas de avaliação, gestão
temerária, carência de supervisão e de normas, se transformou
num não debelado curto-circuito de incerteza.
A crise é global e os seus efeitos estão se internalizando
na vida dos países, em maior ou menor grau, à luz de suas
especificidades.
(Trecho do artigo de Celso Lafer. O Estado de S. Paulo, A2, 15
de fevereiro de 2009, com adaptações)