Questões de Concurso Sobre pronomes relativos em português
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Acabo de perder a crônica que havia escrito.
Sequer tenho onde reescrevê-la, além desse caderninho
onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta,
desenhando garranchos que não vou entender daqui a meia
5 hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois computadores.
E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo
pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça
de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil,
que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho
10 cheio de idéias, entrou em conflito com a atualização do
antivírus e não quer "iniciar". O temperamental está fazendo
beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homemmáquina
com ele.
Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência
15 de que a crônica sobre as agruras do escritor com computadores
indolentes virou um clichê, um subgênero batido
como são as crônicas sobre falta de idéia. Mas não tenho
opção que não seja registrar meu desalento com as
máquinas nos poucos minutos que me restam até que a
20 redação do jornal me telefone cobrando peremptoriamente
esse texto.
E registrar a decepção comigo mesmo - com a
minha dependência estúpida do computador. Não somente
deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais
25 subordinados ao senhor computador. Vemos televisão no
computador, vamos ao cinema no computador, fazemos
compras no computador, amigos no computador. Música
no computador. Trabalho no computador.
Escritores mais graduados me confessam escrever
30 somente a lápis. Depois de vários tratamentos, passam o
texto para o computador, "quando já está pronto". Faço
parte de uma geração que não apenas cria direto no
computador, mas pensa na frente do computador. Teclamos
com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina
35 branca do processador de texto, encarando uma tela que
esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas,
"o mundo ao toque de um clique".
Nada mais ilusório.
O que assustou por aqui foi minha sincera reação
40 de pânico à possibilidade de perder tudo - como se a
casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos
seis anos de textos, três mil fotos e umas sete mil
músicas em cada um dos computadores - a cópia de
segurança dos arquivos de um estava no outro. Claro, seria
45 impossível que os dois quebrassem - "ainda mais no
mesmo dia!" Os técnicos e entendidos em informática
dirão que sou um idiota descuidado. Eles têm razão.
Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir
infinitamente livre para começar tudo de novo. Longe do
50 computador, espero.
CUENCA, João Paulo. Megazine. Jornal O Globo. 20 mar. 2007.
(com adaptações)
abaixo.
O futuro da humanidade
Tudo indica que há um aquecimento progressivo do planeta
e que esse fenômeno é causado pelo homem. Nossos
filhos e netos já conhecerão seus efeitos devastadores: a
subida do nível do mar ameaçará nossas costas, e o desequilíbrio
climático comprometerá os recursos básicos - em
muitos lugares, faltará água e faltará comida.
Os humanos (sobretudo na modernidade) prosperaram
num projeto de exploração e domínio da natureza cujo custo é
hoje cobrado. Para corrigir esse projeto, atenuar suas conseqüências
e sobreviver, deveríamos agir coletivamente. Ora,
acontece que nossa espécie parece incapaz de ações coletivas.
À primeira vista, isso é paradoxal.
Progressivamente, ao longo dos séculos, chegamos a
perceber qualquer homem como semelhante, por diferente de
nós que ele seja. Infelizmente, reconhecer a espécie como
grupo ao qual pertencemos (sentir solidariedade com todos os
humanos) não implica que sejamos capazes de uma ação
coletiva. Na base de nossa cultura está a idéia de que nosso
destino individual é mais importante do que o destino dos
grupos dos quais fazemos parte. Nosso individualismo, aliás, é
a condição de nossa solidariedade: os outros são nossos
semelhantes porque conseguimos enxergá-los como indivíduos,
deixando de lado as diferenças entre os grupos aos quais cada
um pertence. Provavelmente, trata-se de uma conseqüência do
fundo cristão da cultura ocidental moderna: somos todos
irmãos, mas a salvação (que é o que importa) decide-se um por
um. Em suma: agir contra o interesse do indivíduo, mesmo que
para o interesse do grupo, não é do nosso feitio.
Resumo: hoje, nossa espécie precisa agir coletivamente,
mas a própria cultura que, até agora, sustentou seu caminho
torna esse tipo de ação difícil ou impossível.
Mas não sou totalmente pessimista. Talvez nosso
impasse atual seja a ocasião de uma renovação. Talvez
saibamos inventar uma cultura que permita a ação coletiva da
comunidade dos humanos que habitam o planeta Terra.
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 8/02/07)
crescimento, deixamos de perceber que desenvolvimento é o
processo contínuo pelo qual uma sociedade aprende a
4 administrar realidades cada vez mais complexas.
Quando dizemos que os suíços ou suecos são
desenvolvidos, o que temos em mente não é apenas que eles
7 são mais ricos que nós. O que está subentendido é que
também sabem gerir melhor os trens e as escolas primárias, as
florestas e os hospitais, as universidades e as penitenciárias,
10 os museus e os tribunais. Em outras palavras, ser
desenvolvido é uma totalidade.
No Brasil temos ilhas de excelência: o Departamento
13 do Tesouro, a EMBRAPA, o Itamaraty, entre outras. Mas
estão afogadas em oceano de incompetência, em certos pontos
com profundidades abissais. As demandas de exigência
16 crescente de uma sociedade dinâmica são atendidas pelas
ilhas de eficiência, mas logo se atolam nos gargalos da
inépcia. Rubens Ricupero.
Folha de S.Paulo, 26/11/2006, p. B2 (com adaptações).
Em relação ao texto acima, julgue os itens que se seguem.
I O emprego da primeira pessoa do plural em "deixamos" (l.2), "dizemos" (l.5), "nós" (l.7) e "temos" (l.12) indica a inclusão do autor e do leitor na informação.
II A substituição de "pelo qual" (l.3) por cuja mantém a correção gramatical do período.
III A expressão "Em outras palavras" (l.10) pode, sem prejuízo para a informação do texto, ser substituída por qualquer uma das seguintes: Isto é, Ou seja, Ou melhor, Com efeito.
IV A expressão "se atolam" (l.17) refere-se a "demandas de exigência crescente de uma sociedade dinâmica" (l.15-16).
A quantidade de itens certos é igual a
uma realidade nada alentadora. Em média, o Brasil cresceu
cerca de 2,4% ao ano. Diante desse cenário, o que precisa ser
4 feito para que atinjamos os tão propalados 5% de crescimento
sustentado?
Quando se trata de crescimento sustentado, a teoria
7 econômica indica que o resultado positivo é fruto de dois
tipos de ação: aumento da produtividade ou acumulação de
capital (físico e humano).
10 A elevação significativa da produtividade dos fatores
de produção só será obtida com reformas institucionais
profundas. Já o acúmulo de capital humano requer
13 investimento em educação, cuja maturação é longa.
Luiz Guilherme Schymura. Folha de S.Paulo, 1.º/12/2006 (com adaptações).
Assinale a opção incorreta acerca do texto acima.
Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus a
Abrahão Zarzur, ex-diretor-presidente do Banco
4 Mercantil de Descontos (BMD). O executivo era réu em
uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal
(MPF) em São Paulo a partir de uma autuação do
7 BACEN, que apurou irregularidades no balanço da
instituição financeira em 1994. O julgamento de 12 de
março, cujo acórdão ainda não foi publicado, abre um
10 importante precedente sobre o trancamento de uma ação
penal após um órgão administrativo — BACEN —
concluir que não houve irregularidades e extinguir o
13 processo administrativo que originou a ação penal.
De acordo com o exposto pelo advogado de
Zarzur no pedido de habeas corpus, o seu cliente estaria
16 na iminência de ser submetido ao constrangimento do
processo criminal em virtude de comportamento
reconhecido pacificamente como lícito pelo BACEN,
19 cuja decisão foi confirmada pelo Conselho de Recursos
do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN). Para o
advogado, se a independência entre as instâncias penal
22 e administrativa for interpretada restritivamente, acaba
por subordinar-se o julgador à autoridade administrativa,
não nas suas decisões finais e bem discutidas, mas nos
25 erros que comete.
Valor Econômico, 18/3/2002, ano 3, n.º 468 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os itens subseqüentes.