Questões de Concurso Sobre conjunções: relação de causa e consequência em português
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Instrução: As questões 11 a 20 referem-se ao texto abaixo.
- _____Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita,
- comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por
- prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar
- a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha
- visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro
- do porre. Acreditava que precisava desse terremoto
- orgânico para seu reequilíbrio espiritual.
- _____Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida
- de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto
- com propriedades metafísicas. Nem por isso passava
- menos mal, sofria muito, o desconforto era visível,
- pungente. Tomava coisas que poucos profissionais
- do copo se arriscariam, destilados das marcas mais
- diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com
- nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha,
- era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade,
- desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice.
- _____Não era masoquismo. Acompanhando suas
- peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela
- realmente precisava daquilo. Stela inventara uma
- religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que
- era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu.
- Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio
- voluntário, um encontro reverencial com o sagrado.
- _____Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor.
- Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os
- traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao
- brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço
- da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a
- paz reinava entre nós e entre ela e o mundo.
- _____Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma
- decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para
- se repensar. A rotina era extenuante. Quem aguenta uma
- mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha
- num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava
- eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste
- manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos,
- em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues
- existenciais
- _____Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o
- destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por
- cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de
- enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a
- purgação lhe rendera.
- _____Stela era irredutível no seu método terapêutico,
- dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor
- de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o
- martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal,
- sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a
- realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o
- mundo como ele é”.
- _____Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora.
- Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não
- era bom para seu futuro. Não a culpo.
Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489,
02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.dwt&edition=28691§ion=4572. Acessado em 02/04/2016.
Em qual das linhas do texto referidas abaixo a palavra que é uma conjunção integrante?
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo.
Sentimentos Femininos
- Se estou conversando com uma mulher e os olhos dela se enchem de lágrimas – isso acontece
- frequentemente com amigas, colegas de trabalho e namoradas – tenho a sensação, tristíssima, de ser um
- humano defeituoso. É como se faltasse alguma coisa em mim que me impedisse de expressar meus
- sentimentos e emoções da mesma forma. Enquanto elas choram, abraçam, suspiram, tremem, riem, gritam
- e coram, eu tenho apenas o silêncio constrangido ou a racionalidade. Diante da algaravia exuberante dos
- sentimentos femininos, quase nada.
- A sensação não é minha apenas. A perplexidade dos homens frente ao repertório de emoções das
- mulheres é antiga e disseminada. Meu sentimento mais comum é de inveja – como elas conseguem ir tão
- fundo e tão rápido dentro de si mesmas, enquanto eu me sinto preso numa espécie de insensibilidade? –
- mas é possível também ter medo e raiva. É fácil ser frustrado ou afogado por essa aluvião de emoções. É
- comum que, por causa de sentimentos ou da ausência deles, a conversa entre homens e mulheres
- descambe para a mútua incompreensão.
- Houve um tempo, que terminou recentemente, em que era possível passar a vida no universo
- seguro das emoções masculinas. Nós ditávamos o mundo e estabelecíamos as regras de acordo com a
- nossa objetividade. Fora da intimidade do casal ou da família, não havia espaço para o vasto vocabulário
- das sensações femininas. Agora, isso mudou. As emoções das mulheres transbordaram para fora do
- ambiente doméstico e exigem ser levadas a sério. Isso criou, para todos nós, um mundo mais justo, mas
- muito mais complicado.
- Antes, uma mulher chorando no trabalho era motivo de escárnio e piada. Agora, é pelo menos tão
- sério quanto um cara esbravejando. Chefes perplexos passam horas administrando mágoas, inseguranças e
- ressentimentos que não são capazes de entender. É um mundo novo de sutilezas e sensibilidades que se
- impôs, a despeito da resistência dos homens. Se pudessem, eles diriam ___ mulheres que parassem de mimi-
- mi e voltassem ao trabalho, mas não podem. Elas conquistaram o direito de ser elas mesmas durante o
- expediente. Portanto, há que sentar, ouvir, conversar e acomodar sentimentos que aos homens,
- frequentemente, parecem exagerados e injustos, mas que se tornaram parte da realidade. Os homens - ao
- menos esta geração de homens - não compreendem, apenas aceitam. Este é outro motivo pelo qual as
- mulheres tendem ___ prosperar nas organizações modernas. Elas compreendem, e compreensão tornou-se
- essencial a qualquer projeto.
- Fora do trabalho, quando as pessoas não têm obrigação de se entender, as coisas se tornaram
- ainda mais difíceis. As mulheres querem colocar seus sentimentos na mesa e nós, homens, reagimos. Não é
- apenas o fiu-fiu que incomoda as moças nas calçadas e que os homens terão de aprender a suprimir. Há
- coisas mais sutis que emperram o convívio.
- É óbvio que um mundo que responda aos sentimentos de metade da população é um mundo mais
- justo. É evidente, até para o mais xucro dos homens, que não se pode construir uma sociedade, uma
- família ou uma relação de casal harmônicas ignorando a sensibilidade feminina. As mulheres oferecem ao
- planeta um olhar sutil, capaz de distinguir matizes de sentimentos e sensações que a cultura masculina não
- percebe. Com esse olhar ganha-se inteligência, amplitude e profundidade, mas não só. Há confusão
- também.
- A cultura em preto e branco do universo masculino funciona como proteção. A objetividade é um
- escudo contra o caos dos sentimentos. A cultura feminina permite a expressão de um leque maior de
- emoções e a percepção de um mundo mais complexo em seus detalhes, mas tem um lado B. Como se
- desliga a sensibilidade quando ela começa a se tornar autodestrutiva? Como se faz para lidar de forma
- organizada com o mundo exterior quando uma multidão de vozes contraditórias grita dentro de nós,
- exigindo expressão?
- O silêncio interior dos homens é uma coisa triste – como as lágrimas das mulheres frequentemente
- me fazem notar - mas ele permite ouvir o mundo com mais clareza. É um mundo mais simples esse que os
- homens habitam e enxergam, mas ele vem funcionando há milênios. Agora, as mulheres nos propõem o
- desafio de fazer funcionar um mundo mais parecido com elas – com mais cores, mais dimensões, mais
- detalhes e muitos mais sentimentos. Não vai ser fácil, mas não há alternativa. O mundo que os homens
- construíram ___ sua imagem e semelhança está ruindo. É necessário começar um mundo novo.
(Ivan Martins – Revista Época, 9 de março de 2016 – disponível em http://www.epoca.globo.com - adaptação)
Assinale a alternativa na qual o vocábulo esteja empregado como conjunção integrante.
ESTA VIDA
– Um sábio me dizia: esta existência, não vale a angústia de viver.
A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece, no infinito do tempo.
E vibra, e cresce, e se desdobra, e estala num segundo. Homem, eis o que somos neste mundo. Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver dentro da própria morte, o encanto de morrer.
– Um monge me dizia: ó mocidade, és relâmpago ao pé da eternidade! Pensa: o tempo anda sempre e não repousa; esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto; o riso, às vezes, quase sempre, um pranto. Depois o mundo, a luta que intimida, quatro círios acesos: eis a vida! Isto me disse o monge e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto de morrer.
– Um pobre me dizia: para o pobre, a vida é o pão e o andrajo vil que o cobre. Deus, eu não creio nesta fantasia. Deus me deu fome e sede a cada dia, mas nunca me deu pão, nem me deu água. Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa, de andar de porta em porta, esfarrapado. Deu-me esta vida: um pão envenenado. Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto de morrer.
– Uma mulher me disse: vem comigo! Fecha os olhos e sonha, meu amigo. Sonha um lar, uma doce companheira, que queiras muito e que também te queira. No telhado, um penacho de fumaça. Cortinas muito brancas na vidraça. Um canário que canta na gaiola. Que linda a vida lá por dentro rola! Pela primeira vez eu comecei a ver, dentro da própria vida, o encanto de viver.
Guilherme de Almeida
No verso do texto, “E vibra, e cresce, e se desdobra, e estala num segundo”, há a repetição de:
Metendo a tesoura
Ganhei de minha filha uma calça jeans realmente irada. Tão irada, que já veio rasgada, esfolada, remendada. Coisa da moda. Da moda de hoje. Talvez de ontem, coisa que começou nos anos 60.
Rubem Braga dizia que ele era do tempo em que geladeira era branca e telefone era preto. Com efeito, houve um tempo, algo entre o Mesozoico e o Paleolítico superior, em que todos os automóveis eram pretos e as etiquetas sociais eram outras. Mas ganhei esse jeans iradíssimo, surradíssimo e, contraditoriamente, novo. Lembrei-me de quando fui lecionar na Califórnia nos anos 60 (ah! Os anos 60! “those were the days, my friend, I thouught they’ll never end”) (que quer dizer – aqueles foram os dias, meu amigo, pensei que eles nunca fossem terminar) e no primeiro dia de aula causou-me surpresa ver os estudantes de bermuda na aula, mas uma bermuda toda desfiada, meio rasgada. Meninos e meninas meio molambentos, até descalços, e não eram mendigos, eram jovens californianos ricos, cheios de dentes e brilho nos olhos e na pele, falando alto e achando que o mundo era deles. E quase era. Mas muitos deles foram morrer no Vietnã.
Mas eu via aqueles garotos em plena emergência da ideologia hippie, e pensava: eles brincam de pobre porque são ricos, vai ver que nunca viram um, por isto, estão se fantasiando assim. Enfim, fazia parte da revolução de costumes, inverter papeis, subverter o sistema.
Mas o fato é que ganhei aquele jeans. Não era tão degenerado como um que vi o Ronaldinho, numa foto, usando, rasgado de propósito no joelho e que ele botou para ir a uma festa, como se estivesse de fraque. Examinei o meu jeans e dentro, costurado, havia não sei quantas etiquetas dizendo que veio do México com sofisticadas instruções de como lavar o valioso traste. Quer dizer, a moda é do “trash”, mas a gente tem que, mesmo assim, ter cuidado para não estragar o estragado. Então, o experimentei. E ficou ótimo. Cintura baixa, “muderno”. Meio esfolado, com desgaste e talhos aqui e ali.
Terei coragem? Não fica ridículo num coroa? Mas há muito que aceito, aliás, obedeço sugestões de vestuários das filhas e da mulher. Me olhei no espelho e voltei a ter 27 ou 17 anos talvez.
Mas estava sobrando quatro ou cindo dedos de pano na bainha. Tem uma loja ali na esquina que faz bainha, me lembram. Mas aí, o grande paradoxo: como e por que levar para fazer bainha num jeans desmazelado? Que hipocrisia é essa? Estou tendo de ler notícias sobre o Severino*, estou tendo que enfrentar tiroteios na Linha Vermelha. Guerra é guerra, uai! Na véspera, uma amiga disse que a filha compra roupas e, quando estão meio grandes, mete a tesoura na sobrante bainha, forçando até para que o tecido desfiasse.
Houve um tempo em que o telefone e a geladeira eram pretos e quem tivesse um fiapo na roupa morria de vergonha. Agora saímos para mostrar a descostura, o avesso, a etiqueta do fabricante, o rasgão.
Ou seja, como nas bienais, o rascunho virou obra de arte.
Affonso Romano de Sant’Anna
* Severino – Político pernambucano. Foi presidente da Câmara dos Deputados entre fevereiro e setembro de 2005, quando renunciou.
Observe a charge abaixo:
O conectivo “mas” pode ser substituído SEM alteração de sentido por: