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Q1151198 Português

As questões referem-se ao trecho a seguir.

   Como disse Machado de Assis, “certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão”.

   Certo é que ele, o Paulinho, o mais sensível, corajoso e leal dos representantes dos funcionários da fábrica, assim que assumiu as funções de chefe do almoxarifado, tornou-se o mais grosseiro representante do pequeno poder com que se sentiu ungido. 

   No dia em que Felipe deixou cair duas caixas de parafusos de tamanhos diferentes, não só foi advertido, como convocado a permanecer depois do horário para reorganizar as caixas. Eram muito importantes, disse ele, seriam necessárias na manhã seguinte logo cedo. “Convidado”, ele disse, porque, depois, tomariam juntos um café na esquina. 

   Ninguém o perdoou por aquilo, passaram a rejeitar-lhe a companhia e as brincadeiras, antes tão espontâneas, que todos recebiam com gargalhadas francas ou sorrisos sinceros. 

   Percebendo o mal-estar que se ampliava, a gerência pediu a presença da mediadora de conflitos recém-contratada. A certa altura, tentando justificar o que, para todos, era injustificável, lembrou o Paulinho que todos conheciam, o amigo, aquele guerreiro incansável etc. etc. E a certa altura, com a empáfia que o cargo inspira, ela disparou: 

   − Essas decisões que vocês julgam discricionárias é porque ele é um homem que age por vontade própria e independente.  

(Mariana Sorrento, inédito) 

É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q1151191 Português

A questão refere-se ao texto que segue. 


     No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko1 assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’. A busca de um modelo ideal de convivência humana evidencia-se não só na proliferação de textos redigidos nos moldes tradicionais da literatura utópica, narrando viagens a um país feliz e/ou elaborando projetos para um governo justo, mas, também, na abundância de imagens e ideias para a reforma social em uma imensa quantidade de escritos e documentos pertencentes seja à cultura douta, seja à popular (cf. Baczko, 1979, passim). 

      A esse respeito, lembra o comentador, a bibliografia especializada no assunto registra cerca de 80 relatos de viagens imaginárias, publicados na França entre 1676 e 1789, número que apresenta um crescimento impressionante, chegando a mais de 2 mil textos, se forem consideradas as múltiplas e diferentes projeções utópicas presentes na literatura da época.

      A imagem de homens livres e iguais que vivem fraternalmente em comunhão de bens, sem leis nem governos, representa, em geral, o ideal de sociedade entre as correntes progressistas da época, fascinando inclusive escritores políticos como Voltaire, Montesquieu e Diderot, que nunca defenderam a abolição da propriedade e do Estado, circunscrevendo suas propostas de reforma do poder ao âmbito de um despotismo esclarecido, fiscalizado por uma opinião pública letrada, ou de uma monarquia constitucional inspirada no modelo vigente na Inglaterra após a Revolução Gloriosa2.

     De modo análogo, Charles Rihs3, em seu livro sobre os utopistas do século XVIII, chama a atenção para essas ‘antinomias’, lembrando, por exemplo, o descompasso entre o ideário social elitista de Voltaire e suas observações, feitas ao historiar os costumes, a respeito da felicidade dos povos do Novo Mundo e das tribos africanas que ignoram “o meu e o teu” (cf. Rihs, 1970, p. 14). Na mesma linha, Montesquieu, rígido defensor do ‘espírito das leis’ em sua obra principal, retrata com entusiasmo, nas Cartas persas, a organização social do pequeno reino árabe dos Trogloditas, onde todos trabalham jocosa e espontaneamente pelo bem comum. Além das divagações utópicas suscitadas pela investigação geográfica e histórica de culturas não-europeias, os homens das Luzes empreendem também a aventura filosófica, suspensa entre o real e o imaginário, como o Suplemento à Viagem de Bougainville, de Diderot, ou o Eldorado, em Cândido, de Voltaire, visões de paraísos onde os homens vivem felizes, sem brigas pela riqueza e pelo poder.

(Adaptado de PIOZZI, Patrizia. Os arquitetos da ordem anárquica: de Rousseau a Proudhon e Bakunin. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p.73-74) 


Obs.: 1Bronislaw Baczko (1924-2016), filósofo e historiador de ideias polonês


 2Revolução Gloriosa ou Segunda Revolução Inglesa: movimento revolucionário de caráter pacífico, ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1688 e 1689, que gerou a troca do absolutismo monárquico pela monarquia parlamentar.


3Charles Rihs, autor de obra sobre os filósofos utopistas. 

No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’.
Sobre o que se tem acima, afirma-se com correção:
Alternativas
Q1151190 Filosofia

A questão refere-se ao texto que segue. 


     No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko1 assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’. A busca de um modelo ideal de convivência humana evidencia-se não só na proliferação de textos redigidos nos moldes tradicionais da literatura utópica, narrando viagens a um país feliz e/ou elaborando projetos para um governo justo, mas, também, na abundância de imagens e ideias para a reforma social em uma imensa quantidade de escritos e documentos pertencentes seja à cultura douta, seja à popular (cf. Baczko, 1979, passim). 

      A esse respeito, lembra o comentador, a bibliografia especializada no assunto registra cerca de 80 relatos de viagens imaginárias, publicados na França entre 1676 e 1789, número que apresenta um crescimento impressionante, chegando a mais de 2 mil textos, se forem consideradas as múltiplas e diferentes projeções utópicas presentes na literatura da época.

      A imagem de homens livres e iguais que vivem fraternalmente em comunhão de bens, sem leis nem governos, representa, em geral, o ideal de sociedade entre as correntes progressistas da época, fascinando inclusive escritores políticos como Voltaire, Montesquieu e Diderot, que nunca defenderam a abolição da propriedade e do Estado, circunscrevendo suas propostas de reforma do poder ao âmbito de um despotismo esclarecido, fiscalizado por uma opinião pública letrada, ou de uma monarquia constitucional inspirada no modelo vigente na Inglaterra após a Revolução Gloriosa2.

     De modo análogo, Charles Rihs3, em seu livro sobre os utopistas do século XVIII, chama a atenção para essas ‘antinomias’, lembrando, por exemplo, o descompasso entre o ideário social elitista de Voltaire e suas observações, feitas ao historiar os costumes, a respeito da felicidade dos povos do Novo Mundo e das tribos africanas que ignoram “o meu e o teu” (cf. Rihs, 1970, p. 14). Na mesma linha, Montesquieu, rígido defensor do ‘espírito das leis’ em sua obra principal, retrata com entusiasmo, nas Cartas persas, a organização social do pequeno reino árabe dos Trogloditas, onde todos trabalham jocosa e espontaneamente pelo bem comum. Além das divagações utópicas suscitadas pela investigação geográfica e histórica de culturas não-europeias, os homens das Luzes empreendem também a aventura filosófica, suspensa entre o real e o imaginário, como o Suplemento à Viagem de Bougainville, de Diderot, ou o Eldorado, em Cândido, de Voltaire, visões de paraísos onde os homens vivem felizes, sem brigas pela riqueza e pelo poder.

(Adaptado de PIOZZI, Patrizia. Os arquitetos da ordem anárquica: de Rousseau a Proudhon e Bakunin. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p.73-74) 


Obs.: 1Bronislaw Baczko (1924-2016), filósofo e historiador de ideias polonês


 2Revolução Gloriosa ou Segunda Revolução Inglesa: movimento revolucionário de caráter pacífico, ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1688 e 1689, que gerou a troca do absolutismo monárquico pela monarquia parlamentar.


3Charles Rihs, autor de obra sobre os filósofos utopistas. 

Considere o parágrafo 4, em seu contexto, e as assertivas abaixo.


I. A expressão essas ‘antinomias’ remete ao comportamento que associa ideias progressistas, como a de vigilância ao poder, a ideias conservadoras, como a de preservar o poder de um soberano ou de uma elite.

II. Ao apontar o que considera um descompasso, Charles Rihs evidencia o equívoco de Voltaire ao julgar que a felicidade dos povos do Novo Mundo e das tribos africanas decorre do seu costume ancestral de negar a ideia de propriedade.

III. Dado o traço característico a ele atribuído, entende-se como descompasso o entusiasmo de Montesquieu ao conceber que pessoas possam trabalhar de modo divertido pelo bem comum sem que haja necessidade de instituições coercitivas.

IV. Os filósofos Diderot e Voltaire devem exclusivamente à aventura que a filosofia propicia a concepção que construíram, representaram e comentaram, de um espaço em que os homens superam a condição humana de conflitos e infelicidades. 

 

É correto o que se afirma em 

Alternativas
Q1151188 Filosofia

A questão refere-se ao texto que segue. 


     No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko1 assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’. A busca de um modelo ideal de convivência humana evidencia-se não só na proliferação de textos redigidos nos moldes tradicionais da literatura utópica, narrando viagens a um país feliz e/ou elaborando projetos para um governo justo, mas, também, na abundância de imagens e ideias para a reforma social em uma imensa quantidade de escritos e documentos pertencentes seja à cultura douta, seja à popular (cf. Baczko, 1979, passim). 

      A esse respeito, lembra o comentador, a bibliografia especializada no assunto registra cerca de 80 relatos de viagens imaginárias, publicados na França entre 1676 e 1789, número que apresenta um crescimento impressionante, chegando a mais de 2 mil textos, se forem consideradas as múltiplas e diferentes projeções utópicas presentes na literatura da época.

      A imagem de homens livres e iguais que vivem fraternalmente em comunhão de bens, sem leis nem governos, representa, em geral, o ideal de sociedade entre as correntes progressistas da época, fascinando inclusive escritores políticos como Voltaire, Montesquieu e Diderot, que nunca defenderam a abolição da propriedade e do Estado, circunscrevendo suas propostas de reforma do poder ao âmbito de um despotismo esclarecido, fiscalizado por uma opinião pública letrada, ou de uma monarquia constitucional inspirada no modelo vigente na Inglaterra após a Revolução Gloriosa2.

     De modo análogo, Charles Rihs3, em seu livro sobre os utopistas do século XVIII, chama a atenção para essas ‘antinomias’, lembrando, por exemplo, o descompasso entre o ideário social elitista de Voltaire e suas observações, feitas ao historiar os costumes, a respeito da felicidade dos povos do Novo Mundo e das tribos africanas que ignoram “o meu e o teu” (cf. Rihs, 1970, p. 14). Na mesma linha, Montesquieu, rígido defensor do ‘espírito das leis’ em sua obra principal, retrata com entusiasmo, nas Cartas persas, a organização social do pequeno reino árabe dos Trogloditas, onde todos trabalham jocosa e espontaneamente pelo bem comum. Além das divagações utópicas suscitadas pela investigação geográfica e histórica de culturas não-europeias, os homens das Luzes empreendem também a aventura filosófica, suspensa entre o real e o imaginário, como o Suplemento à Viagem de Bougainville, de Diderot, ou o Eldorado, em Cândido, de Voltaire, visões de paraísos onde os homens vivem felizes, sem brigas pela riqueza e pelo poder.

(Adaptado de PIOZZI, Patrizia. Os arquitetos da ordem anárquica: de Rousseau a Proudhon e Bakunin. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p.73-74) 


Obs.: 1Bronislaw Baczko (1924-2016), filósofo e historiador de ideias polonês


 2Revolução Gloriosa ou Segunda Revolução Inglesa: movimento revolucionário de caráter pacífico, ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1688 e 1689, que gerou a troca do absolutismo monárquico pela monarquia parlamentar.


3Charles Rihs, autor de obra sobre os filósofos utopistas. 

Compreende-se corretamente:
Alternativas
Q1151186 Inglês

Para responder à questão, considere o texto abaixo. 


Bill Introduction Limits. State legislators are faced with two conflicting pressures. On the one hand, lawmakers are asked to sponsor a great deal of legislation because constituents and interest groups insist “there ought to be a law” for every public problem. , legal provisions specify the length of time that most legislative bodies may remain in session. The ability to consider a steadily increasing volume of bills is not necessarily compatible with restricted session time. In response, many chambers have experimented with ways to curb the amount of legislation that enters the process. The most direct approach is to set a numerical limit on bill introductions. 


(Adapted from: http://www.ncsl.org/documents/legismgt/ILP/96Tab3Pt1.pdf) 
Segundo o texto,
Alternativas
Q1151185 Inglês

Para responder à questão, considere o texto abaixo. 


Bill Introduction Limits. State legislators are faced with two conflicting pressures. On the one hand, lawmakers are asked to sponsor a great deal of legislation because constituents and interest groups insist “there ought to be a law” for every public problem. , legal provisions specify the length of time that most legislative bodies may remain in session. The ability to consider a steadily increasing volume of bills is not necessarily compatible with restricted session time. In response, many chambers have experimented with ways to curb the amount of legislation that enters the process. The most direct approach is to set a numerical limit on bill introductions. 


(Adapted from: http://www.ncsl.org/documents/legismgt/ILP/96Tab3Pt1.pdf) 
A expressão que preenche corretamente a lacuna é
Alternativas
Q1151184 História
O ex-presidente brasileiro homenageado no Panteão da Pátria e da Liberdade, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado no dia 7 de setembro de 1986, é
Alternativas
Q1151183 Direito Constitucional
A Câmara Legislativa do Distrito Federal tem peculiaridade única entre os órgãos legislativos brasileiros, que a torna diferente dos parlamentos de outras cidades e Estados do Brasil, porque
Alternativas
Q1151177 Direito Administrativo
No curso da execução de um contrato de concessão de serviço público de transporte metroviário, a concessionária passou a dar causa a repetidas interrupções na prestação dos serviços, gerando sucessivas paralisações e interdições de estações. Notificada a regularizar a situação nos termos do disposto contratualmente, a concessionária informou que não teria como resolver o problema no curto prazo, pois estaria enfrentando problemas técnicos e financeiros. Diante do cenário, ao poder concedente caberá
Alternativas
Q1151176 Direito Constitucional
No âmbito do controle exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas,
Alternativas
Q1151175 Direito Administrativo
Com o início de uma nova gestão, foi nomeado outro secretário para a Pasta Estadual da Saúde, que solicitou o levantamento dos contratos em execução no órgão. Foi apurado, nesse contexto, que um importante contrato de fornecimento de medicamentos para abastecimento das unidades de saúde estaduais fora subscrito, na ausência do secretário anterior, por funcionário desprovido de poderes de representação. Diante da constatação, o novo secretário de estado
Alternativas
Q1151174 Direito Administrativo
A instauração e a tramitação de processos administrativos, nos termos do que dispõe a Lei no 9.784/1999,
Alternativas
Q1151173 Direito Administrativo
Dentre as exigências legalmente autorizadas pela Lei no 8.666/1993 a título de qualificação técnica para habilitação em licitações, está a possibilidade de exigir
Alternativas
Q1151172 Direito Constitucional
À luz do que dispõe a Constituição Federal sobre as Limitações do Poder de Tributar, é
Alternativas
Q1151171 Direito Constitucional
Considere as assertivas acerca do que dispõe a Constituição Federal sobre as normas relativas à organização político-administrativa dos Municípios.
I. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. II. Compete aos Municípios manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil, ensino fundamental, médio e superior. III. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal. IV. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. V. A eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, ocorrerá mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o país.
Está correto o que se afirma APENAS em
Alternativas
Q1151170 Direito Constitucional
Nos termos da Constituição Federal, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
Alternativas
Q1151169 Direito Constitucional
Segundo o que dispõe a Constituição Federal de 1988 e à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca das ações garantidoras de direitos fundamentais,
Alternativas
Q1151166 Redação Oficial
Está escrito com clareza e em conformidade com o que se exige em comunicações oficiais o que se encontra em:
Alternativas
Q1151162 Português

Considere o texto abaixo para responder à questão.


   A crítica sistemática da ligação entre discurso e poder adquire plena evidência na Idade Moderna, sobretudo a partir da luta que a cultura renascentista empreende contra a força da tradição eclesiástica e contra os preconceitos da nobreza e da monarquia por direito divino. 

     O combate acendeu-se à medida que o conhecimento científico precisou enfrentar a ditadura do magister dixit1 aristotélico relançada pela Contrarreforma. A ciência cumpria então o objetivo de instaurar os métodos confiáveis da experiência e da indução e os procedimentos da dedução matemática. Para tanto, era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício do olhar racional da nova Astronomia e da nova Física. 

    Remover o princípio de autoridade foi a tarefa que se propuseram Erasmo e Rabelais, precedidos pela perícia filológica dos humanistas italianos do século XV. Lorenzo Valla, entre outros tantos, examinou documentos medievais e desmentiu a versão canônica da doação das terras vaticanas que o imperador Constantino teria feito ao bispo de Roma. A sua análise linguística provou que o latim do diploma de doação era “bárbaro”; um texto forjado, portanto, cuja língua não correspondia ao estilo oficial romano do século IV. 

    A denúncia das correntes hegemônicas, expressa em geral em tom satírico, terá sido o primeiro passo para constituir uma noção crítica de ideologia, antes mesmo do aparecimento do termo, que é do fim do século XVIII. O Dictionnaire étymologique2 de Albert Dauzat dá como seu criador o filósofo Destutt de Tracy, em 1796. 

    A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre neste a ferida do dissenso. Um pensamento de oposição traz consigo o momento da negatividade, contesta a autoridade, tida por natural, do poder estabelecido, acusa as suas incoerências e, muitas vezes, assume estrategicamente o olhar de um outro capaz de erodir a pseudovalidade do discurso corrente. Os períodos de crise cultural engendraram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo o sistema de valores que “toda gente” admite sem maiores dúvidas. 


(Trecho citado de: BOSI, Alfredo. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo, Companhia das Letras, 2010, p. 13-14.) 


1 magister dixit: expressão latina que equivale a “o mestre disse”;

2 Dictionnaire étymologique: Dicionário etimológico.  

O combate acendeu-se à medida que o conhecimento científico precisou enfrentar a ditadura do magister dixit aristotélico relançada pela Contrarreforma. A ciência cumpria então o objetivo de instaurar os métodos confiáveis da experiência e da indução e os procedimentos da dedução matemática. Para tanto, era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício do olhar racional da nova Astronomia e da nova Física. (2o parágrafo)
Com relação às expressões sublinhadas no parágrafo transcrito acima, é correto afirmar que
Alternativas
Q1151161 Português

Considere o texto abaixo para responder à questão.


   A crítica sistemática da ligação entre discurso e poder adquire plena evidência na Idade Moderna, sobretudo a partir da luta que a cultura renascentista empreende contra a força da tradição eclesiástica e contra os preconceitos da nobreza e da monarquia por direito divino. 

     O combate acendeu-se à medida que o conhecimento científico precisou enfrentar a ditadura do magister dixit1 aristotélico relançada pela Contrarreforma. A ciência cumpria então o objetivo de instaurar os métodos confiáveis da experiência e da indução e os procedimentos da dedução matemática. Para tanto, era necessário dissipar a névoa cerrada dos falsos conceitos que impediam o exercício do olhar racional da nova Astronomia e da nova Física. 

    Remover o princípio de autoridade foi a tarefa que se propuseram Erasmo e Rabelais, precedidos pela perícia filológica dos humanistas italianos do século XV. Lorenzo Valla, entre outros tantos, examinou documentos medievais e desmentiu a versão canônica da doação das terras vaticanas que o imperador Constantino teria feito ao bispo de Roma. A sua análise linguística provou que o latim do diploma de doação era “bárbaro”; um texto forjado, portanto, cuja língua não correspondia ao estilo oficial romano do século IV. 

    A denúncia das correntes hegemônicas, expressa em geral em tom satírico, terá sido o primeiro passo para constituir uma noção crítica de ideologia, antes mesmo do aparecimento do termo, que é do fim do século XVIII. O Dictionnaire étymologique2 de Albert Dauzat dá como seu criador o filósofo Destutt de Tracy, em 1796. 

    A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre neste a ferida do dissenso. Um pensamento de oposição traz consigo o momento da negatividade, contesta a autoridade, tida por natural, do poder estabelecido, acusa as suas incoerências e, muitas vezes, assume estrategicamente o olhar de um outro capaz de erodir a pseudovalidade do discurso corrente. Os períodos de crise cultural engendraram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo o sistema de valores que “toda gente” admite sem maiores dúvidas. 


(Trecho citado de: BOSI, Alfredo. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo, Companhia das Letras, 2010, p. 13-14.) 


1 magister dixit: expressão latina que equivale a “o mestre disse”;

2 Dictionnaire étymologique: Dicionário etimológico.  

A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre neste a ferida do dissenso.
Nesse trecho do último parágrafo, a palavra dissenso é empregada com o sentido de
Alternativas
Respostas
14261: C
14262: B
14263: B
14264: C
14265: E
14266: D
14267: E
14268: C
14269: C
14270: A
14271: C
14272: E
14273: E
14274: E
14275: B
14276: C
14277: E
14278: C
14279: E
14280: E