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A falta de água começa aqui
Notícia - 9 - abr – 2015
O Greenpeace protestou hoje pelo fim do desmatamento em uma área recém-destruída no sul de Roraima (ver mapa
abaixo). Pelo menos 4 mil hectares foram desmatados no Estado nos últimos seis meses. Enquanto a floresta cai, o sudeste do Brasil
passa pelo mais grave colapso hídrico da história, com os reservatórios registrando níveis muito abaixo da média para a estação
chuvosa. A mensagem "A falta de água começa aqui", colocada em uma área do tamanho de 504 campos de futebol de mata queimada
e destruída, é uma lembrança importante de que as florestas são fundamentais para assegurar o equilíbrio do clima e parte vital do ciclo
da água. Sem floresta não tem água.
Em expedições de monitoramento da paisagem a partir da análise de alertas do desmatamento do SAD (Sistema de Alerta
de Desmatamento) do Imazon, o Greenpeace comprovou a derrubada de grandes extensões de floresta na região da BR-174, que liga
Manaus, no Amazonas, a Boa Vista, em Roraima, além de queimadas e muita extração de madeira. A retirada de madeira costuma ser
o primeiro passo no ciclo de destruição da floresta. Geralmente, o que acontece depois é a remoção da mata por completo para abrir
espaço para outras atividades econômicas, como pecuária e soja.
A situação em Roraima é tão caótica que chega a ser pitoresca. Investigações da Polícia Federal revelaram um esquema
criminoso de exploração de madeira envolvendo empresas, proprietários rurais, servidores públicos e engenheiros florestais. Entre as
principais irregularidades estão fraudes no sistema de controle e transporte irregular de madeira – como um caminhão que consegue
transportar madeira para duas áreas diferentes ao mesmo tempo ou uma super-motocicleta de 250 cilindradas capaz de transportar 41
metros cúbicos de madeira – o equivalente a 41 caixas d'água de mil litros cheias!
Uma das empresas investigadas, a RR Madeiras, tem forte atuação na região e apresenta um longo histórico de
irregularidades ambientais. A empresa já foi multada pelo IBAMA em R$ 1,3 milhão por exploração e transporte ilegal de madeira. A RR
Madeiras teve suas operações suspensas duas vezes – em 2012 e 2014. Seu proprietário, José Dalmo Zani, foi preso em 2012 durante
a operação Salmo 96:12 da Polícia Federal por participar de uma "vasta rede criminosa envolvendo atividades de extração, comércio e
transporte de produtos florestais".
(...)
Cerca de 19% da floresta amazônica foram destruídos nos últimos 40 anos. Os impactos do desmatamento já podem ser
sentidos para muito além das fronteiras da floresta. Mais e mais estudos apontam para a relação entre floresta e a produção de chuva.
Só a Amazônia transpira, diariamente, 20 bilhões de toneladas de vapor de água para a atmosfera – volume superior à vazão do rio
Amazonas. Toda essa umidade forma os "rios voadores" que são levados, com o vento, para outras regiões do País, irrigando
plantações e enchendo reservatórios de água. Ao desmatar a Amazônia, interferimos de forma extremamente negativa no ciclo da
água.
"Eventos extremos, como episódios de seca – muito parecidos com a crise enfrentada pelo Sudeste – se tornarão cada vez mais
frequentes e mais intensos com as mudanças do clima. Manter a floresta em pé é o nosso passaporte para o futuro, um estoque de
fichas para amenizar os efeitos severos das mudanças climáticas", diz Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace. "Ao
proteger as florestas, garantimos qualidade de vida. Com floresta, tem água, tem comida, tem clima ameno".
(http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Desmatamento-A-falta-de-agua-comeca- qui/?gclid=CIn405aVmc8CFYcGkQodPsIEYA)