Questões de Concurso Para cev-urca

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Q2723671 Direito Sanitário

São valores fundantes no processo de efetivação da Politica Nacional de Prevenção a Saúde de 2014 EXCETO.

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Q2723670 Direito Sanitário

São competência dos Conselhos de Saúde EXCETO.

Alternativas
Q2723669 Direito Sanitário

Da Estrutura e Funcionamento dos Conselhos de Saúde. Marque V se a opção for Verdadeira e F se a Opção for Falsa.

I- O Conselho de Saúde não define, por deliberação de seu Plenário, sua estrutura administrativa e o quadro de pessoal conforme os preceitos da NOB de Recursos Humanos do SUS.

II- A Secretaria Executiva não é subordinada ao Plenário do Conselho de Saúde, que definirá sua estrutura e dimensão.

III O orçamento do Conselho de Saúde será gerenciado pelo próprio Conselho de Saúde.

IV As decisões do Conselho de Saúde serão adotadas mediante quórum mínimo da metade mais um de seus integrantes.

V Os Conselhos de Saúde poderá sem a devida justificativa, buscar auditorias externas e independentes, sobre as contas e atividades do Gestor do SUS, ouvido o Ministério Público.

Com base na Estrutura e Funcionamento dos Conselhos de Saúde, avalie as proposições transcritas a seguir e indique a opção correta.

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Q2723668 Direito Sanitário

No Art.5º da Legislação do SUS Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de: EXCETO.

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Q2723667 Direito Sanitário

“Aprova as diretrizes para criação, reformulação, estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Imprensa Nacional, 4 dez. 2003, n. 236, seção1,p.57, col. 1. ISSN 1676-2339”. Marque a opção correta.

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Q2723666 Direito Constitucional

Associe as duas colunas relacionando os artigos da Constituição Federal de 1988 à sua descrição. A seguir assinale a sequencia correta.


I) A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

II) São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

III) As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes.

IV) A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

V) Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei.


(III) Artigo 198

(I) Artigo 196

(V) Artigo 200

(II) Artigo 197

(IV) Artigo 199


A sequência correta é:

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Q2723665 Direito Sanitário

“Redefine a Política Nacional da Promoção de Saúde”. Marque a opção correta.

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Q2723664 Direito Sanitário

No “Art. 6º. Da Lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990, Lê-se “Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS)”. I - a execução de ações.

Da execução de ações incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): Todas estão corretas, EXCETO:

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Q2723663 Geografia

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população estimada do município de Porteiras no ano de 2018 é de aproximadamente:

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Q2723659 Geografia

O Município de Porteiras está localizado geograficamente:

Alternativas
Q2723658 Atualidades

“Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017 foram divulgados nesta segunda-feira, 3 (setembro), e colocam o Ceará em posição de destaque no País.” O Povo On Line, 03 de setembro de 2018. Segundo esses dados, as cidades cearenses que lideram o ranking do Ideb de 2017 são:

Alternativas
Q2723656 Atualidades

Cidades cearenses onde se realizam anualmente o Festival de Jazz e Blues:

Alternativas
Q2723651 Atualidades

Em 31 de agosto de 2016, o Plenário do Senado aprovou por 61 votos favoráveis e 20 contrários o impeachment de Dilma Rousseff. Pesaram sobre a presidente afastada as acusações:

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Q2723648 Português

Eis a primavera

João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.

- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.

Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:

- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!

Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:

- Assim está melhor?

Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:

- Agora a dor se mudou ...

Vigiava aflito a janela:

- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.

Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:

- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.

- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.

A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.

- Essa menina nunca me deu um copo d'água.

Quando o irmão se levantava:

- Fique mais um pouco.

Ali da porta sua querida Maria:

- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.

Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:

- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:

- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.

- Doente não merece viver.

A filha, essa, de longe sempre se abanando:

- Ai, como fede!

Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.

- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.

Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.

Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:

- Com quem eu briguei?

- Me conte, meu velho.

- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.

- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.

Na última noite cochichou ao irmão:

- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!

Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.

Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.

- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.

Era o primeiro dia de primavera.

(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)

Um egoísta. Não deixa os outros descansar. O termo em destaque é um substantivo classificado de comum de dois gêneros, pois apresentam uma só forma para dois gêneros, mas é possível distinguir o masculino do feminino pelo emprego do artigo que os acompanha. Marque a opção cuja classificação do substantivo esteja em desacordo com as normas gramaticais:

Alternativas
Q2723647 Português

Eis a primavera

João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.

- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.

Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:

- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!

Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:

- Assim está melhor?

Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:

- Agora a dor se mudou ...

Vigiava aflito a janela:

- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.

Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:

- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.

- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.

A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.

- Essa menina nunca me deu um copo d'água.

Quando o irmão se levantava:

- Fique mais um pouco.

Ali da porta sua querida Maria:

- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.

Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:

- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:

- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.

- Doente não merece viver.

A filha, essa, de longe sempre se abanando:

- Ai, como fede!

Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.

- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.

Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.

Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:

- Com quem eu briguei?

- Me conte, meu velho.

- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.

- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.

Na última noite cochichou ao irmão:

- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!

Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.

Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.

- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.

Era o primeiro dia de primavera.

(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira... A palavra em destaque apresenta a representação de ch com o som de x. Das opções a seguir, marque a que não apresenta erro de grafia:

Alternativas
Q2723646 Português

Eis a primavera

João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.

- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.

Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:

- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!

Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:

- Assim está melhor?

Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:

- Agora a dor se mudou ...

Vigiava aflito a janela:

- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.

Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:

- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.

- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.

A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.

- Essa menina nunca me deu um copo d'água.

Quando o irmão se levantava:

- Fique mais um pouco.

Ali da porta sua querida Maria:

- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.

Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:

- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:

- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.

- Doente não merece viver.

A filha, essa, de longe sempre se abanando:

- Ai, como fede!

Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.

- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.

Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.

Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:

- Com quem eu briguei?

- Me conte, meu velho.

- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.

- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.

Na última noite cochichou ao irmão:

- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!

Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.

Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.

- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.

Era o primeiro dia de primavera.

(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)

Negou-lhe a morfina até o último dia... Pertence à mesma regra de acentuação gráfica da palavra em destaque:

Alternativas
Q2723633 Português

Eis a primavera

João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.

- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.

Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:

- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!

Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:

- Assim está melhor?

Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:

- Agora a dor se mudou ...

Vigiava aflito a janela:

- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.

Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:

- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.

- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.

A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.

- Essa menina nunca me deu um copo d'água.

Quando o irmão se levantava:

- Fique mais um pouco.

Ali da porta sua querida Maria:

- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.

Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:

- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:

- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.

- Doente não merece viver.

A filha, essa, de longe sempre se abanando:

- Ai, como fede!

Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.

- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.

Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.

Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:

- Com quem eu briguei?

- Me conte, meu velho.

- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.

- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.

Na última noite cochichou ao irmão:

- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!

Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.

Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.

- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.

Era o primeiro dia de primavera.

(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto... O termo em destaque funciona como elemento de conexão entre as informações, pois se refere a um termo anteriormente citado. Tal referência é ao:

Alternativas
Q2723629 Português

Eis a primavera

João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.

- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.

Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:

- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!

Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:

- Assim está melhor?

Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:

- Agora a dor se mudou ...

Vigiava aflito a janela:

- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.

Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:

- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.

- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.

A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.

- Essa menina nunca me deu um copo d'água.

Quando o irmão se levantava:

- Fique mais um pouco.

Ali da porta sua querida Maria:

- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.

Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:

- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.

Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:

- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.

- Doente não merece viver.

A filha, essa, de longe sempre se abanando:

- Ai, como fede!

Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.

- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.

Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.

Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:

- Com quem eu briguei?

- Me conte, meu velho.

- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.

Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.

- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.

Na última noite cochichou ao irmão:

- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!

Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.

Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.

- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.

Era o primeiro dia de primavera.

(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)

O texto: Eis a primavera, de Dalton Trevisan, reflete:

Alternativas
Q2722287 Português

O ensino da ortografia deve organizar-se de modo a favorecer:

Alternativas
Q2722284 Português

Marque a alternativa que NÃO representa procedimentos didáticos para implementar uma prática continuada de produção de textos na escola:

Alternativas
Respostas
301: E
302: E
303: D
304: E
305: A
306: A
307: A
308: E
309: B
310: B
311: E
312: E
313: C
314: D
315: A
316: B
317: E
318: C
319: E
320: C