Questões de Concurso Para ufsm
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Leia, a seguir, o trecho da obra Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
“O que mais a impressionou no passeio foi a
miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza das
casas, o ar triste, abatido da gente pobre.
Educada na cidade, ela tinha dos roceiros ideia
de que eram felizes, saudáveis e alegres.
Havendo tanto barro, tanta água, por que as
casas não eram de tijolos e não tinham telhas?
Era sempre aquele sapê sinistro e aquele
"sopapo" que deixava ver a trama de varas,
como o esqueleto de um doente. Por que, ao
redor dessas casas, não havia culturas, uma
horta, um pomar? Não seria tão fácil, trabalho de
horas? E não havia gado, nem grande nem
pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por
quê? Mesmo nas fazendas, o espetáculo não era
mais animador. Todas soturnas, baixas, quase
sem o pomar olente e a horta suculenta. A não
ser o café e um milharal, aqui e ali, ela não pôde
ver outra lavoura, outra indústria agrícola. Não
podia ser preguiça só ou indolência. Para o seu
gasto, para uso próprio, o homem tem sempre
energia para trabalhar. As populações mais
acusadas de preguiça, trabalham relativamente.
Na África, na Índia, na Cochinchina, em toda parte, os casais, as famílias, as tribos, plantam
um pouco, algumas coisas para eles. Seria a
terra? Que seria? E todas essas questões
desafiavam a sua curiosidade, o seu desejo de
saber, e também a sua piedade e simpatia por
aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez
com fome, sorumbáticos!…” (BARRETO, Lima, 1983
[1915], p. 61 e 62).
Leia o trecho a seguir do romance Esaú e
Jacó, de Machado de Assis, escritor do realismo
brasileiro.
“Natividade e Perpétua conheciam outras partes,
além de Botafogo, mas o Morro do Castelo, por
mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá
reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto
como o clube. O íngreme, o desigual, o mal
calçado da ladeira mortificavam os pés às duas
pobres donas. Não obstante, continuavam a
subir, como se fosse penitência, devagarinho,
cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças
que desciam ou subiam, lavadeiras e soldados,
algum empregado, algum lojista, algum padre,
todos olhavam espantados para elas, que aliás
vestiam com grande simplicidade; mas há um
donaire que se não perde, e não era vulgar
naquelas alturas. A mesma lentidão do andar,
comparada à rapidez das outras pessoas, fazia
desconfiar que era a primeira vez que ali iam.
Uma crioula perguntou a um sargento: ‘Você
quer ver que elas vão à cabocla?’ E ambos
pararam a distância, tomados daquele invencível
desejo de conhecer a vida alheia, que é muita
vez toda a necessidade humana” (ASSIS, Machado,
1904, p. 1 e 2).
Com base no trecho lido, assinale a alternativa
que contém uma característica do movimento
realista.
Leia os versos a seguir.
Por você
Maurício Barros
Mauro Sta. Cecília e
Roberto Frejat
“Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno (...)”
Leia o poema “Prece”, de Rubenio Marcelo, para responder à questão.
“que seja conferido
com fogo sagrado
o ferro que fere o sentido
do verso…
a poesia não malha em ferro morno
– é flama imutável
[somente por meio das suas artérias
emana hálito de jasmim
da garganta da palavra]
Ah, Poesia,
que a tua nudez e o teu espírito
as nossas mãos
aqueçam…”
MARCELO, Rubenio. Vias do infinito ser (Poemas).
Campo Grande: Editora Letra Livre, 2017. p. 60.
Feita a leitura e a análise do poema, assinale a alternativa que NÃO corresponde aos sentidos produzidos ou aos recursos empregados pelo poeta.