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PRECISAMOS DE UMA POLÍCIA QUE NOS PROTEJA
Tem muito policial bom Brasil a fora. Gente corajosa, de olhar inquisitivo, interesse nas pessoas, solidez, moral. No geral, no País, esses bons policiais tem imensa dificuldade em lidar com a cultura da corporação. Acabam ficando deprimidos, uns escorregam no álcool ou em outras drogas, vários vão lentamente afrouxando a fibra moral. Alguns se suicidam, pela impossibilidade de conciliar o que eles acham certo com o que são obrigados a fazer todos os dias. Numa pesquisa com PMs do Estado do Rio1, um a cada dez admitiu que já tentou se matar, um a cada cinco disse que pensava nisso.
Sem polícia, não é possível viver em paz na sociedade. Por mais rico e civilizado que seja um lugar, sempre haverá o perigo de alguém mau aparecer querendo lesar os outros – até o Éden precisa se precaver contra esse risco. O trabalho de polícia é um serviço público básico, que qualquer Estado digno de cobrar imposto tem a obrigação de prover.
Infelizmente, o Brasil não provê esse serviço, embora cobre impostos bem altos de seus cidadãos.
Talvez, nos últimos tempos, você tenha visto cena semelhante pelo You Tube, ou, em caso de azar, pessoalmente. A viatura robocópica passa em frente a um bar, alguém com um copo de cerveja na mão grita um desaforo, surge um corinho provocativo. Sem nem se dar ao trabalho de estacionar, o carro de polícia abre a janela em frente ao bar e borrifa gás tóxico em todo mundo, inclusive nos funcionários da casa, na senhora idosa sentada no balcão, nas crianças assustadas.
Gás lacrimogênio pode causar cegueira, aborto, colapso respiratório, além de ser fator de risco para doenças crônicas. Ainda assim, está longe de ser a pior coisa que pode acontecer a um brasileiro num encontro com a polícia.
A polícia daqui é uma das que mais matam no mundo, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no País a cada ano perfurados por balas disparadas por agentes públicos. Claro que parte dessas mortes é necessária, elas podem inclusive ter salvo vidas. Mas é difícil evitar a constatação de que nossa polícia mata demais, ainda mais quando se verifica que várias vítimas são crianças, mães e pessoas desarmadas. Nos Estados Unidos, país bastante violento que possui população bem maior que a nossa, a polícia leva 30 anos para matar tanta gente. E a polícia de uma só cidade brasileira, São Paulo, mata mais que a dos EUA inteiros. Quase nunca, por aqui, algum policial é sequer investigado por essas mortes. Punições criminais são tão raras quanto moscas brancas.
62% dos brasileiros têm medo de ser vítima de violência policial – índice que fica mais e mais próximo de 100% quando se pergunta para pretos, pobres e nordestinos2.
Diante desse quadro, é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia. Quantos de nós ou dos nossos amigos já vivemos traumas na mão de policiais sádicos, corruptos ou preconceituosos. Essa rejeição de parte da população à polícia chegou a um extremo nos últimos três anos, desde que a violência desmedida da PM paulistana desencadeou aquela que talvez fique registrada como a maior revolta popular da história do País, depois inflamada por uma crise econômica e por um imenso escândalo de corrupção que perpassa todo sistema político.
Dia sim, dia também, em alguma cidade brasileira, há milhares de manifestantes gritando “Não acabou/ tem que acabar/ eu quero o fim da Polícia Militar”, sob o olhar ressentido dos próprios PMs, que ganham salário menor do que o valor das bombas de gás lacrimogênio que eles têm para jogar. O que se vê ao final de cada noite é uma batalha cheia de mágoa e sangue, que fica mais amarga a cada manifestação.
Não deveríamos ter ódio da polícia. Nenhuma sociedade saudável sobrevive se não tem confiança nas pessoas cujo serviço é cuidar da nossa segurança. Tem algo muito errado num país no qual agentes da ordem saem pelas ruas fazendo bagunça – explodindo bomba na cara, mirando no olho dos fotógrafos, mentindo no registro das ocorrências. O governo desconfia tanto dos nossos policiais que proibiu que eles ajudem a socorrer pessoas passando mal – o próprio Estado suspeita que eles possam se aproveitar para forjar execuções.
O sistema político tem dado respostas insuficientes ao problema, tanto à esquerda quanto à direita. Enquanto um lado elege como inimigo a polícia inteira, o outro defende os abusos, e se esquece que, num País que entra nessa espiral de execuções e vinganças, qualquer um pode ser a próxima vítima.
É injustificável que, em 2016, o Brasil ainda tenha uma polícia construída nos anos de 1970, sob uma mentalidade ultra-autoritária, que vê o cidadão como um inimigo em potencial. Todo mundo que é sério concorda há mais de 20 anos que nosso modelo de polícia é inadequado e ultrapassado. E, ainda assim, após décadas de democracia sob governos de PMDB, PSDB, PT, não demos nenhum passo decisivo na direção certa.
É uma tentação culpar os policiais (ou os manifestantes) pelo fracasso, mas ele é do sistema político inteiro. Nessa história, os policiais são pelo menos tão vítimas quanto vilões. Quase 75% deles querem uma reforma profunda, que inclua a desmilitarização da polícia3. Eles querem que a polícia melhore.
Quem geralmente não quer são os políticos, que acham conveniente ter uma polícia brutal que despreze regras, de maneira a poder usá-la para atacar seus inimigos e para manipular a opinião pública, exacerbando seus medos.
Já é hora de criar uma polícia de verdade no Brasil. Uma instituição transparente, que tenha como única missão proteger a população, que use a força com sabedoria e que garanta que todo mundo cumpra as regras – as mesmas, para todos.
Esse último item é especialmente importante. O Brasil é a terra do privilégio: achamos normal que umas pessoas sejam tratadas de um jeito e outras de outro. Para um país funcionar, as regras que cada cidadão tem que seguir precisam ser sempre as mesmas, seja ele branco ou preto, rico ou pobre, de direita ou de esquerda. Se não for assim, não é polícia: é um bando de arruaceiros, entre outros bandos de arruaceiros. E ninguém respeitará sua autoridade.
1 Por que os policiais se matam, Dayse Miranda (org.)
2 Atlas da violência 2016.
3 Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2014.
Denis Russo Burgierman. Superinteressante. São Paulo, out. 2016, p.11.
No raciocínio argumentativo desenvolvido pelo autor, pode-se apontar que o parágrafo 14 exprime em relação à última frase do parágrafo 13 o sentido de:
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PRECISAMOS DE UMA POLÍCIA QUE NOS PROTEJA
Tem muito policial bom Brasil a fora. Gente corajosa, de olhar inquisitivo, interesse nas pessoas, solidez, moral. No geral, no País, esses bons policiais tem imensa dificuldade em lidar com a cultura da corporação. Acabam ficando deprimidos, uns escorregam no álcool ou em outras drogas, vários vão lentamente afrouxando a fibra moral. Alguns se suicidam, pela impossibilidade de conciliar o que eles acham certo com o que são obrigados a fazer todos os dias. Numa pesquisa com PMs do Estado do Rio1, um a cada dez admitiu que já tentou se matar, um a cada cinco disse que pensava nisso.
Sem polícia, não é possível viver em paz na sociedade. Por mais rico e civilizado que seja um lugar, sempre haverá o perigo de alguém mau aparecer querendo lesar os outros – até o Éden precisa se precaver contra esse risco. O trabalho de polícia é um serviço público básico, que qualquer Estado digno de cobrar imposto tem a obrigação de prover.
Infelizmente, o Brasil não provê esse serviço, embora cobre impostos bem altos de seus cidadãos.
Talvez, nos últimos tempos, você tenha visto cena semelhante pelo You Tube, ou, em caso de azar, pessoalmente. A viatura robocópica passa em frente a um bar, alguém com um copo de cerveja na mão grita um desaforo, surge um corinho provocativo. Sem nem se dar ao trabalho de estacionar, o carro de polícia abre a janela em frente ao bar e borrifa gás tóxico em todo mundo, inclusive nos funcionários da casa, na senhora idosa sentada no balcão, nas crianças assustadas.
Gás lacrimogênio pode causar cegueira, aborto, colapso respiratório, além de ser fator de risco para doenças crônicas. Ainda assim, está longe de ser a pior coisa que pode acontecer a um brasileiro num encontro com a polícia.
A polícia daqui é uma das que mais matam no mundo, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no País a cada ano perfurados por balas disparadas por agentes públicos. Claro que parte dessas mortes é necessária, elas podem inclusive ter salvo vidas. Mas é difícil evitar a constatação de que nossa polícia mata demais, ainda mais quando se verifica que várias vítimas são crianças, mães e pessoas desarmadas. Nos Estados Unidos, país bastante violento que possui população bem maior que a nossa, a polícia leva 30 anos para matar tanta gente. E a polícia de uma só cidade brasileira, São Paulo, mata mais que a dos EUA inteiros. Quase nunca, por aqui, algum policial é sequer investigado por essas mortes. Punições criminais são tão raras quanto moscas brancas.
62% dos brasileiros têm medo de ser vítima de violência policial – índice que fica mais e mais próximo de 100% quando se pergunta para pretos, pobres e nordestinos2.
Diante desse quadro, é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia. Quantos de nós ou dos nossos amigos já vivemos traumas na mão de policiais sádicos, corruptos ou preconceituosos. Essa rejeição de parte da população à polícia chegou a um extremo nos últimos três anos, desde que a violência desmedida da PM paulistana desencadeou aquela que talvez fique registrada como a maior revolta popular da história do País, depois inflamada por uma crise econômica e por um imenso escândalo de corrupção que perpassa todo sistema político.
Dia sim, dia também, em alguma cidade brasileira, há milhares de manifestantes gritando “Não acabou/ tem que acabar/ eu quero o fim da Polícia Militar”, sob o olhar ressentido dos próprios PMs, que ganham salário menor do que o valor das bombas de gás lacrimogênio que eles têm para jogar. O que se vê ao final de cada noite é uma batalha cheia de mágoa e sangue, que fica mais amarga a cada manifestação.
Não deveríamos ter ódio da polícia. Nenhuma sociedade saudável sobrevive se não tem confiança nas pessoas cujo serviço é cuidar da nossa segurança. Tem algo muito errado num país no qual agentes da ordem saem pelas ruas fazendo bagunça – explodindo bomba na cara, mirando no olho dos fotógrafos, mentindo no registro das ocorrências. O governo desconfia tanto dos nossos policiais que proibiu que eles ajudem a socorrer pessoas passando mal – o próprio Estado suspeita que eles possam se aproveitar para forjar execuções.
O sistema político tem dado respostas insuficientes ao problema, tanto à esquerda quanto à direita. Enquanto um lado elege como inimigo a polícia inteira, o outro defende os abusos, e se esquece que, num País que entra nessa espiral de execuções e vinganças, qualquer um pode ser a próxima vítima.
É injustificável que, em 2016, o Brasil ainda tenha uma polícia construída nos anos de 1970, sob uma mentalidade ultra-autoritária, que vê o cidadão como um inimigo em potencial. Todo mundo que é sério concorda há mais de 20 anos que nosso modelo de polícia é inadequado e ultrapassado. E, ainda assim, após décadas de democracia sob governos de PMDB, PSDB, PT, não demos nenhum passo decisivo na direção certa.
É uma tentação culpar os policiais (ou os manifestantes) pelo fracasso, mas ele é do sistema político inteiro. Nessa história, os policiais são pelo menos tão vítimas quanto vilões. Quase 75% deles querem uma reforma profunda, que inclua a desmilitarização da polícia3. Eles querem que a polícia melhore.
Quem geralmente não quer são os políticos, que acham conveniente ter uma polícia brutal que despreze regras, de maneira a poder usá-la para atacar seus inimigos e para manipular a opinião pública, exacerbando seus medos.
Já é hora de criar uma polícia de verdade no Brasil. Uma instituição transparente, que tenha como única missão proteger a população, que use a força com sabedoria e que garanta que todo mundo cumpra as regras – as mesmas, para todos.
Esse último item é especialmente importante. O Brasil é a terra do privilégio: achamos normal que umas pessoas sejam tratadas de um jeito e outras de outro. Para um país funcionar, as regras que cada cidadão tem que seguir precisam ser sempre as mesmas, seja ele branco ou preto, rico ou pobre, de direita ou de esquerda. Se não for assim, não é polícia: é um bando de arruaceiros, entre outros bandos de arruaceiros. E ninguém respeitará sua autoridade.
1 Por que os policiais se matam, Dayse Miranda (org.)
2 Atlas da violência 2016.
3 Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2014.
Denis Russo Burgierman. Superinteressante. São Paulo, out. 2016, p.11.
Tomando a leitura dos dois primeiro períodos do parágrafo 01, depreende-se que o segundo período estabelece com o primeiro uma relação de:
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
PRECISAMOS DE UMA POLÍCIA QUE NOS PROTEJA
Tem muito policial bom Brasil a fora. Gente corajosa, de olhar inquisitivo, interesse nas pessoas, solidez, moral. No geral, no País, esses bons policiais tem imensa dificuldade em lidar com a cultura da corporação. Acabam ficando deprimidos, uns escorregam no álcool ou em outras drogas, vários vão lentamente afrouxando a fibra moral. Alguns se suicidam, pela impossibilidade de conciliar o que eles acham certo com o que são obrigados a fazer todos os dias. Numa pesquisa com PMs do Estado do Rio1, um a cada dez admitiu que já tentou se matar, um a cada cinco disse que pensava nisso.
Sem polícia, não é possível viver em paz na sociedade. Por mais rico e civilizado que seja um lugar, sempre haverá o perigo de alguém mau aparecer querendo lesar os outros – até o Éden precisa se precaver contra esse risco. O trabalho de polícia é um serviço público básico, que qualquer Estado digno de cobrar imposto tem a obrigação de prover.
Infelizmente, o Brasil não provê esse serviço, embora cobre impostos bem altos de seus cidadãos.
Talvez, nos últimos tempos, você tenha visto cena semelhante pelo You Tube, ou, em caso de azar, pessoalmente. A viatura robocópica passa em frente a um bar, alguém com um copo de cerveja na mão grita um desaforo, surge um corinho provocativo. Sem nem se dar ao trabalho de estacionar, o carro de polícia abre a janela em frente ao bar e borrifa gás tóxico em todo mundo, inclusive nos funcionários da casa, na senhora idosa sentada no balcão, nas crianças assustadas.
Gás lacrimogênio pode causar cegueira, aborto, colapso respiratório, além de ser fator de risco para doenças crônicas. Ainda assim, está longe de ser a pior coisa que pode acontecer a um brasileiro num encontro com a polícia.
A polícia daqui é uma das que mais matam no mundo, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no País a cada ano perfurados por balas disparadas por agentes públicos. Claro que parte dessas mortes é necessária, elas podem inclusive ter salvo vidas. Mas é difícil evitar a constatação de que nossa polícia mata demais, ainda mais quando se verifica que várias vítimas são crianças, mães e pessoas desarmadas. Nos Estados Unidos, país bastante violento que possui população bem maior que a nossa, a polícia leva 30 anos para matar tanta gente. E a polícia de uma só cidade brasileira, São Paulo, mata mais que a dos EUA inteiros. Quase nunca, por aqui, algum policial é sequer investigado por essas mortes. Punições criminais são tão raras quanto moscas brancas.
62% dos brasileiros têm medo de ser vítima de violência policial – índice que fica mais e mais próximo de 100% quando se pergunta para pretos, pobres e nordestinos2.
Diante desse quadro, é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia. Quantos de nós ou dos nossos amigos já vivemos traumas na mão de policiais sádicos, corruptos ou preconceituosos. Essa rejeição de parte da população à polícia chegou a um extremo nos últimos três anos, desde que a violência desmedida da PM paulistana desencadeou aquela que talvez fique registrada como a maior revolta popular da história do País, depois inflamada por uma crise econômica e por um imenso escândalo de corrupção que perpassa todo sistema político.
Dia sim, dia também, em alguma cidade brasileira, há milhares de manifestantes gritando “Não acabou/ tem que acabar/ eu quero o fim da Polícia Militar”, sob o olhar ressentido dos próprios PMs, que ganham salário menor do que o valor das bombas de gás lacrimogênio que eles têm para jogar. O que se vê ao final de cada noite é uma batalha cheia de mágoa e sangue, que fica mais amarga a cada manifestação.
Não deveríamos ter ódio da polícia. Nenhuma sociedade saudável sobrevive se não tem confiança nas pessoas cujo serviço é cuidar da nossa segurança. Tem algo muito errado num país no qual agentes da ordem saem pelas ruas fazendo bagunça – explodindo bomba na cara, mirando no olho dos fotógrafos, mentindo no registro das ocorrências. O governo desconfia tanto dos nossos policiais que proibiu que eles ajudem a socorrer pessoas passando mal – o próprio Estado suspeita que eles possam se aproveitar para forjar execuções.
O sistema político tem dado respostas insuficientes ao problema, tanto à esquerda quanto à direita. Enquanto um lado elege como inimigo a polícia inteira, o outro defende os abusos, e se esquece que, num País que entra nessa espiral de execuções e vinganças, qualquer um pode ser a próxima vítima.
É injustificável que, em 2016, o Brasil ainda tenha uma polícia construída nos anos de 1970, sob uma mentalidade ultra-autoritária, que vê o cidadão como um inimigo em potencial. Todo mundo que é sério concorda há mais de 20 anos que nosso modelo de polícia é inadequado e ultrapassado. E, ainda assim, após décadas de democracia sob governos de PMDB, PSDB, PT, não demos nenhum passo decisivo na direção certa.
É uma tentação culpar os policiais (ou os manifestantes) pelo fracasso, mas ele é do sistema político inteiro. Nessa história, os policiais são pelo menos tão vítimas quanto vilões. Quase 75% deles querem uma reforma profunda, que inclua a desmilitarização da polícia3. Eles querem que a polícia melhore.
Quem geralmente não quer são os políticos, que acham conveniente ter uma polícia brutal que despreze regras, de maneira a poder usá-la para atacar seus inimigos e para manipular a opinião pública, exacerbando seus medos.
Já é hora de criar uma polícia de verdade no Brasil. Uma instituição transparente, que tenha como única missão proteger a população, que use a força com sabedoria e que garanta que todo mundo cumpra as regras – as mesmas, para todos.
Esse último item é especialmente importante. O Brasil é a terra do privilégio: achamos normal que umas pessoas sejam tratadas de um jeito e outras de outro. Para um país funcionar, as regras que cada cidadão tem que seguir precisam ser sempre as mesmas, seja ele branco ou preto, rico ou pobre, de direita ou de esquerda. Se não for assim, não é polícia: é um bando de arruaceiros, entre outros bandos de arruaceiros. E ninguém respeitará sua autoridade.
1 Por que os policiais se matam, Dayse Miranda (org.)
2 Atlas da violência 2016.
3 Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2014.
Denis Russo Burgierman. Superinteressante. São Paulo, out. 2016, p.11.
Das sentenças abaixo, aponte aquela que NÃO corresponde a algum aspecto que justifique a declaração de Burgierman “... é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia”(Parágrafo 08).
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
PRECISAMOS DE UMA POLÍCIA QUE NOS PROTEJA
Tem muito policial bom Brasil a fora. Gente corajosa, de olhar inquisitivo, interesse nas pessoas, solidez, moral. No geral, no País, esses bons policiais tem imensa dificuldade em lidar com a cultura da corporação. Acabam ficando deprimidos, uns escorregam no álcool ou em outras drogas, vários vão lentamente afrouxando a fibra moral. Alguns se suicidam, pela impossibilidade de conciliar o que eles acham certo com o que são obrigados a fazer todos os dias. Numa pesquisa com PMs do Estado do Rio1, um a cada dez admitiu que já tentou se matar, um a cada cinco disse que pensava nisso.
Sem polícia, não é possível viver em paz na sociedade. Por mais rico e civilizado que seja um lugar, sempre haverá o perigo de alguém mau aparecer querendo lesar os outros – até o Éden precisa se precaver contra esse risco. O trabalho de polícia é um serviço público básico, que qualquer Estado digno de cobrar imposto tem a obrigação de prover.
Infelizmente, o Brasil não provê esse serviço, embora cobre impostos bem altos de seus cidadãos.
Talvez, nos últimos tempos, você tenha visto cena semelhante pelo You Tube, ou, em caso de azar, pessoalmente. A viatura robocópica passa em frente a um bar, alguém com um copo de cerveja na mão grita um desaforo, surge um corinho provocativo. Sem nem se dar ao trabalho de estacionar, o carro de polícia abre a janela em frente ao bar e borrifa gás tóxico em todo mundo, inclusive nos funcionários da casa, na senhora idosa sentada no balcão, nas crianças assustadas.
Gás lacrimogênio pode causar cegueira, aborto, colapso respiratório, além de ser fator de risco para doenças crônicas. Ainda assim, está longe de ser a pior coisa que pode acontecer a um brasileiro num encontro com a polícia.
A polícia daqui é uma das que mais matam no mundo, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no País a cada ano perfurados por balas disparadas por agentes públicos. Claro que parte dessas mortes é necessária, elas podem inclusive ter salvo vidas. Mas é difícil evitar a constatação de que nossa polícia mata demais, ainda mais quando se verifica que várias vítimas são crianças, mães e pessoas desarmadas. Nos Estados Unidos, país bastante violento que possui população bem maior que a nossa, a polícia leva 30 anos para matar tanta gente. E a polícia de uma só cidade brasileira, São Paulo, mata mais que a dos EUA inteiros. Quase nunca, por aqui, algum policial é sequer investigado por essas mortes. Punições criminais são tão raras quanto moscas brancas.
62% dos brasileiros têm medo de ser vítima de violência policial – índice que fica mais e mais próximo de 100% quando se pergunta para pretos, pobres e nordestinos2.
Diante desse quadro, é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia. Quantos de nós ou dos nossos amigos já vivemos traumas na mão de policiais sádicos, corruptos ou preconceituosos. Essa rejeição de parte da população à polícia chegou a um extremo nos últimos três anos, desde que a violência desmedida da PM paulistana desencadeou aquela que talvez fique registrada como a maior revolta popular da história do País, depois inflamada por uma crise econômica e por um imenso escândalo de corrupção que perpassa todo sistema político.
Dia sim, dia também, em alguma cidade brasileira, há milhares de manifestantes gritando “Não acabou/ tem que acabar/ eu quero o fim da Polícia Militar”, sob o olhar ressentido dos próprios PMs, que ganham salário menor do que o valor das bombas de gás lacrimogênio que eles têm para jogar. O que se vê ao final de cada noite é uma batalha cheia de mágoa e sangue, que fica mais amarga a cada manifestação.
Não deveríamos ter ódio da polícia. Nenhuma sociedade saudável sobrevive se não tem confiança nas pessoas cujo serviço é cuidar da nossa segurança. Tem algo muito errado num país no qual agentes da ordem saem pelas ruas fazendo bagunça – explodindo bomba na cara, mirando no olho dos fotógrafos, mentindo no registro das ocorrências. O governo desconfia tanto dos nossos policiais que proibiu que eles ajudem a socorrer pessoas passando mal – o próprio Estado suspeita que eles possam se aproveitar para forjar execuções.
O sistema político tem dado respostas insuficientes ao problema, tanto à esquerda quanto à direita. Enquanto um lado elege como inimigo a polícia inteira, o outro defende os abusos, e se esquece que, num País que entra nessa espiral de execuções e vinganças, qualquer um pode ser a próxima vítima.
É injustificável que, em 2016, o Brasil ainda tenha uma polícia construída nos anos de 1970, sob uma mentalidade ultra-autoritária, que vê o cidadão como um inimigo em potencial. Todo mundo que é sério concorda há mais de 20 anos que nosso modelo de polícia é inadequado e ultrapassado. E, ainda assim, após décadas de democracia sob governos de PMDB, PSDB, PT, não demos nenhum passo decisivo na direção certa.
É uma tentação culpar os policiais (ou os manifestantes) pelo fracasso, mas ele é do sistema político inteiro. Nessa história, os policiais são pelo menos tão vítimas quanto vilões. Quase 75% deles querem uma reforma profunda, que inclua a desmilitarização da polícia3. Eles querem que a polícia melhore.
Quem geralmente não quer são os políticos, que acham conveniente ter uma polícia brutal que despreze regras, de maneira a poder usá-la para atacar seus inimigos e para manipular a opinião pública, exacerbando seus medos.
Já é hora de criar uma polícia de verdade no Brasil. Uma instituição transparente, que tenha como única missão proteger a população, que use a força com sabedoria e que garanta que todo mundo cumpra as regras – as mesmas, para todos.
Esse último item é especialmente importante. O Brasil é a terra do privilégio: achamos normal que umas pessoas sejam tratadas de um jeito e outras de outro. Para um país funcionar, as regras que cada cidadão tem que seguir precisam ser sempre as mesmas, seja ele branco ou preto, rico ou pobre, de direita ou de esquerda. Se não for assim, não é polícia: é um bando de arruaceiros, entre outros bandos de arruaceiros. E ninguém respeitará sua autoridade.
1 Por que os policiais se matam, Dayse Miranda (org.)
2 Atlas da violência 2016.
3 Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2014.
Denis Russo Burgierman. Superinteressante. São Paulo, out. 2016, p.11.
No desenvolvimento do texto, o autor deixa evidente que:
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
PRECISAMOS DE UMA POLÍCIA QUE NOS PROTEJA
Tem muito policial bom Brasil a fora. Gente corajosa, de olhar inquisitivo, interesse nas pessoas, solidez, moral. No geral, no País, esses bons policiais tem imensa dificuldade em lidar com a cultura da corporação. Acabam ficando deprimidos, uns escorregam no álcool ou em outras drogas, vários vão lentamente afrouxando a fibra moral. Alguns se suicidam, pela impossibilidade de conciliar o que eles acham certo com o que são obrigados a fazer todos os dias. Numa pesquisa com PMs do Estado do Rio1, um a cada dez admitiu que já tentou se matar, um a cada cinco disse que pensava nisso.
Sem polícia, não é possível viver em paz na sociedade. Por mais rico e civilizado que seja um lugar, sempre haverá o perigo de alguém mau aparecer querendo lesar os outros – até o Éden precisa se precaver contra esse risco. O trabalho de polícia é um serviço público básico, que qualquer Estado digno de cobrar imposto tem a obrigação de prover.
Infelizmente, o Brasil não provê esse serviço, embora cobre impostos bem altos de seus cidadãos.
Talvez, nos últimos tempos, você tenha visto cena semelhante pelo You Tube, ou, em caso de azar, pessoalmente. A viatura robocópica passa em frente a um bar, alguém com um copo de cerveja na mão grita um desaforo, surge um corinho provocativo. Sem nem se dar ao trabalho de estacionar, o carro de polícia abre a janela em frente ao bar e borrifa gás tóxico em todo mundo, inclusive nos funcionários da casa, na senhora idosa sentada no balcão, nas crianças assustadas.
Gás lacrimogênio pode causar cegueira, aborto, colapso respiratório, além de ser fator de risco para doenças crônicas. Ainda assim, está longe de ser a pior coisa que pode acontecer a um brasileiro num encontro com a polícia.
A polícia daqui é uma das que mais matam no mundo, mais de 3 mil pessoas perdem a vida no País a cada ano perfurados por balas disparadas por agentes públicos. Claro que parte dessas mortes é necessária, elas podem inclusive ter salvo vidas. Mas é difícil evitar a constatação de que nossa polícia mata demais, ainda mais quando se verifica que várias vítimas são crianças, mães e pessoas desarmadas. Nos Estados Unidos, país bastante violento que possui população bem maior que a nossa, a polícia leva 30 anos para matar tanta gente. E a polícia de uma só cidade brasileira, São Paulo, mata mais que a dos EUA inteiros. Quase nunca, por aqui, algum policial é sequer investigado por essas mortes. Punições criminais são tão raras quanto moscas brancas.
62% dos brasileiros têm medo de ser vítima de violência policial – índice que fica mais e mais próximo de 100% quando se pergunta para pretos, pobres e nordestinos2.
Diante desse quadro, é de se compreender que muitos brasileiros odeiam a polícia. Quantos de nós ou dos nossos amigos já vivemos traumas na mão de policiais sádicos, corruptos ou preconceituosos. Essa rejeição de parte da população à polícia chegou a um extremo nos últimos três anos, desde que a violência desmedida da PM paulistana desencadeou aquela que talvez fique registrada como a maior revolta popular da história do País, depois inflamada por uma crise econômica e por um imenso escândalo de corrupção que perpassa todo sistema político.
Dia sim, dia também, em alguma cidade brasileira, há milhares de manifestantes gritando “Não acabou/ tem que acabar/ eu quero o fim da Polícia Militar”, sob o olhar ressentido dos próprios PMs, que ganham salário menor do que o valor das bombas de gás lacrimogênio que eles têm para jogar. O que se vê ao final de cada noite é uma batalha cheia de mágoa e sangue, que fica mais amarga a cada manifestação.
Não deveríamos ter ódio da polícia. Nenhuma sociedade saudável sobrevive se não tem confiança nas pessoas cujo serviço é cuidar da nossa segurança. Tem algo muito errado num país no qual agentes da ordem saem pelas ruas fazendo bagunça – explodindo bomba na cara, mirando no olho dos fotógrafos, mentindo no registro das ocorrências. O governo desconfia tanto dos nossos policiais que proibiu que eles ajudem a socorrer pessoas passando mal – o próprio Estado suspeita que eles possam se aproveitar para forjar execuções.
O sistema político tem dado respostas insuficientes ao problema, tanto à esquerda quanto à direita. Enquanto um lado elege como inimigo a polícia inteira, o outro defende os abusos, e se esquece que, num País que entra nessa espiral de execuções e vinganças, qualquer um pode ser a próxima vítima.
É injustificável que, em 2016, o Brasil ainda tenha uma polícia construída nos anos de 1970, sob uma mentalidade ultra-autoritária, que vê o cidadão como um inimigo em potencial. Todo mundo que é sério concorda há mais de 20 anos que nosso modelo de polícia é inadequado e ultrapassado. E, ainda assim, após décadas de democracia sob governos de PMDB, PSDB, PT, não demos nenhum passo decisivo na direção certa.
É uma tentação culpar os policiais (ou os manifestantes) pelo fracasso, mas ele é do sistema político inteiro. Nessa história, os policiais são pelo menos tão vítimas quanto vilões. Quase 75% deles querem uma reforma profunda, que inclua a desmilitarização da polícia3. Eles querem que a polícia melhore.
Quem geralmente não quer são os políticos, que acham conveniente ter uma polícia brutal que despreze regras, de maneira a poder usá-la para atacar seus inimigos e para manipular a opinião pública, exacerbando seus medos.
Já é hora de criar uma polícia de verdade no Brasil. Uma instituição transparente, que tenha como única missão proteger a população, que use a força com sabedoria e que garanta que todo mundo cumpra as regras – as mesmas, para todos.
Esse último item é especialmente importante. O Brasil é a terra do privilégio: achamos normal que umas pessoas sejam tratadas de um jeito e outras de outro. Para um país funcionar, as regras que cada cidadão tem que seguir precisam ser sempre as mesmas, seja ele branco ou preto, rico ou pobre, de direita ou de esquerda. Se não for assim, não é polícia: é um bando de arruaceiros, entre outros bandos de arruaceiros. E ninguém respeitará sua autoridade.
1 Por que os policiais se matam, Dayse Miranda (org.)
2 Atlas da violência 2016.
3 Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2014.
Denis Russo Burgierman. Superinteressante. São Paulo, out. 2016, p.11.
Dos trechos abaixo extraídos do texto, aponte aquele que contém a tese principal defendida pelo autor.
Sobre as medidas para análises descritivas, é correto afirmar:
Para a tabela a seguir, assinale a alternativa que corresponde à média aritmética.
15 |
8 |
78 |
34 |
76 |
66 |
12 |
45 |
53 |
54 |
A distribuição, por quartis, do número de ocupantes de um hotel é dado por
Primeiro quartil |
Segundo quartil |
Terceiro quartil |
-0,665 |
0,006 |
0,675 |
Qual a distância interquartílica (ou amplitude interquartis) dos dados acima?
Em se tratando de estatísticas descritivas para análise exploratória, é dito que uma medida de localização ou dispersão é resistente quando for pouco afetada por mudanças de uma pequena porção dos dados. Seguindo tal definição, podem ser considerados como uma medida resistente a(o):
No que diz respeito à função de densidade de uma variável aleatória, é correto afirmar que:
Um aluno está fazendo um trabalho estatístico sobre os moradores de um bairro. Para isso, ele necessitava estudar que tipo de amostragem aplicar para a coleta de informações dos moradores. Sobre os tipos de amostragem probabilística para esta pesquisa quantitativa, é correto dizer que ele poderia aplicar:
Considerando uma série temporal, é correto afirmar que a tendência indica:
Sobre o gráfico de Boxplot, é correto afirmar que:
Considerando a tabela a seguir, qual o coeficiente de correlação para as variáveis X e Y?
E(X) |
E(Y) |
E(XY) |
E(Y2) |
E(X2) |
1,9 |
2,4 |
4,5 |
10,7 |
10,6 |
Nos termos da legislação previdenciária, é considerada uma doença do trabalho a:
Lucas é brasileiro e trabalha para a União, no exterior, em organismo internacional no qual o Brasil é membro efetivo, não sendo segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio. Neste caso, Lucas é segurado:
A Lei nº 8.212, de 1991, aponta que as receitas das contribuições sociais compõem, no âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social. Sendo assim, é correto afirmar que sçao contribuições sociais:
O Índice de Desenvolvimento Humano foi criado pela ONU na década de 1990. Desde então, são elaborados periodicamente rankings com base nos indicadores. Tal metodologia é aplicada também para os estados brasileiros e os municípios. Segundo dados do último grande Censo do IBGE, realizado em 2010, o PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o estado de Rondônia possui o seguinte IDH: 0,690, significando um médio desenvolvimento. Assinale a alternativa que apresenta o indicador com maior pontuação no estado de Rondônia.
O Censo Demográfico 2010 do IBGE contabilizou a população indígena brasileira com base nas pessoas que se declararam indígenas no quesito cor ou raça e para os residentes em Terras Indígenas que não se declararam, mas se consideravam indígenas. O Censo revelou ainda que, das 896 mil pessoas que se declaravam ou se consideravam indígenas, 572 mil ou 63,8% viviam na área rural e 517 mil, ou 57,5% moravam em Terras Indígenas oficialmente reconhecidas.
(http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/o-brasilindigena-ibge - Adaptado).
Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, o percentual, de indígenas com domicílio em Terras Indígenas, do total de indígenas do estado de Rondônia, é:
A história da Amazônia Meridional se confunde com o processo de ocupação a partir da construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Assinale a alternativa que melhor apresenta uma característica da construção da ferrovia.