(...) o homem que deseja o conhecimento por si m esmo vai desejar, sobretudo, o conhecimento mais perfeito, que é o conhecimento do mais cognoscível, e as coisas mais cognoscíveis são os princípios e as causas primeiros (...). E é suprema e superior às subsidiárias a ciência que sabe com que fim cada ação deve-se realizar (...). Que não se trata de uma ciência prática fica claro com o exame dos primeiros filósofos. É pela indagação que os homens começam agora e começaram originalmente a filosofar, indagando-se em primeiro lugar sobre perplexidades óbvias e, depois, em progressão gradual, fazendo perguntas também sobre as questões maiores, como as mudanças da lua e do sol, as estrelas e a origem do universo. Ora, quem indaga e está perplexo sente-se ignorante (assim o mitômano é, em certo sentido, um filósofo, porquanto os mitos se compõem de indagações); de modo que se foi para escapar à ignorância que os homens estudaram filosofia, é óbvio que procuraram a ciência pelo conhecimento e não por qualquer utilidade prática. (...) Então fica claro que não é por vantagem extrínseca alguma que buscamos esse conhecimento; pois, exatamente como dizemos independente um homem que existe para si mesmo e não para outro, assim dizemos que essa é a única ciência independente, porquanto é a única que existe para si mesma.
Aristóteles. Metafísica (com adaptações).