Texto 2 para responder à questão.
A expressão Big Brother (Grande Irmão) foi cunhada pelo escritor inglês George Orwell no aclamado livro 1984. Em sua obra, o
autor relata um futuro terrível: governo totalitário; permanente vigilância pelo Grande Irmão através de um aparelho que
nunca desliga; o eclipse da intimidade doméstica e o aniquilamento do sujeito possuidor de liberdade. Quanto ao nosso Big
Brother Brasil – BBB, promete-nos o papel de sermos o todo-poderoso Grande Irmão, tirânicos, detentores do direito de vida
ou morte sobre pobres personagens no “paredón”. Quais as consequências? Ora, sentimos o gosto de poder e gostamos. A
tirania, a autocracia, deixa de se tornar um absurdo e passa a ser desejável, a ponto de se reproduzir na realidade de jovens e
adultos. Não por acaso, nos últimos vinte anos, os adolescentes são cada vez mais incapazes de reconhecer a autoridade de
pais e professores, — afinal, eles são os big brothers da vida real. Do mesmo modo, a destruição de uma carreira profissional
de sucesso pode ser perpetrada em um piscar de olhos por meio do “cancelamento”, simplesmente por conta de uma ou duas
palavras mal redigidas (ou mal interpretadas). Enfim, os Grandes Irmãos, déspotas obscurecidos, estão à solta.
(Henrique Vieira do Carmo é servidor público federal e escritor de Itumbiara*
Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/por-que-odeio-o-big-brother-387307/. Acesso em: 22 jul. 2024, com
adaptação.)