Questões de Concurso Comentadas para odontólogo

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Q2162314 Odontologia
Ao examinar a cavidade oral de um paciente, o profissional nota a presença de múltiplas pápulas branco-amareladas em mucosa jugal anterior do lado esquerdo e na porção lateral do vermelhão do lábio superior de mesmo lado. O paciente, ao ser questionado, relata ausência de sintomatologia dolorosa. Esse achado acomete mais de 80% da população e é denominado: 
Alternativas
Q2162313 Odontologia
Levando em consideração que o paciente que será submetido ao procedimento cirúrgico que envolva prescrição de antibióticos para a sua realização é do sexo feminino, da faixa etária de 25 anos e de classificação ASA 1, cabe ao profissional dentista: 
Alternativas
Q2162312 Odontologia
Ao prescrever dois gramas de amoxicilina uma hora antes do procedimento cirúrgico de extração do dente 48, em que será necessário realizar odontosecção e osteotomia, o cirurgiãodentista tem o intuito de:
Alternativas
Q2162311 Odontologia
Ao realizar a desinfecção de uma bancada com álcool 70%, busca-se a eliminação de microrganismos através do rompimento da cadeia epidemiológica das infecções. É considerada limitação da conduta descrita: 
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Q2162310 Odontologia
As medidas de controle de infecção visam a erradicar ou minimizar o risco de transmissão de patógenos na prática da odontologia. Na classificação de risco de contaminação, os fios de sutura pertencem ao grupo dos materiais: 
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Q2161689 Odontologia
Sobre a cárie, analise as afirmativas a seguir.
I. As lesões de cárie em estágio inicial podem ser confundidas com alguns tipos de defeitos de desenvolvimento do esmalte, com ou sem perda da estrutura dentária.
II. A lesão de mancha branca é uma alteração pré-irruptiva, associada à presença de biofilme dentário e/ou gengivite marginal. Em superfície vestibular, a lesão de mancha branca se apresenta em formato de meia lua e suas características variam em função da atividade da lesão.
III. Lesões ativas têm aspecto rugoso, opaco e se localizam próximo à margem gengival ou no fundo de cicatrículas e fissuras, quando em dentes posteriores. As lesões inativas se caracterizam pelo aspecto liso, brilhante e podem se localizar em regiões não retentivas para o biofilme.
Está correto o que afirma em
Alternativas
Q2161688 Odontologia
Ao planejar uma biopulpectomia no incisivo central superior direito, o cirurgião-dentista previu necessitar de um tempo de anestesia pulpar de 60 minutos para a realização do procedimento. Considerando que o paciente não é ansioso, é normoresponsivo, não apresenta problemas sistêmicos e a técnica anestésica será executada com precisão e por bloqueio nervoso, das soluções anestésicas relacionadas NÃO deverá ser utilizada: 
Alternativas
Q2161687 Odontologia
Cimento de Ionômero de Vidro (CIV) é um termo geral utilizado para materiais restauradores baseados em uma reação ácido- -base, entre um pó de vidro e o ácido poliacrílico (líquido) que, misturados, produzem uma massa plástica, que, subsequentemente se torna rígida.
(Scarparo, 2020.)
Considerando que é utilizado em odontopediatria como material restaurador definitivo, restaurador provisório ou selante de fóssulas e fissuras, analise as afirmativas a seguir.
I. Na fase I da reação, o ácido poliacrílico reage com as partículas de vidro, liberando cálcio, sódio, alumínio e flúor, formando um gel de sílica, e dando início ao processo de geleificação.
II. Na fase II, o policarboxilato de cálcio se forma nos primeiros cinco minutos, enquanto o policarboxilato de alumínio, mais resistente e estável, forma-se em 24 horas, conferindo melhores propriedades mecânicas ao material comparadas às iniciais (cinco minutos).
III. Na fase III, ocorre o ressecamento da matriz de hidrogel e policarboxilatos, que pode durar meses. Ao final, o material é caracterizado por partículas de vidro não reagidas circundadas por uma matriz de gel de sílica, unidas quimicamente pela matriz de polissais de cálcio e alumínio.
Está correto o que se afirma apenas em 
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Q2161686 Odontologia
Determinado paciente procurou atendimento odontológico e, durante a anamnese, relatou ao profissional ter um diagnóstico de Doença de Von Willebrand. Sobre tal doença, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2161685 Odontologia
Paciente, 30 anos de idade, chegou ao serviço de urgências odontológicas com quadro de avulsão do dente 11 durante uma partida de futebol. O dente estava com a raiz íntegra; foi reimplantado no local do acidente e não havia fratura óssea. De acordo com as informações, é correto afirmar que o dente deve ser estabilizado por
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Q2161684 Odontologia
Estratégias visando à remoção ou controle do biofilme acumulado sobre as superfícies dentárias são altamente efetivas no controle da cárie dentária, visto que a presença de biofilme dentário trata-se de condição essencial para o desenvolvimento de lesões cariosas. Entre as modalidades de aplicação de flúor, a escovação com dentifrício fluoretado é a única que combina a desorganização periódica do biofilme com a administração frequente de F ao ambiente bucal.
(Magalhaes, 2020.)
Considerando que além do efeito sobre a cárie dentária, os dentifrícios possibilitam a incorporação de agentes com finalidade cosmética e/ou terapêutica, analise as afirmativas a seguir.
I. O fluoreto de sódio e o fluoreto de estanho são sais fluoretados inorgânicos altamente solúveis, conferindo liberação imediata de íons flúor ao meio bucal. O estanho liberado a partir do fluoreto de estanho tem ação antibacteriana, mas pode causar manchamento da estrutura dentária.
II. O fluoreto de amina é um composto orgânico com ação anticárie (fluoreto) e antibacteriana (amina). É compatível com o carbonato de cálcio.
III. No monofluorfosfato de sódio, o fluoreto está covalentemente ligado ao íon fosfato e requer hidrólise enzimática (fosfatases presentes na saliva e no biofilme) para liberar os íons flúor. Embora essa liberação seja mais lenta em comparação aos compostos supracitados, a maior vantagem do MFP é a compatibilidade com o carbonato de cálcio, permitindo formulações com menor custo
Está correto o que se afirma apenas em 
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Q2161683 Odontologia
Ao avaliar uma radiografia panorâmica de um paciente com 35 anos de idade, sexo masculino, leucoderma, o cirurgião-dentista percebeu que havia uma imagem relacionada ao terceiro molar inferior direito ainda não erupcionado, com as seguintes características: radiolúcida; unilocular; e, com osteogênese reacional associada à coroa começando a partir da junção amelocementária. Considerando as informações, é possível reiterar que o diagnóstico trata-se de cisto 
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Q2161681 Odontologia
Paciente, 60 anos idade, sexo masculino, fumante; foi diagnosticado com carcinoma espinocelular na borda esquerda da língua. O estadiamento feito para a lesão foi: T2/N1/M1. A descrição correta deste estadiamento é:
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Q2160566 Atualidades
Fórum de Davos premia duas ONGs da América Latina, uma é brasileira
Uma organização não governamental comprometida com a saúde mental diante da violência na América Latina e um instituto brasileiro que luta pela inclusão social no mercado de trabalho foram homenageados na edição deste ano do Fórum Econômico Mundial de Davos. Glasswing, uma ONG criada em El Salvador com sede em 12 países, oferece apoio psicológico para se lidar com situações de violência. Este ano, o fórum também reconheceu, como Young Global Leader(jovem líder global) Luana Génot, uma das faces da luta antirracista no Brasil e diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que luta pela inclusão de mais negros e indígenas em cargos de liderança nas empresas.
(Fórum de Davos premia duas ONGs da América Latina, uma é brasileira. Disponível em: opovo.com.br.)
O Fórum Econômico Mundial foi criado em 1971 pelo professor de economia Klaus Schwab. A mais recente edição do Fórum Econômico Mundial aconteceu na semana de 16 a 20 de janeiro deste ano (2023), em Davos, na Suíça. O Fórum de Davos:
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Q2160563 Matemática
Em determinada empresa, 30% dos funcionários são mulheres. A administradora pretende contratar M mulheres deforma que, mantendo os funcionários já existentes, a proporção de mulheres suba para 50%. Considerando que F represente o número atual de funcionários que trabalham na empresa, é correto afirmar que o valor de M é equivalente a:
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Q2160562 Matemática
Em uma construtora, cada pedreiro consegue construir, individualmente, um muro de 100 metros em dois dias. Considerando que o ritmo de trabalho dos pedreiros dessa construtora se mantém constante, quantos dias serão necessários para que 4 pedreiros consigam construir juntos 6 muros de 75 metros?
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Q2160559 Raciocínio Lógico
A respeito do esporte praticado por quatro amigos, são dadas as seguintes informações:
• André e João não praticam tênis; • Fabrício e Dênis não praticam polo aquático e nem beisebol; • Dênis não pratica futebol; e, • André não pratica polo aquático.
Considerando que os amigos praticam esportes distintos dentre os citados, quem pratica beisebol? 
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Q2160558 Matemática
Três primas, Amanda, Bruna e Clarice, marcaram um encontro às 15 horas de determinado dia na praça de alimentação de um shopping. Bruna chegou 10 minutos após o horário marcado e esperou 30 minutos até que Amanda chegasse ao local. Considerando que Amanda chegou 10 minutos após Clarice, o horário de chegada de Clarice é:
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Q2160549 Português
Os idiotas da objetividade

    Sou da imprensa anterior ao copy desk. Tinha treze anos quando me iniciei no jornal, como repórter de polícia. Na redação não havia nada da aridez atual e pelo contrário: — era uma cova de delícias. O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis. Mas tinha a compensação da glória. Quem redigia um atropelamento julgava-se um estilista. E a própria vaidade o remunerava. Cada qual era um pavão enfático. Escrevia na véspera e no dia seguinte via-se impresso, sem o retoque de uma vírgula. Havia uma volúpia autoral inenarrável. E nenhum estilo era profanado por uma emenda, jamais.
    Durante várias gerações foi assim e sempre assim. De repente, explodiu o copy desk. Houve um impacto medonho. Qualquer um na redação, seja repórter de setor ou editorialista, tem uma sagrada vaidade estilística. E o copy desk não respeitava ninguém. Se lá aparecesse um Proust, seria reescrito do mesmo jeito. Sim, o copy desk instalou-se como a figura demoníaca da redação.
    Falei no demônio e pode parecer que foi o Príncipe das Trevas que criou a nova moda. Não, o abominável Pai da Mentira não é o autor do copy desk. Quem o lançou e promoveu foi Pompeu de Sousa. Era ainda o Diário Carioca, do Senador, do Danton. Não quero ser injusto, mesmo porque o Pompeu é meu amigo. Ele teve um pretexto, digamos assim, histórico, para tentar a inovação.
     Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime passional, terminou assim a matéria: — “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente folclórico. Não sei e talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos — o copy desk.
    Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam.
    Rapidamente, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: — a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com seu perfil de lord Byron, disse para mim, risonhamente: — “Eu sou um idiota da objetividade”.
    Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: — “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: — o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
    E toda a imprensa passou a usar a palavra “objetividade” como um simples brinquedo auditivo. A crônica esportiva via times e jogadores “objetivos”. Equipes e jogadores eram condenados por falta de objetividade. Um exemplo da nova linguagem foi o atentado de Toneleros. Toda a nação tremeu. Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional. Podia ser até a guerra civil. Em menos de 24 horas o Brasil se preparou para matar ou para morrer. E como noticiou o Diário Carioca o acontecimento? Era uma catástrofe. O jornal deu-lhe esse tom de catástrofe? Não e nunca. O Diário Carioca nada concedeu à emoção nem ao espanto. Podia ter posto na manchete, e ao menos na manchete, um ponto de exclamação. Foi de uma casta, exemplar objetividade. Tom estrita e secamente informativo. Tratou o drama histórico como se fosse o atropelamento do Zezinho, ali da esquina.
    Era, repito, a implacável objetividade. E, depois, Getúlio deu um tiro no peito. Ali estava o Brasil, novamente, cara a cara com a guerra civil. E que fez o Diário Carioca? A aragem da tragédia soprou nas suas páginas? Jamais. No princípio do século, mataram o rei e o príncipe herdeiro de Portugal (segundo me diz o luso Álvaro Nascimento, o rei tinha o olho perdidamente azul). Aqui, o nosso Correio da Manhã abria cinco manchetes. Os tipos enormes eram um soco visual. E rezava a quinta manchete: “HORRÍVEL EMOÇÃO!”. Vejam vocês: — “HORRÍVEL EMOÇÃO!”.
    O Diário Carioca não pingou uma lágrima sobre o corpo de Getúlio. Era a monstruosa e alienada objetividade. As duas coisas pareciam não ter nenhuma conexão: — o fato e a sua cobertura.
    Estava um povo inteiro a se desgrenhar, a chorar lágrimas de pedra. E a reportagem, sem entranhas, ignorava a pavorosa emoção popular. Outro exemplo seria ainda o assassinato de Kennedy.
     Na velha imprensa as manchetes choravam com o leitor. A partir do copy desk, sumiu a emoção dos títulos e subtítulos. E que pobre cadáver foi Kennedy na primeira página, por exemplo, do Jornal do Brasil. A manchete humilhava a catástrofe. O mesmo e impessoal tom informativo. Estava lá o cadáver ainda quente. Uma bala arrancara o seu queixo forte, plástico, vital. Nenhum espanto da manchete. Havia um abismo entre o Jornal do Brasil e a tragédia, entre o Jornal do Brasil e a cara mutilada. Pode-se falar na desumanização da manchete.
     O Jornal do Brasil, sob o reinado do copy desk, lembra- -me aquela página célebre de ficção. Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa. Tiro e bordoada em quantidade. A lavadeira veio espiar a briga. Lá adiante, numa colina, viu um baixinho olhando por um binóculo. Ali estava Napoleão e ali estava Waterloo. Mas a santa mulher ignorou um e outro; e veio para dentro ensaboar a sua roupa suja. Eis o que eu queria dizer: — a primeira página do Jornal do Brasil tem a mesma alienação da lavadeira diante dos napoleões e das batalhas.
    E o pior é que, pouco a pouco, o copy desk vem fazendo do leitor um outro idiota da objetividade. A aridez de um se transmite ao outro. Eu me pergunto se, um dia, não seremos nós 80 milhões de copy desks? Oitenta milhões de impotentes do sentimento. Ontem, falava eu do pânico de um médico famoso. Segundo o clínico, a juventude está desinteressada do amor ou por outra: — esquece antes de amar, sente tédio antes do desejo. Juventude copy desk, talvez. 
    Dirá alguém que o jovem é capaz de um sentimento forte. Tem vida ideológica, ódio político. Não sei se contei que vi, um dia, um rapaz dizer que dava um tiro no Roberto Campos. Mas o ódio político não é um sentimento, uma paixão, nem mesmo ódio. É uma pura, vil, obtusa palavra de ordem.

(RODRIGUES, Nelson. Os idiotas da objetividade. In: __________. A cabra vadia: novas confissões. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. p. 30-33.)
Assinale a única alternativa na qual a regência verbal NÃO se justifica pelo mesmo motivo que em “Lembro-me de que alguém, num crime passional, [...]” (4º§)
Alternativas
Q2160547 Português
Os idiotas da objetividade

    Sou da imprensa anterior ao copy desk. Tinha treze anos quando me iniciei no jornal, como repórter de polícia. Na redação não havia nada da aridez atual e pelo contrário: — era uma cova de delícias. O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis. Mas tinha a compensação da glória. Quem redigia um atropelamento julgava-se um estilista. E a própria vaidade o remunerava. Cada qual era um pavão enfático. Escrevia na véspera e no dia seguinte via-se impresso, sem o retoque de uma vírgula. Havia uma volúpia autoral inenarrável. E nenhum estilo era profanado por uma emenda, jamais.
    Durante várias gerações foi assim e sempre assim. De repente, explodiu o copy desk. Houve um impacto medonho. Qualquer um na redação, seja repórter de setor ou editorialista, tem uma sagrada vaidade estilística. E o copy desk não respeitava ninguém. Se lá aparecesse um Proust, seria reescrito do mesmo jeito. Sim, o copy desk instalou-se como a figura demoníaca da redação.
    Falei no demônio e pode parecer que foi o Príncipe das Trevas que criou a nova moda. Não, o abominável Pai da Mentira não é o autor do copy desk. Quem o lançou e promoveu foi Pompeu de Sousa. Era ainda o Diário Carioca, do Senador, do Danton. Não quero ser injusto, mesmo porque o Pompeu é meu amigo. Ele teve um pretexto, digamos assim, histórico, para tentar a inovação.
     Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime passional, terminou assim a matéria: — “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente folclórico. Não sei e talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos — o copy desk.
    Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam.
    Rapidamente, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: — a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com seu perfil de lord Byron, disse para mim, risonhamente: — “Eu sou um idiota da objetividade”.
    Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: — “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: — o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
    E toda a imprensa passou a usar a palavra “objetividade” como um simples brinquedo auditivo. A crônica esportiva via times e jogadores “objetivos”. Equipes e jogadores eram condenados por falta de objetividade. Um exemplo da nova linguagem foi o atentado de Toneleros. Toda a nação tremeu. Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional. Podia ser até a guerra civil. Em menos de 24 horas o Brasil se preparou para matar ou para morrer. E como noticiou o Diário Carioca o acontecimento? Era uma catástrofe. O jornal deu-lhe esse tom de catástrofe? Não e nunca. O Diário Carioca nada concedeu à emoção nem ao espanto. Podia ter posto na manchete, e ao menos na manchete, um ponto de exclamação. Foi de uma casta, exemplar objetividade. Tom estrita e secamente informativo. Tratou o drama histórico como se fosse o atropelamento do Zezinho, ali da esquina.
    Era, repito, a implacável objetividade. E, depois, Getúlio deu um tiro no peito. Ali estava o Brasil, novamente, cara a cara com a guerra civil. E que fez o Diário Carioca? A aragem da tragédia soprou nas suas páginas? Jamais. No princípio do século, mataram o rei e o príncipe herdeiro de Portugal (segundo me diz o luso Álvaro Nascimento, o rei tinha o olho perdidamente azul). Aqui, o nosso Correio da Manhã abria cinco manchetes. Os tipos enormes eram um soco visual. E rezava a quinta manchete: “HORRÍVEL EMOÇÃO!”. Vejam vocês: — “HORRÍVEL EMOÇÃO!”.
    O Diário Carioca não pingou uma lágrima sobre o corpo de Getúlio. Era a monstruosa e alienada objetividade. As duas coisas pareciam não ter nenhuma conexão: — o fato e a sua cobertura.
    Estava um povo inteiro a se desgrenhar, a chorar lágrimas de pedra. E a reportagem, sem entranhas, ignorava a pavorosa emoção popular. Outro exemplo seria ainda o assassinato de Kennedy.
     Na velha imprensa as manchetes choravam com o leitor. A partir do copy desk, sumiu a emoção dos títulos e subtítulos. E que pobre cadáver foi Kennedy na primeira página, por exemplo, do Jornal do Brasil. A manchete humilhava a catástrofe. O mesmo e impessoal tom informativo. Estava lá o cadáver ainda quente. Uma bala arrancara o seu queixo forte, plástico, vital. Nenhum espanto da manchete. Havia um abismo entre o Jornal do Brasil e a tragédia, entre o Jornal do Brasil e a cara mutilada. Pode-se falar na desumanização da manchete.
     O Jornal do Brasil, sob o reinado do copy desk, lembra- -me aquela página célebre de ficção. Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa. Tiro e bordoada em quantidade. A lavadeira veio espiar a briga. Lá adiante, numa colina, viu um baixinho olhando por um binóculo. Ali estava Napoleão e ali estava Waterloo. Mas a santa mulher ignorou um e outro; e veio para dentro ensaboar a sua roupa suja. Eis o que eu queria dizer: — a primeira página do Jornal do Brasil tem a mesma alienação da lavadeira diante dos napoleões e das batalhas.
    E o pior é que, pouco a pouco, o copy desk vem fazendo do leitor um outro idiota da objetividade. A aridez de um se transmite ao outro. Eu me pergunto se, um dia, não seremos nós 80 milhões de copy desks? Oitenta milhões de impotentes do sentimento. Ontem, falava eu do pânico de um médico famoso. Segundo o clínico, a juventude está desinteressada do amor ou por outra: — esquece antes de amar, sente tédio antes do desejo. Juventude copy desk, talvez. 
    Dirá alguém que o jovem é capaz de um sentimento forte. Tem vida ideológica, ódio político. Não sei se contei que vi, um dia, um rapaz dizer que dava um tiro no Roberto Campos. Mas o ódio político não é um sentimento, uma paixão, nem mesmo ódio. É uma pura, vil, obtusa palavra de ordem.

(RODRIGUES, Nelson. Os idiotas da objetividade. In: __________. A cabra vadia: novas confissões. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. p. 30-33.)
Assinale a afirmativa na qual o “o” pertence à mesma classe morfológica e exerce a mesma função sintática que em “E a própria vaidade o remunerava.” (1º§) 
Alternativas
Respostas
4321: B
4322: D
4323: D
4324: D
4325: A
4326: C
4327: A
4328: B
4329: D
4330: D
4331: C
4332: A
4333: C
4334: B
4335: B
4336: C
4337: C
4338: D
4339: B
4340: C