Questões de Concurso
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Persistência na educação dos filhos
Todo mundo já ouviu estas frases ditas por adultos que têm filhos: “Meu filho tem um problema”, “Não sei mais o que fazer”, “Eu já fiz de tudo, não tem jeito”, “A escola tem reclamado muito do comportamento dele”, “Nós, pais, estamos perdidos”, “O que eu faço?”, “Devo procurar ajuda profissional?” etc. Vamos tentar entender alguns pontos dessas questões.
Primeiramente: ter filhos, hoje, para muitos adultos, não deveria trazer problemas, dificuldades, dúvidas e renúncias, e sim delícias, prazer, satisfação e desfrute. Ocorre que, quem tem filhos irá enfrentar percalços, consigo mesmo e com os filhos, terá de fazer escolhas e se defrontar com dilemas e perguntas que não têm respostas certas e que se transformam à medida que os filhos crescem.
Ora é o sono, a birra, a agressividade descontrolada e a recusa às regras familiares; ora é o estudo, a difícil aprendizagem das letras e dos números, a alimentação e a vida social; ora é a balada, o sono sempre desregrado, a bebida alcoólica e outras drogas, e assim por diante.
Então, senhores pais, é preciso aceitar o fato de que sim, eles dão e darão trabalho por motivos simples: recusam o mundo adulto ao qual são sujeitados, precisam experimentar e testar suas possibilidades e, portanto, desobedecer. E, acima de tudo, porque cada um deles é singular, muito diferente do filho ideal que aprendemos a querer ter.
E é exatamente por esse motivo que receitas não costumam funcionar. Ou até funcionam temporariamente, mas as questões que eles nos trazem sempre retornam, de um jeito ou de outro. Mais do que buscar respostas indicadas para esta ou aquela questão, é preciso olhar de perto e de olhos bem abertos cada um dos filhos para que, conhecendo-os, seja possível buscar soluções às questões que eles apresentam. E, mesmo assim, saber que as soluções que encontrarmos nunca serão mágicas.
Educar é um processo contínuo e isso significa que os resultados das estratégias que usamos com os mais novos podem não ser imediatos ou rápidos. Mas persistir por um tempo é o que irá mostrar se podem funcionar ou não.
Caso se constate que a estratégia escolhida não funcionou, é preciso criar outra maneira de abordar a questão. Manter-se potente e resiliente na função de mãe e de pai não combina com as frases “Não sei mais o que fazer” ou “Não tem jeito”. Sempre há outras saídas possíveis. Sempre.
Ser uma boa mãe ou um bom pai tem a ver com o vínculo estabelecido com o filho, a dedicação a ele, a disponibilidade para enfrentar, sem esmorecer, sem desistir, as questões que ele cotidianamente apresenta.
(Rosely Sayão. Folha de S. Paulo, 07.04.2015. Adaptado)
Persistência na educação dos filhos
Todo mundo já ouviu estas frases ditas por adultos que têm filhos: “Meu filho tem um problema”, “Não sei mais o que fazer”, “Eu já fiz de tudo, não tem jeito”, “A escola tem reclamado muito do comportamento dele”, “Nós, pais, estamos perdidos”, “O que eu faço?”, “Devo procurar ajuda profissional?” etc. Vamos tentar entender alguns pontos dessas questões.
Primeiramente: ter filhos, hoje, para muitos adultos, não deveria trazer problemas, dificuldades, dúvidas e renúncias, e sim delícias, prazer, satisfação e desfrute. Ocorre que, quem tem filhos irá enfrentar percalços, consigo mesmo e com os filhos, terá de fazer escolhas e se defrontar com dilemas e perguntas que não têm respostas certas e que se transformam à medida que os filhos crescem.
Ora é o sono, a birra, a agressividade descontrolada e a recusa às regras familiares; ora é o estudo, a difícil aprendizagem das letras e dos números, a alimentação e a vida social; ora é a balada, o sono sempre desregrado, a bebida alcoólica e outras drogas, e assim por diante.
Então, senhores pais, é preciso aceitar o fato de que sim, eles dão e darão trabalho por motivos simples: recusam o mundo adulto ao qual são sujeitados, precisam experimentar e testar suas possibilidades e, portanto, desobedecer. E, acima de tudo, porque cada um deles é singular, muito diferente do filho ideal que aprendemos a querer ter.
E é exatamente por esse motivo que receitas não costumam funcionar. Ou até funcionam temporariamente, mas as questões que eles nos trazem sempre retornam, de um jeito ou de outro. Mais do que buscar respostas indicadas para esta ou aquela questão, é preciso olhar de perto e de olhos bem abertos cada um dos filhos para que, conhecendo-os, seja possível buscar soluções às questões que eles apresentam. E, mesmo assim, saber que as soluções que encontrarmos nunca serão mágicas.
Educar é um processo contínuo e isso significa que os resultados das estratégias que usamos com os mais novos podem não ser imediatos ou rápidos. Mas persistir por um tempo é o que irá mostrar se podem funcionar ou não.
Caso se constate que a estratégia escolhida não funcionou, é preciso criar outra maneira de abordar a questão. Manter-se potente e resiliente na função de mãe e de pai não combina com as frases “Não sei mais o que fazer” ou “Não tem jeito”. Sempre há outras saídas possíveis. Sempre.
Ser uma boa mãe ou um bom pai tem a ver com o vínculo estabelecido com o filho, a dedicação a ele, a disponibilidade para enfrentar, sem esmorecer, sem desistir, as questões que ele cotidianamente apresenta.
(Rosely Sayão. Folha de S. Paulo, 07.04.2015. Adaptado)
APELO
Amanhã faz um mês que a senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles saiam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz da varanda.
Eu comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada – meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcharam. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
Dalton Trevisan