Leia o texto para responder a questão.
Nossa má educação cria um abismo entre os brasileiros
e as profissões do futuro
De tempos em tempos, vemos estudos e listas sobre as
chamadas “profissões do futuro”. Elas nos enchem os olhos,
com atividades incríveis e inspiradoras. Infelizmente a maior
parte das pessoas jamais exercerá qualquer uma dessas
carreiras, pois não tem elementos básicos em sua formação
para desempenhar suas tarefas. Nosso sistema de ensino e
nossa cultura não são organizados para oferecer a crianças,
jovens e adultos as habilidades necessárias para isso.
Para as profissões que debutam com grande pompa e
muitas novidades, naturalmente não existe formação específica. A escola precisa de um tempo para a criação de cursos,
e isso só acontece depois que um novo ofício está consolidado. Portanto, se se almeja qualquer um desses incríveis
trabalhos, a habilidade mais desejada é o amor pelo aprendizado. Com ela, o candidato descobrirá e fará muitos cursos
específicos, para combinar seus conteúdos e construir o
arcabouço intelectual necessário.
As “profissões do futuro” são tão incríveis porque elas
saem do óbvio. Desafiam os indivíduos a pensar e a fazer
diferentemente o que já existe ou criar algo completamente
novo, que trará um grande benefício à sociedade.
A digitalização já afetou todas as profissões e esse é
um movimento que cresce exponencialmente. Não há como
resistir à mudança. Pelo contrário, qualquer que seja a área
do ofício, o domínio de habilidades normalmente associadas
às Exatas, como raciocínio lógico, análise de dados, entendimento de sistemas ou estatística ficam mais e mais importantes. Da mesma forma, habilidade de Humanas, como comunicação, pensamento crítico, trabalho em equipe e empatia
também se tornam essenciais para trabalhadores de todas as
áreas, e não apenas nas Humanidades.
Portanto as profissões que nascem são mais analíticas
e inovadoras, e as que morrem são as mais operacionais e
repetitivas. É por isso que nossas escolas precisam formar
profissionais para o primeiro grupo, e não para o segundo. A
discussão do futuro do trabalho deve passar necessariamente
pela do futuro da educação.
(Paulo Silvestre. https://brasil.estadao.com.br/. 01.02.2021. Adaptado)