Proibição de celulares nas escolas: proteção ou
medida insuficiente?
A lei que proíbe os celulares nas escolas brasileiras
afirma ter como objetivo salvaguardar a saúde mental,
física e psíquica das crianças e adolescentes.
Ao defender a restrição, o ministro da Educação, Camilo
Santana, citou estudos que mostram que o uso
excessivo desses equipamentos causa ansiedade e
depressão. Segundo Santana, a proibição seria uma
demanda dos próprios professores.
A nova lei abre exceções para estudantes que precisem
do celular por razões de acessibilidade, inclusão ou
condições de saúde, além de permitir o uso dos
aparelhos "para fins estritamente pedagógicos ou
didáticos, conforme orientação dos profissionais de
educação".
Também decreta que as redes de ensino criem
estratégias para abordar o tema do uso excessivo de
telas com os estudantes e acolham aqueles que
estiverem em sofrimento psíquico devido à nomofobia
(medo ou ansiedade pela falta do celular).
Alguns educadores, no entanto, debatem se a lei
realmente está em consonância com as atividades
escolares, como no caso da professora Débora Garofalo.
"A máquina pode contribuir para o processo de
ensino-aprendizagem, mas não vai substituir o
professor", diz.
Eu não sou contra, mas acredito que é uma medida
incompleta. Esquecemos que o papel principal da escola
é educar. Não é possível falar em proibição, uma ação
radical, se não educar as crianças verdadeiramente para
um uso consciente da tecnologia.
A lei é importante para dar um resguardo pedagógico
aos professores, mas isso não é suficiente para haver
uma mudança. Não podemos negar que vivenciamos
uma revolução tecnológica. Não dá para retornar à era
do giz e da lousa e do livro didático somente.
Precisamos educar para o uso, ainda mais em uma
sociedade em que teremos cada vez mais a
disseminação de notícias falsas. O estudante tem que
saber que, quando acessa uma rede social ou faz uma
pesquisa, existem algoritmos. Ele precisa saber o que
está por trás desse algoritmo.
Não se trata de formar um programador, mas que ele [o
aluno] compreenda o que significa mentalmente o
conceito de uma informação advinda de um algoritmo.
Ao acessar uma informação, que ele não tome aquilo
como verdadeiro e cheque esse dado antes de repassar.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c6266ggw22eo.adaptado.