Era para ser somente mais um dia comum, igual a todos os
outros. Crianças e adolescentes indo para o colégio, adultos se
encaminhando para o trabalho, desocupados se virando para
passar o tempo. As mesmas vitórias, conquistas, derrotas,
humilhações. E teria sido totalmente normal, não fosse por um
único detalhe: foi neste dia específico que dois adolescentes
resolveram entrar armados em sua escola e assassinarem, à
sangue frio, colegas e professores. O evento, que atingiu a vida
real no final dos anos 1990 na pequena cidade de Columbine,
no interior dos Estados Unidos, invadiu também a ficção no
excepcional Elefante, realizado logo após o controverso Tiros
em Columbine (2002), que tratou cinematograficamente do
mesmo episódio, porém de modo documental. Elefante,
entretanto, é apenas uma história sendo – muito bem – contada.
Não importa, aqui, a relevância de sua veracidade quanto aos
fatos que realmente aconteceram. Não se nomeia lugar, prédio
ou data – apenas pessoas. Também não há julgamento, nem
questionamentos – isso se torna competência mera e exclusiva
do espectador. Ao mesmo tempo em que a narrativa é a mais
fria e distante possível do que está se desenrolando, somos
colocados lado a lado com o cotidiano destas pessoas que
serão afetadas pelo incidente que acontecerá a seguir. É
curioso perceber que, mesmo sendo claro desde o início os
eventos que se sucederão, como uma tragédia anunciada,
conseguem criar uma tensão forte em durante a trajetória, com
um suspense crescente que nos conduz a um final chocante e
inevitável.
Disponível em: <https://www.papodecinema.com.br/filmes/elefante/> Acesso
em: 20 fev. 2024. [Adaptado].