Questões de Concurso Para tj-sc

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Q301762 Português
Assinale o período pontuado de maneira INCORRETA.
Alternativas
Q301761 Português
Assinale a alternativa que contém a palavra “se” na função expletiva.
Alternativas
Q301760 Português
No período “Sou o que sou”, a função morfossintática do conectivo é:
Alternativas
Q301759 Português
“O candidato e tu estão em desacordo com as normas de apresentação.” Essa oração, em relação à concordância, também estaria correta assim reescrita:
Alternativas
Q301758 Português
Assinale a alternativa INCORRETA quanto à concordância.
Alternativas
Q301757 Português
Assinale a alternativa que contém os períodos com concordância correta.

I Poderão haver problemas nas ações interpostas.

II Espera-se que também aos candidatos hajam ocorrido tais pensamentos.

III A confiança são as expectativas de um povo crédulo.

IV As Ilhas Virgens Americanas serviu de refúgio aos exilados.

V Hão de existir fraudes e falcatruas totalmente condenáveis.
Alternativas
Q301756 Português
Assinale a alternativa que contém os períodos corretos quanto ao uso da crase.

I Fazem-se críticas às suas posições políticas.

II A Agência Nacional de Combustíveis diz ainda ser vantajoso ter um carro à álcool.

III Continuará fiel aqueles que julga serem seus melhores princípios.

IV Chegando a casa, não se ocupou com as atividades domésticas.

V Ele decidiu ir a cavalo até à cidade.
Alternativas
Q301755 Português
Assinale a alternativa INCORRETA com relação à regência verbal.
Alternativas
Q301754 Português
Assinale a frase em que há ERRO no emprego de o ou lhe.
Alternativas
Q301753 Português
Assinale a alternativa em que a regência verbal está correta.
Alternativas
Q301752 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

"As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Assinale a alternativa que contém a função sintática do pronome relativo destacado.
Alternativas
Q301751 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

“Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes...” Acentua-se como a palavra destacada, pela mesma regra, todas as palavras a seguir, EXCETO:
Alternativas
Q301750 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

“Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar...” A expressão verbal destacada se classifica como:
Alternativas
Q301749 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.” Assinale a alternativa que contém a correta classificação morfossintática dos termos em destaque:
Alternativas
Q301748 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

“...Wilson foi abordado por um guarda de trânsito.” A expressão grifada corresponde a:
Alternativas
Q301747 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

“O uso de chiclete o libertou...” Assinale a alternativa que contém o correto processo de formação da palavra em destaque.
Alternativas
Q301746 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

Assinale a alternativa que NÃO contém uma forma verbal arrizotônica:
Alternativas
Q301745 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

Na palavra “manchada”, encontramos:
Alternativas
Q301744 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

Assinale a alternativa que contém o número correto de ocorrências de encontros consonantais perfeitos no período a seguir: “Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área.”
Alternativas
Q301743 Português

                                                Texto: “ARTE COM CHICLETES”

                                    Pinturas em miniatura nas calçadas de Londres

      Conhecido por suas esculturas complexas, postas em lugares inesperados, nos últimos tempos Ben Wilson se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres. Depois de ter visto vários de seus trabalhos vandalizados e destruídos, ele saiu do mato e foi para as ruas a explorar uma nova mídia, num cenário diferente - pinturas em miniatura em chicletes jogados no chão.

      Ao longo dos anos, Wilson ficou cada vez mais irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana. Mesmo se refugiando no interior, ainda tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

      Wilson começou a fazer pinturas em chiclete em 1998, mas só em outubro de 2004 decidiu trabalhar com esse meio em tempo integral. Há anos, vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. "Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade", afirmou ele. "Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados."

      Saindo da Barnet High Street, Wilson começou a deixar um rastro de imagens do norte da cidade até o centro. Quase dois anos depois, no entanto, ele ainda permanece a maior parte do tempo na Barnet, a rua onde cresceu, e em Muswell Hill, onde mora com a mulher, Lily, e os três filhos. Como várias pessoas encomendaram retratos, ele se envolveu com os moradores da área. E explica: "Conheço ali muitos lojistas, varredores de rua e policiais. Quando ando pelas ruas, a cada passo penso em uma pintura que preciso fazer para alguém. Está tudo na minha cabeça, e isso faz com que me sinta mais próximo do lugar e do povo." Ele espera que seu trabalho aumente a percepção que os moradores têm do bairro, e que dê às crianças uma ligação maior com o ambiente.

      Wilson tem agora um livro de pedidos que inclui mensagens de amor e amizade, grafites, animais de estimação, anúncios de nascimento e morte. "Cada imagem que faço tem uma história diferente", explicou. "As pinturas refletem as pessoas que passam pela rua." Ele adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem do que gostam e o que querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.

      Cada peça começa da mesma maneira. Wilson seleciona um chiclete velho, derrete-o com um maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta e um descanso para apoiar o cotovelo, ele é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Aí passa mais uma camada de esmalte, ou spray automotivo, para lhe dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure seis meses ou mais.

      Wilson fotografa as pinturas para ter um registro. "As fotos têm vida própria depois que as tiro", observa. Nenhuma das obras em miniatura mede mais do que 5 centímetros de diâmetro. As pinturas em chicletes que ele fez para si mesmo guardam uma semelhança com seus desenhos em pastel, pinturas e obras de colagem tridimensionais, que, por sua vez, refletem as figuras, formas e símbolos de suas esculturas e os ambientes nos quais foram criadas.

      Os padrões de círculos, listras, rabiscos e contornos fortes destacam as imagens do fundo cinza. Padrões abstratos em forma de amebas, em cores deslumbrantes, contêm iniciais, nomes e datas celebrando encontros, amizades e outros relacionamentos. Como antigas placas de lojas, de cores vivas e letras claras, muitas das pinturas no chiclete representam pequenas empresas locais ou retratam personagens familiares em seus afazeres diários - uma escova e um pente na frente do cabeleireiro, o leiteiro fazendo entregas, o cachorro do dono da loja de ferragens. Uma pintura pequena e delicada relembra um pássaro que morreu lá perto. Apelidos, grafites e pedidos de torcedores de rúgbi e futebol aparecem nas imagens de calçada de Wilson.

      Enquanto trabalhava numa imagem pedida por uma policial, em memória dos que morreram nos ataques terroristas de Londres, de julho de 2005, Wilson foi abordado por um guarda de trânsito. Ele lhe contou uma história pessoal de morte e bravura altruísta. A seu pedido, Wilson pintou um chiclete para homenagear os trabalhadores envolvidos no resgate das vítimas dos atentados.

       Wilson admite que, enquanto muitas pessoas estão conscientes do que ele faz, outras podem andar sobre suas obras durante um ano e nem mesmo percebê-las. Mas ele espera que aqueles que notam sua arte tenham uma consciência maior do efeito que as pessoas exercem sobre o ambiente.

      O artista acredita que, em vez de apenas multar e deter, as autoridades devem lidar com as causas do comportamento antissocial, e incentivar os jovens a descobrir sua criatividade. Em junho de 2005, ele foi preso em Trafalgar Square por pintar um retrato do Almirante Nelson em um chiclete. Ele havia sido convidado pelo Conselho de Artes a participar do lançamento da Semana de Arquitetura, mas mais tarde foi informado de que não haviam conseguido obter autorização da prefeitura. "O evento procurava fazer pessoas criativas trabalharem de forma subversiva", explica, "mas parece que não conseguem suportar nada fora dos padrões: eles têm de saber quem, o que, quando e por quê."

      Ao tentar defender sua arte no palco temporário da Trafalgar Square, Wilson foi perseguido por policiais e levado sob custódia. Após ter suas impressões digitais colhidas, foi fotografado e interrogado. Seu punho foi ferido quando a polícia o deteve. Precisou usar uma tipoia, mas foi capaz de ver o humor da situação, observando as semelhanças entre ele e seu tema: "Fiquei parecido com Nelson, com o braço sangrando."

           ELMORE, Julia. Arte com chicletes. Piauí, São Paulo, n. 59, p. 39 – 43, ago. 2011. (adaptado)

“O uso de chiclete o libertou e lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão.” Os termos em destaque se classificam, respectivamente, como:
Alternativas
Respostas
2961: C
2962: C
2963: D
2964: C
2965: A
2966: E
2967: D
2968: A
2969: A
2970: C
2971: A
2972: E
2973: D
2974: E
2975: C
2976: C
2977: D
2978: B
2979: A
2980: C