Questões de Concurso
Para prefeitura de são luís - ma
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Texto 10A2BBB
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
fui honrado pastor da tua aldeia;
vestia finas lãs e tinha sempre
a minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
nem tenho a que me encoste um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
de mor rebanho ainda ser o dono;
prezava o teu semblante, os teus cabelos
ainda muito mais que um grande trono.
Agora que te oferte já não vejo,
além de um puro amor, de um são desejo.
Se o rio levantado me causava,
levando a sementeira, prejuízo,
eu alegre ficava, apenas via
na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
de ver-te ao menos compassivo o rosto.
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. In: A. Candido e A. Castello. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: Difel, 1976, p. 165-6.
Texto 10A2BBB
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
fui honrado pastor da tua aldeia;
vestia finas lãs e tinha sempre
a minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
nem tenho a que me encoste um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
de mor rebanho ainda ser o dono;
prezava o teu semblante, os teus cabelos
ainda muito mais que um grande trono.
Agora que te oferte já não vejo,
além de um puro amor, de um são desejo.
Se o rio levantado me causava,
levando a sementeira, prejuízo,
eu alegre ficava, apenas via
na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
de ver-te ao menos compassivo o rosto.
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. In: A. Candido e A. Castello. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: Difel, 1976, p. 165-6.
Texto 10A2BBB
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
fui honrado pastor da tua aldeia;
vestia finas lãs e tinha sempre
a minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
nem tenho a que me encoste um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
de mor rebanho ainda ser o dono;
prezava o teu semblante, os teus cabelos
ainda muito mais que um grande trono.
Agora que te oferte já não vejo,
além de um puro amor, de um são desejo.
Se o rio levantado me causava,
levando a sementeira, prejuízo,
eu alegre ficava, apenas via
na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
de ver-te ao menos compassivo o rosto.
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. In: A. Candido e A. Castello. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: Difel, 1976, p. 165-6.
Sem dúvida foram as teses ilustradas que clandestinamente entraram a formar a bagagem ideológica dos nossos árcades e lhes deram mais de um traço constante: o gosto da clareza e da simplicidade graças ao qual puderam superar a pesada maquinaria cultista; os mitos do homem natural, do bom selvagem, do herói pacífico; enfim, certo mordente satírico em relação aos abusos dos tiranetes, dos juízes venais, do clero fanático, mordente a que se limitou, de resto, a consciência libertária dos intelectuais da Conjuração Mineira. A análise a que a historiografia mais recente tem submetido o conteúdo ideológico da Inconfidência é, nesse ponto, inequívoca: zelosos de manter o fundamento jurídico da propriedade (que a Revolução Francesa, na sua linha central, iria ratificar), os dissidentes de Vila Rica apenas se propunham evitar a sangria que nas finanças mineiras, já em crise, operaria a cobrança de impostos sobre o ouro (a derrama).
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 66-7 (com adaptações).
De acordo com o texto precedente, as relações entre o Arcadismo
e a Inconfidência Mineira se limitaram aos interesses das elites
locais, sem ter havido reivindicação de mudanças profundas na
estrutura da sociedade brasileira. Essa perspectiva dos árcades
brasileiros se expressou esteticamente pela
Texto 10A2AAA
Na obra satírica de Gregório de Matos, não há o ânimo documentário ou a transfiguração hiperbólica, mas o flagrante expressivo até a caricatura, o ataque se elevando a denúncia, a ironia alegre ombreando com a revolta amarga, em contraste com a transfiguração eufórica de outros autores do tempo, em relação aos quais a sua poesia satírica aparece como contracorrente desmistificadora. Ele desdenha as aparências do mundo e desvenda a sua iniquidade, com um pessimismo realista que não hesita em entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo. Poucos foram tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as suas diatribes. Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro, as autoridades prevaricavam, os clérigos pecavam a valer e a virtude parecia às vezes uma farsa difícil de representar.
Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes.
São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999, p. 24-5 (com adaptações)