Questões de Concurso
Para prefeitura de sobrado - pb
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Leia o texto a seguir:
Entre 2003 e 2013, o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, incremento de 21,0% na década. Essas 4.762 mortes em 2013 representam 13 homicídios femininos diários. Diversos estados evidenciaram pesado crescimento na década, como Roraima, onde as taxas mais que quadruplicaram (343,9%), ou Paraíba, onde mais que triplicaram (229,2%). (Mapa da Violência, Homicídio de mulheres no Brasil, 2015)
O texto acima nos mostra que a morte de mulheres na Paraíba aumentou em 343% em um período de 10 anos. Podemos considerar que esta violência é fruto de uma sociedade:
Leia a seguir:
Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa. (El País, 2015)
Sobre os agrotóxicos é correto afirmar:
Leia notícia a seguir e responda a seguir:
Países afetados por zika devem legalizar aborto, diz Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU
O Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, declarou nesta sexta-feira (05/02) que países que sofrem com o surto do vírus zika devem assegurar os direitos reprodutivos das mulheres, oferecendo aconselhamento, acesso a contracepção e permitindo a interrupção da gravidez.
(...)
“Leis e políticas que restringem o acesso [das mulheres] a estes serviços devem ser urgentemente revistos de acordo com as obrigações para com os direitos humanos com o objetivo de assegurar o direito à saúde para todas as pessoas”, disse Hussein.
A relação do vírus zika com a incidência de microcefalia em bebês ainda não foi comprovada mas é cogitada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O Ministério da Saúde brasileiro afirmou em novembro do ano passado que a infecção pelo vírus está relacionada à ocorrência da má-formação fetal, em que bebês nascem com o cérebro menor do que o tamanho considerado normal.
(...)
(Opera Mundi, 2016)
Sobre o aborto no Brasil é correto afirmar:
Judia, fingi ser antissemita para fugir do Holocausto
Já era noite quando os soldados alemães chegaram ao Gueto de Varsóvia, uma espécie de fortaleza, ou prisão, onde ficavam as famílias de judeus poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Do lado de fora dos muros, estavam os poloneses cristãos. Ao oficial que ficava na entrada do Gueto, os soldados nazistas deram o nome de uma família. Alguém fizera uma denúncia. E os soldados não precisavam de uma razão para matar judeus. O oficial abriu o livro de registros, encontrou o endereço e repassou aos soldados. Os soldados levaram aquela família inteira para uma ponte. Mataram todos. O sobrenome daquela família era muito parecido com o nosso. Não sabíamos se os soldados procuravam por aquela família ou se o oficial da entrada do Gueto entendeu o nome errado e os mandou para outro endereço. Os mortos poderíamos ser nós.
A notícia chegou na manhã seguinte. Se minha memória embaralha a sequência dos acontecimentos, não há sombras sobre os momentos marcantes que vivi no Holocausto. Naquele dia de 1942, meu avô, um polonês muito culto, recebeu uma carta de anistia dos alemães. A mensagem dizia que seríamos perdoados – com direito até a vale-alimentação -, caso saíssemos do Gueto. Meu avô depositou um longo olhar naquele pedaço de papel antes de falar com minha avó. Fingi estar brincado, mas prestei atenção em cada palavra. Meu avô aceitou a proposta dos nazistas. Retornaria à cidade onde nasci, Sokolov. Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães. Tinha certeza de que seriam mortos no regresso. Vovô respondeu que já estavam velhos, e não era justo dificultar a fuga dos filhos. Era melhor que partissem. Minha mãe, a filha mais velha e viúva (meu pai faleceu em decorrência de uma pneumonia), decidiu acompanhá-los. Impôs aos irmãos uma única condição: que me mantivessem viva. Abracei minha mãe e implorei para que ela ficasse. Minha última lembrança é ver minha mãe empurrando, sutilmente, a maleta dela para baixo da mesa de centro. Ninguém percebeu, só eu. Minha mãe sabia que ia morrer. Quando minha tia avistou a maleta, disse: “Sua mãe só sabe chorar, olha o que ela esqueceu.”
Não tínhamos outra escolha senão fugir. Como era fácil desconfiarem de uma família dizimada como a nossa, meus tios se encarregaram de providenciar um novo passado para nós quatro – eu, minha tia solteira, meu tio viúvo e o filho dele. Meus tios, que eram irmãos, fingiriam ser um casal. Na história, a esposa do meu tio faleceu em decorrência de pneumonia – o que aconteceu na vida real. Diante da morte da esposa, meu tio se casou com a irmã mais nova da falecida. Eu era a filha do primeiro casamento. Meu primo, do segundo. Por muito dinheiro, meu tio comprou documentos falsos, com nomes de poloneses mortos, para ele e minha tia. Depois, pediu ajuda a um fazendeiro conhecido nosso – e respeitado pelos poloneses cristãos – para fugir. Antes de partir, soubemos por um rapaz que conseguiu escapar de um campo de concentração que meus avós e minha mãe tinham sido exterminados na cidade de Treblinkla. (...)
Desembarquei no Brasil com 17 ou 18 anos. Desde então, moro na cidade de São Paulo. Casei com Francisco Gotthilf, um polonês conhecido como o apresentador do programa Mosaico na TV. Idealizado por Francisco, o programa, destinado à comunidade judaica, foi ao ar em 1961. Entrou para o Guinness, o livro dos recordes, como o programa mais antigo da televisão brasileira (está no ar hoje pela TV Aberta São Paulo).
Tenho 85 anos, três filhos, sete netos e dois bisnetos. Francisco faleceu há quatro anos. Ele nem imaginava que eu seria capaz de contar minha história sem chorar. Para voltar à Polônia e visitar à casa de meu avô, que deu a vida por mim, amealhei coragem por 30 anos. Já se passaram sete décadas, e eu ainda preciso me proteger dessas lembranças, mas não posso levá-las guardadas comigo. O mundo precisa saber o que aconteceu. Nós, sobreviventes, precisamos encontrar uma maneira de romper o silêncio que nos impusemos. Minha estratégia, que estou estreando com você, é contar como se estivesse narrando a trajetória de uma vizinha. De outra maneira, essa conversa não seria possível.
Artigo escrito por Rachela Gotthilf, na Revista Época,
edição de 25 de janeiro de 2016, n 919, São Paulo,
Capital.
Judia, fingi ser antissemita para fugir do Holocausto
Já era noite quando os soldados alemães chegaram ao Gueto de Varsóvia, uma espécie de fortaleza, ou prisão, onde ficavam as famílias de judeus poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Do lado de fora dos muros, estavam os poloneses cristãos. Ao oficial que ficava na entrada do Gueto, os soldados nazistas deram o nome de uma família. Alguém fizera uma denúncia. E os soldados não precisavam de uma razão para matar judeus. O oficial abriu o livro de registros, encontrou o endereço e repassou aos soldados. Os soldados levaram aquela família inteira para uma ponte. Mataram todos. O sobrenome daquela família era muito parecido com o nosso. Não sabíamos se os soldados procuravam por aquela família ou se o oficial da entrada do Gueto entendeu o nome errado e os mandou para outro endereço. Os mortos poderíamos ser nós.
A notícia chegou na manhã seguinte. Se minha memória embaralha a sequência dos acontecimentos, não há sombras sobre os momentos marcantes que vivi no Holocausto. Naquele dia de 1942, meu avô, um polonês muito culto, recebeu uma carta de anistia dos alemães. A mensagem dizia que seríamos perdoados – com direito até a vale-alimentação -, caso saíssemos do Gueto. Meu avô depositou um longo olhar naquele pedaço de papel antes de falar com minha avó. Fingi estar brincado, mas prestei atenção em cada palavra. Meu avô aceitou a proposta dos nazistas. Retornaria à cidade onde nasci, Sokolov. Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães. Tinha certeza de que seriam mortos no regresso. Vovô respondeu que já estavam velhos, e não era justo dificultar a fuga dos filhos. Era melhor que partissem. Minha mãe, a filha mais velha e viúva (meu pai faleceu em decorrência de uma pneumonia), decidiu acompanhá-los. Impôs aos irmãos uma única condição: que me mantivessem viva. Abracei minha mãe e implorei para que ela ficasse. Minha última lembrança é ver minha mãe empurrando, sutilmente, a maleta dela para baixo da mesa de centro. Ninguém percebeu, só eu. Minha mãe sabia que ia morrer. Quando minha tia avistou a maleta, disse: “Sua mãe só sabe chorar, olha o que ela esqueceu.”
Não tínhamos outra escolha senão fugir. Como era fácil desconfiarem de uma família dizimada como a nossa, meus tios se encarregaram de providenciar um novo passado para nós quatro – eu, minha tia solteira, meu tio viúvo e o filho dele. Meus tios, que eram irmãos, fingiriam ser um casal. Na história, a esposa do meu tio faleceu em decorrência de pneumonia – o que aconteceu na vida real. Diante da morte da esposa, meu tio se casou com a irmã mais nova da falecida. Eu era a filha do primeiro casamento. Meu primo, do segundo. Por muito dinheiro, meu tio comprou documentos falsos, com nomes de poloneses mortos, para ele e minha tia. Depois, pediu ajuda a um fazendeiro conhecido nosso – e respeitado pelos poloneses cristãos – para fugir. Antes de partir, soubemos por um rapaz que conseguiu escapar de um campo de concentração que meus avós e minha mãe tinham sido exterminados na cidade de Treblinkla. (...)
Desembarquei no Brasil com 17 ou 18 anos. Desde então, moro na cidade de São Paulo. Casei com Francisco Gotthilf, um polonês conhecido como o apresentador do programa Mosaico na TV. Idealizado por Francisco, o programa, destinado à comunidade judaica, foi ao ar em 1961. Entrou para o Guinness, o livro dos recordes, como o programa mais antigo da televisão brasileira (está no ar hoje pela TV Aberta São Paulo).
Tenho 85 anos, três filhos, sete netos e dois bisnetos. Francisco faleceu há quatro anos. Ele nem imaginava que eu seria capaz de contar minha história sem chorar. Para voltar à Polônia e visitar à casa de meu avô, que deu a vida por mim, amealhei coragem por 30 anos. Já se passaram sete décadas, e eu ainda preciso me proteger dessas lembranças, mas não posso levá-las guardadas comigo. O mundo precisa saber o que aconteceu. Nós, sobreviventes, precisamos encontrar uma maneira de romper o silêncio que nos impusemos. Minha estratégia, que estou estreando com você, é contar como se estivesse narrando a trajetória de uma vizinha. De outra maneira, essa conversa não seria possível.
Artigo escrito por Rachela Gotthilf, na Revista Época,
edição de 25 de janeiro de 2016, n 919, São Paulo,
Capital.
“Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães.”
Em forma nominal se encontra o verbo chorar,
nessa construção?
Judia, fingi ser antissemita para fugir do Holocausto
Já era noite quando os soldados alemães chegaram ao Gueto de Varsóvia, uma espécie de fortaleza, ou prisão, onde ficavam as famílias de judeus poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Do lado de fora dos muros, estavam os poloneses cristãos. Ao oficial que ficava na entrada do Gueto, os soldados nazistas deram o nome de uma família. Alguém fizera uma denúncia. E os soldados não precisavam de uma razão para matar judeus. O oficial abriu o livro de registros, encontrou o endereço e repassou aos soldados. Os soldados levaram aquela família inteira para uma ponte. Mataram todos. O sobrenome daquela família era muito parecido com o nosso. Não sabíamos se os soldados procuravam por aquela família ou se o oficial da entrada do Gueto entendeu o nome errado e os mandou para outro endereço. Os mortos poderíamos ser nós.
A notícia chegou na manhã seguinte. Se minha memória embaralha a sequência dos acontecimentos, não há sombras sobre os momentos marcantes que vivi no Holocausto. Naquele dia de 1942, meu avô, um polonês muito culto, recebeu uma carta de anistia dos alemães. A mensagem dizia que seríamos perdoados – com direito até a vale-alimentação -, caso saíssemos do Gueto. Meu avô depositou um longo olhar naquele pedaço de papel antes de falar com minha avó. Fingi estar brincado, mas prestei atenção em cada palavra. Meu avô aceitou a proposta dos nazistas. Retornaria à cidade onde nasci, Sokolov. Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães. Tinha certeza de que seriam mortos no regresso. Vovô respondeu que já estavam velhos, e não era justo dificultar a fuga dos filhos. Era melhor que partissem. Minha mãe, a filha mais velha e viúva (meu pai faleceu em decorrência de uma pneumonia), decidiu acompanhá-los. Impôs aos irmãos uma única condição: que me mantivessem viva. Abracei minha mãe e implorei para que ela ficasse. Minha última lembrança é ver minha mãe empurrando, sutilmente, a maleta dela para baixo da mesa de centro. Ninguém percebeu, só eu. Minha mãe sabia que ia morrer. Quando minha tia avistou a maleta, disse: “Sua mãe só sabe chorar, olha o que ela esqueceu.”
Não tínhamos outra escolha senão fugir. Como era fácil desconfiarem de uma família dizimada como a nossa, meus tios se encarregaram de providenciar um novo passado para nós quatro – eu, minha tia solteira, meu tio viúvo e o filho dele. Meus tios, que eram irmãos, fingiriam ser um casal. Na história, a esposa do meu tio faleceu em decorrência de pneumonia – o que aconteceu na vida real. Diante da morte da esposa, meu tio se casou com a irmã mais nova da falecida. Eu era a filha do primeiro casamento. Meu primo, do segundo. Por muito dinheiro, meu tio comprou documentos falsos, com nomes de poloneses mortos, para ele e minha tia. Depois, pediu ajuda a um fazendeiro conhecido nosso – e respeitado pelos poloneses cristãos – para fugir. Antes de partir, soubemos por um rapaz que conseguiu escapar de um campo de concentração que meus avós e minha mãe tinham sido exterminados na cidade de Treblinkla. (...)
Desembarquei no Brasil com 17 ou 18 anos. Desde então, moro na cidade de São Paulo. Casei com Francisco Gotthilf, um polonês conhecido como o apresentador do programa Mosaico na TV. Idealizado por Francisco, o programa, destinado à comunidade judaica, foi ao ar em 1961. Entrou para o Guinness, o livro dos recordes, como o programa mais antigo da televisão brasileira (está no ar hoje pela TV Aberta São Paulo).
Tenho 85 anos, três filhos, sete netos e dois bisnetos. Francisco faleceu há quatro anos. Ele nem imaginava que eu seria capaz de contar minha história sem chorar. Para voltar à Polônia e visitar à casa de meu avô, que deu a vida por mim, amealhei coragem por 30 anos. Já se passaram sete décadas, e eu ainda preciso me proteger dessas lembranças, mas não posso levá-las guardadas comigo. O mundo precisa saber o que aconteceu. Nós, sobreviventes, precisamos encontrar uma maneira de romper o silêncio que nos impusemos. Minha estratégia, que estou estreando com você, é contar como se estivesse narrando a trajetória de uma vizinha. De outra maneira, essa conversa não seria possível.
Artigo escrito por Rachela Gotthilf, na Revista Época,
edição de 25 de janeiro de 2016, n 919, São Paulo,
Capital.
“Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães.”
De acordo com as normas vigentes no sistema
ortográfico da língua portuguesa, a palavra grifada,
armadilha, apresenta: