Questões de Concurso Para prefeitura de taquaral - sp

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Q1627068 Matemática
Gustavo possui um terreno em formato triangular, cujas medidas dos ângulos internos são x, y e z. Sabe-se que esse terreno foi completamente cercado com 44 m de tela. Considerando sen x/ sen y = 3/5 e sen x/ sen z = 1, é correto afirmar que o maior dos lados desse terreno mede:
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Q1627067 Matemática
Considere que a câmara municipal de determinado município seja composta por 9 vereadores, sendo 7 do sexo masculino. Considere ainda que serão sorteadas aleatoriamente entre os vereadores desse município, 5 vagas para formação de uma comissão que representará o município em um encontro nacional de vereadores. Dessa forma, o número de comissões que poderão ser formadas, contendo vereadores de ambos os sexos, é igual a:
Alternativas
Q1627066 Matemática
Considere f uma função polinomial do 1º grau em que f(–1) = –6 e f(2) = 9. O gráfico de f intercepta o eixo das ordenadas em:
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Q1627065 Matemática
Considere R1 um recipiente em formato de cone circular reto com diâmetro da base medindo 12 cm e altura medindo 50% a mais do que a medida do diâmetro da base, completamente cheio de água. Considere R2 um recipiente em formato cúbico com arestas medindo 9 cm, completamente vazio. Adotando π = 3 e considerando que as medidas apresentadas para R1 e R2 são internas, se despejarmos em R2 toda a água contida em R1, a altura do nível da água em R2 será igual a:
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Q1627064 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
“Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-‘lhe’.” O período apresenta uma ocorrência de CRASE. Assinale a alternativa que contém a mesma regra que permite a crase que fora utilizada na frase do texto.
Alternativas
Q1627063 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
No trecho “Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.”, o pronome oblíquo “LHE” apresenta qual função sintática?
Alternativas
Q1627062 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra”. No trecho, os verbos sublinhados estão respectiva e corretamente classificados quanto a sua flexão de tempo e modo em qual das alternativas?
Alternativas
Q1627061 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
No trecho “Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no ‘Itaoquense’”, as palavras sublinhadas são acentuadas respectivamente, por quê?
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Q1627060 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
Segundo o texto, o casamento se dá, por quê?
Alternativas
Q1627059 Noções de Informática
Em um notebook, um dispositivo de exibição de saída dos mais usados é: ___________, podendo exibir texto, imagens e vídeos. Marque a alternativa que preenche a lacuna corretamente.
Alternativas
Q1627058 Noções de Informática
As principais entradas de dados em um microcomputador são, exceto:
Alternativas
Q1627057 Noções de Informática
Analise a figura a seguir, identifique, respectivamente, os itens nomeados de Texto1, Texto2, Texto3 e Texto4, marcando a alternativa correta.
Imagem associada para resolução da questão
Alternativas
Q1627056 Noções de Informática
No editor de textos Microsoft Word 2007, para formatarmos as margens de um texto, na barra de ferramentas, em que guia deve-se clicar para abrir o grupo configurar página?
Alternativas
Q1627055 Noções de Informática
Em uma célula de uma planilha do Microsoft Excel 2007, temos a fórmula A2+B2*2. Para termos um resultado de 30, os valores de A2 e B2 seriam respectivamente _________ e _________. Marque a alternativa que preenche as lacunas corretamente.
Alternativas
Q1627054 Noções de Informática
Você nem sempre tem controle sobre o formato e o tipo de dados importados de uma fonte de dados externos, como um banco de dados, arquivo de texto ou uma página da Web. Antes de poder analisar os dados, em geral, você precisa limpá-los. Felizmente, o Excel tem muitos recursos para ajudá-lo a obter dados exatamente no formato desejado. Às vezes, a tarefa é simples e há um recurso específico que faz o trabalho por você. Por exemplo, é possível usar facilmente o corretor ortográfico para limpar palavras com ortografia incorreta em colunas que contêm comentários ou descrições. Sabendo disso, é possível remover as linhas duplicadas rapidamente usando qual caixa de diálogo?
Alternativas
Q1627053 Redação Oficial
Na elaboração uma lei pode-se utiliza além de artigos, parágrafos, incisos e alíneas. O que é correto usar imediatamente após o artigo?
Alternativas
Q1627052 Redação Oficial
Qual documento é usado com a finalidade registrar fatos e deliberações ocorridas em reuniões?
Alternativas
Q1627051 Redação Oficial
Atribua C (certo) ou E (errado) aos itens a seguir e aponte a alternativa que faz a atribuição correta.
( ) Respeitosamente é empregado em correspondência encaminhada à autoridade da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. ( ) Sua Excelência Reverendíssima é o tratamento usado em correspondência endereçada ao Bispo. ( ) O tratamento dado ao Presidente da República é Excelentíssimo Senhor Presidente da República.
Alternativas
Q1627050 Redação Oficial
Analise as afirmações e marque a alternativa verdadeira.
1. O curriculum vitae é um documento que contém dados pessoais, formação acadêmica e experiências profissionais do cidadão. 2. Na comunicação oficial, a finalidade do fecho é marcar o fim do texto e saudar o destinatário. 3. O nome completo do destinatário e seu endereço devem constar no verso do envelope.
Alternativas
Q1627049 Atualidades
No final de 2015, o Brasil todo acompanhou o desastre ocorrido no distrito de Bento Rodrigues, entre a cidade de Mariana e Ouro Preto, o qual deixou um cenário de destruição na região. Esse desastre é decorrente
Alternativas
Respostas
101: C
102: D
103: C
104: A
105: D
106: A
107: B
108: A
109: C
110: C
111: D
112: A
113: A
114: B
115: C
116: C
117: D
118: C
119: C
120: B