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A adesão é um fenômeno multidimensional e multideterminado. Vários fatores podem influenciar a adesão: pessoais, socioculturais e econômicos, relacionados com a doença, ligados ao tratamento, relativos à organização dos serviços e a fatores interpessoais (qualidade da relação equipe–paciente). Recentemente, várias pesquisas têm demonstrado que os fatores interpessoais e relacionados com a organização do serviços são os que trazem menos impacto para a qualidade da adesão.
Quando o paciente apresenta dificuldades de adesão e decide interromper o tratamento, cabe ao psicólogo respeitar sua autonomia e explicar aos demais membros da equipe os motivos da desistência.
A adesão transcende à ingestão de medicamentos, incluindo o fortalecimento do usuário, o estabelecimento de vínculo com a equipe de saúde, o acesso à informação, o acompanhamento clínico-laboratorial, a adequação aos hábitos e às necessidades individuais e o compartilhamento das decisões relacionadas à própria saúde.
A adesão é um dos maiores desafios do trabalho em saúde. O papel do psicólogo é convencer o paciente a seguir as recomendações médicas, a fim de obter bom resultado com o tratamento.
No caso de óbito de um paciente, geralmente, o psicólogo é o profissional responsável por dar a notícia para a família, uma vez que recebeu formação específica para lidar com os sentimentos e as emoções.
A atuação do psicólogo em UTI deve priorizar os familiares, pois esses são importante recurso afetivo que pode e deve ser envolvido no trabalho com o paciente. São eles os representantes principais dos seus vínculos com a vida e uma das fontes de motivação para o paciente enfrentar o sofrimento.
As características da UTI, como rotina de trabalho acelerada, constante clima de apreensão, situações de morte iminente, dores, medo e ansiedade, exacerbam o estado de estresse e tensão tanto do paciente quanto da equipe. Cabe ao psicólogo intervir junto a paciente, familiares e equipe para auxiliar a identificação das dificuldades e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento dessa situação.
No contexto hospitalar, o psicólogo pode realizar atendimentos individuais, grupais, conjugais e familiares, dependendo da demanda do paciente ou da necessidade identificada pela equipe multiprofissional que trata desse paciente.
No atendimento em pediatria, o psicólogo deve centrar sua atenção no cuidador/familiar, para garantir a qualidade da atenção à criança.
Pacientes em atendimento ambulatorial não têm indicações de acompanhamento psicológico, visto que o trabalho do psicólogo no contexto hospitalar deve ser voltado para as questões da hospitalização e adesão ao tratamento.
A atuação do psicólogo, no contexto hospitalar, deve considerar o paciente, o cuidador/familiar e a equipe. Além disso, sua atuação pode ocorrer em enfermarias, ambulatórios, unidades de terapia intensiva (UTI), pronto-socorro e ainda por meio de interconsultas.
O uso de instrumentos de avaliação no contexto hospitalar não é indicado, uma vez que a atuação do psicólogo é focada nas intervenções para alívio do sofrimento causado pelas doenças e na busca da promoção da saúde e qualidade de vida.
O trabalho do psicólogo em situação de emergência caracteriza-se pela criatividade e pela disponibilidade, já que a rotina é inesperada e o psicólogo pode atender ao paciente no corredor, em macas, nas salas de observação, dependendo da necessidade do paciente, da família e da equipe do hospital.
A atuação do psicólogo junto ao paciente no pronto-socorro e na emergência é questionável. O foco deve ser a equipe, uma vez que o estresse rotineiro propicia a emergência de conflitos, de situações não elaboradas e sensação da incompetência que podem trazer consequências importantes para o cotidiano do setor.
Embora os níveis de estresse estejam relacionados com a capacidade de recuperação de um paciente submetido à cirurgia, pesquisas sobre os efeitos da informação prévia sobre cirurgia não apontaram resultados significativos em relação ao tempo de recuperação pós-cirúrgica, mas apenas à satisfação do paciente com os serviços prestados pela equipe multiprofissional.
No Brasil, o direito do doente e de sua família à informação não é reconhecido formalmente na legislação e o profissional de saúde, por isso, não recebe treinamento adequado sobre a forma de revelar informações ao paciente.
Segundo o modelo biopsicossocial, a concessão de poder igualitário aos profissionais de saúde das diferentes áreas pode aumentar os desafios dos serviços de saúde e desorganizar a rotina de trabalho.
A interdisciplinaridade é uma estratégia legítima de trabalho no campo da saúde de classificação epistemológica, em que se admite o esforço conjugado de vários profissionais para alcançar os significados do processo saúde-doença.
O modelo de hipótese cognitiva da adesão defende que é possível prever a adesão pela combinação da satisfação do paciente em relação à consulta com a compreensão das informações comunicadas pelo profissional de saúde e a capacidade do paciente de recordar essas informações.
O modelo de crenças em saúde é composto, basicamente, pelas seguintes dimensões: suscetibilidade percebida, severidade percebida, benefícios percebidos e barreiras percebidas.