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Recorrendo aos clássicos da teoria social, Habermas descreve a passagem
das sociedades tradicionais para as sociedades modernas como sendo a expressão
de um processo de crescente racionalização de diferentes dimensões da vida social.
Por um lado, manifesta-se uma dimensão de racionalização cultural que se expressa
5 – na secularização e no desencantamento do mundo. Isso significa que, com a destruição
de representações religiosas e metafísicas, é criada uma cultura profana caracterizada
pela diferenciação de diferentes esferas culturais de valor (ciência e técnica, direito e
moral, arte e crítica de arte), cada uma das quais se desenvolvendo por meio de uma
lógica própria. Por outro lado, ocorre um processo de racionalização social segundo
10 – o qual as estruturas sociais vão se diferenciando em dois sistemas funcionalmente
interligados: o sistema econômico, dirigido pelos mercados de trabalho, de bens e de
capital e que se reproduz pelo meio “dinheiro”, e o aparelho burocrático do Estado,
monopolizador da força, que se vale do meio “poder”.
À medida que essa racionalização cultural e social se estende para a vida
15 – cotidiana, ocorre a dissolução da eticidade das formas de vida tradicionais, o que se
reflete na decomposição das cosmovisões religiosas, das ordens estratificadas de
dominação e das instituições definidoras de funções, que outrora abarcavam a
sociedade como um todo. Habermas descreve esse último processo por meio do
conceito de mundo da vida racionalizado. Este caracteriza-se por uma relação crítica
20 – e reflexiva com tradições que perdem sua autoridade natural, pela universalização de
normas e generalização de valores, permitindo um leque maior de opções para o
desenvolvimento da ação comunicativa; e por modelos de socialização marcados por
uma crescente individualização e pela formação de identidades do eu cada vez mais
abstratas.
WERLE, D. L. Indivíduo e sociedade. Mente • Cérebro & Filosofia, São Paulo: Duetto, n. 8, 2008. p. 40-42.
As formas prepositivas “por” (l. 19), “pela” (l. 20) e “por” (l. 22) ligam-se sintaticamente a “caracteriza-se” (l. 19).
A oração “que se vale do meio ‘poder’.” (l. 13) é adjetivadora de “o aparelho burocrático do Estado” (l. 12)
O “que” da linha 12 constitui uma forma pronominal que substitui “sistema econômico” (l. 11)
O termo “segundo o qual” (l. 9-10) equivale semanticamente a “porque”, explicativo.