Questões de Concurso
Para câmara de candói - pr
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Comunicado aos gordos
Jô Soares
Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!” Sinceramente, o excesso de peso se transformou no inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercícios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilhosas que estão lá na frente demonstrando a ginástica? Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder alguns gramas, e não aparecem nunca.
Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua, que me pergunto: se correndo elas são assim, como seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a gordura pode ser tirada com facilidade de praticamente tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e até gordura sem gordura.
Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou conta de todos.
Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso, porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe mais ou menos um quinto das pessoas cuja principal preocupação é a de não engordar, e o resto, que gostaria simplesmente de comer. Quando é possível. Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro privilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais formosura, como já se disse antigamente, porém alimenta e esquenta. Seus organismos, não acostumados, poderiam estranhar um pouco no início.
Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom apetite. É uma coisa que nunca entendi:
- Bom apetite.
- Obrigado, bom apetite.
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e se sentaram à mesa, é porque certamente estão com fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel:
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite?
Só por isso, um encoraja o outro:
- Bom apetite!
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar?
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma questão de classe social. Não é chique comer. Comer não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo.
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais miserável acabam, os dois, passando fome.
Comunicado aos gordos
Jô Soares
Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!” Sinceramente, o excesso de peso se transformou no inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercícios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilhosas que estão lá na frente demonstrando a ginástica? Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder alguns gramas, e não aparecem nunca.
Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua, que me pergunto: se correndo elas são assim, como seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a gordura pode ser tirada com facilidade de praticamente tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e até gordura sem gordura.
Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou conta de todos.
Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso, porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe mais ou menos um quinto das pessoas cuja principal preocupação é a de não engordar, e o resto, que gostaria simplesmente de comer. Quando é possível. Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro privilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais formosura, como já se disse antigamente, porém alimenta e esquenta. Seus organismos, não acostumados, poderiam estranhar um pouco no início.
Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom apetite. É uma coisa que nunca entendi:
- Bom apetite.
- Obrigado, bom apetite.
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e se sentaram à mesa, é porque certamente estão com fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel:
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite?
Só por isso, um encoraja o outro:
- Bom apetite!
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar?
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma questão de classe social. Não é chique comer. Comer não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo.
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais miserável acabam, os dois, passando fome.
Comunicado aos gordos
Jô Soares
Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!” Sinceramente, o excesso de peso se transformou no inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercícios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilhosas que estão lá na frente demonstrando a ginástica? Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder alguns gramas, e não aparecem nunca.
Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua, que me pergunto: se correndo elas são assim, como seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a gordura pode ser tirada com facilidade de praticamente tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e até gordura sem gordura.
Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou conta de todos.
Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso, porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe mais ou menos um quinto das pessoas cuja principal preocupação é a de não engordar, e o resto, que gostaria simplesmente de comer. Quando é possível. Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro privilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais formosura, como já se disse antigamente, porém alimenta e esquenta. Seus organismos, não acostumados, poderiam estranhar um pouco no início.
Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom apetite. É uma coisa que nunca entendi:
- Bom apetite.
- Obrigado, bom apetite.
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e se sentaram à mesa, é porque certamente estão com fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel:
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite?
Só por isso, um encoraja o outro:
- Bom apetite!
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar?
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma questão de classe social. Não é chique comer. Comer não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo.
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais miserável acabam, os dois, passando fome.
Leia as seguintes afirmações:
I - O objetivo do texto e a posição assumida pelo narrador é de criticar as pessoas muito gulosas e gordas.
II - O diálogo entre o narrador e uma pessoa imaginária funciona na organização do texto como exemplificação
III - Uma das posturas apresentadas pelo narrador em relação àqueles que são gordos é a solidariedade.
IV - A mania de emagrecer tomou conta de todos e tem como justificativa a afirmação do terceiro parágrafo “Morte à banha! Abaixo o toucinho”.
V - Uma característica associada ao tom humorístico do texto é atribuir à gordura proporções exageradas e enaltece a valorização da magreza como padrão de beleza.
Estão corretas, apenas:
Analise com atenção o texto do telegrama abaixo:
Paraíba, 29-julho-1929.
Deputado Tavares Cavalcanti:
Reunido o diretório do partido, sob minha presidência política, resolveu unanimemente não apoiar a candidatura do eminente Sr. Júlio Prestes à sucessão presidencial da República. Peço comunicar essa solução ao líder da Maioria, em resposta à sua consulta sobre a atitude da Paraíba.
Queira transmitir aos demais membros da bancada essa deliberação do Partido, que conto, todos apoiarão, com a solidariedade sempre assegurada.
Saudações:
João Pessoa, Presidente do Estado da Paraíba
Todos os fatos históricos abaixo ocorreram
depois da emissão desse telegrama,
EXCETO: