Questões de Concurso Para câmara de cabo de santo agostinho - pe

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Q1133035 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

Em relação à expressão destacada em “Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto.”, é correto afirmar que ela
Alternativas
Q1133034 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

Assinale a alternativa correta em relação à figura de linguagem presente no trecho “Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.”.
Alternativas
Q1133033 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

A palavra destacada no trecho “Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.” poderia ser substituída, sem alteração significativa de sentido no contexto apresentado, por

Alternativas
Q1133032 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

Considerando o conteúdo e a linguagem do texto apresentado, é possível afirmar que se trata de
Alternativas
Q1133031 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

Ao analisar o fim do texto “Minha mente diz que não tenho saída. Permaneço. Meu sentimento diz que minha mente mente. Fujo. Meu medo, ah, meu medo... Ele me coloca cara a cara com a vida. Vivo.”, pode-se afirmar que
Alternativas
Q1133030 Português

Insignificâncias indomáveis

Carla Dias


    Eu tenho medo de lagartixa e de atravessar rua quando o sinal está vermelho, ainda que não haja carros por perto. Meu medo é um algo estupendo, com suas pequenas armadilhas. Faz com que eu tema a alegria, enquanto me preencho de coragem ao lidar com desesperos indeléveis.

    Eu tenho medo de errar a palavra, de sair a outra, a mais torta, a menos a ver com o que eu, de fato, gostaria de dizer. E ainda tem o tom... sou desprovida de talento, quando dele depende o tudo do momento. Aquela coisa de a voz sair rascante, de se entregar à possibilidade de se aventurar no impossível, envergonhando-se dessa ousadia no segundo seguinte.

    Envergonhamento feroz é este.

    (...)

    Tenho medo reverberante de nunca chegar. Não a um lugar, a um destino. Falo sobre chegar ao ser invadida pelo pertencimento. Zerar a ansiedade desconcertante de não ter sido escolhida pela sensação plena de estar onde, tornar-se quem.

    Há quem diga que meus medos são banalidades travestidas de tragédias. Há os que não suportam meus dramas, de tão ridículos os tantos lhes parecem. Contudo, tenho certa dificuldade em compreender a irrelevância de se sentir deslocada no tempo e no espaço, desprovida de identidade, além daquela criada para atender à necessidade de tocar a vida, sem direito a toque que não seja o de recolher-se na própria impotência de provocar o movimento.

    Estagnar-se em conluio com um adiantamento robusto de arrependimentos.

    Meus dramas, essas insignificâncias indomáveis, embebidas em esperança desmilinguida de, dia desses, a vida me oferecer e entregar o oferecido.

    Que susto será!

    Que prazer de curar azedumes!

    Que loucura eficaz!

    Reviravoltas constantes me deixam com desejo aguçado de parar à porta da insanidade, para observar obsoletos santos sendo pessoas em busca de pessoas para conversar sobre seus desvios de conduta, ao se proclamarem heróis, enquanto comentem suas covardias e benevolências.

    Falar mal, fazer bem, desacreditar para então identificar o que vale a pena.

    Amar... odiar... amar odiar. Odiar a mando do tempo perdido com o vazio.

    Mas que o ser humano é de uma incoerência que encanta, enquanto aflige.

    (...)

    A mente tem seus truques, e como ótima equilibrista de absurdos que é, acontece de ela projetar na nossa história uma proteção que acaba por se mostrar precipício. Então, há vezes em que ela se desapega de nós, inventando uma realidade alternativa na qual nos enveredarmos, feito o filme que assisti, sobre a mente de um homem mudando todo o enredo do ocorrido, a fim de protegê-lo do impossível que ele acabara de cometer.

    Sim, ela também comete benevolência, improváveis realizações, descobertas necessárias.

    Sim, ela tem seu lado sórdido.

    A mente me mete medo. Ainda assim, é ela que mais me fascina. Não a minha, que dela eu nunca vou saber ao certo. A tal vai seguir os seus delírios e, talvez, eu nem me dê conta da existência deles ou venha a saber quais provocações eles lideraram.

    A do outro...

    A mente que para mim é mistério, que me provoca a curiosidade sobre o que não sou ou penso. Sobre as versões do que conheço. Basta um espaço que a mente injeta na certeza para se construir aquela pausa onde moram frágeis pontes que conectam improváveis, porém compatíveis buscas.

    Tenho medo de viver busca que é tempo perdido disfarçado de exuberante conquista. É ali, no limiar das suas agonias, que eu me esparramo. Meu corpo vibra buscas e medos e perdas e fantasias.

    Minha mente diz que não tenho saída.

    Permaneço.

    Meu sentimento diz que minha mente mente.

    Fujo.

    Meu medo, ah, meu medo...

    Ele me coloca cara a cara com a vida.

    Vivo.


Adaptado de: <http://www.cronicadodia.com.br/2019/10/insignificancias-indomaveis-carla-dias.html>. Acesso em: 17 nov. 2019.

De acordo com o texto, é possível afirmar que
Alternativas
Q1131704 Arquivologia
Conforme a Lei n° 8.159/1991, assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Q1131703 Arquivologia
O que é necessário fazer como medida preventiva para manter um acervo arquivístico?
Alternativas
Q1131702 Arquivologia
De acordo com Cassares & Moi (2000, p.12), a preservação é um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional que contribuem para a preservação da integridade dos materiais. O conceito de preservação envolve as atividades de conservação, armazenamento e restauração dos documentos e a restauração é o conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos adquiridos pelo documento ao longo do tempo. Para a restauração dos documentos, são necessárias operações que envolvam
Alternativas
Q1131701 Arquivologia
O GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos ou Gestão Eletrônica de Documentos – é um conjunto de tecnologias que permite o gerenciamento de forma eletrônica ou digital de documentos, os quais podem ser das mais variadas origens e mídias. Uma das formas destacadas do GED é
Alternativas
Q1131700 Arquivologia
Ela não modifica apenas a técnica de reprodução do texto, mas também as próprias estruturas e formas do suporte que o comunica a seus leitores. O livro impresso tem sido, até hoje, o herdeiro do manuscrito: quanto à organização em cadernos, à hierarquia dos formatos, do libro da banco ao libellus; quanto, também, aos subsídios à leitura: concordâncias, índices, sumários. Com o monitor, que vem substituir o códice, a mudança é mais radical, posto que são modos de organização, de estruturação, de consulta do suporte do escrito que se acham modificados.” (CHATIER, 1994, P. 187). A partir do trecho citado, Gutemberg promoveu mudanças sociais, econômicas e de difusão do conhecimento, popularizando os livros. A escrita e suas variações na evolução da imprensa são objeto da
Alternativas
Q1131699 Arquivologia
As instituições podem alterar o suporte de determinados conjuntos de documentos. Essa alteração de suporte é também conhecida como atualização de arquivo, em que a informação de documentos originais é migrada para outros tipos de suporte, como o microfilme. São vantagens da microfilmagem, EXCETO
Alternativas
Q1131698 Arquivologia
“Divisão de gênero documental que reúne tipos documentais por seu formato” é a definição de
Alternativas
Q1131697 Arquivologia
Fitas videomagnéticas, periódicos e fotografias aéreas pertencem, respectivamente, aos gêneros documentais:
Alternativas
Q1131696 Arquivologia
Uma empresa renomada de arquivos sobre metalúrgica no Estado de Minas Gerais foi extinta. Logo suas atividades foram cessadas, portanto não ocorrerá mais a junção de documentos. Qual é o nome, em conformidade com a terminologia arquivística, dado para esse conjunto documental depositado?
Alternativas
Q1131695 Arquivologia
Os procedimentos administrativos executam protocolos nas operações de tratamento e tramitação de processos. Nos órgãos do Poder Judiciário, os processos são os documentos em massa, podendo ser protocolados por anexação ou apensação na juntada dos processos. A apensação significa
Alternativas
Q1131694 Arquivologia
A classificação de documento ostensivo é dada àqueles cuja divulgação não prejudica a administração e os documentos considerados sigilosos devem ser restritos e necessitam de medidas especiais para salvaguarda. Alguns documentos de um escritório de advocacia foram analisados como sigilosos, havendo, para isso, classificações quanto ao grau de sigilo. Quais são as classificações correspondentes à categoria de sigilo?
Alternativas
Q1131693 Arquivologia
A complexidade do processo de avaliação de um acervo documental exige conhecimento específico e apoio em ferramentas arquivísticas. Sobre avaliação documental, é correto afirmar que são
Alternativas
Q1131692 Arquivologia
Uma empresa de arquivos documentais, com matriz em São Paulo e filiais em diversos Estados do Brasil, tem como cliente principal o Rio de Janeiro, onde várias cidades armazenam seus documentos empresariais. Considerando a organização de uma pasta de documentos referentes ao Estado do Rio de Janeiro e suas respectivas cidades, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1131689 Arquivologia
Assegurar de modo eficiente a produção, a administração e a destinação de documentos; garantir que a informação arquivística esteja disponível em tempo hábil; assegurar o uso adequado da reprografia, processamento automatizado de dados; assegurar a eliminação dos documentos que não apresentem valor primário e contribuir para o acesso e a preservação dos documentos que mereçam guarda permanente por seu valor histórico e científico são objetivos da
Alternativas
Respostas
301: C
302: B
303: D
304: C
305: A
306: D
307: B
308: A
309: C
310: C
311: B
312: D
313: A
314: B
315: D
316: C
317: B
318: D
319: C
320: C