Questões de Concurso Para terapeuta ocupacional

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Q3065828 Terapia Ocupacional
A Terapia Ocupacional é uma profissão comprometida com práticas interdisciplinares, voltadas para a inclusão social e o fortalecimento de sujeitos coletivos e seus territórios. Nesse contexto, é INCORRETO afirmar que:
Alternativas
Q3065827 Terapia Ocupacional
Sobre a análise da atividade em terapia ocupacional, relacione V para verdadeiro e F para falso referente e, em seguida, marque a resposta CORRETA.

( ) A atividade com significado e valores individuais para cada cliente pode ser uma forma potente para criar experiências e melhorar suas condições de saúde.
( ) O terapeuta ocupacional é o profissional que oferece ao indivíduo oportunidades para uma ação efetiva por meio do uso da atividade.
( ) A análise de atividades não pode ser considerada um passo no processo de avaliação de terapia ocupacional.
( ) A integração entre a atividade, o processo do indivíduo e o contexto em que ela ocorre é que deve ser a verdadeira análise de atividade ou, como recomendam alguns autores contemporâneos, análise do desempenho ocupacional do cliente.
Alternativas
Q3065826 Terapia Ocupacional
Alguns dos objetivos das intervenções de terapia ocupacional com adultos e idosos visam promover a adaptação, funcionalidade e qualidade de vida. Sobre algumas dessas abordagens no processo de envelhecimento, assinale a alternativa INCORRETA:
Alternativas
Q3065825 Terapia Ocupacional
De acordo com o documento “Estrutura da prática da Terapia Ocupacional: domínio e processo” em sua terceira edição, versão traduzida para o Português brasileiro por Cavalcanti, Caetano e Elui em 2015 e publicado na Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs) são ocupações importantes para a pessoa. As AIVDs são comumente avaliadas no processo de terapia ocupacional com a população de adultos e idosos. Relacione V para verdadeiro e F para falso referente e, em seguida, marque a resposta CORRETA.

( ) Uma AIVD importante é o gerenciamento financeiro, que inclui usar recursos fiscais, incluindo métodos alternativos de transação financeira, planejar e usar finanças com objetivos a curto-prazo e a longo-prazo.
( ) Segurança e manutenção emergencial, dirigir e mobilidade na comunidade não podem ser consideradas AIVDs, pois são atividades da vida diária (AVDs).
( ) Cuidado dos outros, cuidado de animais e educação de crianças não são consideradas AIVDs.
( ) O estabelecimento e gerenciamento do lar pode ser considerada uma AIVD na qual a pessoa obtém e faz a manutenção de bens pessoais, da casa e do ambiente (como casa, quintal, jardim, ferramentas, veículos), incluindo manutenção e reparação dos bens pessoais (vestuário e itens da casa). 
Alternativas
Q3065824 Terapia Ocupacional
A Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) é uma ferramenta amplamente utilizada na Terapia Ocupacional. Com relação à COPM, assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q3065823 Terapia Ocupacional
Carmélia, uma mulher de 65 anos, está com problemas para desempenhar algumas atividades de vida diária (AVD). O fato de não conseguir vestir a parte superior do corpo e pentear os cabelos com independência têm sido questões importantes que ela trouxe para a avaliação com terapeuta ocupacional. Após a entrevista inicial e o traçado do perfil ocupacional, o seguinte instrumento de avaliação foi o mais adequado para analisar o desempenho da Carmélia naquele momento:
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Q3065822 Terapia Ocupacional
O Modelo da Ocupação Humana (MOHO) é uma estrutura teórica amplamente utilizada na Terapia Ocupacional. Sobre o MOHO, assinale a alternativa INCORRETA:
Alternativas
Q3065821 Terapia Ocupacional
Antônia, uma diarista de 52 anos, tem sentido muitas dores e dificuldades para movimentar os membros superiores, principalmente ombros e cotovelos. Ela foi encaminhada pela equipe de saúde da família para a terapia ocupacional, porque o médico está suspeitando que Antônia tenha uma lesão por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT). Sobre o processo de avaliação de terapia ocupacional no caso da Antônia, assinale a resposta CORRETA:
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Q3065820 Terapia Ocupacional
O Modelo Canadense de Desempenho Ocupacional e Engajamento (CMOP-E) é uma estrutura amplamente utilizada na Terapia Ocupacional. Sobre esse modelo, assinale a alternativa CORRETA:
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Q3065819 Terapia Ocupacional
Sobre a Terapia e a Teoria de Integração Sensorial propostas por Anna Jean Ayres assinale “V” para verdadeiro e “F” para falso, e, em seguida, marque a alternativa CORRETA:

( ) Para Ayres a Integração Sensorial é a habilidade que cada pessoa tem para organizar e interpretar informações sensoriais que recebe do ambiente e do próprio corpo, para agir de acordo com determinada situação (Cardoso, 2022).
( ) O conceito de resposta adaptativa na teoria de Integração Sensorial é básico e fundamental. 
( ) De acordo com algumas autoras como Magalhães (2008) e Cardoso (2022), a teoria de Integração sensorial vem passando por mudanças ao longo dos anos, numa tentativa de integrar novos conceitos da Neurobiologia e a evolução da Terapia Ocupacional.
( ) Os problemas de modulação sensorial se manifestam como dificuldades em ajustar, de forma gradual e adequada ao ambiente, tanto a intensidade quanto o tipo de resposta aos estímulos sensoriais.
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Q3065818 Terapia Ocupacional
Uma criança de 4 meses foi avaliada no serviço de seguimento de uma maternidade. A criança nasceu prematura, com 32 semanas de idade gestacional. Durante a avaliação, a terapeuta ocupacional (TO) fez algumas observações para orientar a família. É correto afirmar que, EXCETO:
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Q3065817 Terapia Ocupacional
No contexto do desenvolvimento infantil, os marcos de desenvolvimento são indicadores importantes para avaliação e acompanhamento. Qual das seguintes opções representa o marco típico de desenvolvimento esperado para uma criança entre 12 e 15 meses?
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Q3065816 Terapia Ocupacional
Atividades cotidianas são muito importantes na vida do indivíduo. Muitas pessoas chegam à terapia ocupacional com interesse em melhorar o desempenho em atividades de vida diária como, por exemplo, vestir-se. Neste contexto, sabe-se que várias articulações do corpo são recrutadas para vestir uma camiseta. O músculo deltoide é um dos principais músculos responsáveis pela elevação do braço. Em qual das seguintes articulações o deltoide atua diretamente para permitir esse movimento?
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Q3065815 Terapia Ocupacional
Em busca de construir conexões das diferentes áreas de atuação, o crescente investimento dos profissionais a fim de explicitar os fundamentos da Terapia Ocupacional deu origem a uma série de marcos importantes a partir das décadas de 1960 e 1970. Neste contexto, marque a resposta CORRETA:
Alternativas
Q3065814 Terapia Ocupacional
Sobre os fundamentos da terapia ocupacional, de acordo com Drummond (2023), pode-se afirmar, EXCETO, que:
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Q3065213 Português

Leia o texto adiante e, em seguida, responda:


As palavras e o tempo

(Cristovão Tezza) 



Ao chegar criança em Curitiba, em 1961, meu primeiro choque foi linguístico: um vendedor de rua oferecia “dolé”. Para quem não sabe, era picolé. O nome “dolé” me soava tão estranho que só a custo parecia se encaixar naquele objeto que eu sempre conhecera como “picolé”. Os anos se passaram e os dolés sumiram. A última vez que os vi foi nas ruínas de uma parede no litoral, onde se podia ler em letras igualmente arruinadas pelo tempo: “Fábrica de dolés”. Com o tempo, as estranhezas linguísticas vão ganhando outro contorno, mas sempre com a marca que o tempo vai deixando nas formas da língua. Lembro que, pouco a pouco, comecei a ouvir pessoas dizendo “emprestei do Fulano”, quando para meus ouvidos o normal seria “peguei emprestado do Fulano”; ou então emprestamos a ele. “Emprestar” só poderia ser “para alguém”; o contrário seria “pedir emprestado”. Mas em poucos anos o estranho passou a ser “pedir emprestado”, e a nova forma foi para o Houaiss. Um linguista diria que se trata de uma passagem sutil de formas analíticas para formas sintéticas. Quando o telefone começou a se popularizar, também se popularizou a forma “telefonar na tua casa”; assim, “eu telefono na casa do João” não significa ir até a casa do João para usar o telefone dele, que no início parecia a única interpretação possível, mas sim telefonar para a casa dele. E, com a multiplicação do dinheiro de plástico, pagar a conta com o cartão de crédito se transformou subrepticiamente em pagar a conta no cartão de crédito, o que sempre me pareceu esdrúxulo. Bem, sem dinheiro para pagar à vista, a gramática não importa mesmo, e vamos pagando no cartão.

A língua não para, mas seus movimentos nunca são claramente visíveis, assim como jamais conseguimos ver a grama crescer – súbito parece que ela já foi trocada por outra. O advento da informática e dos computadores é um manancial sem fim de palavras e expressões novas, ou expressões velhas transmudadas em outras. Um dos fenômenos mais interessantes, e de rápida consolidação, foi também a criação de verbos para substituir expressões analíticas. “Priorizar” ou “disponibilizar”, que parecem tão comuns, com um jeito de que vieram lá do tempo de Camões, na verdade não terão mais de vinte anos – e também já estão no Houaiss. Na antiquíssima década de 1980, dizíamos “dar prioridade a” e “tornar possível”. Bem, as novas formas ainda têm uma aura tecnocrática. Em vez de “disponibilizar os sentimentos”, preferimos ainda “abrir o coração”. Mas outras novidades acertam na veia: “deletar” entrou definitivamente no dia a dia das pessoas. Já ouvi gente confessar “deletei ela da minha vida”.

Piorou a língua? De modo algum. A língua continua inculta e bela como sempre, como queria o poeta. Ela sempre adiante – nós é que envelhecemos, e, às vezes, pela fala, parecemos pergaminhos de um tempo que passou.

20/09/2011

TEZZA, Cristovão, Um operário em férias, organização e apresentação Christian Schwartz; ilustrações Benett. – Rio de Janeiro: Record, 2013.

Releia e responda: “O advento da informática e dos computadores é um manancial sem fim de palavras e expressões novas,...” Classifique o período dessa construção:
Alternativas
Q3065212 Português

Leia o texto adiante e, em seguida, responda:


As palavras e o tempo

(Cristovão Tezza) 



Ao chegar criança em Curitiba, em 1961, meu primeiro choque foi linguístico: um vendedor de rua oferecia “dolé”. Para quem não sabe, era picolé. O nome “dolé” me soava tão estranho que só a custo parecia se encaixar naquele objeto que eu sempre conhecera como “picolé”. Os anos se passaram e os dolés sumiram. A última vez que os vi foi nas ruínas de uma parede no litoral, onde se podia ler em letras igualmente arruinadas pelo tempo: “Fábrica de dolés”. Com o tempo, as estranhezas linguísticas vão ganhando outro contorno, mas sempre com a marca que o tempo vai deixando nas formas da língua. Lembro que, pouco a pouco, comecei a ouvir pessoas dizendo “emprestei do Fulano”, quando para meus ouvidos o normal seria “peguei emprestado do Fulano”; ou então emprestamos a ele. “Emprestar” só poderia ser “para alguém”; o contrário seria “pedir emprestado”. Mas em poucos anos o estranho passou a ser “pedir emprestado”, e a nova forma foi para o Houaiss. Um linguista diria que se trata de uma passagem sutil de formas analíticas para formas sintéticas. Quando o telefone começou a se popularizar, também se popularizou a forma “telefonar na tua casa”; assim, “eu telefono na casa do João” não significa ir até a casa do João para usar o telefone dele, que no início parecia a única interpretação possível, mas sim telefonar para a casa dele. E, com a multiplicação do dinheiro de plástico, pagar a conta com o cartão de crédito se transformou subrepticiamente em pagar a conta no cartão de crédito, o que sempre me pareceu esdrúxulo. Bem, sem dinheiro para pagar à vista, a gramática não importa mesmo, e vamos pagando no cartão.

A língua não para, mas seus movimentos nunca são claramente visíveis, assim como jamais conseguimos ver a grama crescer – súbito parece que ela já foi trocada por outra. O advento da informática e dos computadores é um manancial sem fim de palavras e expressões novas, ou expressões velhas transmudadas em outras. Um dos fenômenos mais interessantes, e de rápida consolidação, foi também a criação de verbos para substituir expressões analíticas. “Priorizar” ou “disponibilizar”, que parecem tão comuns, com um jeito de que vieram lá do tempo de Camões, na verdade não terão mais de vinte anos – e também já estão no Houaiss. Na antiquíssima década de 1980, dizíamos “dar prioridade a” e “tornar possível”. Bem, as novas formas ainda têm uma aura tecnocrática. Em vez de “disponibilizar os sentimentos”, preferimos ainda “abrir o coração”. Mas outras novidades acertam na veia: “deletar” entrou definitivamente no dia a dia das pessoas. Já ouvi gente confessar “deletei ela da minha vida”.

Piorou a língua? De modo algum. A língua continua inculta e bela como sempre, como queria o poeta. Ela sempre adiante – nós é que envelhecemos, e, às vezes, pela fala, parecemos pergaminhos de um tempo que passou.

20/09/2011

TEZZA, Cristovão, Um operário em férias, organização e apresentação Christian Schwartz; ilustrações Benett. – Rio de Janeiro: Record, 2013.

Releia e responda: “Com o tempo, as estranhezas linguísticas vão ganhando outro contorno, mas sempre com a marca que o tempo vai deixando nas formas da língua.” O conectivo destacado, entre a construção que introduz e a que o antecede, estabelece uma relação de:
Alternativas
Q3065211 Português

Leia o texto adiante e, em seguida, responda:


As palavras e o tempo

(Cristovão Tezza) 



Ao chegar criança em Curitiba, em 1961, meu primeiro choque foi linguístico: um vendedor de rua oferecia “dolé”. Para quem não sabe, era picolé. O nome “dolé” me soava tão estranho que só a custo parecia se encaixar naquele objeto que eu sempre conhecera como “picolé”. Os anos se passaram e os dolés sumiram. A última vez que os vi foi nas ruínas de uma parede no litoral, onde se podia ler em letras igualmente arruinadas pelo tempo: “Fábrica de dolés”. Com o tempo, as estranhezas linguísticas vão ganhando outro contorno, mas sempre com a marca que o tempo vai deixando nas formas da língua. Lembro que, pouco a pouco, comecei a ouvir pessoas dizendo “emprestei do Fulano”, quando para meus ouvidos o normal seria “peguei emprestado do Fulano”; ou então emprestamos a ele. “Emprestar” só poderia ser “para alguém”; o contrário seria “pedir emprestado”. Mas em poucos anos o estranho passou a ser “pedir emprestado”, e a nova forma foi para o Houaiss. Um linguista diria que se trata de uma passagem sutil de formas analíticas para formas sintéticas. Quando o telefone começou a se popularizar, também se popularizou a forma “telefonar na tua casa”; assim, “eu telefono na casa do João” não significa ir até a casa do João para usar o telefone dele, que no início parecia a única interpretação possível, mas sim telefonar para a casa dele. E, com a multiplicação do dinheiro de plástico, pagar a conta com o cartão de crédito se transformou subrepticiamente em pagar a conta no cartão de crédito, o que sempre me pareceu esdrúxulo. Bem, sem dinheiro para pagar à vista, a gramática não importa mesmo, e vamos pagando no cartão.

A língua não para, mas seus movimentos nunca são claramente visíveis, assim como jamais conseguimos ver a grama crescer – súbito parece que ela já foi trocada por outra. O advento da informática e dos computadores é um manancial sem fim de palavras e expressões novas, ou expressões velhas transmudadas em outras. Um dos fenômenos mais interessantes, e de rápida consolidação, foi também a criação de verbos para substituir expressões analíticas. “Priorizar” ou “disponibilizar”, que parecem tão comuns, com um jeito de que vieram lá do tempo de Camões, na verdade não terão mais de vinte anos – e também já estão no Houaiss. Na antiquíssima década de 1980, dizíamos “dar prioridade a” e “tornar possível”. Bem, as novas formas ainda têm uma aura tecnocrática. Em vez de “disponibilizar os sentimentos”, preferimos ainda “abrir o coração”. Mas outras novidades acertam na veia: “deletar” entrou definitivamente no dia a dia das pessoas. Já ouvi gente confessar “deletei ela da minha vida”.

Piorou a língua? De modo algum. A língua continua inculta e bela como sempre, como queria o poeta. Ela sempre adiante – nós é que envelhecemos, e, às vezes, pela fala, parecemos pergaminhos de um tempo que passou.

20/09/2011

TEZZA, Cristovão, Um operário em férias, organização e apresentação Christian Schwartz; ilustrações Benett. – Rio de Janeiro: Record, 2013.

Releia e responda: “E, com a multiplicação do dinheiro de plástico, pagar a conta com o cartão de crédito se transformou subrepticiamente em pagar a conta no cartão de crédito, o que sempre me pareceu esdrúxulo.” Do ponto de vista semântico, as duas expressões sublinhadas mantêm entre si uma relação de:
Alternativas
Q3065210 Português

Leia o texto adiante e, em seguida, responda:


As palavras e o tempo

(Cristovão Tezza) 



Ao chegar criança em Curitiba, em 1961, meu primeiro choque foi linguístico: um vendedor de rua oferecia “dolé”. Para quem não sabe, era picolé. O nome “dolé” me soava tão estranho que só a custo parecia se encaixar naquele objeto que eu sempre conhecera como “picolé”. Os anos se passaram e os dolés sumiram. A última vez que os vi foi nas ruínas de uma parede no litoral, onde se podia ler em letras igualmente arruinadas pelo tempo: “Fábrica de dolés”. Com o tempo, as estranhezas linguísticas vão ganhando outro contorno, mas sempre com a marca que o tempo vai deixando nas formas da língua. Lembro que, pouco a pouco, comecei a ouvir pessoas dizendo “emprestei do Fulano”, quando para meus ouvidos o normal seria “peguei emprestado do Fulano”; ou então emprestamos a ele. “Emprestar” só poderia ser “para alguém”; o contrário seria “pedir emprestado”. Mas em poucos anos o estranho passou a ser “pedir emprestado”, e a nova forma foi para o Houaiss. Um linguista diria que se trata de uma passagem sutil de formas analíticas para formas sintéticas. Quando o telefone começou a se popularizar, também se popularizou a forma “telefonar na tua casa”; assim, “eu telefono na casa do João” não significa ir até a casa do João para usar o telefone dele, que no início parecia a única interpretação possível, mas sim telefonar para a casa dele. E, com a multiplicação do dinheiro de plástico, pagar a conta com o cartão de crédito se transformou subrepticiamente em pagar a conta no cartão de crédito, o que sempre me pareceu esdrúxulo. Bem, sem dinheiro para pagar à vista, a gramática não importa mesmo, e vamos pagando no cartão.

A língua não para, mas seus movimentos nunca são claramente visíveis, assim como jamais conseguimos ver a grama crescer – súbito parece que ela já foi trocada por outra. O advento da informática e dos computadores é um manancial sem fim de palavras e expressões novas, ou expressões velhas transmudadas em outras. Um dos fenômenos mais interessantes, e de rápida consolidação, foi também a criação de verbos para substituir expressões analíticas. “Priorizar” ou “disponibilizar”, que parecem tão comuns, com um jeito de que vieram lá do tempo de Camões, na verdade não terão mais de vinte anos – e também já estão no Houaiss. Na antiquíssima década de 1980, dizíamos “dar prioridade a” e “tornar possível”. Bem, as novas formas ainda têm uma aura tecnocrática. Em vez de “disponibilizar os sentimentos”, preferimos ainda “abrir o coração”. Mas outras novidades acertam na veia: “deletar” entrou definitivamente no dia a dia das pessoas. Já ouvi gente confessar “deletei ela da minha vida”.

Piorou a língua? De modo algum. A língua continua inculta e bela como sempre, como queria o poeta. Ela sempre adiante – nós é que envelhecemos, e, às vezes, pela fala, parecemos pergaminhos de um tempo que passou.

20/09/2011

TEZZA, Cristovão, Um operário em férias, organização e apresentação Christian Schwartz; ilustrações Benett. – Rio de Janeiro: Record, 2013.

Releia e responda: “um vendedor de rua oferecia “dolé”. Qual a função sintática exercida pela palavra grifada?
Alternativas
Respostas
101: A
102: B
103: C
104: E
105: D
106: B
107: D
108: C
109: B
110: C
111: E
112: A
113: C
114: A
115: E
116: C
117: E
118: A
119: D
120: B