Questões de Concurso
Para secretário executivo
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O fantasma do Inferno Azul
1 Bira, Jair Careca, Rodneyre e Elpídio não se conheciam, mas tinham em comum uma rápida passagem pelos bancos escolares e o jeitinho brasileiro de driblar o desemprego: viver de bico. Foi em setembro de 1987 que uma oferta tentadora os uniu. Na ocasião, correu por toda Goiânia a necessidade de se contratarem “chapas” para quebrar paredes, asfalto, derrubar casas e remover objetos. Em troca, receberiam salário e mais diárias que, ao fim de uma semana, representavam o que conseguiam ganhar no mês. Jair José Pereira, pedreiro, recebeu a proposta na praça A, no bairro de Campinas, ponto de braçais. Aceitou e na mesma hora foi posto em uma Kombi branca, sem logotipo. Ubirajara Rosa de Souza fez o mesmo. Elpídio Evangelista da Silva e Rodneyre Ferreira souberam por amigos das contratações e apresentaram-se no escritório da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de uma vaga. Os quatro começaram a trabalhar na rua 57, no centro de Goiânia, foco inicial do maior acidente radiológico do mundo: o vazamento de pouco mais de 17 g de cloreto de césio-137, que se encontrava em um aparelho abandonado no Instituto Goiano de Radioterapia.
2 Os quatro não tinham noção do que era radiação e muito menos do que era césio. Tampouco foram informados dos cuidados necessários para a execução dos trabalhos, inclusive no depósito de lixo radioativo de Abadia, cidade a 20 quilômetros de Goiânia, para onde foram transferidos após a limpeza das áreas “quentes” (de alto grau de radiação). A contratação de “chapas” e a convocação de militares e civis do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), da Companhia de Limpeza Urbana e até da empreiteira Andrade Gutierrez marcavam o início de uma guerra surda para salvar Goiânia do brilho azul fluorescente, que encantou a família de Leide das Neves Ferreira. […]
3 Quinze anos depois, Bira, Jair, Rodneyre e Elpídio continuam “chapas” em todos os sentidos. Mas não é só a camaradagem que os une. Eles já apresentam sintomas da radiação que tomaram durante o tempo que trabalharam diretamente no acidente. Até 1993, apenas os quatro eram os encarregados pelo depósito provisório e trabalhavam das 8 às 18h. Em depoimento, contaram que viajaram junto com tambores de lixo radioativo, além de colocá-los e retirá-los de caminhões e kombis, principalmente quando as empilhadeiras quebravam. De serventes, conforme os contratos, foram alçados a técnicos da CNEN. A imprensa registrou inúmeras vezes os braçais vestidos de macacões e contadores Geiger à mão passeando entre as 13,4 toneladas de lixo radioativo. Segundo eles, uma farsa. “Ninguém sabia que não éramos técnicos. Durante muito tempo, não havia restrição para nós. Permanecíamos em áreas controladas sem saber ao certo o tempo permitido. As canetas dosimétricas estouravam com frequência”, ou seja: atingiam a carga máxima de radiação, revelou Elpídio, que chegou a chefiar os companheiros em Abadia. Munido de fotos suas e de Bira no depósito, publicadas na revista Manchete, ele acusou os técnicos da CNEN de não terem informado quais os locais de maior radiação ou como utilizar os aparelhos medidores.
4 O fato mais grave revelado por Elpídio e confirmado pelos outros três está relacionado à deterioração dos tambores de lixo. “Tirávamos os rejeitos do tambor furado ou enferrujado e passávamos para outro, manualmente. O danificado era amassado a marretadas e colocado em uma caixa metálica”, afirma Elpídio em seu depoimento. Rodneyre faz coro e acusa o físico Walter Mendes Ferreira de negligência. Segundo os “chapas”, ele só comparecia ao depósito provisório para receber equipes de reportagem ou técnicos internacionais. Fora isso, tratava os problemas que lá ocorriam pelo rádio. A ordem, em dia de visita, era virar os tambores enferrujados, remendá-los e pintá-los com spray amarelo ou cobri-los com lona para que as câmeras não pudessem filmá-los ou fotografá-los, contaram eles ao MP. […]
5 Elpídio está no grupo III de tratamento, Rodneyre e Jair não se enquadram em lugar algum. Bira disse que chegou a ficar um mês afastado por ter sofrido forte dose de radiação. Rodneyre e Jair moram em casas humildes na periferia da capital e continuam vivendo de bicos. Elpídio pediu demissão do hotel em que trabalhava como copeiro para cuidar da saúde. Eles evitam contar que atuaram no acidente. “Se a gente fala, tá lascado. Aí é que não arruma nada mesmo. O pessoal acha que, se a gente adoece, pode passar pra eles”, diz Jair, que leva a vida “sem pensar muito nessas coisas”. Jair só lembra do césio quando se dá conta de que não consegue mais exercer seu ofício de pedreiro. “Não posso me abaixar para assentar um piso. Sinto muitas dores no corpo. Dente, perdi um monte. Não sou mais o mesmo. Naquele dia, eu ainda brinquei dizendo que não voltava para casa sem o feijão. Se eles tivessem contado o que era, eu não ia.”
[...]
Disponível em:
< https://istoe.com.br/23768_O+FANTASMA+DO+INFERNO+AZUL/ >. Acesso em:
8 out.2017.
No último parágrafo, encontra-se esta afirmação de Jair: “Naquele dia, eu ainda brinquei dizendo que não voltava para casa sem o feijão.” Nesse caso, o emprego da palavra “feijão” em lugar do vocabulário “alimento” é um recurso de linguagem denominado
O fantasma do Inferno Azul
1 Bira, Jair Careca, Rodneyre e Elpídio não se conheciam, mas tinham em comum uma rápida passagem pelos bancos escolares e o jeitinho brasileiro de driblar o desemprego: viver de bico. Foi em setembro de 1987 que uma oferta tentadora os uniu. Na ocasião, correu por toda Goiânia a necessidade de se contratarem “chapas” para quebrar paredes, asfalto, derrubar casas e remover objetos. Em troca, receberiam salário e mais diárias que, ao fim de uma semana, representavam o que conseguiam ganhar no mês. Jair José Pereira, pedreiro, recebeu a proposta na praça A, no bairro de Campinas, ponto de braçais. Aceitou e na mesma hora foi posto em uma Kombi branca, sem logotipo. Ubirajara Rosa de Souza fez o mesmo. Elpídio Evangelista da Silva e Rodneyre Ferreira souberam por amigos das contratações e apresentaram-se no escritório da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de uma vaga. Os quatro começaram a trabalhar na rua 57, no centro de Goiânia, foco inicial do maior acidente radiológico do mundo: o vazamento de pouco mais de 17 g de cloreto de césio-137, que se encontrava em um aparelho abandonado no Instituto Goiano de Radioterapia.
2 Os quatro não tinham noção do que era radiação e muito menos do que era césio. Tampouco foram informados dos cuidados necessários para a execução dos trabalhos, inclusive no depósito de lixo radioativo de Abadia, cidade a 20 quilômetros de Goiânia, para onde foram transferidos após a limpeza das áreas “quentes” (de alto grau de radiação). A contratação de “chapas” e a convocação de militares e civis do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), da Companhia de Limpeza Urbana e até da empreiteira Andrade Gutierrez marcavam o início de uma guerra surda para salvar Goiânia do brilho azul fluorescente, que encantou a família de Leide das Neves Ferreira. […]
3 Quinze anos depois, Bira, Jair, Rodneyre e Elpídio continuam “chapas” em todos os sentidos. Mas não é só a camaradagem que os une. Eles já apresentam sintomas da radiação que tomaram durante o tempo que trabalharam diretamente no acidente. Até 1993, apenas os quatro eram os encarregados pelo depósito provisório e trabalhavam das 8 às 18h. Em depoimento, contaram que viajaram junto com tambores de lixo radioativo, além de colocá-los e retirá-los de caminhões e kombis, principalmente quando as empilhadeiras quebravam. De serventes, conforme os contratos, foram alçados a técnicos da CNEN. A imprensa registrou inúmeras vezes os braçais vestidos de macacões e contadores Geiger à mão passeando entre as 13,4 toneladas de lixo radioativo. Segundo eles, uma farsa. “Ninguém sabia que não éramos técnicos. Durante muito tempo, não havia restrição para nós. Permanecíamos em áreas controladas sem saber ao certo o tempo permitido. As canetas dosimétricas estouravam com frequência”, ou seja: atingiam a carga máxima de radiação, revelou Elpídio, que chegou a chefiar os companheiros em Abadia. Munido de fotos suas e de Bira no depósito, publicadas na revista Manchete, ele acusou os técnicos da CNEN de não terem informado quais os locais de maior radiação ou como utilizar os aparelhos medidores.
4 O fato mais grave revelado por Elpídio e confirmado pelos outros três está relacionado à deterioração dos tambores de lixo. “Tirávamos os rejeitos do tambor furado ou enferrujado e passávamos para outro, manualmente. O danificado era amassado a marretadas e colocado em uma caixa metálica”, afirma Elpídio em seu depoimento. Rodneyre faz coro e acusa o físico Walter Mendes Ferreira de negligência. Segundo os “chapas”, ele só comparecia ao depósito provisório para receber equipes de reportagem ou técnicos internacionais. Fora isso, tratava os problemas que lá ocorriam pelo rádio. A ordem, em dia de visita, era virar os tambores enferrujados, remendá-los e pintá-los com spray amarelo ou cobri-los com lona para que as câmeras não pudessem filmá-los ou fotografá-los, contaram eles ao MP. […]
5 Elpídio está no grupo III de tratamento, Rodneyre e Jair não se enquadram em lugar algum. Bira disse que chegou a ficar um mês afastado por ter sofrido forte dose de radiação. Rodneyre e Jair moram em casas humildes na periferia da capital e continuam vivendo de bicos. Elpídio pediu demissão do hotel em que trabalhava como copeiro para cuidar da saúde. Eles evitam contar que atuaram no acidente. “Se a gente fala, tá lascado. Aí é que não arruma nada mesmo. O pessoal acha que, se a gente adoece, pode passar pra eles”, diz Jair, que leva a vida “sem pensar muito nessas coisas”. Jair só lembra do césio quando se dá conta de que não consegue mais exercer seu ofício de pedreiro. “Não posso me abaixar para assentar um piso. Sinto muitas dores no corpo. Dente, perdi um monte. Não sou mais o mesmo. Naquele dia, eu ainda brinquei dizendo que não voltava para casa sem o feijão. Se eles tivessem contado o que era, eu não ia.”
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< https://istoe.com.br/23768_O+FANTASMA+DO+INFERNO+AZUL/ >. Acesso em:
8 out.2017.
No terceiro parágrafo lê-se que, “Quinze anos depois, Bira, Jair, Rodneyre e Elpídio continuam “chapas” em todos os sentidos”. Quais são esses sentidos?
O fantasma do Inferno Azul
1 Bira, Jair Careca, Rodneyre e Elpídio não se conheciam, mas tinham em comum uma rápida passagem pelos bancos escolares e o jeitinho brasileiro de driblar o desemprego: viver de bico. Foi em setembro de 1987 que uma oferta tentadora os uniu. Na ocasião, correu por toda Goiânia a necessidade de se contratarem “chapas” para quebrar paredes, asfalto, derrubar casas e remover objetos. Em troca, receberiam salário e mais diárias que, ao fim de uma semana, representavam o que conseguiam ganhar no mês. Jair José Pereira, pedreiro, recebeu a proposta na praça A, no bairro de Campinas, ponto de braçais. Aceitou e na mesma hora foi posto em uma Kombi branca, sem logotipo. Ubirajara Rosa de Souza fez o mesmo. Elpídio Evangelista da Silva e Rodneyre Ferreira souberam por amigos das contratações e apresentaram-se no escritório da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de uma vaga. Os quatro começaram a trabalhar na rua 57, no centro de Goiânia, foco inicial do maior acidente radiológico do mundo: o vazamento de pouco mais de 17 g de cloreto de césio-137, que se encontrava em um aparelho abandonado no Instituto Goiano de Radioterapia.
2 Os quatro não tinham noção do que era radiação e muito menos do que era césio. Tampouco foram informados dos cuidados necessários para a execução dos trabalhos, inclusive no depósito de lixo radioativo de Abadia, cidade a 20 quilômetros de Goiânia, para onde foram transferidos após a limpeza das áreas “quentes” (de alto grau de radiação). A contratação de “chapas” e a convocação de militares e civis do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), da Companhia de Limpeza Urbana e até da empreiteira Andrade Gutierrez marcavam o início de uma guerra surda para salvar Goiânia do brilho azul fluorescente, que encantou a família de Leide das Neves Ferreira. […]
3 Quinze anos depois, Bira, Jair, Rodneyre e Elpídio continuam “chapas” em todos os sentidos. Mas não é só a camaradagem que os une. Eles já apresentam sintomas da radiação que tomaram durante o tempo que trabalharam diretamente no acidente. Até 1993, apenas os quatro eram os encarregados pelo depósito provisório e trabalhavam das 8 às 18h. Em depoimento, contaram que viajaram junto com tambores de lixo radioativo, além de colocá-los e retirá-los de caminhões e kombis, principalmente quando as empilhadeiras quebravam. De serventes, conforme os contratos, foram alçados a técnicos da CNEN. A imprensa registrou inúmeras vezes os braçais vestidos de macacões e contadores Geiger à mão passeando entre as 13,4 toneladas de lixo radioativo. Segundo eles, uma farsa. “Ninguém sabia que não éramos técnicos. Durante muito tempo, não havia restrição para nós. Permanecíamos em áreas controladas sem saber ao certo o tempo permitido. As canetas dosimétricas estouravam com frequência”, ou seja: atingiam a carga máxima de radiação, revelou Elpídio, que chegou a chefiar os companheiros em Abadia. Munido de fotos suas e de Bira no depósito, publicadas na revista Manchete, ele acusou os técnicos da CNEN de não terem informado quais os locais de maior radiação ou como utilizar os aparelhos medidores.
4 O fato mais grave revelado por Elpídio e confirmado pelos outros três está relacionado à deterioração dos tambores de lixo. “Tirávamos os rejeitos do tambor furado ou enferrujado e passávamos para outro, manualmente. O danificado era amassado a marretadas e colocado em uma caixa metálica”, afirma Elpídio em seu depoimento. Rodneyre faz coro e acusa o físico Walter Mendes Ferreira de negligência. Segundo os “chapas”, ele só comparecia ao depósito provisório para receber equipes de reportagem ou técnicos internacionais. Fora isso, tratava os problemas que lá ocorriam pelo rádio. A ordem, em dia de visita, era virar os tambores enferrujados, remendá-los e pintá-los com spray amarelo ou cobri-los com lona para que as câmeras não pudessem filmá-los ou fotografá-los, contaram eles ao MP. […]
5 Elpídio está no grupo III de tratamento, Rodneyre e Jair não se enquadram em lugar algum. Bira disse que chegou a ficar um mês afastado por ter sofrido forte dose de radiação. Rodneyre e Jair moram em casas humildes na periferia da capital e continuam vivendo de bicos. Elpídio pediu demissão do hotel em que trabalhava como copeiro para cuidar da saúde. Eles evitam contar que atuaram no acidente. “Se a gente fala, tá lascado. Aí é que não arruma nada mesmo. O pessoal acha que, se a gente adoece, pode passar pra eles”, diz Jair, que leva a vida “sem pensar muito nessas coisas”. Jair só lembra do césio quando se dá conta de que não consegue mais exercer seu ofício de pedreiro. “Não posso me abaixar para assentar um piso. Sinto muitas dores no corpo. Dente, perdi um monte. Não sou mais o mesmo. Naquele dia, eu ainda brinquei dizendo que não voltava para casa sem o feijão. Se eles tivessem contado o que era, eu não ia.”
[...]
Disponível em:
< https://istoe.com.br/23768_O+FANTASMA+DO+INFERNO+AZUL/ >. Acesso em:
8 out.2017.
O texto contém tanto palavras do registro informal do trabalhador braçal quanto palavras do registro formal do conhecimento científico. Há palavras desses dois registros em:
O fantasma do Inferno Azul
1 Bira, Jair Careca, Rodneyre e Elpídio não se conheciam, mas tinham em comum uma rápida passagem pelos bancos escolares e o jeitinho brasileiro de driblar o desemprego: viver de bico. Foi em setembro de 1987 que uma oferta tentadora os uniu. Na ocasião, correu por toda Goiânia a necessidade de se contratarem “chapas” para quebrar paredes, asfalto, derrubar casas e remover objetos. Em troca, receberiam salário e mais diárias que, ao fim de uma semana, representavam o que conseguiam ganhar no mês. Jair José Pereira, pedreiro, recebeu a proposta na praça A, no bairro de Campinas, ponto de braçais. Aceitou e na mesma hora foi posto em uma Kombi branca, sem logotipo. Ubirajara Rosa de Souza fez o mesmo. Elpídio Evangelista da Silva e Rodneyre Ferreira souberam por amigos das contratações e apresentaram-se no escritório da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de uma vaga. Os quatro começaram a trabalhar na rua 57, no centro de Goiânia, foco inicial do maior acidente radiológico do mundo: o vazamento de pouco mais de 17 g de cloreto de césio-137, que se encontrava em um aparelho abandonado no Instituto Goiano de Radioterapia.
2 Os quatro não tinham noção do que era radiação e muito menos do que era césio. Tampouco foram informados dos cuidados necessários para a execução dos trabalhos, inclusive no depósito de lixo radioativo de Abadia, cidade a 20 quilômetros de Goiânia, para onde foram transferidos após a limpeza das áreas “quentes” (de alto grau de radiação). A contratação de “chapas” e a convocação de militares e civis do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), da Companhia de Limpeza Urbana e até da empreiteira Andrade Gutierrez marcavam o início de uma guerra surda para salvar Goiânia do brilho azul fluorescente, que encantou a família de Leide das Neves Ferreira. […]
3 Quinze anos depois, Bira, Jair, Rodneyre e Elpídio continuam “chapas” em todos os sentidos. Mas não é só a camaradagem que os une. Eles já apresentam sintomas da radiação que tomaram durante o tempo que trabalharam diretamente no acidente. Até 1993, apenas os quatro eram os encarregados pelo depósito provisório e trabalhavam das 8 às 18h. Em depoimento, contaram que viajaram junto com tambores de lixo radioativo, além de colocá-los e retirá-los de caminhões e kombis, principalmente quando as empilhadeiras quebravam. De serventes, conforme os contratos, foram alçados a técnicos da CNEN. A imprensa registrou inúmeras vezes os braçais vestidos de macacões e contadores Geiger à mão passeando entre as 13,4 toneladas de lixo radioativo. Segundo eles, uma farsa. “Ninguém sabia que não éramos técnicos. Durante muito tempo, não havia restrição para nós. Permanecíamos em áreas controladas sem saber ao certo o tempo permitido. As canetas dosimétricas estouravam com frequência”, ou seja: atingiam a carga máxima de radiação, revelou Elpídio, que chegou a chefiar os companheiros em Abadia. Munido de fotos suas e de Bira no depósito, publicadas na revista Manchete, ele acusou os técnicos da CNEN de não terem informado quais os locais de maior radiação ou como utilizar os aparelhos medidores.
4 O fato mais grave revelado por Elpídio e confirmado pelos outros três está relacionado à deterioração dos tambores de lixo. “Tirávamos os rejeitos do tambor furado ou enferrujado e passávamos para outro, manualmente. O danificado era amassado a marretadas e colocado em uma caixa metálica”, afirma Elpídio em seu depoimento. Rodneyre faz coro e acusa o físico Walter Mendes Ferreira de negligência. Segundo os “chapas”, ele só comparecia ao depósito provisório para receber equipes de reportagem ou técnicos internacionais. Fora isso, tratava os problemas que lá ocorriam pelo rádio. A ordem, em dia de visita, era virar os tambores enferrujados, remendá-los e pintá-los com spray amarelo ou cobri-los com lona para que as câmeras não pudessem filmá-los ou fotografá-los, contaram eles ao MP. […]
5 Elpídio está no grupo III de tratamento, Rodneyre e Jair não se enquadram em lugar algum. Bira disse que chegou a ficar um mês afastado por ter sofrido forte dose de radiação. Rodneyre e Jair moram em casas humildes na periferia da capital e continuam vivendo de bicos. Elpídio pediu demissão do hotel em que trabalhava como copeiro para cuidar da saúde. Eles evitam contar que atuaram no acidente. “Se a gente fala, tá lascado. Aí é que não arruma nada mesmo. O pessoal acha que, se a gente adoece, pode passar pra eles”, diz Jair, que leva a vida “sem pensar muito nessas coisas”. Jair só lembra do césio quando se dá conta de que não consegue mais exercer seu ofício de pedreiro. “Não posso me abaixar para assentar um piso. Sinto muitas dores no corpo. Dente, perdi um monte. Não sou mais o mesmo. Naquele dia, eu ainda brinquei dizendo que não voltava para casa sem o feijão. Se eles tivessem contado o que era, eu não ia.”
[...]
Disponível em:
< https://istoe.com.br/23768_O+FANTASMA+DO+INFERNO+AZUL/ >. Acesso em:
8 out.2017.
O título da reportagem, publicada em 2002 na revista Isto é, faz referência:
Ao redigir um ofício dirigido à SUPLAN (Órgão do Governo do estado da Paraíba), você, como secretária da PROGEP/UEPB, teve uma série de dúvidas. Isto porque, devido a uma pane no seu computador, todos os modelos de oficio dos quais sempre lançou mão, no seu setor de trabalho, foram perdidos.
Sobre, especificamente, a diagramação do ofício, assinale a alternativa que responde CORRETAMENTE à diagramação das medidas relacionadas às margens esquerda e direita, e início de parágrafo do ofício.
Considere a situação hipotética a seguir:
Um funcionário da UEPB, na condição de Secretário Executivo, é convocado a uma reunião com o Governador da Paraíba acerca de uma demanda sobre a instituição e, ao chegar ao seu gabinete, ocorreu o seguinte diálogo entre esse funcionário da UEPB e a secretária da autoridade competente: (Funcionário) “Vossa Excelência, o Senhor Governador (nome da autoridade) se encontra? É que fui convocado a uma reunião com ele às 10h.” (Secretária) “Sua Excelência não se encontra. Infelizmente teve um compromisso de última hora e solicitou a remarcação do encontro pra dia 15/10.” (Funcionário) “Que pena! Bem que eu gostaria de falar com Vossa Excelência com certa urgência.”
Com base no emprego dos pronomes de tratamento, pode-se afirmar que:
Considere as orientações abaixo, bem como a situação hipotética proposta.
Atente à seguinte afirmação: “... os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos”. (BRASIL, Manual de Redação da Presidência da República, 2002. Disponível em: > http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm<. Data da consulta: 10/08/2017).
Com base na exigência fundamental de expressão culta dos documentos oficiais, suponha que uma secretária tenha escrito, em documento oficial, cada um dos fragmentos abaixo, julgue cada uma das redações abaixo e em seguida responda ao que se pede:
I- “Convidamos Vossa Excelência a vir a nossa cidade a fim de prestigiar a festa de Santa Luzia.”.
II- “Vossa Senhoria prescinde sempre da iminente presença do povo com teus dramas?”
III- “Gostaria de informar à Vossa Excelência acerca da doença do pai de nosso prefeito”.
IV- “Vossas Senhorias não tem condições de vislumbrar a utopia de um mundo melhor?”
V- “Não deveria ter havido itens tão polêmicos neste Projeto de Lei.”
Feita a análise cuidadosa das redações, percebe-se obediência com o rigor devido à norma padrão, bem como às exigências formais da Redação Oficial, apenas no que escreveu em:
As características a seguir elencadas são definidores de um dos gêneros da Redação Oficial:
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, em especial do Chefe do Poder Executivo ao do Poder Legislativo para informar a este sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.
Dadas essas características, o gênero assim é definido como:
Acerca do chamado Padrão Oficio, típico da Redação Oficial, julgue cada uma das assertivas abaixo e em seguida responda ao que se pede
I- O ofício, o aviso e o memorando mais se distinguem pela finalidade do que pela forma.
II- A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Assim, é conciso o texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor, enquanto claro é aquele texto através do qual se consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras.
III- Na redação dos documentos oficiais, o uso da linguagem técnica deve ocorrer sempre como regra, já que o tecnicismo e a preciosidade devem fazer parte da Redação Oficial.
IV- A diagramação dos documentos que são regidos pelo chamado Padrão Ofício determina que tais documentos deve obedecer à seguinte forma de apresentação: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 14 no texto em geral, 12 nas citações, e 11 nas notas de rodapé. Para os símbolos não existentes na fonte Times New Roman pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.
V- O memorando é uma forma de comunicação eminentemente externa.
É CORRETO o que se afirma em:
Atente para a situação hipotética abaixo transcrita e responda ao que se pede:
Luiz trabalha na PROGEP/UEPB há 3 anos na função de Secretário Executivo. Tem curso superior distinto do de Secretário Executivo, mas tem bom domínio de Inglês e Espanhol. No ato de sua contratação, em 2014, comprovou pelo menos 42 meses de experiência profissional na função de Secretário Executivo em outra instituição.
Diante da situação hipotética, e levando-se em conta o que dispõem as Leis Federais 7.377/85 e 9.261/96, que tratam da regulamentação das profissões de Secretário Executivo e Técnico em Secretariado, julgue os itens abaixo e responda o que se pede.
I- A situação profissional de Luiz na UEPB está irregular já que, para a sua contratação na função de Secretário Executivo, seria exigido apenas de diploma de Curso Superior em Secretariado Executivo.
II- A situação de Luiz é absolutamente regular, uma vez que, segundo a lei, basta a comprovação, para a função pleiteada, de pelo menos 36 meses, junto a exigência de qualquer curso superior.
III- A situação profissional de Luiz na UEPB está irregular já que, para a sua contratação na função de Secretário Executivo, seriam necessários o diploma de Curso Superior em Secretariado Executivo, além de pelo menos 1 ano de experiência comprovada em outra instituição.
IV- O fato de Luiz ser bilíngue para a função de Secretário Executivo é condição primeira e essencial à sua contratação. Razão de sua situação ser absolutamente regular.
É VERDADE o que se afirma:
Atente ao fragmento a seguir e responda ao que se pede: “Aí, talvez por causa da situação em que me encontro, preso na Cadeia, o Sertão, sob o Sol fagulhante do meio-dia, me aparece, ele todo, como uma enorme Cadeia, dentro da qual, entre muralhas de serras pedregosas que lhe servissem de muro inexpugnável a apertar suas fronteiras, estivéssemos todos nós, aprisionados e acusados, aguardando as decisões da Justiça”. Julgue cada uma das afirmações abaixo acerca das partes sublinhadas no fragmento acima:
I- “Ele todo” é um exemplo de coesão referencial por pronominalização e retoma, anaforicamente, “O Sertão”.
II- “Da qual” retoma cataforicamente, “Cadeia”.
III- “Lhe” exemplifica coesão referencial por pronominalização e retoma “Cadeia”.
IV- “Suas” exemplifica coesão referencial por reiteração e retoma, cataforicamente, “do sertão”.
Está CORRETO o que se afirma em:
Com relação ao desabafo de Caetano Veloso, na página anterior, acerca da “derrapagem linguística” de sua equipe redatora: “O ‘a’ é apenas a preposição nesse caso. Bituca não é uma mulher, nem um nome em que você pode usar o artigo feminino antes”, julgue cada uma das afirmativas abaixo.
I- Embora no Sudeste não seja percebido, em usos linguísticos de algumas regiões do Brasil, mais precisamente no Norte, é comum, sim, o uso de artigos, femininos ou masculinos, antecedendo nomes próprios, tais como: O Luiz..., A Luiza, etc. Portanto, na sua admoestação - do ponto de vista do reconhecimento do chamado regionalismo linguístico no Brasil - o nobre poeta Caetano pode ter cometido um preconceito linguístico de natureza regional.
II- Seguindo a mesma lógica sintática acima de Caetano Veloso, no período “Devo a você a minha vida. O meu desabafo a outros não convém, mas a ti, sim.”, há dois casos de objeto indireto que exigem, necessariamente, acento marcador de crase.
III- O desabafo de Caetano Veloso é impertinente, improcedente e demonstra certo desconhecimento do poeta acerca do normativismo gramatical.
É CORRETO o que se afirma em:
Em se tratando de relação entre os termos que estabelecem a regência verbal no enunciado, julgue cada uma das afirmativas abaixo:
I- Em ambas as placas, não obstante o fato de haver transgressões formais no uso (ou omissão) do acento marcador da crase, na Cena I, o efeito final de sentido no uso indevido do acento marcador de crase é irrelevante para esta situação comunicativa.
II- Da forma como construído, isto é, com a omissão do acento marcador de crase, o enunciado da Cena I revela-se de caráter unissêmico e não se permite mais que uma interpretação semântica.
III- Os enunciados presentes em ambas as placas apresentam rigorosamente predicados apenas nominais.
IV- A expressão “à entidades assistenciais” (Cena I) exerce a função sintática, neste contexto, de complemento nominal de “revertido”.
É VERDADE o que se afirma em:
Com base nas ideias propostas nas imagens acima, julgue cada uma das sentenças abaixo:
I- O sujeito sintático de “CURA ESSE GAY AGORA!”, conforme as exigências da norma padrão, está implícito e é “VOCÊ” referenciando, no contexto, “JESUS”.
II- É latente o caráter metafórico na expressão “Que gatinho!” (imagem I) e polissêmico nas expressões “dinheiro limpinho” e “laranja” (imagem II), legitimando, na imagem II, um importante fator de textualidade chamado intertextualidade.
III- As expressões “como” e “tão” (Imagem I) induzem a, respectivamente, circunstâncias causal e temporal.
IV- A função da linguagem predominante na imagem II é a metalinguística.
V- O sufixo “inho” na expressão “gatinho” (imagem I) propõe, no contexto, uma carga semântica onde o afeto é minimizado em relação à pequenez física do interlocutor.
É CORRETO o que se afirma em
Segundo Marcuschi (2001), “Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.” Com base nesta compreensão, preencha os parênteses com a seguinte convenção: (TT) para Tipo textual e (GT) para Gênero textual.
( ) Carta-denúncia
( ) Argumentação
( ) Ofício
( ) Narração-descrição
( ) Propaganda
( ) Conferência
( ) Injunção
A sequência CORRETA é