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A Copa do despertar feminista de Marta: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”
BREILLER PIRES -
São Paulo 24 JUN 2019 - 00:56 BRT
1 Quando marcou o gol de pênalti contra
2 a Austrália, no segundo jogo da seleção pela
3 Copa feminina, Marta chamou a atenção do
4 mundo para uma causa que abraçou como
5 sua. Na comemoração, apontou para as
6 chuteiras personalizadas com um símbolo pela
7 igualdade de gênero no esporte. Aos 33 anos,
8 seis vezes eleita como a melhor jogadora do
9 planeta, a craque brasileira se engaja como
10 nunca para deixar um legado para as
11 mulheres no futebol que extrapole seus
12 recordes e conquistas individuais. “Não gosto
13 de falar, gosto de mostrar”, disse a camisa 10
14 do Brasil após o gesto diante das australianas.
15 Já o desabafo logo em seguida à eliminação
16 para a França, nas oitavas de final, soou como
17 uma convocação inspiradora para que as
18 jovens atletas se dediquem a cuidar da
19 semente que ela ajudou a plantar: “Não vai
20 ter uma Marta para sempre, uma Cristiane,
21 uma Formiga. E o futebol feminino depende
22 de vocês para sobreviver”. “Chore no começo
23 para sorrir no fim”, concluiu.
24 Marta jamais havia se apresentado
25 como feminista nem aderido de forma tão
26 contundente a pautas do movimento. Mas não
27 era difícil ecoá-lo sendo dona de uma
28 trajetória que espelha as desigualdades
29 enfrentadas pela mulher, inclusive no esporte.
30 Foi criada apenas pela mãe, depois que o pai
31 abandonou a casa da família quando ela tinha
32 um ano, e impedida de jogar futebol em sua
33 cidade, no sertão de Alagoas. Seu primeiro
34 salário na Europa era equivalente a 3.000
35 reais e até hoje, mesmo consagrada, ainda
36 está muito distante de receber as milionárias
37 cifras embolsadas pelos grandes craques do
38 masculino. Chegou ao Mundial da França, o
39 mais visto da história, sem nenhum contrato
40 fixo de patrocínio, depois de recusar propostas
41 que lhe ofereciam menos da metade do que já
42 chegou a ganhar em outras temporadas.
43 A mudança de postura, que antes se
44 concentrava mais no desempenho esportivo
45 em detrimento dos discursos, coincide com a
46 nomeação da atacante como embaixadora da
47 ONU Mulheres, no ano passado. “Marta é um
48 modelo excepcional para mulheres e meninas
49 em todo o mundo. Sua própria experiência de
50 vida conta uma história poderosa do que pode
51 ser alcançado com determinação, talento e
52 coragem”, afirmou Phumzile Mlambo-Ngcuka,
53 diretora-executiva da organização das Nações
54 Unidas, que tem utilizado a imagem da atleta
55 para promover campanhas contra o sexismo e
56 a discriminação de gênero.
57 Em março, ao participar de um evento
58 na sede da ONU, em Nova York, Marta
59 emocionou a plateia ao contar sobre os
60 desafios que precisou superar para se tornar
61 uma jogadora profissional. “O preconceito e a
62 falta de oportunidades já me doeram ao longo
63 do meu caminho. Doeu quando meninos não
64 me deixaram jogar. Doeu quando treinadores
65 me tiravam dos campeonatos porque eu era
66 apenas uma menina. Mas minha certeza de
67 onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”,
68 discursou antes de ser aplaudida de pé. A
69 ONU Mulheres trabalha com a meta de
70 alcançar a igualdade de gênero em escala
71 global até 2030 e bate na tecla da equidade
72 salarial reivindicada pelas mulheres no
73 futebol.
74 Uma das inspirações de Marta, que
75 atua no Orlando Pride dos Estados Unidos,
76 onde está desde 2017, é o movimento
77 de jogadoras da seleção norte-americana, que
78 entrou com ação coletiva contra a federação
79 local por discriminação de gênero
80 institucionalizada. Apesar de gerarem maior
81 receita de bilheteria que a seleção masculina,
82 elas alegam disparidade de remuneração e
83 premiações em relação aos homens, que
84 recebem cerca de cinco vezes mais para
85 defender o país. Mesmo sabendo da realidade
86 diferente amargada pelo futebol feminino no
87 Brasil, em que a maioria das jogadoras nem
88 sequer tem carteira assinada, Marta aproveita
89 a onda de protestos para cobrar
90 patrocinadores por equiparação.
91 Neste campo dos patrocínios, ela
92 começa a se movimentar e querer desfrutar,
93 inclusive financeiramente, do status de
94 influenciadora. No último jogo do Brasil na
95 fase de grupos, ela entrou em campo com um
96 indefectível batom de cor “sangria”, uma
97 ação, ela disse quando perguntada, para a
98 marca Avon — neste domingo, escolheu um
99 vermelho fechado. A repercussão em várias
100 páginas e publicações reforça o apelo
101 midiático da craque como uma personalidade
102 capaz de estender sua bandeira em outros
103 campos. Já foi destaque no jornal The New
104 York Times e na revista de moda Vogue Brasil,
105 que estampa a jogadora na capa de sua
106 edição de julho com a chamada “A vez de
107 Marta”. A publicação ressalta que
108 a importância da jogadora não está
109 condicionada ao resultado no Mundial, como
110 explica a editora-chefe Paula Merlo. “A taça é
111 um mero detalhe para o quão longe ela
112 chegou e para tudo o que representa para
113 esta e para as próximas gerações”.
114 Desde que se tornou a grande
115 referência da modalidade, Marta vem sendo
116 cobrada por assumir posicionamentos mais
117 incisivos pela valorização das mulheres no
118 futebol.
119 Embaixadora da causa pelo
120 empoderamento das mulheres e também do
121 futebol feminino no Brasil, Marta mostrou,
122 pelo menos em seus pronunciamentos e
123 atitudes nesta Copa do Mundo, que se
124 convenceu da importância de marcar posição
125 além do gramado. Depois de bater o recorde
126 no Mundial, contra a Itália, se convertendo na
127 maior artilheira de todos os tempos do
128 torneio, com 17 gols, ela dedicou o feito a
129 todas as atletas. “Hoje temos uma mulher
130 como a maior goleadora das Copas. Esse
131 recorde não representa só a jogadora Marta,
132 mas todas as mulheres num esporte
133 ainda visto por muitos como masculino”,
134 disse, olhando para várias câmeras,
135 reafirmando ainda o compromisso de defender
136 os direitos das que se inspiram em seu
137 exemplo fora do esporte. “Eu divido com
138 vocês que lutam e batalham em todos os
139 setores e ainda têm de provar que são
140 capazes de desempenhar qualquer tipo de
141 atividade. É nosso!”
De acordo com o texto, assinale a opção que indica a associação correta entre o substantivo destacado e o seu referente.
A Copa do despertar feminista de Marta: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”
BREILLER PIRES -
São Paulo 24 JUN 2019 - 00:56 BRT
1 Quando marcou o gol de pênalti contra
2 a Austrália, no segundo jogo da seleção pela
3 Copa feminina, Marta chamou a atenção do
4 mundo para uma causa que abraçou como
5 sua. Na comemoração, apontou para as
6 chuteiras personalizadas com um símbolo pela
7 igualdade de gênero no esporte. Aos 33 anos,
8 seis vezes eleita como a melhor jogadora do
9 planeta, a craque brasileira se engaja como
10 nunca para deixar um legado para as
11 mulheres no futebol que extrapole seus
12 recordes e conquistas individuais. “Não gosto
13 de falar, gosto de mostrar”, disse a camisa 10
14 do Brasil após o gesto diante das australianas.
15 Já o desabafo logo em seguida à eliminação
16 para a França, nas oitavas de final, soou como
17 uma convocação inspiradora para que as
18 jovens atletas se dediquem a cuidar da
19 semente que ela ajudou a plantar: “Não vai
20 ter uma Marta para sempre, uma Cristiane,
21 uma Formiga. E o futebol feminino depende
22 de vocês para sobreviver”. “Chore no começo
23 para sorrir no fim”, concluiu.
24 Marta jamais havia se apresentado
25 como feminista nem aderido de forma tão
26 contundente a pautas do movimento. Mas não
27 era difícil ecoá-lo sendo dona de uma
28 trajetória que espelha as desigualdades
29 enfrentadas pela mulher, inclusive no esporte.
30 Foi criada apenas pela mãe, depois que o pai
31 abandonou a casa da família quando ela tinha
32 um ano, e impedida de jogar futebol em sua
33 cidade, no sertão de Alagoas. Seu primeiro
34 salário na Europa era equivalente a 3.000
35 reais e até hoje, mesmo consagrada, ainda
36 está muito distante de receber as milionárias
37 cifras embolsadas pelos grandes craques do
38 masculino. Chegou ao Mundial da França, o
39 mais visto da história, sem nenhum contrato
40 fixo de patrocínio, depois de recusar propostas
41 que lhe ofereciam menos da metade do que já
42 chegou a ganhar em outras temporadas.
43 A mudança de postura, que antes se
44 concentrava mais no desempenho esportivo
45 em detrimento dos discursos, coincide com a
46 nomeação da atacante como embaixadora da
47 ONU Mulheres, no ano passado. “Marta é um
48 modelo excepcional para mulheres e meninas
49 em todo o mundo. Sua própria experiência de
50 vida conta uma história poderosa do que pode
51 ser alcançado com determinação, talento e
52 coragem”, afirmou Phumzile Mlambo-Ngcuka,
53 diretora-executiva da organização das Nações
54 Unidas, que tem utilizado a imagem da atleta
55 para promover campanhas contra o sexismo e
56 a discriminação de gênero.
57 Em março, ao participar de um evento
58 na sede da ONU, em Nova York, Marta
59 emocionou a plateia ao contar sobre os
60 desafios que precisou superar para se tornar
61 uma jogadora profissional. “O preconceito e a
62 falta de oportunidades já me doeram ao longo
63 do meu caminho. Doeu quando meninos não
64 me deixaram jogar. Doeu quando treinadores
65 me tiravam dos campeonatos porque eu era
66 apenas uma menina. Mas minha certeza de
67 onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”,
68 discursou antes de ser aplaudida de pé. A
69 ONU Mulheres trabalha com a meta de
70 alcançar a igualdade de gênero em escala
71 global até 2030 e bate na tecla da equidade
72 salarial reivindicada pelas mulheres no
73 futebol.
74 Uma das inspirações de Marta, que
75 atua no Orlando Pride dos Estados Unidos,
76 onde está desde 2017, é o movimento
77 de jogadoras da seleção norte-americana, que
78 entrou com ação coletiva contra a federação
79 local por discriminação de gênero
80 institucionalizada. Apesar de gerarem maior
81 receita de bilheteria que a seleção masculina,
82 elas alegam disparidade de remuneração e
83 premiações em relação aos homens, que
84 recebem cerca de cinco vezes mais para
85 defender o país. Mesmo sabendo da realidade
86 diferente amargada pelo futebol feminino no
87 Brasil, em que a maioria das jogadoras nem
88 sequer tem carteira assinada, Marta aproveita
89 a onda de protestos para cobrar
90 patrocinadores por equiparação.
91 Neste campo dos patrocínios, ela
92 começa a se movimentar e querer desfrutar,
93 inclusive financeiramente, do status de
94 influenciadora. No último jogo do Brasil na
95 fase de grupos, ela entrou em campo com um
96 indefectível batom de cor “sangria”, uma
97 ação, ela disse quando perguntada, para a
98 marca Avon — neste domingo, escolheu um
99 vermelho fechado. A repercussão em várias
100 páginas e publicações reforça o apelo
101 midiático da craque como uma personalidade
102 capaz de estender sua bandeira em outros
103 campos. Já foi destaque no jornal The New
104 York Times e na revista de moda Vogue Brasil,
105 que estampa a jogadora na capa de sua
106 edição de julho com a chamada “A vez de
107 Marta”. A publicação ressalta que
108 a importância da jogadora não está
109 condicionada ao resultado no Mundial, como
110 explica a editora-chefe Paula Merlo. “A taça é
111 um mero detalhe para o quão longe ela
112 chegou e para tudo o que representa para
113 esta e para as próximas gerações”.
114 Desde que se tornou a grande
115 referência da modalidade, Marta vem sendo
116 cobrada por assumir posicionamentos mais
117 incisivos pela valorização das mulheres no
118 futebol.
119 Embaixadora da causa pelo
120 empoderamento das mulheres e também do
121 futebol feminino no Brasil, Marta mostrou,
122 pelo menos em seus pronunciamentos e
123 atitudes nesta Copa do Mundo, que se
124 convenceu da importância de marcar posição
125 além do gramado. Depois de bater o recorde
126 no Mundial, contra a Itália, se convertendo na
127 maior artilheira de todos os tempos do
128 torneio, com 17 gols, ela dedicou o feito a
129 todas as atletas. “Hoje temos uma mulher
130 como a maior goleadora das Copas. Esse
131 recorde não representa só a jogadora Marta,
132 mas todas as mulheres num esporte
133 ainda visto por muitos como masculino”,
134 disse, olhando para várias câmeras,
135 reafirmando ainda o compromisso de defender
136 os direitos das que se inspiram em seu
137 exemplo fora do esporte. “Eu divido com
138 vocês que lutam e batalham em todos os
139 setores e ainda têm de provar que são
140 capazes de desempenhar qualquer tipo de
141 atividade. É nosso!”
Assinale a opção cujo adágio popular transmite a mesma ideia presente na conclusão de Marta quando diz: “Chore no começo para sorrir no fim” (linhas 22-23).
A Copa do despertar feminista de Marta: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”
BREILLER PIRES -
São Paulo 24 JUN 2019 - 00:56 BRT
1 Quando marcou o gol de pênalti contra
2 a Austrália, no segundo jogo da seleção pela
3 Copa feminina, Marta chamou a atenção do
4 mundo para uma causa que abraçou como
5 sua. Na comemoração, apontou para as
6 chuteiras personalizadas com um símbolo pela
7 igualdade de gênero no esporte. Aos 33 anos,
8 seis vezes eleita como a melhor jogadora do
9 planeta, a craque brasileira se engaja como
10 nunca para deixar um legado para as
11 mulheres no futebol que extrapole seus
12 recordes e conquistas individuais. “Não gosto
13 de falar, gosto de mostrar”, disse a camisa 10
14 do Brasil após o gesto diante das australianas.
15 Já o desabafo logo em seguida à eliminação
16 para a França, nas oitavas de final, soou como
17 uma convocação inspiradora para que as
18 jovens atletas se dediquem a cuidar da
19 semente que ela ajudou a plantar: “Não vai
20 ter uma Marta para sempre, uma Cristiane,
21 uma Formiga. E o futebol feminino depende
22 de vocês para sobreviver”. “Chore no começo
23 para sorrir no fim”, concluiu.
24 Marta jamais havia se apresentado
25 como feminista nem aderido de forma tão
26 contundente a pautas do movimento. Mas não
27 era difícil ecoá-lo sendo dona de uma
28 trajetória que espelha as desigualdades
29 enfrentadas pela mulher, inclusive no esporte.
30 Foi criada apenas pela mãe, depois que o pai
31 abandonou a casa da família quando ela tinha
32 um ano, e impedida de jogar futebol em sua
33 cidade, no sertão de Alagoas. Seu primeiro
34 salário na Europa era equivalente a 3.000
35 reais e até hoje, mesmo consagrada, ainda
36 está muito distante de receber as milionárias
37 cifras embolsadas pelos grandes craques do
38 masculino. Chegou ao Mundial da França, o
39 mais visto da história, sem nenhum contrato
40 fixo de patrocínio, depois de recusar propostas
41 que lhe ofereciam menos da metade do que já
42 chegou a ganhar em outras temporadas.
43 A mudança de postura, que antes se
44 concentrava mais no desempenho esportivo
45 em detrimento dos discursos, coincide com a
46 nomeação da atacante como embaixadora da
47 ONU Mulheres, no ano passado. “Marta é um
48 modelo excepcional para mulheres e meninas
49 em todo o mundo. Sua própria experiência de
50 vida conta uma história poderosa do que pode
51 ser alcançado com determinação, talento e
52 coragem”, afirmou Phumzile Mlambo-Ngcuka,
53 diretora-executiva da organização das Nações
54 Unidas, que tem utilizado a imagem da atleta
55 para promover campanhas contra o sexismo e
56 a discriminação de gênero.
57 Em março, ao participar de um evento
58 na sede da ONU, em Nova York, Marta
59 emocionou a plateia ao contar sobre os
60 desafios que precisou superar para se tornar
61 uma jogadora profissional. “O preconceito e a
62 falta de oportunidades já me doeram ao longo
63 do meu caminho. Doeu quando meninos não
64 me deixaram jogar. Doeu quando treinadores
65 me tiravam dos campeonatos porque eu era
66 apenas uma menina. Mas minha certeza de
67 onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”,
68 discursou antes de ser aplaudida de pé. A
69 ONU Mulheres trabalha com a meta de
70 alcançar a igualdade de gênero em escala
71 global até 2030 e bate na tecla da equidade
72 salarial reivindicada pelas mulheres no
73 futebol.
74 Uma das inspirações de Marta, que
75 atua no Orlando Pride dos Estados Unidos,
76 onde está desde 2017, é o movimento
77 de jogadoras da seleção norte-americana, que
78 entrou com ação coletiva contra a federação
79 local por discriminação de gênero
80 institucionalizada. Apesar de gerarem maior
81 receita de bilheteria que a seleção masculina,
82 elas alegam disparidade de remuneração e
83 premiações em relação aos homens, que
84 recebem cerca de cinco vezes mais para
85 defender o país. Mesmo sabendo da realidade
86 diferente amargada pelo futebol feminino no
87 Brasil, em que a maioria das jogadoras nem
88 sequer tem carteira assinada, Marta aproveita
89 a onda de protestos para cobrar
90 patrocinadores por equiparação.
91 Neste campo dos patrocínios, ela
92 começa a se movimentar e querer desfrutar,
93 inclusive financeiramente, do status de
94 influenciadora. No último jogo do Brasil na
95 fase de grupos, ela entrou em campo com um
96 indefectível batom de cor “sangria”, uma
97 ação, ela disse quando perguntada, para a
98 marca Avon — neste domingo, escolheu um
99 vermelho fechado. A repercussão em várias
100 páginas e publicações reforça o apelo
101 midiático da craque como uma personalidade
102 capaz de estender sua bandeira em outros
103 campos. Já foi destaque no jornal The New
104 York Times e na revista de moda Vogue Brasil,
105 que estampa a jogadora na capa de sua
106 edição de julho com a chamada “A vez de
107 Marta”. A publicação ressalta que
108 a importância da jogadora não está
109 condicionada ao resultado no Mundial, como
110 explica a editora-chefe Paula Merlo. “A taça é
111 um mero detalhe para o quão longe ela
112 chegou e para tudo o que representa para
113 esta e para as próximas gerações”.
114 Desde que se tornou a grande
115 referência da modalidade, Marta vem sendo
116 cobrada por assumir posicionamentos mais
117 incisivos pela valorização das mulheres no
118 futebol.
119 Embaixadora da causa pelo
120 empoderamento das mulheres e também do
121 futebol feminino no Brasil, Marta mostrou,
122 pelo menos em seus pronunciamentos e
123 atitudes nesta Copa do Mundo, que se
124 convenceu da importância de marcar posição
125 além do gramado. Depois de bater o recorde
126 no Mundial, contra a Itália, se convertendo na
127 maior artilheira de todos os tempos do
128 torneio, com 17 gols, ela dedicou o feito a
129 todas as atletas. “Hoje temos uma mulher
130 como a maior goleadora das Copas. Esse
131 recorde não representa só a jogadora Marta,
132 mas todas as mulheres num esporte
133 ainda visto por muitos como masculino”,
134 disse, olhando para várias câmeras,
135 reafirmando ainda o compromisso de defender
136 os direitos das que se inspiram em seu
137 exemplo fora do esporte. “Eu divido com
138 vocês que lutam e batalham em todos os
139 setores e ainda têm de provar que são
140 capazes de desempenhar qualquer tipo de
141 atividade. É nosso!”
Leia atentamente o excerto a seguir:
“O preconceito e a falta de oportunidades já me doeram ao longo do meu caminho. Doeu quando meninos não me deixaram jogar. Doeu quando treinadores me tiravam dos campeonatos porque eu era apenas uma menina”. (linhas 61-66)
A respeito da repetição do verbo “doer” na fala de Marta, é correto afirmar que
A Copa do despertar feminista de Marta: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”
BREILLER PIRES -
São Paulo 24 JUN 2019 - 00:56 BRT
1 Quando marcou o gol de pênalti contra
2 a Austrália, no segundo jogo da seleção pela
3 Copa feminina, Marta chamou a atenção do
4 mundo para uma causa que abraçou como
5 sua. Na comemoração, apontou para as
6 chuteiras personalizadas com um símbolo pela
7 igualdade de gênero no esporte. Aos 33 anos,
8 seis vezes eleita como a melhor jogadora do
9 planeta, a craque brasileira se engaja como
10 nunca para deixar um legado para as
11 mulheres no futebol que extrapole seus
12 recordes e conquistas individuais. “Não gosto
13 de falar, gosto de mostrar”, disse a camisa 10
14 do Brasil após o gesto diante das australianas.
15 Já o desabafo logo em seguida à eliminação
16 para a França, nas oitavas de final, soou como
17 uma convocação inspiradora para que as
18 jovens atletas se dediquem a cuidar da
19 semente que ela ajudou a plantar: “Não vai
20 ter uma Marta para sempre, uma Cristiane,
21 uma Formiga. E o futebol feminino depende
22 de vocês para sobreviver”. “Chore no começo
23 para sorrir no fim”, concluiu.
24 Marta jamais havia se apresentado
25 como feminista nem aderido de forma tão
26 contundente a pautas do movimento. Mas não
27 era difícil ecoá-lo sendo dona de uma
28 trajetória que espelha as desigualdades
29 enfrentadas pela mulher, inclusive no esporte.
30 Foi criada apenas pela mãe, depois que o pai
31 abandonou a casa da família quando ela tinha
32 um ano, e impedida de jogar futebol em sua
33 cidade, no sertão de Alagoas. Seu primeiro
34 salário na Europa era equivalente a 3.000
35 reais e até hoje, mesmo consagrada, ainda
36 está muito distante de receber as milionárias
37 cifras embolsadas pelos grandes craques do
38 masculino. Chegou ao Mundial da França, o
39 mais visto da história, sem nenhum contrato
40 fixo de patrocínio, depois de recusar propostas
41 que lhe ofereciam menos da metade do que já
42 chegou a ganhar em outras temporadas.
43 A mudança de postura, que antes se
44 concentrava mais no desempenho esportivo
45 em detrimento dos discursos, coincide com a
46 nomeação da atacante como embaixadora da
47 ONU Mulheres, no ano passado. “Marta é um
48 modelo excepcional para mulheres e meninas
49 em todo o mundo. Sua própria experiência de
50 vida conta uma história poderosa do que pode
51 ser alcançado com determinação, talento e
52 coragem”, afirmou Phumzile Mlambo-Ngcuka,
53 diretora-executiva da organização das Nações
54 Unidas, que tem utilizado a imagem da atleta
55 para promover campanhas contra o sexismo e
56 a discriminação de gênero.
57 Em março, ao participar de um evento
58 na sede da ONU, em Nova York, Marta
59 emocionou a plateia ao contar sobre os
60 desafios que precisou superar para se tornar
61 uma jogadora profissional. “O preconceito e a
62 falta de oportunidades já me doeram ao longo
63 do meu caminho. Doeu quando meninos não
64 me deixaram jogar. Doeu quando treinadores
65 me tiravam dos campeonatos porque eu era
66 apenas uma menina. Mas minha certeza de
67 onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”,
68 discursou antes de ser aplaudida de pé. A
69 ONU Mulheres trabalha com a meta de
70 alcançar a igualdade de gênero em escala
71 global até 2030 e bate na tecla da equidade
72 salarial reivindicada pelas mulheres no
73 futebol.
74 Uma das inspirações de Marta, que
75 atua no Orlando Pride dos Estados Unidos,
76 onde está desde 2017, é o movimento
77 de jogadoras da seleção norte-americana, que
78 entrou com ação coletiva contra a federação
79 local por discriminação de gênero
80 institucionalizada. Apesar de gerarem maior
81 receita de bilheteria que a seleção masculina,
82 elas alegam disparidade de remuneração e
83 premiações em relação aos homens, que
84 recebem cerca de cinco vezes mais para
85 defender o país. Mesmo sabendo da realidade
86 diferente amargada pelo futebol feminino no
87 Brasil, em que a maioria das jogadoras nem
88 sequer tem carteira assinada, Marta aproveita
89 a onda de protestos para cobrar
90 patrocinadores por equiparação.
91 Neste campo dos patrocínios, ela
92 começa a se movimentar e querer desfrutar,
93 inclusive financeiramente, do status de
94 influenciadora. No último jogo do Brasil na
95 fase de grupos, ela entrou em campo com um
96 indefectível batom de cor “sangria”, uma
97 ação, ela disse quando perguntada, para a
98 marca Avon — neste domingo, escolheu um
99 vermelho fechado. A repercussão em várias
100 páginas e publicações reforça o apelo
101 midiático da craque como uma personalidade
102 capaz de estender sua bandeira em outros
103 campos. Já foi destaque no jornal The New
104 York Times e na revista de moda Vogue Brasil,
105 que estampa a jogadora na capa de sua
106 edição de julho com a chamada “A vez de
107 Marta”. A publicação ressalta que
108 a importância da jogadora não está
109 condicionada ao resultado no Mundial, como
110 explica a editora-chefe Paula Merlo. “A taça é
111 um mero detalhe para o quão longe ela
112 chegou e para tudo o que representa para
113 esta e para as próximas gerações”.
114 Desde que se tornou a grande
115 referência da modalidade, Marta vem sendo
116 cobrada por assumir posicionamentos mais
117 incisivos pela valorização das mulheres no
118 futebol.
119 Embaixadora da causa pelo
120 empoderamento das mulheres e também do
121 futebol feminino no Brasil, Marta mostrou,
122 pelo menos em seus pronunciamentos e
123 atitudes nesta Copa do Mundo, que se
124 convenceu da importância de marcar posição
125 além do gramado. Depois de bater o recorde
126 no Mundial, contra a Itália, se convertendo na
127 maior artilheira de todos os tempos do
128 torneio, com 17 gols, ela dedicou o feito a
129 todas as atletas. “Hoje temos uma mulher
130 como a maior goleadora das Copas. Esse
131 recorde não representa só a jogadora Marta,
132 mas todas as mulheres num esporte
133 ainda visto por muitos como masculino”,
134 disse, olhando para várias câmeras,
135 reafirmando ainda o compromisso de defender
136 os direitos das que se inspiram em seu
137 exemplo fora do esporte. “Eu divido com
138 vocês que lutam e batalham em todos os
139 setores e ainda têm de provar que são
140 capazes de desempenhar qualquer tipo de
141 atividade. É nosso!”
No que diz respeito ao propósito comunicativo presente no texto, é correto afirmar que este tem como objetivos
A Copa do despertar feminista de Marta: “O futebol feminino depende de vocês para sobreviver”
BREILLER PIRES -
São Paulo 24 JUN 2019 - 00:56 BRT
1 Quando marcou o gol de pênalti contra
2 a Austrália, no segundo jogo da seleção pela
3 Copa feminina, Marta chamou a atenção do
4 mundo para uma causa que abraçou como
5 sua. Na comemoração, apontou para as
6 chuteiras personalizadas com um símbolo pela
7 igualdade de gênero no esporte. Aos 33 anos,
8 seis vezes eleita como a melhor jogadora do
9 planeta, a craque brasileira se engaja como
10 nunca para deixar um legado para as
11 mulheres no futebol que extrapole seus
12 recordes e conquistas individuais. “Não gosto
13 de falar, gosto de mostrar”, disse a camisa 10
14 do Brasil após o gesto diante das australianas.
15 Já o desabafo logo em seguida à eliminação
16 para a França, nas oitavas de final, soou como
17 uma convocação inspiradora para que as
18 jovens atletas se dediquem a cuidar da
19 semente que ela ajudou a plantar: “Não vai
20 ter uma Marta para sempre, uma Cristiane,
21 uma Formiga. E o futebol feminino depende
22 de vocês para sobreviver”. “Chore no começo
23 para sorrir no fim”, concluiu.
24 Marta jamais havia se apresentado
25 como feminista nem aderido de forma tão
26 contundente a pautas do movimento. Mas não
27 era difícil ecoá-lo sendo dona de uma
28 trajetória que espelha as desigualdades
29 enfrentadas pela mulher, inclusive no esporte.
30 Foi criada apenas pela mãe, depois que o pai
31 abandonou a casa da família quando ela tinha
32 um ano, e impedida de jogar futebol em sua
33 cidade, no sertão de Alagoas. Seu primeiro
34 salário na Europa era equivalente a 3.000
35 reais e até hoje, mesmo consagrada, ainda
36 está muito distante de receber as milionárias
37 cifras embolsadas pelos grandes craques do
38 masculino. Chegou ao Mundial da França, o
39 mais visto da história, sem nenhum contrato
40 fixo de patrocínio, depois de recusar propostas
41 que lhe ofereciam menos da metade do que já
42 chegou a ganhar em outras temporadas.
43 A mudança de postura, que antes se
44 concentrava mais no desempenho esportivo
45 em detrimento dos discursos, coincide com a
46 nomeação da atacante como embaixadora da
47 ONU Mulheres, no ano passado. “Marta é um
48 modelo excepcional para mulheres e meninas
49 em todo o mundo. Sua própria experiência de
50 vida conta uma história poderosa do que pode
51 ser alcançado com determinação, talento e
52 coragem”, afirmou Phumzile Mlambo-Ngcuka,
53 diretora-executiva da organização das Nações
54 Unidas, que tem utilizado a imagem da atleta
55 para promover campanhas contra o sexismo e
56 a discriminação de gênero.
57 Em março, ao participar de um evento
58 na sede da ONU, em Nova York, Marta
59 emocionou a plateia ao contar sobre os
60 desafios que precisou superar para se tornar
61 uma jogadora profissional. “O preconceito e a
62 falta de oportunidades já me doeram ao longo
63 do meu caminho. Doeu quando meninos não
64 me deixaram jogar. Doeu quando treinadores
65 me tiravam dos campeonatos porque eu era
66 apenas uma menina. Mas minha certeza de
67 onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”,
68 discursou antes de ser aplaudida de pé. A
69 ONU Mulheres trabalha com a meta de
70 alcançar a igualdade de gênero em escala
71 global até 2030 e bate na tecla da equidade
72 salarial reivindicada pelas mulheres no
73 futebol.
74 Uma das inspirações de Marta, que
75 atua no Orlando Pride dos Estados Unidos,
76 onde está desde 2017, é o movimento
77 de jogadoras da seleção norte-americana, que
78 entrou com ação coletiva contra a federação
79 local por discriminação de gênero
80 institucionalizada. Apesar de gerarem maior
81 receita de bilheteria que a seleção masculina,
82 elas alegam disparidade de remuneração e
83 premiações em relação aos homens, que
84 recebem cerca de cinco vezes mais para
85 defender o país. Mesmo sabendo da realidade
86 diferente amargada pelo futebol feminino no
87 Brasil, em que a maioria das jogadoras nem
88 sequer tem carteira assinada, Marta aproveita
89 a onda de protestos para cobrar
90 patrocinadores por equiparação.
91 Neste campo dos patrocínios, ela
92 começa a se movimentar e querer desfrutar,
93 inclusive financeiramente, do status de
94 influenciadora. No último jogo do Brasil na
95 fase de grupos, ela entrou em campo com um
96 indefectível batom de cor “sangria”, uma
97 ação, ela disse quando perguntada, para a
98 marca Avon — neste domingo, escolheu um
99 vermelho fechado. A repercussão em várias
100 páginas e publicações reforça o apelo
101 midiático da craque como uma personalidade
102 capaz de estender sua bandeira em outros
103 campos. Já foi destaque no jornal The New
104 York Times e na revista de moda Vogue Brasil,
105 que estampa a jogadora na capa de sua
106 edição de julho com a chamada “A vez de
107 Marta”. A publicação ressalta que
108 a importância da jogadora não está
109 condicionada ao resultado no Mundial, como
110 explica a editora-chefe Paula Merlo. “A taça é
111 um mero detalhe para o quão longe ela
112 chegou e para tudo o que representa para
113 esta e para as próximas gerações”.
114 Desde que se tornou a grande
115 referência da modalidade, Marta vem sendo
116 cobrada por assumir posicionamentos mais
117 incisivos pela valorização das mulheres no
118 futebol.
119 Embaixadora da causa pelo
120 empoderamento das mulheres e também do
121 futebol feminino no Brasil, Marta mostrou,
122 pelo menos em seus pronunciamentos e
123 atitudes nesta Copa do Mundo, que se
124 convenceu da importância de marcar posição
125 além do gramado. Depois de bater o recorde
126 no Mundial, contra a Itália, se convertendo na
127 maior artilheira de todos os tempos do
128 torneio, com 17 gols, ela dedicou o feito a
129 todas as atletas. “Hoje temos uma mulher
130 como a maior goleadora das Copas. Esse
131 recorde não representa só a jogadora Marta,
132 mas todas as mulheres num esporte
133 ainda visto por muitos como masculino”,
134 disse, olhando para várias câmeras,
135 reafirmando ainda o compromisso de defender
136 os direitos das que se inspiram em seu
137 exemplo fora do esporte. “Eu divido com
138 vocês que lutam e batalham em todos os
139 setores e ainda têm de provar que são
140 capazes de desempenhar qualquer tipo de
141 atividade. É nosso!”
Considerando a progressão temática no texto, é correto afirmar que o tema é