Questões de Concurso Para analista - letras

Foram encontradas 514 questões

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Q793292 Português
Texto 10
A complicada arte de ver
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca" Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales" de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê" Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra" Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
ALVES, Rubem. A complicada arte de ver. Disponível em: Acessado em 31 de março de 2014. 
Verifique se as afirmativas abaixo estão em consonância com o texto 10 e identifique as verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ). ( ) No início do texto, em "Ela entrou, deitou-se no divã e disse", a coesão sequencial é estabelecida por encadeamento temporal das ações que culmina com a introdução de discurso direto por verbo dicendi. ( ) Em "Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria!" (primeiro parágrafo), o uso do travessão intercala a fala do narrador no discurso da personagem. ( ) O enunciado "Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente" (quarto parágrafo) apresenta rela­ções de temporalidade e de comparação entre os constituintes. ( ) O termo "epifania" (quarto parágrafo) pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por "ilustração". ( ) Em "Seus olhos não viam a beleza. viam o lixo." (quarto parágrafo), o item sublinhado tem valor persuasivo, estabelecendo uma contrajunção ao introduzir uma proposição que orienta em direção contrária a força argumentativa do enunciado anterior. Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo. 
Alternativas
Q793291 Português
Texto 10
A complicada arte de ver
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca" Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales" de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê" Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra" Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
ALVES, Rubem. A complicada arte de ver. Disponível em: Acessado em 31 de março de 2014. 
Assinale a alternativa correta em relação ao texto 10.
Alternativas
Q793290 Português
Considere o excerto abaixo. "[P]ode-se dizer que se a modalidade é, essencialmente, um conjunto de relações entre o locutor, o enunciado e a realidade objetiva, é cabível propor que não existam enunciados não-modalizados. Do ponto de vista comunicativo-pragmático, na verdade, a modalidade pode ser considerada uma categoria automática, já que não se concebe que o falante deixe de marcar de algum modo o seu enunciado em termos de verdade do fato expresso, bem como que deixe de imprimir nele certo grau de certeza sobre essa marca." (NEVES, M. H. M. Texto e Gramática. São Paulo: Contexto, 2010, p. 152) Analise as afirmativas a seguir: 1. A intenção dos falantes não interfere na modalização dos enunciados, uma vez que a modalidade é uma categoria automática. 2. O excerto faz menção à modalidade epistêmica, que concerne à atitude do falante em face do conteúdo enunciado. 3. Modalidade e modalização dizem respeito a fenômenos diferentes, estando o primeiro vinculado à dimensão gramatical das categorias verbais e o segundo à dimensão discursiva. 4. A modalidade deve ser vista como uma categoria gradiente e não polarizada. 5. O estudo da modalidade deve considerar aspectos extralinguísticos relacionados à interação social. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas
Alternativas
Q793289 Português
Texto 9
Etimologias?
Um dos mitos mais sólidos relativos às línguas é o da existência, em algum momento da história, de uma língua perfeita, da qual as línguas hoje existentes seriam formas decaídas. Há pelo menos duas manifestações diárias desse mito: uma é a etimologia (feita a sério ou a golpes de picareta, a forma mais comum e de mais sucesso, por parecer simples); outra é o clamor contra qualquer forma popular ou inovadora da língua (por exemplo, uma variação da concordância ou da expressão da possibilidade, da hipótese, do desejo, o tal do subjuntivo, quando não pela ocorrência de grafias 'erradas; como se viu pela reação diante do nome da bola da Copa, 'brazuca, com 'z').
POSSENTI, Sírio. Etimologias? Instituto Ciência Hoje. Publicado em 28/09/2012. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/ palavreado/etimologias. Acesso em 24/05/2014.
Assinale a alternativa correta em consonância com o texto 9.
Alternativas
Q793288 Português
Texto 9
Etimologias?
Um dos mitos mais sólidos relativos às línguas é o da existência, em algum momento da história, de uma língua perfeita, da qual as línguas hoje existentes seriam formas decaídas. Há pelo menos duas manifestações diárias desse mito: uma é a etimologia (feita a sério ou a golpes de picareta, a forma mais comum e de mais sucesso, por parecer simples); outra é o clamor contra qualquer forma popular ou inovadora da língua (por exemplo, uma variação da concordância ou da expressão da possibilidade, da hipótese, do desejo, o tal do subjuntivo, quando não pela ocorrência de grafias 'erradas; como se viu pela reação diante do nome da bola da Copa, 'brazuca, com 'z').
POSSENTI, Sírio. Etimologias? Instituto Ciência Hoje. Publicado em 28/09/2012. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/ palavreado/etimologias. Acesso em 24/05/2014.
Assinale a alternativa correta, considerando o texto 9.
Alternativas
Respostas
411: C
412: A
413: E
414: D
415: E