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Texto I para as questões de 1 a 7.
Judeus, solitários & fantasmas
1. Será que o anti-semitismo ainda surpreende
alguém? Eu julgava que não. Lembrando as célebres
palavras do satirista Karl Kraus (1874-1936) sobre
a Viena do seu tempo ("O anti-semitismo é tão
comum que até os judeus o praticam"), deixei de
prestar atenção aos delírios anti-semitas que se
produzem todos os dias. Caso contrário, seria
impossível ler jornais ou assistir a programas de
TV. O anti-semitismo é tão comum que toda gente
o pratica.
12. Errei. Parcialmente, mas errei. Afinal, ainda
há surpresas. O Reino Unido está em chamas com
os escândalos das sucessivas afirmações anti-
semitas no Partido Trabalhista.
16. Tempos atrás, uma deputada afirmou que
Israel deveria ser "recolocado" nos Estados Unidos –
uma forma simpática de apagar Israel do mapa do
Oriente Médio, exatamente como o Irã e seus
satélites (o Hamas, o Hizbullah) pretendem fazer
pela força das armas. Foi um mini-escândalo.
22. Agora, veio o escândalo maior: o ex-mayor
de Londres, Ken Livingstone, defendeu a camarada
e acrescentou alguns "pensamentos" sobre a
matéria. Hitler, disse ele, foi um grande apoiante do
projeto sionista.
27. Não vale a pena perder tempo com a
sabedoria de Livingstone: no "The Daily
Telegraph", o colunista Charles Moore lembrou
que essa fantasia nem sequer é original. Ela foi
produzida por Lenni Brennan no livro "Zionism in
the Age of Dictators", um livro que nenhum
historiador sério leva a sério.
34. O que interessa no escândalo em curso é
que ele permite ressuscitar todo o histórico anti-
semita de uma parte da esquerda britânica – e, já
agora, da esquerda europeia.
38. Sobre o anti-semitismo da direita, há poucas
dúvidas e poucas surpresas: o ódio aos judeus
sempre fez parte da cartilha mais radical. Mas na
história desta vergonha, o mundo esquece por vezes
como o anti-semitismo também marchou com a
esquerda.
44. Karl Marx, nas suas tiradas anti-capitalistas,
nunca poupou o seu próprio povo – um povo de
trambicagens que alimentavam a máquina
capitalista e retardavam a revolução.
Stalin, apesar da retórica anti-fascista,
também contribuiu com deportações e execuções
para dizimar a espécie dentro e fora da União
Soviética.
52. E, no contexto da Guerra Fria, a dicotomia
"exploradores" e "explorados" – ou, como Charles
Moore prefere, entre "colonialistas" e
"colonizados" – assentou como uma luva nas
interpretações simplórias sobre o conflito israelo
palestino.
58. Você pode não saber nada sobre o conflito –
origens, guerras, "acordos de paz" etc. Mas uma
coisa você sabe: Israel "explora"; os "palestinos"
são "explorados". Fim de discussão.
62. Foi assim que se chegou ao irracionalismo de hoje: com o álibi de "Israel", o mais antigo ódio
do mundo pode ser exercido de consciência limpa.
Até porque "anti-sionismo" é diferente de "anti-
semitismo", certo?
67. Em teoria, com certeza. Mas, na prática,
muitos dos "anti-sionistas" não discutem
racionalmente o conflito entre Israel e os palestinos
com o mesmo tom com que dissertam sobre
conflitos territoriais entre a Índia e o Paquistão;
entre a Rússia e os chechenos; entre a China e o
Tibete; e etc. etc.
No meio de dezenas de conflitos territoriais,
Israel apaixona as plateias porque Israel, bem vistas
as coisas, tem judeus lá dentro.
COUTINHO, João Pereira. Folha de S. Paulo, 2/5/2016.
A partir da leitura do texto I, assinale a opção incorreta.
Texto I para as questões de 1 a 7.
Judeus, solitários & fantasmas
1. Será que o anti-semitismo ainda surpreende
alguém? Eu julgava que não. Lembrando as célebres
palavras do satirista Karl Kraus (1874-1936) sobre
a Viena do seu tempo ("O anti-semitismo é tão
comum que até os judeus o praticam"), deixei de
prestar atenção aos delírios anti-semitas que se
produzem todos os dias. Caso contrário, seria
impossível ler jornais ou assistir a programas de
TV. O anti-semitismo é tão comum que toda gente
o pratica.
12. Errei. Parcialmente, mas errei. Afinal, ainda
há surpresas. O Reino Unido está em chamas com
os escândalos das sucessivas afirmações anti-
semitas no Partido Trabalhista.
16. Tempos atrás, uma deputada afirmou que
Israel deveria ser "recolocado" nos Estados Unidos –
uma forma simpática de apagar Israel do mapa do
Oriente Médio, exatamente como o Irã e seus
satélites (o Hamas, o Hizbullah) pretendem fazer
pela força das armas. Foi um mini-escândalo.
22. Agora, veio o escândalo maior: o ex-mayor
de Londres, Ken Livingstone, defendeu a camarada
e acrescentou alguns "pensamentos" sobre a
matéria. Hitler, disse ele, foi um grande apoiante do
projeto sionista.
27. Não vale a pena perder tempo com a
sabedoria de Livingstone: no "The Daily
Telegraph", o colunista Charles Moore lembrou
que essa fantasia nem sequer é original. Ela foi
produzida por Lenni Brennan no livro "Zionism in
the Age of Dictators", um livro que nenhum
historiador sério leva a sério.
34. O que interessa no escândalo em curso é
que ele permite ressuscitar todo o histórico anti-
semita de uma parte da esquerda britânica – e, já
agora, da esquerda europeia.
38. Sobre o anti-semitismo da direita, há poucas
dúvidas e poucas surpresas: o ódio aos judeus
sempre fez parte da cartilha mais radical. Mas na
história desta vergonha, o mundo esquece por vezes
como o anti-semitismo também marchou com a
esquerda.
44. Karl Marx, nas suas tiradas anti-capitalistas,
nunca poupou o seu próprio povo – um povo de
trambicagens que alimentavam a máquina
capitalista e retardavam a revolução.
Stalin, apesar da retórica anti-fascista,
também contribuiu com deportações e execuções
para dizimar a espécie dentro e fora da União
Soviética.
52. E, no contexto da Guerra Fria, a dicotomia
"exploradores" e "explorados" – ou, como Charles
Moore prefere, entre "colonialistas" e
"colonizados" – assentou como uma luva nas
interpretações simplórias sobre o conflito israelo
palestino.
58. Você pode não saber nada sobre o conflito –
origens, guerras, "acordos de paz" etc. Mas uma
coisa você sabe: Israel "explora"; os "palestinos"
são "explorados". Fim de discussão.
62. Foi assim que se chegou ao irracionalismo de hoje: com o álibi de "Israel", o mais antigo ódio
do mundo pode ser exercido de consciência limpa.
Até porque "anti-sionismo" é diferente de "anti-
semitismo", certo?
67. Em teoria, com certeza. Mas, na prática,
muitos dos "anti-sionistas" não discutem
racionalmente o conflito entre Israel e os palestinos
com o mesmo tom com que dissertam sobre
conflitos territoriais entre a Índia e o Paquistão;
entre a Rússia e os chechenos; entre a China e o
Tibete; e etc. etc.
No meio de dezenas de conflitos territoriais,
Israel apaixona as plateias porque Israel, bem vistas
as coisas, tem judeus lá dentro.
COUTINHO, João Pereira. Folha de S. Paulo, 2/5/2016.
Com relação ao valor semântico das palavras e expressões empregadas no texto, assinale a opção incorreta.
Texto I para as questões de 1 a 7.
Judeus, solitários & fantasmas
1. Será que o anti-semitismo ainda surpreende
alguém? Eu julgava que não. Lembrando as célebres
palavras do satirista Karl Kraus (1874-1936) sobre
a Viena do seu tempo ("O anti-semitismo é tão
comum que até os judeus o praticam"), deixei de
prestar atenção aos delírios anti-semitas que se
produzem todos os dias. Caso contrário, seria
impossível ler jornais ou assistir a programas de
TV. O anti-semitismo é tão comum que toda gente
o pratica.
12. Errei. Parcialmente, mas errei. Afinal, ainda
há surpresas. O Reino Unido está em chamas com
os escândalos das sucessivas afirmações anti-
semitas no Partido Trabalhista.
16. Tempos atrás, uma deputada afirmou que
Israel deveria ser "recolocado" nos Estados Unidos –
uma forma simpática de apagar Israel do mapa do
Oriente Médio, exatamente como o Irã e seus
satélites (o Hamas, o Hizbullah) pretendem fazer
pela força das armas. Foi um mini-escândalo.
22. Agora, veio o escândalo maior: o ex-mayor
de Londres, Ken Livingstone, defendeu a camarada
e acrescentou alguns "pensamentos" sobre a
matéria. Hitler, disse ele, foi um grande apoiante do
projeto sionista.
27. Não vale a pena perder tempo com a
sabedoria de Livingstone: no "The Daily
Telegraph", o colunista Charles Moore lembrou
que essa fantasia nem sequer é original. Ela foi
produzida por Lenni Brennan no livro "Zionism in
the Age of Dictators", um livro que nenhum
historiador sério leva a sério.
34. O que interessa no escândalo em curso é
que ele permite ressuscitar todo o histórico anti-
semita de uma parte da esquerda britânica – e, já
agora, da esquerda europeia.
38. Sobre o anti-semitismo da direita, há poucas
dúvidas e poucas surpresas: o ódio aos judeus
sempre fez parte da cartilha mais radical. Mas na
história desta vergonha, o mundo esquece por vezes
como o anti-semitismo também marchou com a
esquerda.
44. Karl Marx, nas suas tiradas anti-capitalistas,
nunca poupou o seu próprio povo – um povo de
trambicagens que alimentavam a máquina
capitalista e retardavam a revolução.
Stalin, apesar da retórica anti-fascista,
também contribuiu com deportações e execuções
para dizimar a espécie dentro e fora da União
Soviética.
52. E, no contexto da Guerra Fria, a dicotomia
"exploradores" e "explorados" – ou, como Charles
Moore prefere, entre "colonialistas" e
"colonizados" – assentou como uma luva nas
interpretações simplórias sobre o conflito israelo
palestino.
58. Você pode não saber nada sobre o conflito –
origens, guerras, "acordos de paz" etc. Mas uma
coisa você sabe: Israel "explora"; os "palestinos"
são "explorados". Fim de discussão.
62. Foi assim que se chegou ao irracionalismo de hoje: com o álibi de "Israel", o mais antigo ódio
do mundo pode ser exercido de consciência limpa.
Até porque "anti-sionismo" é diferente de "anti-
semitismo", certo?
67. Em teoria, com certeza. Mas, na prática,
muitos dos "anti-sionistas" não discutem
racionalmente o conflito entre Israel e os palestinos
com o mesmo tom com que dissertam sobre
conflitos territoriais entre a Índia e o Paquistão;
entre a Rússia e os chechenos; entre a China e o
Tibete; e etc. etc.
No meio de dezenas de conflitos territoriais,
Israel apaixona as plateias porque Israel, bem vistas
as coisas, tem judeus lá dentro.
COUTINHO, João Pereira. Folha de S. Paulo, 2/5/2016.
Com base no texto I, assinale a opção correta.
Texto I para as questões de 1 a 7.
Judeus, solitários & fantasmas
1. Será que o anti-semitismo ainda surpreende
alguém? Eu julgava que não. Lembrando as célebres
palavras do satirista Karl Kraus (1874-1936) sobre
a Viena do seu tempo ("O anti-semitismo é tão
comum que até os judeus o praticam"), deixei de
prestar atenção aos delírios anti-semitas que se
produzem todos os dias. Caso contrário, seria
impossível ler jornais ou assistir a programas de
TV. O anti-semitismo é tão comum que toda gente
o pratica.
12. Errei. Parcialmente, mas errei. Afinal, ainda
há surpresas. O Reino Unido está em chamas com
os escândalos das sucessivas afirmações anti-
semitas no Partido Trabalhista.
16. Tempos atrás, uma deputada afirmou que
Israel deveria ser "recolocado" nos Estados Unidos –
uma forma simpática de apagar Israel do mapa do
Oriente Médio, exatamente como o Irã e seus
satélites (o Hamas, o Hizbullah) pretendem fazer
pela força das armas. Foi um mini-escândalo.
22. Agora, veio o escândalo maior: o ex-mayor
de Londres, Ken Livingstone, defendeu a camarada
e acrescentou alguns "pensamentos" sobre a
matéria. Hitler, disse ele, foi um grande apoiante do
projeto sionista.
27. Não vale a pena perder tempo com a
sabedoria de Livingstone: no "The Daily
Telegraph", o colunista Charles Moore lembrou
que essa fantasia nem sequer é original. Ela foi
produzida por Lenni Brennan no livro "Zionism in
the Age of Dictators", um livro que nenhum
historiador sério leva a sério.
34. O que interessa no escândalo em curso é
que ele permite ressuscitar todo o histórico anti-
semita de uma parte da esquerda britânica – e, já
agora, da esquerda europeia.
38. Sobre o anti-semitismo da direita, há poucas
dúvidas e poucas surpresas: o ódio aos judeus
sempre fez parte da cartilha mais radical. Mas na
história desta vergonha, o mundo esquece por vezes
como o anti-semitismo também marchou com a
esquerda.
44. Karl Marx, nas suas tiradas anti-capitalistas,
nunca poupou o seu próprio povo – um povo de
trambicagens que alimentavam a máquina
capitalista e retardavam a revolução.
Stalin, apesar da retórica anti-fascista,
também contribuiu com deportações e execuções
para dizimar a espécie dentro e fora da União
Soviética.
52. E, no contexto da Guerra Fria, a dicotomia
"exploradores" e "explorados" – ou, como Charles
Moore prefere, entre "colonialistas" e
"colonizados" – assentou como uma luva nas
interpretações simplórias sobre o conflito israelo
palestino.
58. Você pode não saber nada sobre o conflito –
origens, guerras, "acordos de paz" etc. Mas uma
coisa você sabe: Israel "explora"; os "palestinos"
são "explorados". Fim de discussão.
62. Foi assim que se chegou ao irracionalismo de hoje: com o álibi de "Israel", o mais antigo ódio
do mundo pode ser exercido de consciência limpa.
Até porque "anti-sionismo" é diferente de "anti-
semitismo", certo?
67. Em teoria, com certeza. Mas, na prática,
muitos dos "anti-sionistas" não discutem
racionalmente o conflito entre Israel e os palestinos
com o mesmo tom com que dissertam sobre
conflitos territoriais entre a Índia e o Paquistão;
entre a Rússia e os chechenos; entre a China e o
Tibete; e etc. etc.
No meio de dezenas de conflitos territoriais,
Israel apaixona as plateias porque Israel, bem vistas
as coisas, tem judeus lá dentro.
COUTINHO, João Pereira. Folha de S. Paulo, 2/5/2016.
Em relação ao texto I, assinale a opção incorreta.
Leia o fragmento de notícia abaixo que trata do processo de impeachment:
Brasília - O governo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação do processo de impeachment contra a presidente [...], em um movimento indicando que o Palácio do Planalto não tem os votos necessários para barrar o impedimento na votação marcada para domingo na Câmara dos Deputados.
A Advocacia Geral da União (AGU) informou nesta quinta-feira que entrou com a ação no Supremo porque o processo contém "vícios" que impedem sua continuidade, o que foi prontamente rebatido pela oposição.
"Nós cumprimos as regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal diante da lei do impeachment e também do regimento interno da Câmara e da Constituição", acrescentou [um deputado da oposição]. (Fonte: Adaptado de PARAGUASSU, Lisandra. Governo aciona Supremo para anular processo de impeachment. Disponível em . Notícia de 16/04/2016, acesso em 07/11/2016.
A partir da notícia e de seus conhecimentos sobre a estrutura política do Estado brasileiro, assinale a alternativa CORRETA: