Questões de Concurso
Para engenheiro civil
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O Oriente Médio tem sido foco de inúmeros conflitos nas últimas décadas. Assinale a alternativa que indica um dos motivos do recente acirramento das tensões entre o governo de Israel e do Irã.
Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou e decidiu sobre a constitucionalidade de uma importante lei, capaz de influenciar o processo eleitoral.
Assinale a alternativa que indica a lei e a decisão em questão.
A Associação Brasileira de Supermercados e o Governo do Estado de São Paulo assinaram um acordo que deve banir a sacola plástica em muitas redes varejistas daquele Estado.
Assinale a alternativa que indica uma das restrições dos ambientalistas ao uso das sacolas desse material.
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 01 A 05, LEIA O EXCERTO DO TEXTO “O LUGAR DE CADA PALAVRA”, DE ALDO BIZZOCCHI.
O lugar de cada palavra
Perguntar o que os signos significam é o primeiro passo para quem quer entender o mundo
Aldo Bizzocchi
1 ____ Para que servem as palavras? Essa pergunta pode parecer absurda, mas, se
2 pararmos para refletir, veremos que as palavras são nossa principal conexão com o
3 mundo. Apenas não podemos conceber aquilo que não podemos nomear. As palavras
4 são os signos que mais diretamente representam nossa visão de mundo. É evidente
5 que palavras podem ser decompostas em signos menores, mas não pensamos nem
6 nos expressamos por radicais ou afixos: são as palavras que estão na memória,
7 estocadas para serem postas em discurso. E nem todas - talvez uma minoria - podem
8 ser traduzidas por outros signos, desenhos, gestos, ruídos.
9 ____ Nem todas as palavras representam "coisas" do mundo exterior à linguagem:
10 palavras puramente gramaticais como preposições, conjunções e artigos são o cimento
11 que une os tijolos da comunicação, como substantivos, adjetivos, verbos e advérbios.
12 Estes são chamados de palavras lexicais, cheias ou exteroceptivas porque nos
13 remetem ao "mundo", a vivências físicas ou mentais que abstraímos e guardamos na
14 mente sob a forma de conceitos. Já as palavras gramaticais são chamadas de vazias
15 ou interoceptivas porque não representam conceitos, só exercem funções na própria
16 língua, como conectar ou substituir palavras cheias.
17 ____ A economia proporcionada pela linguagem articulada consiste no fato de que
18 podemos usar um número finito, embora relativamente grande, de signos para dar conta
19 de um número de vivências concretas que tende ao infinito.
20 ____ Além de Platão, outros pensadores, como Kant, Frege, Russell e Wittgenstein
21 se fizeram a pergunta "O que os signos significam?". Essa é talvez a mais importante
22 questão da filosofia da linguagem.
23 ____ Trata-se de constatar que não podemos conhecer o mundo em que vivemos
24 sem a mediação dos signos. Alguns filósofos chegaram mesmo a supor que a própria
25 realidade é uma ilusão criada pela linguagem e, portanto, o conhecimento em si é
26 simplesmente impossível.
27 ____ Aliás, as únicas formas de conhecimento a priori, que independem da
28 experiência, são a lógica e a matemática, justamente dois exemplos de linguagem
29 formal. Ou seja, podemos lidar com a linguagem sem a realidade, mas não podemos
30 lidar com a realidade sem a linguagem.
[com adaptações] http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11913
Pode-se afirmar que o texto acima é um(a)
TEXTO: asdasdasdasdasdasdasdasdasdasdasdasdasdsasdasdasdasdadsasd
a Convivas de boa memória
sdaHá dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique. Um antigo dizia arrenegar de conviva que tem boa memória. A vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto a prova de ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome de tal antigo; mas era um antigo, e basta.
sdaNão, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram! Eu não atino com a das que enfiei ontem. Juro só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.
sdaE antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as coisas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.
sdaÉ que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.
(Assis, de Machado. Dom Casmurro – Editora Scipione – 1994 – pág. 65)
A alternativa em que o sinônimo da palavra sublinhada está INCORRETO é:
Sobre o crescimento populacional de Rondônia, pode-se afirmar que:
I - nas décadas de 70 e 80 do século XX, o aumento da população coincidiu com o programa de colonização implantado pelo INCRA;
II - as políticas agrícolas implementadas no final do século XX aceleraram a urbanização no Estado de Rondônia;
III - logo após as duas guerras mundiais, muitos europeus decidiram deixar o continente arrasado e iniciar uma nova vida na América, especificamente no Estado de Rondônia;
IV - a presença de um sistema integrado de transporte, criado a partir da construção da BR-364, integrando a Amazônia ao Centro-Sul, facilitou a mobilidade espacial da população em direção a Rondônia.
Estão corretas, apenas, as afirmativas:
Considera-se como um dos fatores determinantes da criação do Estado de Rondônia o(a):
Durante o desenrolar da chamada "questão acreana", alguns líderes defenderam a emancipação do Acre, tanto no que se refere à Bolívia, como em relação ao Brasil. Contudo, essa proposta não se concretizou, entre outros motivos, porque:
Assinale a opção em que está correto o uso do acento indicativo da crase.
A ausência do sinal gráfico de acentuação cria outro sentido para a palavra:
Assinale a opção em que há uso INADEQUADO da regência verbal, segundo a norma culta da língua.
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
Qual das frases a seguir está corretamente pontuada?
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
Assinale a sentença em que há ERRO na concordância nominal.
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
Analise as frases a seguir, quanto ao uso do acento indicativo de crase.
I – Heloísa não sabe se a comida está à altura dos convidados.
II – Os telefones começaram a tocar à partir daquele momento.
III – Ao sair à rua, percebeu que esquecera o celular.
IV – A moça teria de informar se o pagamento seria feito à vista ou à prazo.
O acento indicativo de crase está empregado de forma totalmente correta APENAS nas frases
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
O barulho no local era tão alto que o homem, coitado, saiu rápido.
Indique o único período que mantém exatamente o mesmo sentido da oração apresentada acima, embora com outra estrutura.
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
A autora considera que vive a vida dos outros nos momentos em que
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
No final do quinto parágrafo, a expressão “Pobres estômagos” dá a entender que
A vida dos outros
Almoço fora todos os dias. Isso não é problema,
porque meu escritório fica em local muito movimenta-
do e com grande variedade de restaurantes. Em ge-
ral, prefiro aqueles que oferecem comida a quilo, essa
5 maravilhosa invenção moderna (há quem garanta ser
invenção brasileira) que permite comer na medida cer-
ta, sem desperdícios, e observar os pratos antes de
fazer a escolha.
Mas gosto dos restaurantes a quilo também por
10 outra razão: são feitos sob medida para os solitários.
Neles, reinam os introvertidos, os retraídos, os tími-
dos. Você entra, escolhe, pesa, se senta, come, paga
e vai embora. Se não quiser, não precisa conversar
com ninguém, emitir um som, pronunciar uma só pa-
15 lavra.
Talvez por isso, os restaurantes a quilo vivam api-
nhados de pessoas sozinhas. Neles, elas não têm
qualquer pudor de se sentar à mesa sem ter compa-
nhia, nem nos fins de semana, que é tempo de famí-
20 lia, amigos, congregação. Os restaurantes a quilo são
também muito frequentados por turistas, pois é um
conforto para eles entrar e comer num lugar em que
não precisam tentar se entender com pessoas que só
falam essa língua secreta chamada português.
25___O restaurante a quilo é o lugar onde a palavra é
supérflua e onde deveria reinar o silêncio. Pois é –
deveria. Mas o que ocorre é justamente o contrário. E
por quê? Por culpa do telefone celular.
Por alguma razão, as pessoas precisam falar ao
30 celular quando se sentam para comer. Resolvem as-
suntos pendentes, pedem informações, fazem enco-
mendas, fecham negócios ou mesmo batem papo com
o amigo ou amiga que não vêem há tempos – e tudo
isso enquanto mastigam e engolem o almoço. Pobres
35 estômagos.
E pobre de mim. Não consigo ficar indiferente ao
que está sendo dito nos celulares à minha volta. As-
sim que a conversa se estabelece, começo a prestar
atenção ao que está sendo dito e, daqui a pouco, qua-
40 se sem perceber, me vejo vivendo a vida dos outros.
Sofro, brigo, peço ou dou informação, falo de traba-
lho, marco reuniões, fico estressada com a mercado-
ria que não chegou – e tudo sem ter nada a ver com
isso.
45___Outro dia, durante um almoço, participei de duas
conversas inquietantes. A primeira foi quando uma jo-
vem na mesa à minha esquerda atendeu um telefone-
ma a respeito de uma encomenda. Do outro lado do
fio, alguém tinha dúvidas e queria que ela confirmas-
50 se certas coisas. Não consegui entender a que produ-
to se referiam, mas sei que a moça parou de comer e,
segurando o celular entre a orelha e o ombro, catou
na bolsa um caderninho e repetiu, aos gritos (a liga-
ção parecia estar ruim), números de série do artigo
55 encomendado. Enquanto isso, a comida em seu prato
esfriava. E a minha também. Como eu poderia comer
sem ver aquele assunto resolvido?
Mal ela desligou e já tocava o celular de outra
senhora, duas ou três mesas à minha frente. Estava
60 encoberta e não pude ver-lhe o rosto. Mas acompa-
nhei, acabrunhada, sua conversa sobre a amiga inter-
nada, que acabara de ser operada. Perdi a fome de
vez.
Com o advento do celular, minha vida ficou as-
65 sim. Já não tenho noção dos limites (onde acaba a
minha vida e começa a do outro?). Ou talvez tenham
sido as pessoas que perderam esses limites. Porque
a tecnologia transformou o mundo, mas não surgiram
novas regras para acompanhar as transformações.
70 Será que algum dia uma nova etiqueta vai entrar em
vigor, estabelecendo que é falta de educação falar
enquanto se almoça num restaurante (estando ou não
de boca cheia)? Espero que sim. Mas enquanto isso
não acontece, vou vivendo a vida dos outros.
SEIXAS, Heloisa. Disponível em: www.selecoes.com.br.
Acesso em: set. 2008. (Adaptado).
Nos restaurantes a quilo, “...a palavra é supérflua...” (l. 25-26) porque