Leia o texto para responder à questão.
Enfrentamento ao racismo une trajetórias de
pensadores do Brasil e dos EUA
Com formação histórica marcada pelo sequestro e tráfico
de pessoas africanas e um longo processo de escravidão,
Brasil e Estados Unidos possuem sociedades estruturadas
pelo racismo. Nem sempre as expressões da discriminação
racial são semelhantes em ambos os países, mas as formas
de superação por vezes são convergentes.
Um livro lançado na última semana lança luz sobre esses
processos de estruturação do racismo e tentativas de superações nestas nações, por meio da trajetória de dois intelectuais
negros que tiveram a relevância intelectual e ativista apagada ao longo da história. Em Travessias no Atlântico Negro:
reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino,
a autora Sabrina Gledhill apresenta as táticas destas duas
figuras emblemáticas no combate antirracista na virada do
século XIX.
Nascido em Santo Amaro da Purificação, Recôncavo
Baiano, em 1851, Manuel Querino foi um abolicionista, jornalista, líder operário, político, pintor e professor de desenho
industrial. Ele é considerado o fundador da história da arte
baiana e dos estudos da culinária popular da Bahia. Booker
T. Washington, nascido escravo na Virginia (EUA), em 1856,
após a alforria, trabalhou como zelador para custear seus
estudos no Instituto Hampton, depois fundou o Instituto
Normal e Industrial Tuskegee. Washington se dedicou aos
ex-escravizados que enfrentavam o grande desafio do
analfabetismo, já que as leis escravistas os proibiam de ler ou
escrever. Como foco comum, os dois apostaram na educação
e na divulgação de imagens positivas de pessoas negras.
Para a autora, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos,
a visão dominante sobre o negro no século XIX e no início do
século XX era de uma massa de escravos ou recém-libertos,
marginalizada, analfabeta e avessa ao trabalho. A existência
de intelectuais, artistas e cientistas negros neste período nega
este estereótipo. Por isso, Manuel R. Querino e Booker T.
Washington ajudaram a divulgar biografias de pessoas negras.
Eles tinham consciência da importância de se contar essas
histórias para quebrar estereótipos.
(André Santana, Uol, 07 de novembro de 2020. Adaptado)