A questão refere-se ao texto a seguir.
Embora tenha construído uma carreira artística com obras muito
mais apreciadas e debatidas por adultos, Tarsila do Amaral é ainda
hoje dona de uma popularidade que a faz ser conhecida inclusive
por crianças em estágios iniciais da educação. De 1928, Abaporu
provavelmente é a pintura mais reproduzida pelos pequenos em suas
primeiras experiências em aulas de Artes. É para este público que é
feito “Tarsilinha”, animação em longa-metragem com direção da dupla
Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, a mesma de “Peixonauta: O Filme”.
Ainda assim, os responsáveis adultos que acompanharão os rebentos
nas sessões de cinema e futuras exibições em streaming de alguma
forma serão contemplados. A premissa inclusive sinaliza para aquele
que é um dos grandes temores de indivíduos em um estágio avançado
da vida, sendo a perda progressiva da memória. A pequena Tarsilinha
(na voz de Alice Barion) passa a maior parte do dia aos cuidados de sua
mãe (voz de Maira Chasseroux), que repentinamente tem um “apagão
mental” ao perder objetos pessoais de grande importância emocional.
A aventura começa quando Tarsilinha parte por conta própria em uma
viagem para reaver os souvenires, parando em destinos que reproduzem
um sem número de cenários e personagens eternizados nas telas de
Tarsila do Amaral. Apesar da ideia original e da valorização de uma
matéria-prima nacional, falta a “Tarsilinha” um roteiro que fosse capaz
de ir além de frases feitas e diminutivos. Além do mais, fãs da Tarsila do
Amaral podem não ser conquistados em cheio pela técnica animada
aqui aplicada, uma junção de 2D e 3D que não confere vivacidade e
contraste à concepção minimalista.
Entrevista com os diretores Célia Catunda e Kiko Mistrorigo sobre “Tarsilinha” (Disponível em:
https://cineresenhas.com.br/2022/03/21/resenha-critica-tarsilinha-2021/. Acesso em 02 mai.2022)