Questões de Concurso
Para analista - taquígrafo
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enquanto traço de união entre os interlocutores, ela só se realiza no processo da compreensão em que há ação e interação. Sob este
prisma, o signo, ideológico, se realiza, então, na . Há que se compreender que cada palavra emitida, segundo Bakhtin (1981,
p.113), "é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém". A significação é
efeito da interação do locutor e do receptor, produzido através do material de um determinado complexo sonoro.
Podemos ainda nos reportar à Bakhtin, quando este nos mostra que a realidade da consciência é a linguagem, que os
conteúdos da consciência são linguísticos. Portanto, sem linguagem não se pode falar em psiquismo humano, mas somente em
processos fisiológicos ou processos do sistema nervoso, pois não há uma atividade mental independente da linguagem.
(Adaptado de Ribeiro, O. M. "Direito e linguística: uma relação de complementaridade". Revista Jurídica Unijus vol. 3, n. 1, Nov. 2000,
Uberaba, UNIUBE. p. 85)
enquanto traço de união entre os interlocutores, ela só se realiza no processo da compreensão em que há ação e interação. Sob este
prisma, o signo, ideológico, se realiza, então, na . Há que se compreender que cada palavra emitida, segundo Bakhtin (1981,
p.113), "é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém". A significação é
efeito da interação do locutor e do receptor, produzido através do material de um determinado complexo sonoro.
Podemos ainda nos reportar à Bakhtin, quando este nos mostra que a realidade da consciência é a linguagem, que os
conteúdos da consciência são linguísticos. Portanto, sem linguagem não se pode falar em psiquismo humano, mas somente em
processos fisiológicos ou processos do sistema nervoso, pois não há uma atividade mental independente da linguagem.
(Adaptado de Ribeiro, O. M. "Direito e linguística: uma relação de complementaridade". Revista Jurídica Unijus vol. 3, n. 1, Nov. 2000,
Uberaba, UNIUBE. p. 85)
quais a diversidade linguística atua como um recurso comunicativo de forma a permitir que os interlocutores se baseiem em
conhecimentos e paradigmas relativos às diferentes maneiras de articulação da língua para categorizar eventos, inferir intenções e
antever situações que poderão ocorrer. Se, de acordo com GOFFMAN (1974), retomado em GUMPERS (1989), uma elocução pode
ser entendida de diferentes modos, as pessoas podem interpretar uma determinada elocução
do que está acontecendo no
momento da interação, num dado contexto histórico-social.
GUMPERS (1989), em seus trabalhos, propôs alguns procedimentos que serviram para identificar estratégias de interpretações
disponíveis aos falantes, seguindo as pistas de contextualização, que se apresentam na forma dos traços linguísticos ou não
linguísticos que contribuem para assinalar as pressuposições contextuais. Assim, de acordo com esse autor, é possível, a partir
dessas pistas, conhecer as causas do mal-entendido, ou os problemas de comunicação.
(Extraído de Kappel, I. B. de A., Parreira, M. S., Ribeiro, O. M. Construção, destruição e (re)construção do sentido: uma análise do malentendido
na interpretação de um texto legal. Revista Jurídica Unijus. vol. 3, n. 1, Nov. 2000, Uberaba, UNIUBE. p. 45)
quais a diversidade linguística atua como um recurso comunicativo de forma a permitir que os interlocutores se baseiem em
conhecimentos e paradigmas relativos às diferentes maneiras de articulação da língua para categorizar eventos, inferir intenções e
antever situações que poderão ocorrer. Se, de acordo com GOFFMAN (1974), retomado em GUMPERS (1989), uma elocução pode
ser entendida de diferentes modos, as pessoas podem interpretar uma determinada elocução
do que está acontecendo no
momento da interação, num dado contexto histórico-social.
GUMPERS (1989), em seus trabalhos, propôs alguns procedimentos que serviram para identificar estratégias de interpretações
disponíveis aos falantes, seguindo as pistas de contextualização, que se apresentam na forma dos traços linguísticos ou não
linguísticos que contribuem para assinalar as pressuposições contextuais. Assim, de acordo com esse autor, é possível, a partir
dessas pistas, conhecer as causas do mal-entendido, ou os problemas de comunicação.
(Extraído de Kappel, I. B. de A., Parreira, M. S., Ribeiro, O. M. Construção, destruição e (re)construção do sentido: uma análise do malentendido
na interpretação de um texto legal. Revista Jurídica Unijus. vol. 3, n. 1, Nov. 2000, Uberaba, UNIUBE. p. 45)
I. A Análise do Discurso estabelece uma tipologia das diferentes formações discursivas, de modo a destacar constantes de articulação entre o linguístico e o social.
II. O termo sociolinguística recobre trabalhos diversos, tais como: etnografia da comunicação, variação linguística, variação fonética e mantém interface até mesmo com a Análise de Discurso.
III. Segundo Benveniste, a "linguagem está de tal forma organizada que permite a cada locutor apropriar-se da língua toda designando-se como eu".
É correto o que consta em
A língua pode ser estudada a partir de três planos de análise, tomando em consideração os diferentes tipos de vinculações que os signos mantêm entre si: com ; com ; com . "A primeira vinculação é chamada sintaxe; a segunda, semântica; a terceira, pragmática. (....) Mediante tais níveis, tenta-se estabelecer regras que, apesar de não serem inerentes às linguagens, permitem sua análise".
(Adaptado de Kozick, K. "Semiologia jurídica: da semiologia política à semiologia do desejo". Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos, Bauru, n. 25, p. 63-75, abr./jul. 1999, p. 65)
As lacunas X, Y e Z são, correta e respectivamente, preenchidas por:
A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria geral Ela difere da Linguística por sua maior abrangência: enquanto a Linguística é o estudo científico , a Semiologia preocupa-se com todo e qualquer sistema , seja ele natural ou convencional. Por esse ângulo, a Linguística insere-se como uma parte da Semiologia. Semiologia e Semiótica são termos permutáveis.
(Adaptado de Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF). Saussure e a Língua Portuguesa, http://www.filologia.org.br/viisenefil/09.htm. Acesso em 02 de fevereiro de 2010.)
As lacunas J, K e L são, correta e respectivamente, preenchidas por:
I. Fui encarregado de redigir um relatório.
II. Esse relatório está sendo aguardado com grande expectativa.
III. Dependendo do que nele se relatar, o diretor será destituído.
Essas afirmações organizam-se com clareza e correção no seguinte período:
No texto acima,
I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento.
II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atribuindo- lhe um sentido inteiramente inadequado.
III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo.
IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o deixam em paz.
Atende ao enunciado APENAS o que está em
Indique a afirmação INCORRETA sobre o texto acima.
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
A clareza, a correção formal e o conteúdo básico da frase acima não sofrem prejuízo nesta outra construção:
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
I. No 1º parágrafo, insinua-se que o conforto de um status prestigiado e a desenvoltura argumentativa de um discurso não costumam ocorrer concomitantemente.
II. No 2º parágrafo, afirma-se que, para Graciliano Ramos, não existe neutralidade em qualquer discurso porque o poder das palavras não guarda necessária relação com outras esferas do poder.
III. No 3º parágrafo, admite-se que deixar um aluno estacionado no patamar de um uso linguístico que já é o seu constitui um modo de privá-lo tanto do poder objetivo como do caráter artístico da linguagem.
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)
NÃO se encontra índice dessa relação apenas neste segmento:
àquilo que não tem voz, quando dá um nome àquilo que ainda
não tem um nome, e especialmente àquilo que a linguagem política
exclui ou tenta excluir. Refiro-me, pois, aos aspectos, situações,
linguagens tanto do mundo exterior como do mundo
interior; às tendências reprimidas no indivíduo e na sociedade.
A literatura é como um ouvido que pode escutar além daquela
linguagem que a política entende; é como um olho que pode ver
além da escala cromática que a política percebe. Ao escritor,
precisamente por causa do individualismo solitário do seu trabalho,
pode acontecer explorar regiões que ninguém explorou
antes, dentro ou fora de si; fazer descobertas que cedo ou tarde
resultarão em campos essenciais para a consciência coletiva.
Essa ainda é uma utilidade muito indireta, não intencional,
casual. O escritor segue o seu caminho, e o acaso ou as
determinações sociais e psicológicas levam-no a descobrir alguma
coisa que pode se tornar importante também para a ação
política e social.
Mas há também, acredito eu, outro tipo de influência,
não sei se mais direta, mas decerto mais intencional por parte
da literatura, isto é, a capacidade de impor modelos de linguagem,
de visão, de imaginação, de trabalho mental, de correlação
dos fatos, em suma, a criação (e por criação entendo
organização e escolha) daquele gênero de valores modelares
que são a um tempo estéticos e éticos, essenciais em todo
projeto de ação, especialmente na vida política.
Se outrora a literatura era vista como espelho do mundo,
ou como uma expressão direta dos sentimentos, agora nós não
conseguimos mais esquecer que os livros são feitos de palavras,
de signos, de procedimentos de construção; não podemos
esquecer que o que os livros comunicam por vezes permanece
inconsciente para o próprio autor, que em todo livro há uma
parte que é do autor e uma parte que é obra anônima e coletiva.
(Adaptado de Ítalo Calvino, Assunto encerrado)
àquilo que não tem voz, quando dá um nome àquilo que ainda
não tem um nome, e especialmente àquilo que a linguagem política
exclui ou tenta excluir. Refiro-me, pois, aos aspectos, situações,
linguagens tanto do mundo exterior como do mundo
interior; às tendências reprimidas no indivíduo e na sociedade.
A literatura é como um ouvido que pode escutar além daquela
linguagem que a política entende; é como um olho que pode ver
além da escala cromática que a política percebe. Ao escritor,
precisamente por causa do individualismo solitário do seu trabalho,
pode acontecer explorar regiões que ninguém explorou
antes, dentro ou fora de si; fazer descobertas que cedo ou tarde
resultarão em campos essenciais para a consciência coletiva.
Essa ainda é uma utilidade muito indireta, não intencional,
casual. O escritor segue o seu caminho, e o acaso ou as
determinações sociais e psicológicas levam-no a descobrir alguma
coisa que pode se tornar importante também para a ação
política e social.
Mas há também, acredito eu, outro tipo de influência,
não sei se mais direta, mas decerto mais intencional por parte
da literatura, isto é, a capacidade de impor modelos de linguagem,
de visão, de imaginação, de trabalho mental, de correlação
dos fatos, em suma, a criação (e por criação entendo
organização e escolha) daquele gênero de valores modelares
que são a um tempo estéticos e éticos, essenciais em todo
projeto de ação, especialmente na vida política.
Se outrora a literatura era vista como espelho do mundo,
ou como uma expressão direta dos sentimentos, agora nós não
conseguimos mais esquecer que os livros são feitos de palavras,
de signos, de procedimentos de construção; não podemos
esquecer que o que os livros comunicam por vezes permanece
inconsciente para o próprio autor, que em todo livro há uma
parte que é do autor e uma parte que é obra anônima e coletiva.
(Adaptado de Ítalo Calvino, Assunto encerrado)