Questões de Concurso
Para tecnólogo
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Pai Nosso que estás nos céus
Neste dia 19 de abril
Nos livre das professoras e professores que
pintam seus alunos com canetinhas hidrocor
Nos livre das escolas que colocam cocares de
papel nas crianças
Pai Nosso, que estás nos céus
Não deixem as professoras ensinarem para as
crianças que o Dia do Índio é uma homenagem
aos povos originários
Mantenha longe de Nós aqueles que repetem
as palavras:
Índio, Oca, Tribo, Selvagem, Pureza e Exótico
Afaste de Nós os bu-bu-bu feito com a mão na
boca
Senhor, perdoem aqueles que por
desconhecimento nos fazem uma imagem
estereotipada
Mas livre-os do desconhecimento e do
preconceito que os fazem acreditar que ainda
somos os indígenas de 1500
Amém!
Pai Nosso que estás nos céus
Neste dia 19 de abril
Nos livre das professoras e professores que
pintam seus alunos com canetinhas hidrocor
Nos livre das escolas que colocam cocares de
papel nas crianças
Pai Nosso, que estás nos céus
Não deixem as professoras ensinarem para as
crianças que o Dia do Índio é uma homenagem
aos povos originários
Mantenha longe de Nós aqueles que repetem
as palavras:
Índio, Oca, Tribo, Selvagem, Pureza e Exótico
Afaste de Nós os bu-bu-bu feito com a mão na
boca
Senhor, perdoem aqueles que por
desconhecimento nos fazem uma imagem
estereotipada
Mas livre-os do desconhecimento e do
preconceito que os fazem acreditar que ainda
somos os indígenas de 1500
Amém!
Me chamem de velha
Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”.
Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está.
Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam…”.
Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.
BRUM, Eliane. Disponível em: https://geledes.org.br. Acesso em: 02 mar. 2022.
Me chamem de velha
Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”.
Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está.
Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam…”.
Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.
BRUM, Eliane. Disponível em: https://geledes.org.br. Acesso em: 02 mar. 2022.
Me chamem de velha
Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”.
Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está.
Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam…”.
Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.
BRUM, Eliane. Disponível em: https://geledes.org.br. Acesso em: 02 mar. 2022.