Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Nossos sonhos estão repletos de originalidade. Seus elementos são velhos, nossas memórias do passado, mas as combinações são originais. As combinações compensam em variedade o que lhes falta em qualidade. Nossos sonhos misturam tempo,
lugares e pessoas.
Acordados, possuímos um fluxo de consciência que também contém uma série de erros. Mas podemos rapidamente corrigi-los
antes de expressá-los em voz alta. Podemos melhorar a frase ainda enquanto estamos falando. De fato, a maioria das frases que
pronunciamos nunca foi dita por nós antes. Nós elaboramos as frases no ato.
Também antecipamos o futuro de uma forma que nenhum outro animal pode fazer. Já que ainda não aconteceu, temos que
imaginar o que poderia acontecer. Frequentemente prevemos o futuro tomando atitudes correspondentes ao que supomos que irá
acontecer. Somos capazes de pensar antes de agir, supondo como objetos ou pessoas podem reagir diante de determinado curso da
ação.
Essa capacidade no ser humano é extraordinária quando comparada à de todos os outros animais. Ela leva certo tempo para
se desenvolver nas crianças. Por volta da época em que elas começam a ir à escola, os adultos passam a esperar que consigam
prever consequências.
A habilidade de prever as consequências do curso de uma ação é o fundamento da ética. O livre-arbítrio não implica somente
escolher entre as opções já conhecidas, mas também imaginar alternativas inusitadas. Muitos animais usam a técnica de tentativa e
erro diante da novidade, mas nós, humanos, fazemos isso “nos bastidores” antes de agir de fato. E podemos assim criar algo proveitoso. O processo de contemplação e ensaio mental está incluído no âmago de alguns dos atributos humanos mais estimados.
(Adaptado de: CALVIN, William H.. As coisas são assim. Org. John Brockman e Katinka Matson. Trad. Diogo Meyer e Suzana Sturlini Couto.
São Paulo, Cia das Letras, 1995, p. 164-165)