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Q2834911 Português

Texto para responder às questões de 01 a 10.


O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua goiabada-com-queijo.

Ele... Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:

— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?

— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.

— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?

— Macabéa.

— Maca-—o quê?

— Béa, foi ela obrigada a completar.

— Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele.

— Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...

— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.

Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:

— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?

Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo. Da terceira vez que se encontraram — pois não é que estava chovendo? — o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:

— Você também só sabe é mesmo chover!

— Desculpe.

Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se livrar dele, estava em desespero de amor.

Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome.

— Olímpico de Jesus Moreira Chaves — mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. Fora criado por um padrasto que lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aproveitar delas e lhe ensinara como pegar mulher.

— Eu não entendo o seu nome — disse ela. — Olímpico?

Macabéa fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido: — Eu sei mas não quero dizer!

— Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome.

[...] Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava “operário” e sim “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe.


LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, 30 jan. p. 43-45. (Fragmento)

O desenvolvimento do tema da narrativa, no fragmento apresentado, de Clarice Lispector, é marcado pela presença de um narrador:

Alternativas
Q2834426 Português

Texto para responder às questões de 01 a 10.


O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua goiabada-com-queijo.

Ele... Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:

— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?

— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.

— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?

— Macabéa.

— Maca-—o quê?

— Béa, foi ela obrigada a completar.

— Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele.

— Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...

— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.

Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:

— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?

Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo. Da terceira vez que se encontraram — pois não é que estava chovendo? — o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:

— Você também só sabe é mesmo chover!

— Desculpe.

Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se livrar dele, estava em desespero de amor.

Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome.

— Olímpico de Jesus Moreira Chaves — mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. Fora criado por um padrasto que lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aproveitar delas e lhe ensinara como pegar mulher.

— Eu não entendo o seu nome — disse ela. — Olímpico?

Macabéa fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido: — Eu sei mas não quero dizer!

— Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome.

[...] Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava “operário” e sim “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe.


LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, 30 jan. p. 43-45. (Fragmento)

Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.


I. A passagem “Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se livrar dele, estava em desespero de amor.” revela fragilidade e insegurança de Macabéa.

Il. O trecho “— Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele.” Apresenta humor deselegante.

III. As duas primeiras falas de Olímpico tentam forjar uma gentileza ultrapassada e forçada, posto que ele era um sujeito grosseiro.

IV. A aproximação entre as duas personagens — Macabéa e Olímpico — ocorre em virtude de sua condição de imigrantes nordestinos que lograram êxito longe de sua terra natal.


Está correto o que se afirma apenas em:

Alternativas
Q2830165 Arquitetura de Software

Assinale a alternativa que apresenta a estrutura de mensagem contida no envelope de comunicação do protocolo SOAP.

Alternativas
Q2830162 Arquitetura de Software

O SOAP (Simple Object Access Protocol) é um protocolo para troca de informações estruturadas entre plataformas distribuídas. Em qual formato de arquivo o SOAP se baseia para seu formato de mensagem?

Alternativas
Q2830159 Arquitetura de Software

Em um ambiente de sistemas WEB, qual das aplicações abaixo pode ser utilizada como interface de comunicação entre o usuário e o software?

Alternativas
Q2830158 Arquitetura de Software

Um atributo de uma classe, definido como privete na linguagem Java, pode ser acessado somente:

Alternativas
Q2830157 Arquitetura de Software

Sobre o padrão de projeto Builder é CORRETO afirmar que:

Alternativas
Q2830156 Arquitetura de Software

Com base em desenvolvimento de sistemas utilizando a linguagem Java, assinale a alternativa que apresenta um framework amplamente utilizado para mapeamento objeto relacional (ORM).

Alternativas
Q2830154 Arquitetura de Software

O que são ferramentas CASE?

Alternativas
Q2830147 Arquitetura de Software

Com base na linguagem PHP, qual dos comandos abaixo é utilizado para iniciar os dados de uma sessão?

Alternativas
Q2830144 Arquitetura de Software

Com base nas regras de orientação a objetos da linguagem Java, analise o código abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


public class Cachorro extends Animal, Mamifero {

…. conteúdo ….

}

Alternativas
Q2830140 Arquitetura de Software

Sobre a linguagem de programação PHP, a função isset é utilizada para:

Alternativas
Q2830134 Arquitetura de Software

Com base no código Java abaixo, responda:


public static void main(String[] args) {

Set<String> lista = new HashSet<>();

lista.add("Fulano");

lista.add("Ciclano");

lista.add("fulano");

lista.add("Ciclano");

lista.add("Maria");

}


Quantos elementos a lista possui?

Alternativas
Q2830125 Arquitetura de Software

Para a disponibilização de uma aplicação WEB com Java, é necessária a sua implantação em um servidor WEB compatível. Com base nas alternativas abaixo, identifique qual servidor NÃO pode ser utilizado para executar uma aplicação Java WEB.

Alternativas
Q2830121 Arquitetura de Software

Sobre junção (JOIN) de tabelas em banco de dados, assinale a alternativa que apresenta uma condição que NÃO é valida para ser utilizada em uma junção interna no banco de dados PostgreSQL.

Alternativas
Q2830115 Arquitetura de Software

Sobre linguagens de consulta em banco de dados (DML), a função AVG no banco de dados PostgreSQL é utilizada para:

Alternativas
Q2830110 Arquitetura de Software

O que são triggers em banco de dados?

Alternativas
Q2830097 Arquitetura de Software

Sobre o modelo Entidade Relacionamento em banco de dados, assinale a alternativa que apresenta a definição de atributos em uma Entidade.

Alternativas
Q2830093 Arquitetura de Software

Com base em análise e projeto de sistemas, as regras de negócio de um software podem ser definidas como:

Alternativas
Q2830092 Arquitetura de Software

Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma característica da UML.

Alternativas
Respostas
9221: E
9222: B
9223: A
9224: B
9225: D
9226: C
9227: B
9228: C
9229: A
9230: D
9231: C
9232: A
9233: B
9234: D
9235: B
9236: C
9237: A
9238: B
9239: D
9240: A