Questões de Concurso Sobre colocação pronominal em português

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Q2162217 Português
Texto CB1A7

     Quando está triste, coxeia. É assim desde o começo, quando deu os primeiros passos agarrado ao armário branco da casa de seus pais. Começou a andar direito e assim prosseguiu o caminho habitual dos homens, mas sempre que alguma coisa correu menos bem (uma bolacha que lhe foi recusada, uma sopa que o forçaram a sorver, um grito que ouviu a meio do dia, um beijo que lhe foi deixado em suspensão) ele perdeu a força numa das pernas. Hoje, varado de saudade da ex-mulher, caminha sozinho e coxo pelas ruas escuras da aldeia. Não se preocupa nem um pouco com a chuva que o encharca da cabeça aos pés, nem com o frio. Leva sim a mão à perna direita como quem tenta trazê-la à razão. E pela primeira vez em quarenta anos repara: a dor não vem do joelho nem do pé, nem sequer vem do osso epicôndilo medial. É o nervo ciático que lhe dói. Atravessa-lhe a perna inteira mas insiste mesmo é na coxa. A mesma sob a qual todos aqueles que lhe fizeram promessas colocaram a mão, mas logo em velocidade a retiraram. Continua então o seu caminho pela aldeia, agarrado aos muros brancos, sem grande epifania, só mais dorido que o habitual. Coxeia, porque quando está triste ele coxeia.

Matilde Campilho. In: Flecha. São Paulo: Editora 34, 2022.
Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A7, julgue os itens a seguir.

I Em “Não se preocupa nem um pouco com a chuva” (quinto período), o pronome “se” poderia ser corretamente empregado logo após a forma verbal preocupa, escrevendo-se Não preocupa-se.
II Em “mas logo em velocidade a retiraram” (décimo período), a forma pronominal “a” refere-se a “coxa”, no período anterior.
III A inserção de uma vírgula logo após “chuva” (quinto período) prejudicaria a correção gramatical do texto.

Assinale a opção correta. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: VUNESP Órgão: DPE-SP Prova: VUNESP - 2023 - DPE-SP - Oficial de Defensoria |
Q2161505 Português
Leia o texto para responder à questão.


Democracia fraca afeta o PIB

        Uma pesquisa sobre o desenvolvimento de mais de 160 países com realidades políticas variadas, no período de 1960 a 2018, comparou o desempenho de regimes democráticos com aqueles nos quais a democracia é parcial, incompleta ou, em uma palavra, instável. A conclusão foi inequívoca: no longo prazo, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita das chamadas democracias defeituosas, iliberais ou híbridas cresceu cerca de 20% menos do que em regimes democráticos estáveis. A democracia é fator de avanço econômico.

        Os autores do estudo são economistas vinculados a instituições europeias: Nauro Campos, da Universidade College London; Fabrizio Coricelli, da Paris School of Economics; e Marco Frigerio, da Universidade de Siena. Segundo eles, uma das consequências negativas da instabilidade democrática é a prevalência de visões de curto prazo. “A instabilidade induz a comportamento míope com o objetivo de obter rendas no curto prazo e desconsiderar os efeitos a longo prazo”, diz o texto. Uma revisão bibliográfica apontou que essa visão curto-prazista típica de regimes instáveis acaba diminuindo investimentos no setor produtivo.

        A democracia, segundo outro pesquisador citado no estudo, aumenta as chances de reformas econômicas e de ampliação das matrículas na educação básica. Segundo o professor Nauro Campos, em entrevista ao jornal O Globo, democracias frágeis e debilitadas prejudicam a execução de políticas públicas. Um exemplo disso é a nomeação de pessoas despreparadas para órgãos técnicos que prestam serviços à população. Esse tipo de problema, afirmou Campos, faz cair a confiança nas instituições.

        O regime democrático prevê direitos civis, sociais, políticos e de propriedade. Capaz de solucionar pacificamente conflitos por meio da política, em vez da guerra, a democracia é chave também para o crescimento econômico.

(Opinião. https://www.estadao.com.br/opiniao, 26.01.2023.Adaptado) 
Assinale a alternativa em que a pontuação, a colocação pronominal e a concordância verbal atendem à norma-padrão. 
Alternativas
Q2160587 Português
Leia o texto para responder à questão.

China, Índia e a nova ordem social

        Há séculos a China é o país mais populoso do planeta. Na última década se tornou também o maior produtor industrial, maior exportador, com as maiores reservas internacionais e, em poder de compra, a maior economia. Mas, no dia 15, o governo anunciou o primeiro declínio populacional desde os anos 60. Naquela época foi algo episódico – consequência da fome –, mas agora será contínuo: em 2050, a população deverá ser 8% menor. A ONU projeta que a população da Índia ultrapassará a da China em abril, e crescerá até um pico, em 2064, de 1,7 bilhão, 50% maior que a da China. Isso não significa que a Índia conquistará as outras primazias da China. Mas tentará. E essa competição moldará o século 21.

        A redução demográfica chinesa foi fabricada. Após a fome causada pelo “Grande Salto Adiante” maoísta, o Partido Comunista ativou suas políticas de controle, com a campanha “mais tarde, mais longo, menos” – adiar casamentos, ampliar o intervalo entre os filhos e ter menos filhos. Em 1980, implementou a política “um filho”, envolvendo esterilizações e abortos forçados. O milagre econômico chinês resultou em parte da alteração abrupta na proporção entre adultos em idade de trabalho e crianças. Mas, agora que a população está envelhecendo, o peso dos idosos cobrará seu preço. A força de trabalho encolhe há anos, retesando a economia, e o sistema de seguridade está mal equipado. A mais ambiciosa política populacional da história foi não só um crime, mas está se provando um tiro no pé. O Partido reverteu sua política de natalidade, oferecendo dinheiro por mais filhos, acesso à fertilização in vitro e restringindo o aborto – mas sem sucesso.

        No passado, a Índia também implementou controles draconianos, incluindo esterilizações em massa. Mas seu insucesso lhe dá agora vantagens comparativas. Sua população não só está crescendo, como é significativamente mais jovem que a da China. Metade tem menos de 30 anos. Com esse bônus demográfico – mais trabalhadores do que dependentes –, a Índia é uma das economias que cresceram mais rápido nos últimos anos, ultrapassou a do Reino Unido como a quinta maior, e até 2030 deve se tornar a terceira maior.

(Opinião. https://www.estadao.com.br/opiniao, 24.01.2023. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a colocação do pronome átono destacado está em conformidade com a norma- -padrão.
Alternativas
Q2160550 Português
Os idiotas da objetividade

    Sou da imprensa anterior ao copy desk. Tinha treze anos quando me iniciei no jornal, como repórter de polícia. Na redação não havia nada da aridez atual e pelo contrário: — era uma cova de delícias. O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis. Mas tinha a compensação da glória. Quem redigia um atropelamento julgava-se um estilista. E a própria vaidade o remunerava. Cada qual era um pavão enfático. Escrevia na véspera e no dia seguinte via-se impresso, sem o retoque de uma vírgula. Havia uma volúpia autoral inenarrável. E nenhum estilo era profanado por uma emenda, jamais.
    Durante várias gerações foi assim e sempre assim. De repente, explodiu o copy desk. Houve um impacto medonho. Qualquer um na redação, seja repórter de setor ou editorialista, tem uma sagrada vaidade estilística. E o copy desk não respeitava ninguém. Se lá aparecesse um Proust, seria reescrito do mesmo jeito. Sim, o copy desk instalou-se como a figura demoníaca da redação.
    Falei no demônio e pode parecer que foi o Príncipe das Trevas que criou a nova moda. Não, o abominável Pai da Mentira não é o autor do copy desk. Quem o lançou e promoveu foi Pompeu de Sousa. Era ainda o Diário Carioca, do Senador, do Danton. Não quero ser injusto, mesmo porque o Pompeu é meu amigo. Ele teve um pretexto, digamos assim, histórico, para tentar a inovação.
     Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime passional, terminou assim a matéria: — “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente folclórico. Não sei e talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos — o copy desk.
    Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam.
    Rapidamente, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: — a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com seu perfil de lord Byron, disse para mim, risonhamente: — “Eu sou um idiota da objetividade”.
    Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: — “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: — o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
    E toda a imprensa passou a usar a palavra “objetividade” como um simples brinquedo auditivo. A crônica esportiva via times e jogadores “objetivos”. Equipes e jogadores eram condenados por falta de objetividade. Um exemplo da nova linguagem foi o atentado de Toneleros. Toda a nação tremeu. Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional. Podia ser até a guerra civil. Em menos de 24 horas o Brasil se preparou para matar ou para morrer. E como noticiou o Diário Carioca o acontecimento? Era uma catástrofe. O jornal deu-lhe esse tom de catástrofe? Não e nunca. O Diário Carioca nada concedeu à emoção nem ao espanto. Podia ter posto na manchete, e ao menos na manchete, um ponto de exclamação. Foi de uma casta, exemplar objetividade. Tom estrita e secamente informativo. Tratou o drama histórico como se fosse o atropelamento do Zezinho, ali da esquina.
    Era, repito, a implacável objetividade. E, depois, Getúlio deu um tiro no peito. Ali estava o Brasil, novamente, cara a cara com a guerra civil. E que fez o Diário Carioca? A aragem da tragédia soprou nas suas páginas? Jamais. No princípio do século, mataram o rei e o príncipe herdeiro de Portugal (segundo me diz o luso Álvaro Nascimento, o rei tinha o olho perdidamente azul). Aqui, o nosso Correio da Manhã abria cinco manchetes. Os tipos enormes eram um soco visual. E rezava a quinta manchete: “HORRÍVEL EMOÇÃO!”. Vejam vocês: — “HORRÍVEL EMOÇÃO!”.
    O Diário Carioca não pingou uma lágrima sobre o corpo de Getúlio. Era a monstruosa e alienada objetividade. As duas coisas pareciam não ter nenhuma conexão: — o fato e a sua cobertura.
    Estava um povo inteiro a se desgrenhar, a chorar lágrimas de pedra. E a reportagem, sem entranhas, ignorava a pavorosa emoção popular. Outro exemplo seria ainda o assassinato de Kennedy.
     Na velha imprensa as manchetes choravam com o leitor. A partir do copy desk, sumiu a emoção dos títulos e subtítulos. E que pobre cadáver foi Kennedy na primeira página, por exemplo, do Jornal do Brasil. A manchete humilhava a catástrofe. O mesmo e impessoal tom informativo. Estava lá o cadáver ainda quente. Uma bala arrancara o seu queixo forte, plástico, vital. Nenhum espanto da manchete. Havia um abismo entre o Jornal do Brasil e a tragédia, entre o Jornal do Brasil e a cara mutilada. Pode-se falar na desumanização da manchete.
     O Jornal do Brasil, sob o reinado do copy desk, lembra- -me aquela página célebre de ficção. Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa. Tiro e bordoada em quantidade. A lavadeira veio espiar a briga. Lá adiante, numa colina, viu um baixinho olhando por um binóculo. Ali estava Napoleão e ali estava Waterloo. Mas a santa mulher ignorou um e outro; e veio para dentro ensaboar a sua roupa suja. Eis o que eu queria dizer: — a primeira página do Jornal do Brasil tem a mesma alienação da lavadeira diante dos napoleões e das batalhas.
    E o pior é que, pouco a pouco, o copy desk vem fazendo do leitor um outro idiota da objetividade. A aridez de um se transmite ao outro. Eu me pergunto se, um dia, não seremos nós 80 milhões de copy desks? Oitenta milhões de impotentes do sentimento. Ontem, falava eu do pânico de um médico famoso. Segundo o clínico, a juventude está desinteressada do amor ou por outra: — esquece antes de amar, sente tédio antes do desejo. Juventude copy desk, talvez. 
    Dirá alguém que o jovem é capaz de um sentimento forte. Tem vida ideológica, ódio político. Não sei se contei que vi, um dia, um rapaz dizer que dava um tiro no Roberto Campos. Mas o ódio político não é um sentimento, uma paixão, nem mesmo ódio. É uma pura, vil, obtusa palavra de ordem.

(RODRIGUES, Nelson. Os idiotas da objetividade. In: __________. A cabra vadia: novas confissões. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. p. 30-33.)
Assinale a única alternativa em que o pronome destacado NÃO retoma corretamente o termo indicado entre colchetes.
Alternativas
Q2156451 Português

Leia, com atenção, o texto 01 a seguir para responder à questão que a ele se refere. 


Considere o trecho “Assim, estar em contato com um esporte ou atividade física regular nos traz bons resultados – físicos e psicológicos – e também nos conecta com o mundo e com a gente mesmo. Isso acaba se tornando um caminho para alinhar seus objetivos ao seu planejamento do cotidiano.” (Linhas 4-6 )
Analise as afirmativas a seguir, tendo em vista a estrutura morfossintática e semântica do referido trecho.
I - Os dois usos do pronome “nos” comprovam que esse pronome pode exercer tanto a função de objeto direto como de objeto indireto a depender da regência dos verbos. II - A próclise no trecho “e também nos conecta” é facultativa e poderia ser substituída, com igual correção, pela ênclise. III - O termo “Assim” está funcionando como o elemento de coesão e insere no trecho uma ideia de conclusão. IV - O pronome “isso” funciona como um termo anafórico, uma vez que retoma o que foi referido anteriormente. V - Os travessões poderiam ser substituídos por vírgulas ou parênteses com igual correção, sem que houvesse alteração de sentido do trecho.
Estão CORRETAS as alternativas 
Alternativas
Respostas
571: A
572: A
573: C
574: A
575: B