Das coisas existentes, algumas são encargos nossos;
outras não. São encargos nossos o juízo, o impulso, o desejo, a
repulsa — em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são
encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos
públicos — em suma: tudo quanto não seja ação nossa. Por
natureza, as coisas que são encargos nossos são livres,
desobstruídas, sem entraves. As que não são encargos nossos são
débeis, escravas, obstruídas, de outrem. Lembra então que, se
pensares livres as coisas escravas por natureza e tuas as de
outrem, tu te farás entraves, tu te afligirás, tu te inquietarás,
censurarás tanto os deuses como os homens. Mas se pensares teu
unicamente o que é teu, e o que é de outrem, como o é, de
outrem, ninguém jamais te constrangerá, ninguém te fará
obstáculos, não censurarás ninguém, nem acusarás quem quer
que seja, de modo algum agirás constrangido, ninguém te causará
dano, não terás inimigos, pois não serás persuadido em relação a
nada nocivo.
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Tradução de Aldo Dinucci.
Ao tratar da distinção entre o que depende de nós e o que não
depende de nós, o texto precedente apresenta princípios
filosóficos do