Questões de Vestibular de Filosofia
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Sobre a Liberdade Humana, analise os textos a seguir:
É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um Humanismo. São Paulo: 1973, p. 15.)
Com base no pensamento filosófico de Sartre sobre a liberdade, assinale a alternativa CORRETA.
Leia o texto a seguir:
Mesmo quando se pretendeu a política, a filosofia sempre teve significado político. Filosofando, o homem chega a si mesmo e encontra razão para moldar e julgar politicamente sua associação com os outros homens.
(JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico, São Paulo: Cultrix, 1999, p. 55. Adaptado)
O texto acima retrata, com clareza, a dimensão do saber filosófico no âmbito da política. Sobre esse
assunto, assinale a alternativa CORRETA.
O olhar sobre o Estado e a Política brasileiros não é outro senão o de ver os efeitos da grande influência exercida pelo positivismo no pensamento latino-americano. Conforme Aranha e Martins (2003, p. 142), “em 1876 é fundada a Sociedade Positivista do Brasil e em 1881 Miguel Lemos e Teixeira Mendes criam a Igreja e Apostolado Positivista do Brasil, cujo templo se situa na cidade do Rio de Janeiro. São eles também os idealizadores da bandeira brasileira, com o seu dístico ‘Ordem e Progresso’”. O que se vê é um processo de adoção da Filosofia Positiva de Ausgute Comte no que tange à racionalização da vida e da existência em função de um projeto político que visa ao desenvolvimento industrial e à ordem social. Esse filósofo, no século XIX, considerava “o monoteísmo correspondendo ao estado metafísico da humanidade” decadente e em crise.
Fonte: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando – introdução à filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 2003. p. 142.
Não diferentemente de outros países, o que se percebeu no Brasil, no século XX, é o desejo de uma industrialização
intensificada, o que provoca uma mudança política e social com a ascensão dos seguintes grupos ou classes,
denotando a valorização do conhecimento científico, EXCETO
“Como desejasse dedicar-me unicamente à pesquisa da verdade, achei melhor [...] rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, e isso para verificar se restaria, depois, alguma coisa em minha crença que fosse inteiramente indubitável. Assim, sabendo que os nossos sentidos às vezes nos enganam, quis supor que não havia nada que correspondesse exatamente ao que nos fazem imaginar. Assim [...] repeli como falsas todas as razões que antes tomara por demonstrações. [...] Mas, logo depois, observei que, enquanto pretendia assim considerar como falso, era forçoso que eu, ao pensar, fosse alguma coisa. Notei, então, que a verdade penso, logo existo era tão sólida e tão certa que nem mesmo as mais extravagantes suposições dos céticos poderiam abalá-la”.
Fonte: DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Atena, s/d. p. 41-42.
Descartes dedicou-se a encontrar uma forma de conhecer e compreender o mundo em seu entorno. Assim, a partir
do texto, identifique o método adotado e proposto por ele:
Na tirinha acima, o personagem Calvin se faz algumas perguntas que podemos caracterizar como sendo de cunho profundamente filosófico. Sobre a origem da filosofia, analise as afirmativas abaixo e, posteriormente, assinale a alternativa correta.
I. A Filosofia nascente é grega, isto é, surgiu na Grécia no século V a.C., e a invenção da palavra Filosofia, que é a junção de philos (amor) e sophia (sabedoria), significando amor à sabedoria, é atribuída a Pitágoras.
II. Ao contrário de disciplinas como a Física, não existe uma Filosofia, mas sim filosofias.
III. Para Platão, a filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Isso implica a posse ou aquisição de um conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível.
IV. A filosofia toma para si a árdua tarefa de debater problemas ou especular sobre problemas
que ainda não estão abertos aos métodos científicos: o bem e o mal, o belo e o feio, a ordem e
a liberdade, a vida e a morte.
A tira acima possibilita-nos refletir sobre os meios de comunicação de massa e a
influência que exercem sobre os indivíduos. Um dos grandes teóricos da
chamada Escola de Frankfurt, Teodor Adorno, dedicou parte de sua obra à
análise deste tema. Com base nos seus conhecimentos sobre a Escola de
Frankfurt, marque a alternativa correta.
A refilmagem, deste ano, do clássico personagem “Coringa” provocou discussões sobre seus significados no plano sociopolítico. Analisando as várias versões inspiradas no HQ da DC Comics, Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que afronta e interpõe limites a um território. O Coringa seria a face da comédia, Batman não se livra da face da tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido se coexiste com a vida da sobriedade. Coringa e Batman são indissociáveis. Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver no espelho. In Revista Amálgama. Disponível em: https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenhacoringa/. 2019.
Considerando a análise acima, é correto dizer que está amparada teoricamente
I- Apesar da “distância histórica” da obra de Platão (427-347 a.C), a mesma continua exercendo influência nos dias de hoje devido aos temas que suscita, relacionados à liberdade, alienação, ceticismo, dentre outros.
II- No Mito da Caverna, Platão demonstra, alegoricamente, a dualidade da existência humana, o conflito entre realidade e aparência.
III- O papel do filósofo no Mito da Caverna é desmistificar as diversas construções da “realidade”.
IV- Para Platão, a condição de quem vive nas sombras é digna da compaixão do filósofo.
“As experiências e erros do cientista consistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas vezes por escrito. Pode então tentar encontrar brechas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-a experimentalmente, ajudado por seus colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem encontrar uma brecha nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e esses testes pelo menos tão bem quanto suas concorrentes, será eliminada”. Fonte: POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado. São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e método científico, é CORRETO afirmar:
A Grécia Antiga é considerada o berço da Filosofia, tendo como registro de tempo o fim do século VII a. C. e o início do século VI a. C., nas colônias gregas da Ásia Menor, cidade de Mileto. Considera-se, também, como primeiro filósofo Tales de Mileto. Em Éfeso, encontra-se Heráclito, para quem tudo flui como as águas de um rio, nada é eterno. Em Eleia, desenvolve-se a Escola Eleática, em que se encontra Parmênides que se opõe à concepção de Heráclito, defendendo a tese de que existe um Ser Absoluto, imutável.
Assim, enquanto “Heráclito acha que as coisas que temos ante nós não são nunca, em nenhum momento, aquilo que são no momento anterior e no momento posterior; que as coisas estão mudando constantemente; que quando nós queremos fixar uma coisa e definir sua consistência, dizer em que consiste esta coisa, ela já não consiste no que consistia um momento antes” (MORENTE, M. Garcia. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1967), “[para Parmênides,] o ser não tem um “passado”, porque o passado é aquilo que não existe mais, nem um “futuro”, que ainda não existe, mas é “presente” eterno, sem início nem fim. Por conseguinte, o ser é também imutável, porque tanto a mobilidade quanto a mudança pressupõem um não ser para o qual deveria se mover ou no qual deveria se transformar”. (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulus, 1930. v. 3).
A partir das concepções dos pré-socráticos gregos Heráclito e Parmênides, pode-se afirmar que:
Toda a obra de Platão tem um profundo sentido ético. Três poderiam ser os eixos centrais, que comandam a ética platônica: primeiro, a justiça na ordem individual e social; segundo, a transcendência do Bem; terceiro, as virtudes humanas e a ordem política presididas pela justiça.
PEGORARO, Olinto. Ética dos maiores mestres através da história. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 25-26. (Adaptado).
O autor acima demarca alguns pontos singulares dos temas centrais da ética de Platão. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar que
Para Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética nem prática ou produtiva, mas um instrumento para as ciências. Eis por que o conjunto das obras lógicas aristotélicas recebeu o nome de Órganon, palavra grega que significa instrumento.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1996, p. 183.
A autora retrata a dimensão que tem a lógica como instrumento do pensamento no plano das obras da filosofia de Aristóteles. Com relação a esse assunto, é CORRETO afirmar que
Os trabalhos de Galileu e Descartes significam, para além de um simples progresso do conhecimento, uma radical mudança de perspectiva sobre o homem e o mundo: passamos da noção de um Cosmos hierarquizado de regiões distintas à de um Universo infinito e homogêneo, no qual a ciência, no sentido moderno, se manifesta.
JAPIASSU, Hilton. Como Nasceu a Ciência Moderna. Rio de Janeiro: Imago, p. 11, 2007.
O autor retrata alguns tópicos sobre as mudanças no âmbito da Ciência Moderna. Com relação a essa temática, é CORRETO afirmar que
Sobre a questão da liberdade em Spinoza, a filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o seguinte: “[...] o poder teológico-político é duplamente violento. Em primeiro lugar, porque pretende roubar dos homens a origem de suas ações sociais e políticas, colocando-as como cumprimento a mandamentos transcendentes de uma vontade divina incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de Estado’. Em segundo, porque as leis divinas reveladas, postas como leis políticas ou civis, impedem o exercício da liberdade, pois não regulam apenas usos e costumes, mas também a linguagem e o pensamento, procurando dominar não só os corpos, mas também os espíritos”.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista CULT, 14 de março de 2010. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/.
O poder teológico-político é violento, porque
No Brasil, na Argentina e em outros países da América Latina, os governos estão promovendo mudanças econômicas e de políticas públicas, mudanças essas conhecidas como liberais ou neoliberais. Nessas mais recentes políticas governamentais, o poder público transfere à economia de mercado a satisfação de determinadas carências dos cidadãos, que devem provê-las a partir do próprio esforço individual em uma economia mais fortemente caracterizada pela concorrência entre os indivíduos e por menos direitos sociais. Em seu tempo, o filósofo contratualista Jean-Jacques Rousseau, em seu Do Contrato Social, afirma que quanto menos felicidade a República é capaz de proporcionar aos cidadãos, mais eles terão que buscar, individualmente, a felicidade. A consequência é uma sociedade cada vez mais egoísta, desinteressada pela política e, por fim, agrilhoada por um déspota qualquer ou pela cobiça.
O texto acima apresenta duas opiniões conflitantes sobre a condução das políticas públicas. Considerando essas opiniões, assinale a afirmação verdadeira.
Um dos argumentos em favor do direito amplo ao armamento individual é o que afirma que cabe ao próprio indivíduo, e não ao Estado, a proteção de sua vida e de sua propriedade. Esse argumento pode ser entendido, nos termos da filosofia de Thomas Hobbes, como um “direito de natureza”, que o pensador inglês define no seguinte modo: “O direito de natureza é a liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim”.
HOBBES, Thomas. Leviatã, Parte I, cap. XIV. Trad. br. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983 – adaptado.
Com base na definição acima, considere as seguintes afirmações:
I. O direito de natureza não garante a vida de ninguém.
II. O direito de natureza não garante a propriedade individual.
III. O direito de natureza é igual para todos.
É correto o que se afirma em
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Livro II, 40. Trad. de Mario da Gama Kury. Brasília, DF: Editora da Universidade de Brasília, 2001.
Considerando as teses sobre o surgimento da filosofia na Grécia, essa passagem do famoso discurso do legislador ateniense Péricles, no segundo ano da Guerra do Peloponeso, apresenta elementos que nos remetem à tese de
“O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público manifestar repúdio à Nota Técnica Nº 11/2019 intitulada ‘Nova Saúde Mental’, publicada pela Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde, na última segunda-feira (4 [de fevereiro de 2019]). O teor do documento aponta um grande retrocesso nas conquistas estabelecidas com a Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216 de 2001), marco na luta antimanicomial ao estabelecer a importância do respeito à dignidade humana das pessoas com transtornos mentais no Brasil. A nota apresenta, entre outras questões que desconstroem a política de saúde mental, a indicação de ampliação de leitos em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas, dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs), incentivando assim o retorno à lógica manicomial. O Ministério da Saúde também passa a financiar a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia.”
CFP manifesta repúdio à nota técnica “Nova Saúde Mental” publicada pelo Ministério da Saúde. In: Site do Conselho Federal de Psicologia, publicado em 08/02/2019. Disponível em: https://site.cfp.org.br/cfp-manifesta-repudioa-nota-tecnica-nova-saude-mental-publicada-peloministerio-da-saude/
A crítica do Conselho Federal de Psicologia à nova política de saúde mental do governo brasileiro poderia encontrar apoio no pensamento liberal clássico
Atente para o seguinte trecho de um artigo de jornal: “Segundo o coordenador do Setor de Ciências Naturais e Sociais da Unesco no Brasil, Fabio Eon, os direitos humanos estão sendo alvo de uma onda conservadora que trata a expressão como algo politizado. — ‘Existe hoje uma tendência a enxergar direitos humanos como algo ideológico, o que é um equívoco. Os direitos humanos não são algo da esquerda ou da direita. São de todos, independentemente de onde você nasceu ou da sua classe social. É importante enfatizar isso para frear essa onda conservadora’ — ressalta Eon, que sugere um remédio para o problema: — ‘Precisamos promover uma cultura de direitos humanos’”.
Disponível em: O Globo. https://oglobo.globo.com/sociedade/os-direitos-humanosnao-sao-da-esquerda-ou-da-direita-sao-de-todos-23088573.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948. Já a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi aprovada durante a primeira fase da Revolução Francesa, pela Assembleia Nacional Constituinte.
No que diz respeito à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, é correto afirmar que
Observe a seguinte notícia: “O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de 2016. Em dezembro de 2014, era de 622.202. Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas. Cerca de 40% são presos provisórios, ou seja, ainda não possuem condenação judicial. Mais da metade dessa população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros. [...] Os crimes relacionados ao tráfico de drogas são os que mais levam as pessoas às prisões, com 28% da população carcerária total. Somados, roubos e furtos chegam a 37%. [...] Quanto à escolaridade, 75% da população prisional brasileira não chegaram ao Ensino Médio. Menos de 1% dos presos tem graduação”.
Fonte: AGÊNCIA BRASIL, 08/12-2017. Em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017- 12/populacao-carceraria-do-brasil-sobe-de-622202-para726712-pessoas
As informações apresentadas na notícia acima podem ser pensadas filosoficamente tomando-se por base
I. Foucault e sua teoria dos dispositivos disciplinares do poder.
II. Marx e sua teoria do Estado como instrumento da classe dominante.
III. Maquiavel e sua teoria do poder do príncipe.
IV. Aristóteles e seu conceito de justiça distributiva.
Estão corretas somente as complementações contidas
em