Questões de Vestibular
Sobre gêneros literários em literatura
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Senhora, partem tam tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém.
Tam tristes, tam saudosos, tam doentes da partida, tam cansados, tam chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tam tristes os tristes, Tam fora d’esperar bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém.
(João Reis de Castelo-Branco. In: Antologia da poesia portuguesa)
Sobre o texto acima, pertencente ao Trovadorismo Português, é correto afirmar que:
“Autos” são modalidades do teatro medieval cujo assunto é basicamente religioso. No Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, e no Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, a religião domina os temas.
Assinale a alternativa correta.
Texto I
“DIABO – Pois entrai! Eu tangerei e faremos um serão. Essa dama, é ela vossa? FRADE – Por minha a tenho eu, E sempre a tive de meu. DIABO – Fizestes bem, que é formosa! E não vos punham lá grosa [reprovação] No vosso convento santo? FRADE – E eles fazem outro tanto! DIABO – Que coisa tão preciosa... Entrai, padre reverendo! FRADE – Para onde levais gente? DIABO – Para aquele fogo ardente Que não temestes vivendo. (...) FRADE – (...) Como? Por ser namorado E folgar com uma mulher Se há-de um frade perder, Com tanto salmo rezado?”
Texto II
“(...) 27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. (...) 45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. (...) 48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar. (...)”
Sobre esses autores, é correto afirmar:
Sobre a ocorrência desses ditos ou expressões, podemos afirmar:
I - Os ditos e expressões acima demonstram uma pobreza vocabular por parte da dramaturga porque, longe de sair do esquema de apropriação vocabular regional ou local e de se valer de uma dinâmica de maior projeção linguístico-cultural, repete, através dos ditos e expressões, ideias já cimentadas no cancioneiro popular. II - A apropriação, pela dramaturga, de ditos e expressões do cotidiano popular dá um maior movimento e leveza às falas das personagens, de modo a criar, no leitor (ou no expectador), uma identificação não só com a variante linguística do homem comum, mas, e sobretudo, com a dinâmica do falar popular, através das imagens recorrentes e atualizadas nas expressões citadas. III - A recorrência, na peça, de expressões/ditos populares ratifica o papel regional ou local da representação literária, embora os conflitos internos das personagens e a dinâmica sociocultural em que elas estão inseridas apontem para questões humanas universais.
Está(ão) correta(s):
TEXTO 1
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço,
Aqui descansarei a quente sesta
Dormindo um leve sono em teu regaço;
Enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
toucarei teus cabelos de boninas,
nos troncos gravarei os teus louvores
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga)
TEXTO 2
UM SONETO PARA MARÍLIA
À maneira de Dirceu
Eis que um dia na mata se banhava
Enquanto o deus as costas lhe voltava.
Cupido... e estava nu, inteiramente,
Pois que deixara à margem da corrente
O arco terrível e a repleta aljava.
Só aguardava ocasião... E, de repente
As armas furta sorrateiramente,
Surgem então as fauces escarninhas
Dos silvanos e sátiros astutos.
Põem-se a vaiar o Amor, sem mais cautelas
Marília que, às ocultas, o espreitava
—Ah! Temíeis as frechas quando minhas!
(E o deus sorri) Vereis agora, ó brutos,
O que Marília há de fazer com elas!
(MARIO QUINTANA)
A respeito dos dois textos, observe os seguintes comentários:
I. Quanto ao gênero literário, o TEXTO 1 revela, encoberto na cena descritiva, um lirismo confessional, através do qual o eu poético expressa o seu amor, sua paixão.
II. O TEXTO 2 se constitui como paráfrase do TEXTO I, ao reproduzir as mesmas ideias deste.
III. O TEXTO 2 mostra um locutor mais distanciado dos sentimentos e do confessionalismo amoroso; quanto ao gênero literário, este texto traz uma tendência dominante do gênero narrativo.
IV. O TEXTO 2 contém insinuações humorísticas e sensuais que ‘desconstroem’ o clima lírico e confessional, presente na cena do TEXTO 1.
V. O TEXTO 2 centraliza seu foco de atenção à personagem Marília, numa tentativa de recuperar o confessionalismo amoroso escamoteado no TEXTO 1
VI. O TEXTO 2 desconstrói e dessacraliza a cena e o sentimento amoroso do TEXTO 1, constituindo-se como paródia deste.
Está CORRETO o que se afirmou
CITONHO Doutor Noêmio, desculpe a indiscrição. Andaram me falando de uma coisa, mas eu não quis de maneira nenhuma acreditar. Me disseram que o senhor é de uma raça que só come folha. DR. NOÊMIO Pois pode acreditar. Sou vegetariano e tenho muito orgulho disto. CITONHO Mas a gente vê umas neste mundo! Não está vendo que tomate e chuchu não dão sustança a ninguém?! Agora: feijão, farinha e carne, sim, isso é que é comida. Olhe aqui eu. Estou com mais de oitenta anos, só não como carne na Sexta-feira da Paixão – e olhe lá... Resultado: uma saúde de ferro: estou tinindo. DR. NOÊMIO Isso é o que o senhor pensa. Seu corpo está envenenado, meu velho, com toxinas até na ponta dos cabelos. Até na sombra.
[...]
FREDERICO Eu só rezo pra defunto. Interessa? Liás, cabra safado não serve pra morrer, só serve pra apanhar. E apanhar entre os bicos dos peitos e o caroço do imbigo, que é pra não deixar marcas da surra. Ah!, nós três num deserto: eu, você e um cacete de quixaba! Porque quixaba é o chá melhor que existe no mundo pra pancada. Assim, pra ganhar tempo, a gente dá logo a pisa com quixaba, porque está dando o castigo e o remédio. Mas já gastei muita cera com você. [...]
(LINS, Osman. Lisbela e o prisioneiro. São Paulo: Planeta, 2003. p. 22 e 25.)
Considerando a obra citada no texto 01, assinale a alternativa correta:
Em geral, a lírica é vista como o gênero que se caracteriza por expressar sentimentos e ideias íntimas de um sujeito poético. A poesia lírica seria, então, marcada sobretudo pela subjetividade, privilegiando o mundo interior em face ao mundo exterior.
Assinale a alternativa em que o fragmento do poema NÃO apresenta um eu-lírico correspondente ao que foi descrito acima.
Amor sem limite (fragmento)
Quando a gente ama alguém de verdade Esse amor não se esquece O tempo passa, tudo passa, mas no peito O amor permanece E qualquer minuto longe é demais A saudade atormenta Mas qualquer minuto perto é bom demais O amor só aumenta.
Vivo por ela Ninguém duvida Porque ela é tudo Na minha vida.
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Esta canção de Roberto e Erasmo Carlos situa a mulher num plano superior, de certa forma idealizada, e reserva ao eu-poético masculino a vassalagem amorosa. Desta forma, no cenário da poética medieval da literatura portuguesa, caracterizase a mulher nas cantigas de: