Questões de Vestibular
Sobre quinhentismo em literatura
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Leia o poema e observe a pintura a seguir para responder à questão.
Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci: oh quem cuidara,
Que entre pedras tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me ele declara
Centra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência mais se apura
COSTA, Claudio Manuel da. Soneto XCVIII. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
CARAVAGGIO, Michelangelo. Conversão de São Paulo – 1600-1601. Óleo sobre tela. Disponível em: <galleryhip.com>
Quando a suprema dor muito me aperta, se digo que desejo esquecimento, é força que se faz ao pensamento, de que a vontade livre desconcerta.
Assim, de erro tão grave me desperta a luz do bem regido entendimento, que mostra ser engano ou fingimento dizer que em tal descanso mais se acerta.
Porque essa própria imagem, que na mente me representa o bem de que careço, faz-mo de um certo modo ser presente.
Ditosa é logo a pena que padeço, pois que da causa dela em mim se sente um bem que, inda sem ver-vos, reconheço
Grandes autores constroem obras que perpassam não apenas gerações, mas períodos históricos. Não são poucos os poemas de Camões, nos quais encontramos temáticas extremamente atuais e que falam de angústias vividas pelo homem contemporâneo. Leia o soneto abaixo e assinale a alternativa correta.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soia
1) A mulher, nos versos de Camões, toma feições claras, bem definidas e assume a condição de uma companheira humana. 2) Nos seus poemas, odes, canções e redondilhas, a mulher amada aparece como um ser angelical e iluminado por uma áurea sobrenatural que lhe transfigura as feições carnais. 3) A figura feminina é quase sempre representada como um ser pecador, à beira do abismo, tentado pelo pecado e clamando por socorro.
Está(ão) corretas apenas:
Filho do Classicismo português, Luís Vaz de Camões sofreu influência de vários autores da Antiguidade. Quanto aos escritores que foram lidos e que terminaram por formar o gosto classicista do poeta lusitano, podemos incluir:
1) Virgílio.
2) Horácio.
3) Padre Antônio Vieira.
4) Petrarca.
5) Carlos Magno.
Estão corretas apenas:
Leia o trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.
GUAIXARÁ
Esta virtude estrangeira
Me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido,
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?
Só eu
permaneço nesta aldeia
como chefe guardião.
Minha lei é a inspiração
que lhe dou, daqui vou longe
visitar outro torrão.
Quem é forte como eu?
Como eu, conceituado?
Sou diabo bem assado.
A fama me precedeu;
Guaixará sou chamado
Meu sistema é o bem viver.
Que não seja constrangido
o prazer, nem abolido.
Quero as tabas acender
com meu fogo preferido
Boa medida é beber
cauim até vomitar.
Isto é jeito de gozar
a vida, e se recomenda
a quem queira aproveitar.
Partindo do trecho acima e da leitura da obra, todas as alternativas estão corretas, EXCETO
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
(...) os mitos e o imaginário fantástico medieval não foram subitamente subtraídos da mentalidade coletiva europeia durante o século XVI. (...) Conforme Laura de Mello e Sousa, “parece lícito considerar que, conhecido o Índico e desmitificado o seu universo fantástico, o Atlântico passará a ocupar papel análogo no imaginário do europeu quatrocentista”.
(VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem: expectativas, projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498- 1554). São Paulo: Annablume, 2010, p. 197)