Questões de Vestibular
Sobre vanguardas europeias em literatura
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É com base no mito da Arcádia que erguem suas doutrinas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os árcades procuram realizar obra semelhante à dos clássicos antigos. Daí a imitação dos modelos greco-latinos ser a primeira característica a considerar na configuração da estética arcádica.
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)
A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se ao estilo
Texto IV: base para a questão.
Um homem de consciência
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
— Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está acabando...
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
— É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada, botou-as num burro, montou no seu cavalo magro e partiu.
— Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
— Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
— Mas, como? Agora que você está delegado?
— Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus. E sumiu."
(Monteiro Lobato, CIDADES MORTAS. 12a Edição. São Paulo, Editora Brasiliense, 1965)
Podemos reconhecer no conto elementos que o inserem no:
I - Modernismo, cujo projeto era o desejo de revelar o "verdadeiro" Brasil para o brasileiro, numa perspectiva não idealizada.
II - Pré-modernismo, pois há um diálogo concomitante com as estruturas estéticas do passado (como o Realismo) e as de renovação que estavam para surgir (como o Modernismo).
III - Romantismo, pois a descrição de Itaoca, cidade do interior de São Paulo, segue os parâmetros do regionalismo dessa estética literária.
A partir das assertivas acima, julgue-as e marque a alternativa correta.
Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:
Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro. (Clara dos Anjos, p. 38.)
Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Delírio ao olhar pras Cagarras
Pupila, kajal tão verde Esmeralda, manchada de som Onda, dedilhar que afoga E desaba O meu temporalArrepio ao cantar das cigarras
Cabelo, silêncio da noite Negrume, cintura de raio Bicho, seu dançar me engole E desabotoa O meu ato fina Deslizo ao chorar das guitarras (E ao cantar das cigarras) Fumaça! Manchada de som Fumaça! Na pista a luz de cigarros Eu sou do tipo que também passa mal Com ciúmes do sabor da fumaça Que penetra sua boca Esse amor marginal[...]
NOPORN. Fumaça. In: NOPORN. Boca. São Paulo: Tratore Distribuidora dos Independentes, 2016. 1 CD. Faixa 3 (4’48”)
A canção “Fumaça”, do duo NoPorn, composto por Liana Padilha e Luca Lauri, emprega dois
recursos caros a duas poéticas da virada do século XIX para o século XX: primeiro, a
aproximação de elementos distantes, criando novas realidades, por vezes oníricas, como a
imagem de uma “pedra, com plumagem de ave”; segundo, a sinestesia, que promove o
cruzamento de sensações, perceptível em construções como “manchada de som” e “sabor da
fumaça”. O primeiro e o segundo recursos criativos expostos podem ser associados,
respectivamente, ao:
A partir do início do século XX, na França, alguns artistas vão subverter a concepção que se tinha da pintura. Em vez de simplesmente representar o que era visto, eles decidem representar aquilo que não podia ser visto. Os rostos de perfil têm dois olhos, a natureza se decompõe em formas geométricas... a realidade se revela em todas as suas facetas, como um cubo achatado.
(Christian Demilly. Arte em movimentos e outras correntes do século XX, 2016. Adaptado.)
Uma obra representativa da estética à qual o texto se refere está reproduzida em:
Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.
(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adaptado.)
O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:
Com base na análise dos recursos da linguagem poética empregados pelos dois autores mencionados no texto, conclui-se que ambos fazem parte da vanguarda que promoveu a Semana de Arte Moderna.
I. A peça em questão está dividida em três atos. Esta peça marca o início da segunda fase do teatro de Dias Gomes e a consagração deste autor como um dos mais destacados dramaturgos contemporâneos do Brasil.
II. O personagem Zé-do-Burro e sua mulher, Rosa, vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Fortaleza. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um galho de árvore (raio), Zé então vai a um terreiro de candomblé, e lá faz uma promessa a Santa Sara para que o animal se salve.
III. A via crucis de Zé-do-Burro torna-se mais penosa ao perceber que sua mulher seduz-se pela “cantada" do cafetão Bonitão e ao se deparar com a extrema resistência de padre Olavo, que proíbe a entrada de Zé carregando a cruz na igreja, pois fizera a promessa em um terreiro de candomblé.
IV. De forma velada a peça mostra a incapacidade de algumas autoridades representantes do Estado – por exemplo, a polícia – lidar com ações multiculturais, transformando um acontecimento de diferença cultural em uma ocorrência policial.
V. A obra traz à tona uma problemática social, desvelando a linha de separação entre um Brasil urbano, representado pela polícia, imprensa, igreja, e um Brasil rural, representado por Zé-do- Burro, sua origem, seu jeito simples e sua cultura.
Assinale a alternativa correta.