Questões de Vestibular de Português - Análise sintática

Foram encontradas 484 questões

Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267812 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Acerca das relações lógico-discursivas que se identificam no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267752 Português

Nova geração

Ivan Angelo


      O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão (...) e aproveitou para dar uma geral no rapaz.

      Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.

      Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. (...)

      Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa (...). Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.

      Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.

      — Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio. 

      — Posso te ajudar em alguma coisa?

      — Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando e incomodando. Eu só uso tênis.

      O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.

      — Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.

      Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.

      — Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu. 

      — Não, obrigado. Eu não quero emprego.

      O executivo parou estupefato. O menino continuou:

      — Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.

      — Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?

      — Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.

      Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:

      — É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.

      O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:

      — Trabalhar em casa você aceita?

      — Aceito.

      Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade.

<http://tinyurl.com/n66pnvs>Acesso em: 15.03.2015. Adaptado.

“E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores...”


A organização sintática, na construção desse período, foi possível porque as vírgulas empregadas separam

Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Vestibular - Técnico Superior |
Q1267495 Português

TEXTO 2

“O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E MANIPULAÇÃO


(1) Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando vê o erro, o instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.

(2) A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de retirar do outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade, espelhamento de atitudes. Vê injustiça na troca, acha que faz mais e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cultivando mágoas. Da próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se passou.

(3) Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida se mantém a partir de trocas, tudo só existe em relação.

(4) Quando tentamos oferecer algo gratuitamente, inconscientemente esperamos alguma contrapartida: reconhecimento, carinho, atenção, prestígio, escuta, aprovação. Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso, tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem poderão cobrar pela generosidade?

(5) O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às claras. Só nos sentimos enganados quando não deixamos às claras o preço das nossas atitudes.

(6) A generosidade é uma das formas mais primitivas de manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e incapaz, estará submetido à oferta que provém dessa fonte. E aí aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus “você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa. Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa alma.

(7) O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural, seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo, depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é, em si, uma atitude abusiva.

(8) Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a partilha saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não consegue, melhor não ser generoso, para também não ser hipócrita. Ou, pior: emitir faturas para guardá-las na gaveta, à espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o inferno.

TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e manipulação. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas-blogs/psique/o-bonzinho-se-da-mal-generosidade-e-manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado).

Releia o seguinte trecho, extraído do TEXTO 2, reflita sobre questões de coerência e coesão textuais e assinale a alternativa CORRETA.


“(1) Você tenta levar sua vida direitinho. Busca ser cordial e ter empatia com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se lhe sobra, compartilha. Quando o erro, o instinto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.” (1º parágrafo).

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFRR Órgão: UFRR Prova: UFRR - 2017 - UFRR - Vestibular |
Q1266840 Português

Leia os versos do poema ''Os estatutos do homem'' de Tiago Melo para responder à questão:


"O homem confiará no homem como um menino confia em outro"

(...)

"e saber que é a água

que dá à planta o milagre da flor"

(...)

"Fica proibido o uso da palavra liberdade,

a qual será suprimida dos dicionários"


Observe a análise sintática dos termos a seguir:

I. "O homem confiará no homem" - o homem (sujeito) / no homem (objeto indireto)

II. "O homem confiará no homem" - o homem (sujeito) / no homem (adjunto adverbial)

III. A expressão "o milagre da flor" - (objeto direto e indireto, respectivamente)

IV. A expressão "em outro" - (objeto indireto do verbo confiar)


Estão corretas:

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFRR Órgão: UFRR Prova: UFRR - 2017 - UFRR - Vestibular |
Q1266839 Português
Leia o trecho da entrevista "A Filosofia é pop", feita com o filósofo Mario Sergio Cortella, publicada em maio de 2013, para responder à questão:
Apesar de interessante, a filosofia costuma parecer chata. Além do seu dom de oratória, como transformou a matéria em algo instigante? Agradeço o elogio, mas quero fazer um reparo filosófico. Quando você diz que eu tenho o dom, está dizendo que não tenho mérito nenhum, porque dom é algo que se recebe de fora. Ocorre que Deus não me escolheu e disse "você vai ser o cara". Tudo bem, sei que não foi isso que você quis dizer. Mas eu diria que tenho a prática, a intenção e o gosto. Minha intenção é fazer com que a filosofia seja simples sem ser simplória. Em outras palavras, que seja compreensível sem ser banalizável. Por exemplo, na semana da Rio+20, eu participei de um programa especial da Xuxa sobre sustentabilidade. Antes de entrar no ar, uma pessoa da produção me pediu para não usar o termo "biocídio" [eliminação de variadas formas de vida, inclusive a humana], porque não ia ser entendido. Então eu disse: "Lamento, não ajo dessa forma. Vou usar e explicar". Se eu recuso o uso, furto das pessoas o acesso a um conceito importante. Se uso sem explicar, estou dando uma demonstração tola de sabedoria. Mas, se uso e traduzo, estou partilhando. Eu quero que a filosofia seja compreensível.
Fonte: http://www.revistaplaneta.com.br/a-filosofia-pop/ acessado em 17/08/2017

Em conformidade com as regras gramaticais, todas as orações destacadas são subordinadas adverbiais, ou seja, elas indicam circunstâncias de tempo, condição, comparação, proporcionalidade entre outras. Como base nessa informação, analise as proposições a seguir:
I. "porque dom é algo" / "porque não ia ser entendido" - são orações que indicam a causa do que se declara na oração principal; II. "Quando você diz" - a oração exprime ideia de tempo e essa circunstância foi estabelecida pela conjunção quando; III. "se eu recuso o uso" / "se uso" / "se uso" - as três orações exprimem a condição do fato expresso pela oração principal. IV. Transformando as orações adverbiais desenvolvidas, tais como: "Quando você diz que eu tenho o dom, está dizendo que não tenho mérito nenhum, porque dom é algo que se recebe de fora." em orações reduzidas, teremos: "Ao dizer que eu tenho o dom, está dizendo que não tenho mérito nenhum, por ser o dom algo que se recebe de fora."
Podemos afirmar que:
Alternativas
Respostas
351: C
352: E
353: A
354: D
355: E