Questões de Vestibular
Sobre flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo) em português
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Em “poderiam fundamentar” (último período), a flexão de tempo e modo da forma verbal “poderiam” denota a possibilidade remota de que comprovações científicas fundamentem uma discussão pública que envolva mudanças climáticas.
O conto a seguir serve de base para responder à questão.
Entre as folhas do Verde O
O príncipe acordou contente. Era dia de caçada. Os cachorros latiam no pátio do castelo. Vestiu o colete de couro, calçou as botas. Os cavalos batiam os cascos debaixo da janela. Apanhou as luvas e desceu.
Lá embaixo parecia uma festa. Os arreios e os pelos dos animais brilhavam ao Sol. Brilhavam os dentes abertos em risadas, as armas, as trompas que deram o sinal de partida.
Na floresta também ouviram a trompa e o alarido. Todos souberam que eles vinham. E cada um se escondeu como pode.
Só a moça não se escondeu. Acordou com o som da tropa, e estava debruçada no regato quando os caçadores chegaram.
Foi assim que o príncipe a viu. Metade mulher, metade corça, bebendo no regato. A mulher tão linda. A corça tão ágil. A mulher ele queria amar, a corça ele queria matar. Se chegasse perto será que ela fugia? Mexeu num galho, ela levantou a cabeça ouvindo. Então o príncipe botou a flecha no arco, retesou a corda, atirou bem na pata direita. E quando a corça-mulher dobrou os joelhos tentando arrancar a flecha, ele correu e a segurou, chamando homens e cães.
Levaram a corça para o castelo. Veio o médico, trataram do ferimento. Puseram a corça num quarto de porta trancada. Todos os dias o príncipe ia visitá-la. Só ele tinha a chave. E cada vez se apaixonava mais. Mas a corça-mulher só falava a língua da floresta e o príncipe só sabia ouvir a língua do palácio. Então, ficavam horas se olhando calados, com tanta coisa para dizer.
Ele queria dizer que a amava tanto, que queria casar com ela e tê-la para sempre no castelo, que a cobriria de roupas e joias, que chamaria o melhor feiticeiro do reino para fazê-la virar toda mulher.
Ela queria dizer que o amava tanto, que queria se casar com ele e levá-lo para a floresta, que lhe ensinaria a gostar dos pássaros e das flores e que pediria à Rainha das Corças para dar-lhe quatro patas ágeis e um belo pelo castanho.
Mas o príncipe tinha a chave da porta. E ela não tinha o segredo da palavra.
Todos os dias se encontravam. Agora se seguravam as mãos. E no dia em que a primeira lágrima rolou nos olhos dela, o príncipe pensou ter entendido e mandou chamar o feiticeiro.
Quando a corça acordou, já não era mais corça. Duas pernas só, e compridas, um corpo branco. Tentou levantar, não conseguiu. O príncipe lhe deu a mão. Vieram as costureiras e a cobriram de roupas. Vieram os joalheiros e a cobriram de joias. Vieram os mestres de dança para ensinar-lhe a andar. Só não tinha a palavra. E o desejo de ser mulher.
Sete dias ela levou para aprender sete passos. E na manhã do oitavo dia, quando acordou e viu a porta aberta, juntou sete passos e mais sete, atravessou o corredor, desceu a escada, cruzou o pátio e correu para a floresta à procura de sua Rainha.
O Sol ainda brilhava quando a corça saiu da floresta, só corça, não mais mulher. E se pôs a pastar sob as janelas do palácio.
COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. São Paulo: Global, 2005
Texto I
Laerte.
Disponível em: https://www.instagram.com/p/CWtk14SFixR/. Acesso em 19 jan. 2022.
Texto II
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Luiz Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2513/mudam-se-ostempos-mudam-se-as-vontades. Acesso em 17 jan. 2022.
Glossário:
Soía: costumava
Analise o excerto a seguir, extraído do Texto II, e assinale a alternativa INCORRETA.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;”.
Partilhar conhecimentos e bens é uma forma inovadora de reduzir o impacto negativo da informalidade, que achata a renda das famílias. Alguém que __________ consertar uma geladeira, por exemplo, talvez __________ de algum conhecimento seu. E você, assim, __________ a geladeira consertada em troca de suas habilidades.
(Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mariaines/2020/05/reconstrucao-do-consumo-exigira-colaboracao-e-desprendimento.shtml.)
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas na ordem em que aparecem no texto.
Mantendo-se o significado original e a correção gramatical, os dois trechos sublinhados podem ser substituídos por:
Texto para a questão
I. O pronome isso (linha 03) refere-se ao que é afirmado anteriormente. II. A forma verbal sustentariam (linha 08) apresenta um tempo que denota ideia de possibilidade, de algo possível, mas não efetivamente certo. III. A partícula si (linha 13) refere-se à expressão inteligência artificial.
Assinale a alternativa correta.
Texto para a questão
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante. (1° parágrafo)
Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:
1. O vocábulo “que”, em suas duas ocorrências, introduz orações subordinadas coordenadas entre si, as quais complementam o verbo acreditar. 2. A expressão “Até então” funciona como conector, estabelecendo uma relação semântica de conclusão. 3. O vocábulo “Assim” funciona como conector, estabelecendo uma relação semântica de causalidade. 4. O segmento “não parecia ser relevante” confere força assertiva ao conteúdo expresso por “discutir o futuro do planeta”. 5. A forma verbal “eram”, em cada uma das ocorrências, pode ser substituída por “fossem”, sem prejuízo de informação temporal.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Meninos Carvoeiros
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
- Eh, carvoeiro!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
- Eh, carvoeiro! Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles ...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
- Eh, carvoeiro!
Quando voltam, mordendo num pão encarvoado.
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!
(BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. 10ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1978)
O poema aborda um grave problema social, que é o trabalho infantil. A gravidade do tema está coerente com um dos versos cuja conjugação verbal destoa da aparente descontração dos meninos. Assinale-o.
Leia as afirmações abaixo e marque “V” para verdadeiro e “F” para falso, entre os parênteses. Depois, assinale a alternativa correspondente.
( ) Primeiro balão: a expressão “no face” é um adjunto adverbial.
( ) Primeiro balão: a palavra “se” é uma conjunção de condição.
( ) Segundo balão: a locução verbal “vão ter” corresponde ao futuro do presente do indicativo.
( ) Segundo balão: o termo “se” poderia ser substituído, com o mesmo sentido, por “caso”, sem a
necessidade de alteração na conjugação dos verbos.
Assinale a alternativa correta.
“Vai aí uma dica. Não redistribua nada de forma indiscriminada.” (l. 39)
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade brasileira. Em El País, 28/10/2019. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/1572287747_637859.html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snM DUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)
Assinale a alternativa que identifica corretamente recursos linguísticos explorados pelo autor nessa crônica.
O Texto serve de base para a questão.
Texto
Disponível em: https://redeglobo.globo.com/sp/eptv/eptv-na-escola-ribeirao/noticia/a-leitura-como-aliada-da-boa-redacao.ghtml
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Exigências da vida
moderna. Disponível em:
http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo. Acesso: 22.06.2018.
Analise as proposições em relação ao conto Os mortos não têm desejos (Roteiro de uma vida inútil), à obra O conto da mulher brasileira / Edla van Steen (Organizadora), e ao Texto.
I. Nos períodos “Heloísa termina de pendurar o último quadro” (linha 1) e “Não vou ser nunca o príncipe encantado” (linha 18) as expressões destacadas constituem locuções verbais e podem ser substituídas por pendura e serei, sequencialmente, sem que ocorra alteração de sentido no texto.
II. Devido à intercalação dos flashbacks, que mostram a vida da personagem-narradora Heloisa, na narração dela, há uma visível fragmentação na história, o que leva o leitor à divagação.
III. Embora a obra seja editada no período moderno, ela traz várias características da escola romântica, a exemplo, o patriarcalismo – alguns reflexos da ideologia dominante para mostrar os hábitos esperados pela sociedade e dirigidos às mulheres. E estas, na maioria dos contos, ainda que mostrem uma sensualidade reprimida, também continuam sendo objetos da idealização masculina.
IV. No sintagma verbal “De repente, larga a exposição em meio e pega o carro” (linha 7) a expressão destacada, quanto à morfologia, é locução adverbial, pode ser substituída pelo advérbio de modo – repentinamente, o qual pode ser deslocado para o final da oração, sem que ocorra prejuízo de sentido, no texto.
V. A Antologia é composta por 19 contos de autoras que fazem parte do panorama da literatura brasileira. As protagonistas são mulheres e, na maioria das narrativas, prepondera um tom intimista, dando preferência à primeira pessoa.
Assinale a alternativa correta.