TEXTO I
Disponível em: < http://plantiodavida.blogspot.com/2010/12/paradigma-planetario.html> Acesso em: 1 out. 2011.
TEXTO II – Paradigma planetário
A globalização comporta um fenômeno mais profundo que o econômico-financeiro. Implica a
inauguração de uma nova fase da história da Terra e da humanidade. O filósofo das ciências Thomas Kuhn e
o físico quântico Fritjof Capra, para entendê-lo, introduziram no debate a questão da mudança de paradigma.
Sim, estamos mudando de paradigma civilizacional. Com isso, queremos dizer: está nascendo outro tipo de
percepção da realidade, com novos valores, novos sonhos, nova forma de organizar os conhecimentos, novo
tipo de relação social, nova forma de dialogar com a natureza, novo modo de experimentar a Última
Realidade e nova maneira de entender o ser humano no conjunto dos seres.
Esse paradigma nascente nos obriga a operar progressivas travessias: importa passar da parte para o
todo, do simples para o complexo, do local para o global, do nacional para o planetário, do planetário para o
cósmico e do cósmico para o mistério e do mistério para Deus. A Terra não é simplesmente a adição do
físico, do vital, do mental e do espiritual. Ela encerra todas essas dimensões articuladas entre si, formando um sistema complexo. Isso nos permite perceber que todos somos interdependentes. O destino comum foi
globalizado. Agora ou cuidamos da humanidade e do planeta Terra ou não teremos mais futuro algum. Até
hoje podíamos consumir sem nos preocupar com a exaustão dos recursos naturais; podíamos usar da água
como quiséssemos, sem consciência de sua extrema escassez; podíamos ter filhos quantos desejássemos, sem
temer a superpopulação; podíamos fazer guerras sem medo de uma catástrofe completa para a biosfera e para
o futuro da espécie humana. Não nos é mais permitido pensar e viver como antes. Temos de mudar como
condição de nossa sobrevivência na biosfera.
Para a consolidação desse novo paradigma é importante superar o fundamentalismo da cultura
ocidental, hoje mundializada, que pretende deter a única visão das coisas, válida para todos. A realidade, no
entanto, desborda de todas as representações, pois está cheia de infindas virtualidades que podem se realizar
sob outras formas, não ocidentais.
O efeito final será uma Terra multicivilizacional, colorida por todo tipo de culturas, de modos de
produção, de símbolos e de caminhos espirituais, todos eles acolhidos como legítima expressão do humano,
com direito de cidadania na grande confederação das tribos e dos povos da Terra.
As palavras iluminadas do ex-presidente da República Checa Vaclav Havel nos desafiam: “A tarefa
política central nos próximos anos será a criação de um novo modelo de coexistência entre as diversas
culturas, povos, etnias e religiões, formando uma só civilização interconectada”.
Adaptado de Leonardo Boff – Disponível em:< http://jbonline.terra.com.br/> Acesso em: 8 out. 2011.