Questões de Vestibular de Português - Interpretação de Textos
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A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, falase num sítio nas bandas do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.
Traduz corretamente uma relação espacial expressa no texto
o que se encontra em:
E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta
resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a
prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a
bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três
pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês
duas boiarão mortas...
*peixe elétrico.
Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,
Carlos Drummond de Andrade.
Claro Enigma.
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo ‐
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá‐la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Fernando Pessoa. Mensagem.
*conversa íntima entre casais.