Questões de Vestibular
Sobre interpretação de textos em português
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A história da literatura brasileira é em grande parte a história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa. Esta imposição atuou também no sentido mais forte da palavra, isto é, como instrumento colonizador, destinado a impor e manter a ordem política e social estabelecida pela Metrópole, através inclusive das classes dominantes locais.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Outro sobre Azul, 2015.
Um fator considerado relevante na opinião de Antonio Candido acerca do processo de formação literária do Brasil é:
As expressões introduzidas pelos dois-pontos estabelecem com o trecho anterior uma relação de:
TEXTO 1
antipoema
é preciso rasurar o cânone
distorcer as regras
as rimas as métricas
o padrão
a norma que prende a língua
os milionários que se beneficiam do nosso silêncio
do medo de se dizer poeta,
só assim será livre a palavra.
(Ma Njanu é idealizadora do “Clube de Leitoras” na periferia de Fortaleza e da “Pretarau, Sarau das Pretas”, coletivo de artistas negras. Disponível em http://recantodasletras.com.br/poesias/6903974. Acessado em 20/05/2020.)
TEXTO 2
“O povo não é estúpido quando diz ‘vou na escola’, ‘me deixe’, ‘carneirada’, ‘mapear’, ‘farra’, ‘vagão’, ‘futebol’. É antes inteligentíssimo nessa aparente ignorância porque, sofrendo as influências da terra, do clima, das ligações e contatos com outras raças, das necessidades do momento e de adaptação, e da pronúncia, do caráter, da psicologia racial, modifica aos poucos uma língua que já não lhe serve de expressão porque não expressa ou sofre essas influências e a transformará afinal numa outra língua que se adapta a essas influências.”
(Carta de Mário a Drummond, 18 de fevereiro de 1925, em Lélia Coelho Frota, Carlos e Mário: correspondência completa entre Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002, p. 101.)
Apesar de passados quase 100 anos, a carta de Mário de
Andrade ecoa no poema de Ma Njanu. Ambos os textos
manifestam
Entre os comentários à postagem, qual deles responde corretamente à pergunta do autor?
Texto 1
“Algumas vozes nacionais estão tentando atualmente encaminhar a discussão em torno da identidade ‘mestiça’, capaz de reunir todos os brasileiros (brancos, negros e mestiços). Vejo nesta proposta uma nova sutileza ideológica para recuperar a ideia da unidade nacional não alcançada pelo fracassado branqueamento físico. Essa proposta de uma nova identidade mestiça, única, vai na contramão dos movimentos negros e de outras chamadas minorias, que lutam pela construção de uma sociedade plural e de identidades múltiplas.”
(Kabengele Munanga, Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 16.)
Texto 2
“Os meus olhos coloridos/ Me fazem refletir/ Eu estou sempre na minha/ E não posso mais fugir/ Meu cabelo enrolado/ Todos querem imitar/ Eles estão baratinados/ Também querem enrolar/ Você ri da minha roupa/ Você ri do meu cabelo/ Você ri da minha pele/ Você ri do meu sorriso/ A verdade é que você,/ (Todo brasileiro tem!)/ Tem sangue crioulo/ Tem cabelo duro/ Sarará crioulo.”
(Macau, “Olhos Coloridos”, 1981, gravada por Sandra de Sá. Álbum: “Sandra de Sá”. RCA.)
Considerando o alerta de Munanga em relação a algumas
“vozes nacionais”, a canção de Macau
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https:
//oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https:
//oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https: //oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
*cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que revela gosto ou atitude vulgares. (Adaptado de aulete.com.br.)
Essa releitura do significado de “cafona” salienta
(Adaptado de Francisco Jardes Nobre de Araújo, O machismo na linguagem. Disponível em https://www.parabolablog.com.br/index.php/ blogs/o-machismona-linguagem?fbclid=IwAR0n7sVvu2mNioWa1Gpp0BZL4TP6Uo-hGK7DKyltgIxk d tRfoOaI6OEPCZE. Acessado em 05/06/2020.)
Segundo o autor de “O machismo na linguagem”,
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o comentário de Mário.
(Antônio Vieira, “Sermão de quarta-feira de cinza do ano de 1672”, em A Arte de Morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 56.)
No sermão proferido na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, Vieira recorre a uma metáfora para chamar a atenção dos fiéis sobre a morte. Assinale a alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.
A fermosura desta fresca serra e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra;
o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do Sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra;
enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos oferece, se está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando, nas mores alegrias, mor tristeza.
É correto afirmar que, no soneto de Camões,
GÊNESIS (INTRO)
Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor
O homem me deu a favela, o crack, a trairagem
As arma, as bebida, as puta
Eu?
Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automática
Um sentimento de revolta
Eu tô tentando sobreviver no inferno
(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 45.)
“Gênesis” é a segunda canção do álbum Sobrevivendo no Inferno. É antecedida pela invocação de uma outra canção, intitulada “Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben.
É correto afirmar que as evocações dos elementos
religiosos nesse álbum
(Rodrigo Caldeira, “A pandemia do anti-intelectualismo”. Estado da Arte. 25/03/2020. Disponível em https://estadodaarte.estadao.com.br/ a-pandemia-do-anti-intelectualismo/. Acessado em 11/10/2020.)
Assinale a alternativa correta a partir da leitura do fragmento.
(Jason Stanley, Federico Finchelstein e Pablo Piccato, “O fascismo vai ganhar a eleição nos EUA?”. Project Sindicate. Disponível em https://www.project-syndicate.org/commentary/trumpian-threat-of-fasci st-authoritarianism-after-election-by-federico-finchelstein-et-al-2020-10 /portuguese. Acessado em 09/11/2020.)
A partir do texto, é correto afirmar que os autores
(Adaptado de Jay Lemke, “Letramento metamidiático: transformando significados e mídias. Trabalhos em Linguística Aplicada, 49 (2). Campinas: IEL/Unicamp, 2010. Disponível em https://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132010000200009&lang= pt. Acessado em 09/11/2020.)
A partir do excerto acima, é correto afirmar:
O poema de Castro Alves não só constrói uma crítica contundente ao tráfico de africanos escravizados, como também realiza uma crítica ao sentimento nacionalista romântico, uma vez que associa a imagem da bandeira do país à: